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Optou pela música como profissão por outros motivos

Organização dos dados das entrevistas

2. Optou pela música como profissão por outros motivos

Telma: “...eu entrei na faculdade de música

para poder completar o meu estudo que ficaria incompleto, sem um certificado, um registro, nada. Então eu fiz Educação Artística com complemento em graduação em música.”

Luanda: “...eu comecei a gostar muito, muito e

aí eu passei para o piano quando eu tinha uns 15 anos e aí eu acabei estudando, e agora eu estou fazendo Licenciatura em Música.”

Além da influência na iniciação dos estudos em música, a família pode ter influenciado na escolha da profissão, pois dos cinco entrevistados, três seguiram a profissão musical, e enfocaram na área de Educação Musical. Fred teve influência do irmão que começou a tocar profissionalmente e a dar aulas, e concernente à educação, seus pais também o influenciaram porque ambos lecionam. Para Telma e Luanda, não foi a influência de alguém que as levou a escolher a profissão. Telma fez faculdade de música para ter um certificado de curso superior, mas a música esteve presente em sua vida desde muito cedo. Luanda começou a gostar muito da prática de piano e optou pela formação básica em um curso de licenciatura em educação musical.

Segundo Vanda Freire (1992), “é impossível conceber, em qualquer período da

história, uma sociedade sem arte” (p. 13) e, conseqüentemente, sem educação musical. Com a influência do exemplo familiar ou com vontade própria, os entrevistados viram na música e na educação musical a possibilidade de uma profissão que pudesse contribuir para divulgação da cultura musical na comunidade.

As conversas com as participantes Giovana e Marcela mostraram que, apesar do envolvimento de muitos anos com a música, elas escolheram seguir carreiras diferentes dos

outros entrevistados. Giovana se formou em Pedagogia, atuando em escolas de educação infantil e Marcela estava freqüentando um curso pré-vestibular para cursar engenharia por ocasião da pesquisa.

Com base nas falas e escolhas profissionais de alguns entrevistados, será destacada, no próximo quadro, a importância que a música tem na vida dos participantes.

Quadro 3: A importância da música para os participantes

A importância da música para a vida pessoal

Marcela: “A música para mim, eu não

consigo me ver, lembrar de mim sem tocar na orquestra, sem ter este contato mais prático com ela.”

Telma: “A música sempre foi presente na

minha vida, desde pequenininha porque a gente sempre brincava de cantar, de dançar, eu sempre gostei. E era uma coisa muito engraçada, porque desde pequena, eu achava que tinha que ter música na minha escola.”

Giovana: “...tem grande significado, é

muito importante, ela sensibiliza muito a gente, eleva nossa espiritualidade, nossos contatos, mesmo de sensibilidade e paciência com os outros.”

A importância da música para a vida em sociedade

Luanda: “...eu acho ela importante e eu escolhi o

curso também para eu poder passar ele para o maior número de pessoas possíveis, o bem que ela faz.”

“Eu acho que ninguém vive sem música, sempre vai ter uma música em qualquer parte da sua vida, nem que ela apareça em um filme, sei lá, num relacionamento, na sua família, a música que você canta com os amigos, eu acho que é um negócio que integra as pessoas.”

Fred: “...a música tem um lado afetivo, de

aproximação e de participação, de ajuntamento dos familiares para poder fazer uma coisa em comum ... tem um significado que passa pela minha crença, que é a situação da música na igreja, tem uma proposição tanto moral quanto evangelística e quanto à significação de louvor.”

Na fala de Marcela, podemos ver que a música tem uma presença muito significativa em sua vida, pois como ela mesma diz, não consegue se ver sem estar envolvida com a prática musical.

Telma, desde muito cedo, gostava de brincar, dançar e cantar e isso sempre foi muito prazeroso para ela. A entrevistada, mesmo pequena, tinha consciência da importância da música na vida de uma criança e na oportunidade do contato musical no contexto escolar. Segundo Paulo Freire (2001),

...a consciência de, a intencionalidade da consciência, não se esgota na racionalidade. A consciência do mundo que implica a consciência de mim no mundo, com ele e com os outros, que implica também a nossa capacidade de perceber o mundo, de compreendê-lo, não se reduz a uma experiência racionalista. É como uma totalidade – razão, sentimentos, emoções, desejos -, que meu corpo consciente do mundo e de mim capta o mundo a que se intenciona. (PAULO FREIRE, p. 75 e 76).

