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1 INTRODUÇÃO

As orações coordenadas são sintaticamente independentes; uma não exerce função sintática em relação à outra. Note que na palavra coordenação existe o prefixo co-, que indica "nivelamento, igualdade, companhia ; e o mesmo prefixo de cooperar, co-líder, co-piloto. Na palavra subordinação existe o prefixo sub-, que indica posição inferior: a oração subordinada é sintaticamente dependente da principal.

2 ORAÇÕES SINDÉTICAS E ASSINDÉTICAS

Você já sabe que num período composto por coordenação as orações são independentes e sintaticamente equivalentes. Isso significa que as oraçôes coordenadas não agem como se fossem termos de outra oração, nem têm um de seus termos na forma de oração. Observe:

"Apita o árbitro, abrem-se as cortinas e começa o espetáculo." (Fiori Gigliotti)

Há três orações nesse período, organizadas a partir das formas verbais apita, abrem-se e começa. Essas orações

- nota da ledora: cinco quadros de pequena propaganda. 1o. quadro: com texto - Quando pequeno, adorava pintura. 2o. quadro: criança riscando a parede.

4o. quadro: texto - ainda há tempo de dar uma virada na sua vida. 5o. quadro: criança de aproximadamente cinco anos, chorando. - fim da nota.

No 3o. quadro, "Cresceu" é oração coordenada assindética, seguida de uma coordenada sindética ("e foi trabalhar num banco").

são sintaticamente equivalentes, já que nenhuma delas atua como termo sintático de outra. As orações são completas, não lhes falta nenhum termo. Não é difícil para você, que já conhece as orações subordinadas, perceber claramente isso.

Trata-se, portanto, de um período composto por coordenação - e as três orações que o formam são coordenadas.

A conexão entre as duas primeiras orações é feita exclusivamente por uma pausa, representada na escrita por uma vírgula. Entre a segunda e a terceira, é feita pela conjunção e. As orações coordenadas que se ligam umas às outras apenas por

uma pausa, sem conjunção, são chamadas assindéticas. É o caso de "Apita o árbitro" e "abrem-se as cortinas". As orações coordenadas introduzidas por uma conjunção são chamadas sindéticas. Sindéticas e assindéticas são palavras de origem grega; a raiz é syndeton, que significa "união". No exempIo acima, a oração "e começa o espetáculo" é coordenada sindética, porque é introduzida pela conjunção e. Costuma-se chamar de coordenada inicial a primeira oração de um período composto por coordenação. A classificação de uma oração coordenada leva em conta fundamentalmente o aspecto lógico-semântico da relação que se estabelece entre as orações. Você começa a perceber isso já nos nomes das cinco coordenadas sindéticas, que podem ser subdassificadas em aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicativas.

3 CLASSIFICACÃO DAS ORAÇÕES COORDENADAS SINDÉTICAS ADITIVAS

As coordenadas sindéticas aditivas normalmente indicam fatos ou acontecimentos dispostos em sequência. A palavra aditiva é da mesma família da palavra adição, que, como você sabe, significa "soma". Portanto, as coordenadas aditivas normalmente têm o papel de somar, sem acrescentar outro matiz de significação. As conjunções

coordenativas aditivas típicas são e e nem (e + não): Caetano Veloso canta e compõe muito bem.

Ela não trabalha nem estuda.

Como a conjunção nem tem o valor da expressão "e não", condena-se na língua culta a forma e nem para introduzir orações aditivas.

A língua portuguesa dispõe também de estruturas correlativas para coordenar orações. Essas estruturas, conhecidas como séries aditivas enfáticas, costumam ser usadas quando se pretende enfatizar o conteúdo da segunda oração:

Caetano Veloso não só canta, mas também (ou como também) compõe muito bem. Ele não só foi o melhor do time, mas também (ou como também) fez o gol da vitória. ADVERSATIVAS

As orações coordenadas sintéticas adversativas exprimem fatos ou conceitos que se opõem ao que se declara na oração se declara na oração coordenada anterior,

estabelecendo contraste ou compensação. A palavra adversativa é da mesma família da palavra adversário, que, como você sabe, significa "opositor". A conjunção

coordenativa adversativa típica é mas; além dela, empregam-se porém, contudo, todavia, entretanto e as locuções no entanto, não obstante. Observe:

"Eu queria querer-te e amar o amor construirmos dulcíssima prisão, encontrar a mais justa adequação, tudo métrica, rima, nunca dor, mas a vida é real e de viés."

(Caetano Veloso)

O Brasil tem potencial inesgotável; sua má administração, porém, tem produzido apenas a sociedade mais injusta do planeta.

