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1.5.1 – Oráculo de salvação (v 10-11)

No documento 1.3.1 Messianismo de Judá (páginas 35-38)

10. E acrescentou Javé uma palavra a Acaz dizendo:

11 pede para ti um sinal junto de Javé teu Elohim pede da profundeza ou da altura lá em cima.

Esta sub-unidade apresenta a continuidade da palavra de Javé para o rei. Ou conforme proposta do Targum o próprio Isaías: e acrescentou Isaías

uma palavra. Nesta seção há uma segunda palavra, verso 10, e acrescentou Javé uma palavra, com o oferecimento do sinal, prodígio, milagre (

tAa

). O

163

Sobre a substituição do rei vigente, o tema será tratado especialmente nas perícopes de 8,23-9,6 e 11,1-9.

164

SCHWANTES, Milton. “Armas não armam tendas de paz: observações sobre Isaías 8,1-4”. In. Revista Estudos de Religião, nº 25. São Bernardo do Campo: UMESP, 2003. p. 208.

contexto no qual Javé oferece o sinal é justamente num momento em que o rei deveria confiar na presença de Javé, em meio aquele tormento produzido pela aliança Síria-Israel, como já o declara a introdução em 7,1-2.

A preposição

la,

denota que a palavra de Javé é em direção à Acaz,

que representa a “casa de Davi”. É uma palavra que vai ao encontro do que o rei estava necessitando, a saber, confiar em Javé. Isso já foi atestado no verso

9b com a assertiva: “se não crerdes, não vos mantereis firmes”. O confiar (

!ma

)

era o pressuposto para a estabilidade e continuidade do rei.

O sinal oferecido por Javé constitui um sinal de fé. Diante da situação de guerra e alianças contra Acaz (afinal Síria e Israel queriam colocar outro rei em Judá, Tebael 7,6, e o poderio da Assíria estava cada vez mais presente), Javé se prontifica a dar continuidade aos seus atos salvíficos em favor de Jerusalém, ao oferecer um sinal de sua presença ao rei. Neste sentido, segundo Siqueira e Santos,

O sinal, mencionado por Isaías, não é uma concessão de sabedoria ou poderes mágicos, com encontrado em Gênesis 4.15, 9.12-13 e Êxodo 7. E 13.9. Contudo, o emprego do `ot visa motivar o rei Acaz a crer na ação de Javé em sua vida e na sua política de governo (...). Acaz acreditava na promessa da dinastia (2Sm 7.1-17), no exército do rei,

ma não no milagre divino, intervenção de Deus.165

Deste modo, o sinal é expressão de confiança para acreditar. Do que se trata este sinal o texto não é claro, mas o que é colocado à frente do rei é uma manifestação do poder de Javé, pois também “o sinal consiste numa

demonstração de poder”.166

165

SIQUEIRA, Tércio M. e SANTOS, Suely Xavier dos. O messianismo: desde o Antigo Testamento até Jesus Cristo. São Paulo: Cedro, 2008. p. 45

166

No Antigo Testamento o sinal (`ot-

tAa

), aparece mais nos eventos históricos do êxodo. No relato bíblico, ele aparece logo na abertura do texto em Gn 1.14, como sinal da separação entre as estações, dias e anos. Entretanto, quando aparece pela segunda vez diz respeito ao sinal da aliança de Deus com Noé, Gn 9,12. Este termo, `ot, também aparece em relação as pragas do

Egito (Êx 7,14-11,10) que são sinais, prodígios da parte de Deus em favor de

seu povo no Egito.

É interessante assinalar que o sinal oferecido no verso 11 é descrito

como dado por teu Elohim (

^yh,l{a/

). Javé é tido como o Deus do rei, ou da

casa de Davi.167 O sinal poderia ser tanto das profundezas como do alto, o que

denota o poder de Javé. O sinal é justamente uma mostra desse poder. O domínio de Javé sobre as situações. O mesmo sinal foi dado quando Moisés foi

chamado por Deus, Ex 3-4+7-12,168 ou mesmo quando Gideão pediu um sinal

para Deus a fim de confirmar sua atuação, em Jz 6,36-40, contra os midianitas, e que será reportado no capítulo 9,3. No primeiro, com Moisés, Deus oferece o sinal e no segundo, com Gideão, é o ser humano que pede um sinal. Assim, observa-se que o sinal pode ser concedido por Deus para demonstrar sua autoridade e força, como pode ser concedido como um favor de Deus ao ser humano. Com Acaz, é o próprio Deus que oferece ao rei um sinal, por isso não poderia ser recusado.

O verbo pedir (

lav

), tanto na primeira estrofe como na segunda, está

no imperativo, pede-exige, ou seja, o próprio Javé está oferecendo uma oportunidade em forma de ordem para o rei. Assim, o pedido deveria, mais que ser pensado, ser obedecido. Há outra tradução para este verbo que é

167

Para Milton Schwantes esta assertiva teu Elohim se deve ao “pacto de Javé com os davididas (2Sm 7,14; Sl 2,7; 132)”, cf. SCHWANTES, Milton. “Ouvi casa de Davi’, estudos

exegéticos em Isaías 7,10-17”. In: Revista Estudos de Religião, nº. 29. São Paulo: Umesp,

2005. p. 182.

168

A respeito do sinal em Êxodo 7-12, conferir: SCHWANTES, Milton. “O faraó: teimoso até o fim. Uma liturgia sobre a conversão de opressores”. In: GORGULHO, Gilberto, et all. Curso de

Verão. São Paulo: Paulinas, 1988. p. 91-100. Para Lohfink, “o sinal do Emanuel é sinal que as

trevas cessarão, embora ele nascerá nas trevas.” LOHFINK, Norbert. Exégesis bíblica y

interessar-se, o que significa que o rei deveria ter interesse no sinal oferecido

por Javé.

Outro fator é que todo o cosmo foi colocado à disposição do rei, da

profundeza ou da altura, o que denota que as ações humanas e de toda

estrutura da natureza estava subordinada a Javé. E se estas forças eram dependentes de Deus quanto mais os inimigos do rei o seriam.

Dessa forma, pedir um sinal é evidenciar que há um desejo de restabelecer e considerar a aliança com Deus. É demonstrar a confiança na providência divina naquele momento conturbado. Seria uma forma de garantir a promessa feita a Davi, a saber, que haveria uma dinastia para sempre.

No documento 1.3.1 Messianismo de Judá (páginas 35-38)

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