O prazer, a emoção e a vontade de fazer música conscientizaram Telma de quanto é importante que a escola proporcione às crianças um contato mais próximo com a arte, com as brincadeiras, canções, etc.

Para Giovana, a música traz benefícios para quem toca e para as pessoas que estão próximas, e segundo ela, a música desenvolve a espiritualidade, a sensibilidade e a paciência com o próximo.

A música é necessária, assim como toda arte é necessária. A música é uma manifestação cultural que sempre esteve presente na vida do homem e sempre estará. Ela reflete o pensamento, o sentimento, os valores culturais, de grupos sociais específicos e de toda a humanidade. Quando se fala em música, também se fala do respeito e amor à natureza, ao próximo, enfim, ao mundo no qual se vive. A atividade musical expande as percepções, objetivas e subjetivas, levando o homem a ter contato consigo mesmo, com o próximo. (CRUVINEL, 2005, p.244).

A citação da pesquisadora Flávia Cruvinel (2005) explicita a importância da cultura na vida do ser humano na sociedade, corroborando as falas dos entrevistados sobre a capacidade da música de sensibilizar, educar, emocionar colocadas no Quadro 3. Todos acreditam que o contato com a arte da música, através das mais diferentes manifestações culturais traz aprendizagens e benefícios para si e para os outros a sua volta.

Luanda fez sua escolha profissional em educação musical, porque acredita que a música é importante para todos, e, como educadora musical, ela pôde sociabilizar este conhecimento para muitas pessoas. Segundo ela, a música, mesmo sem um contato mais

formal, está presente na vida de todos, em reuniões sociais, familiares e relacionamentos entre pessoas de diferentes comunidades.

A educação musical crítica e transformadora ajuda o sujeito a compreender qual é o papel da música em sua vida, bem como no grupo em que vive, facilitando sua atuação na sociedade. (CRUVINEL, 2005, p.

230).

Luanda teve a compreensão do papel da música em sua vida, destacada por Flávia Cruvinel e procurou uma formação que possibilitasse a ela trabalhar com a música através da educação musical, expandindo e divulgando este conhecimento para o maior número de pessoas possível.

Para Fred, em cada ambiente a música tem uma importância diferente: em reuniões familiares, ela serve para integrar, aproximar e juntar as pessoas para uma prática em comum. Na religião, a música é uma ferramenta para ajudar a trabalhar a moral e o louvor a uma determinada crença, convergindo com Mário de Andrade:

A música é universalmente conhecida como a coletivizadora-mor entre as artes. Só o teatro se lhe aproxima como função pragmática. É uma questão especialmente de ritmo, mas este por si não tem tamanho poder como quando auxiliado pelo dom das melodias. A maior prova deste poder coletivizador e cívico da música está em que, dentre todas as artes, ela é a única que se imiscui no trabalho. Em todas as partes do mundo canta-se durante o trabalho, canções de remar, de colheita, de fiar, etc. Os hinários de religião, política, de civismo. (Mário de Andrade, apud Hikiji, 2006, p.

75).

A fala de Fred sobre as várias representações da música na sociedade, como a de colaboradora na confraternização e comunicação presente nas diversas manifestações sociais, seja em ocasiões de festas, rituais ou em um simples encontro de amigos e família, encontra respaldo em Vanda Freire:

Se a música permite expressão emocional, dá prazer estético, diverte, comunica, provoca reação física, impõe conformidade a normas sociais, e valida instituições religiosas, é claro que ela contribui para a continuidade e estabilidade da cultura. (Merriam apud VANDA FREIRE, 1992, 23).

Considerando que a música facilita a comunicação, a confraternização, a sensibilização, o contato entre pessoas de uma comunidade, sua presença desta é fundamental nos encontros sociais das diversas comunidades.

Quadro 4: Aprendizagem musical em aulas particulares ou em grupo

1. Aprendizagem musical em aula particular

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