- nota da ledora: quadro de destaque na página OBSERVAÇÃO

Em textos clássicos, é possível encontrar a conjunção entando, que hoje só é empregada na locução no entanto. Quanto a esta locução, convém não imitar uma construção cada vez mais comum tanto na língua falada como na escrita: - Lutamos muito, mas, no entanto, não conseguimos o que queríamos. Mas e no entanto se equivalem; portanto, basta usar uma das duas.

- fim do quadro. ALTERNATIVAS

A palavra alternativa é da mesma família das palavras alternância, alternar. É óbvio, pois, que as orações coordenadas sindéticas alternativas exprimem fatos ou conceitos que se alternam ou que se excluem mutuamente. Essa relação é normalmente expressa pela conjunção ou (que pode surgir isolada ou em pares); além dela, empregam-se os pares ora...

ora...ora…, ja... ja..., quer... quer... Observe: Fale agora, ou cale-separa sempre.

Ora age com calma, ora trata a todos com muita aspereza. Estarei lá quer você permita, quer você não permita.

Nesse último raso, o par quer... quer... está coordenando entre si duas orações que, na verdade. expressam concessão em relação a "Estarei lá". É como se se dissesse "Embora você não permita, estarei la".

- nota da ledora: quadro de destaque na página OBSERVAÇÃO

Na língua culta, não se aceita construções como : - Estarei la, quer chova ou faça sol - ou Esta sempre alegre, seja dia de trabalho ou de festa. É necessário manter o

paralelismo, repetindo a conjunção - quer chova, quer faça sol -; seja dia de festa, seja dia de trabalho. - fim do quadro.

CONCLUSIVAS

A palavra conclusiva é da mesma família das palavras concluir, conclusão. Evidentemente, as orações coordenadas sindéticas conclusivas expressam uma conclusão lógica que se obtém a partir dos fatos ou conceitos expressos na oração anterior. A conjunção mais empregada na língua falada é por isso. Na língna escrita, aparecem outras, como logo, portanto e pois, esta obrigatoriamente posposta o verbo. Também se usam então, assim e as locuções por conseguinte, de modo que, em vista disso. Observe:

Não tenho dinheiro, portanto não posso pagar. "Penso, logo existo."

Ela é paulista; é, pois, brasileira.

O time venceu, por isso está classificado. EXPLICATIVAS

As orções coordenadas explicativas normalmente expressam a justificativa de uma ordem, sugestão ou suposição. As conjunções mais usadas são que, porque e pois, esta obrigatoriamente anteposta ao verbo. Observe:

" Deixe em paz meu coração, que ele é um pote até aqui de mágo " (Chico Buarque) Choveu durante a noite, porque as suas estão molhadas.

Comprimente-o, pois hoje é seu aniversário.

É preciso tomar cuidado para não confundir explicação com causa, ou seja, não se devem confundir as orações coordenadas explicativas com as subordinadas adverbiais causais. Uma explicação é sempre posterior ao fato que a gerou; uma causa é sempre anterior à conseqüência resultante dela. Nas frases acima, é fácil perceber que não se estão indicando causas, e sim se apresentando explicações:

pedido; no segundo caso, alguém supõe que tenha chovido durante a noite e baseia sua suposição no fato de as ruas estarem molhadas. Note, nesse segundo caso, que seria absurdo pensar que as ruas molhadas são a causa da chuva - o que ocorre é exatamente o inverso. Se o fato de as ruas estarem molhadas fosse a causa da chuva, estaria

resolvido o problema da seca no Brasil: bastaria molhar as ruas das cidades do sertão. - nota da ledora: desenho de quadrinhos.

1o. quadro - dois detetives observam um homem engravatado, e carregando uma pasta. Um detetive diz ao outro: - Algo não me cheira bem, Tuminha! Vamos dar campana ao elemento que ele deve ter culpa no cartório! - responde o outro: - positivo Tumão. Que faro!.

2o. quadro:- Tuminha diz a Tumão: - Como é que você consegue farejar pistas deste jeito?

3o. quadro: - Intuição Tuminha, pura intuição! - ao que responde Tuminha com um chorinho: - snif! - complementação da nota - a intuição do Tumão advém do rastro de pó branco que esta caindo da maleta do elemento suspeito, e deixando uma fileira de rastro atrás dele.

- fim da nota.

No 1o. quadro, ocorre uma oração coordenada sindética explicativa: 'que ele deve ter culpa no cartório'; infelizmente sem vírgula separando-a da oração precedente (estude a pontuação das orações coordenadas na página 471 deste livro).

- nota da ledora: quadro de destaque na página. OBSERVAÇÕES

1. É preciso, no caso das coordenadas, levar em conta que a classificação depende fundamentalmente da relação de sentido que se estabelece entre as orações. A

conjunção e, por exemplo, é sempre vista como aditiva. Num período como "Deus cura, e o médico manda a conta.", é evidente que seu valor não é aditivo. O período, na verdade, equivale a algo como "Deus cura, mas é o médico quem manda a conta.". Em "Você me quer forte, e eu não sou forte mais.", ocorre o mesmo. A conjunção e equivale a mas, portanto tem valor adversativo e assim deveria ser classificada. Para a

Nomenclatura Gramatical Brasileira, no entanto, vale a forma. A conjunção e é aditiva e fim. Nos vestibulares mais requintados, felizmente, essa visão limitada já está fora de moda. A classificação leva em conta o sentido efetivo.

2. Há orações coordenadas assíndéticas que possuem claramente valor de sindéticas, porque apresentam um conectivo subentendido. Veja:

Fiz o possível para prevenir-lhes o perigo; ninguém quis ouvir-me. Fale baixo: não sou surdo!

A terceira oração do primeiro período ("ninguém quis ouvir-me") e a segunda do segundo ("não sou surdo"), apesar de formalmente assindéticas, já que não apresentam conjunção, têm sentidos bem marcados: a primeira tem valor adversativo (equivale a "mas ninguém quis ouvir-me"); a segunda, explicativo (equivale a "pois não sou surdo").

Por isso convém insistir em que você se preocupe mais com o uso efetivo das estruturas linguísticas do que com discussões às vezes intermináveis sobre questões de mera nomeclatura. - fim do quadro.

4 AS ORAÇÕES COORDENADAS E A PONTUAÇÃO

Separam-se por vírgula as orações coordenadas assindéticas e as orações coordenadas sindéticas, com exceção das introduzidas pela conjunção e que não tenham sujeito diferente do da oração anterior:

Alguns reclamam, um ou outro protesta, ninguém reivindica.

A exploração racional dos recursos naturais pode ser lucrativa, logo deve ser incentivada num país pobre e subdesenvolvido.

A queimada de florestas nativas representa grande desperdício, mas continua a ser praticada neste país.

No caso das orações coordenadas introduzidas pela conjuoção e, devem-se anotar os mesmos procedimentos aplicados aos termos coordenados de um período simples, ou seja:

a) quando a conjunção surge apenas entre a penúltima e a última oração de uma sequência, não se emprega vírgula:

Apresentei meus argumentos e fiz minhas exigências.

Participei da reunião, levei meu relatório. Apresentei meus pontos de vista e minhas exigências.

b) quando a conjunção e é repetida, introduzindo várias orações de uma sequência, deve ser sempre precedida de vírgula:

O menino girava em volta da mãe, e vinha, e torna a ir , e ainda mais uma vez voltava, e se afastava, e ameaçava falar o que queria, e fazia meia volta…

c) a vírgula também deve ser usada quando a conjunção une orações que possuem sujeitos diferentes:

O presidente convocou os ministros, e o Congresso começou a trabalhar.

Também o ponto-e-vírgula pode ser utilizado na pontuação das orações coordenadas, especialmente com as orações adversativas e com as conclusivas:

Aja como quiser; mas não me impeça de pensar.

Os problemas se avolumam num ritmo alucinante; portanto é preciso adotar providências cócientes com rapidez.

O uso do ponto-e-vírgula pode ocorrer também entre orações assindéticas que tenham nítido valor adversativo ou conclusivo:

Fiz o possível para demovê- los daquela idéia; não consegui absolutamente nada. Os livros são raros; e preciso conservá-los com todo o cuidado.

O ponto-e-vírgula é obrigatório para separar coordenadas sindéticas adversativas ou conclusivas que não sejam iniciarias pela conjunção. Note que, nesses casos, as conjunções deslocadas devem ser isoladas por vírgulas:

Uns lutam, criam; outros, porém, só sabem explorar.

O país investe pouco em educação; não há, portanto, perspectiva de eliminar o atraso. - nota da ledora: propaganda na página: foto de uma pão. Texto: - Todo mundo sabe qual é a receita . Mas você não compra de todo mundo. Propaganda depende de quem faz. Salles - 1966/ 1986. Vinte anos fazendo da propaganda o pãp de cada dia.

- fim da nota.

Para enfatizar a oração coordenada adversativa, alguns preferem separá-la da anterior por ponto final. Mas convém reservar esse recurso para momentos especiais, evitando transformá-lo num cacoete lingüístico.

O ponto-e-vírgula permite organizar blocos de orações coordenadas que estabelecem contraste:

Uns avançam os sinais vermelhos, oprimem os pedestres nas faixas de segurança, estacionam em fila dupla e ostentam pose de bons cidadãos; outros nascem na miséria, crescem nas ruas, vendem goma de mascar nas esquinas e acabam recebendo destaque nas reportagens policiais.

O ponto-e-vírgula deve ser usado para separar os membros de uma enumeração: Numa eleição, é preciso levar em conta:

a) o perfil ideológico e o programa de cada partido;

b) a atuação dos membros do partido em gestões anteriores; c) a qualidade individrial dos candidatos do partido.

CAPÍTULO 26