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TERMOS ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO E VOCATIVO

- nota da ledora: quadrinhos representando dois soldados na guerra, em uma trincheira, com o seguinte diálogo:

soldado: - Franz! Eh, Franz! Acorda! Ouvi um ruído…será algum comando inimigo? Franz: - Dorme idiota! Os comandos inimigos não fazem ruído !

soldado: - Franz! Eh, Franz!

Franz:- Que chatice! Que foi agora?

soldado, morrendo de medo: - Não estou a ouvir nada… - fim da nota.

Neste capítulo, você vai estudar os termos acessórios da oração - o adjunto adverbial, o adjunto adnominal e o aposto. Vai estudar também o vocativo.

Quando se fala em termos acessórios da oração, pode-se ter a falsa impressão de que se está tratando de elementos dispensáveis das orações e períodos. Na prática, essa

impressão não corresponde à verdade: esses termos são acessórios porque não fazem parte da estrutura básica da oração, organizada a partir de um verbo e dos nomes ligados a ele pela concordância ou pela transitividade. No entanto as informações que

transmitem são fundamentais para que se alcance uma comunicação satisfatória.

Na tira acima, por exemplo, inimigo(s) (1o. e 2o. quadrinhos) se classifica como adjunto adnominal, um dos termos acessórios da oração. Mas a informação transmitida por esse termo é crucial para a graça da situação.

1 ADJUNTO ADVERBIAL

Como o nome já diz, o adjunto adverbial é essencialmente um modificador do verbo. Seu papel básico é indicar as circunstâncias em que se desenvolve o processo verbal (idéia de tempo, lugar, modo, causa, finalidade, etc.) ou intensificar um verbo, um adjetivo ou um advérbio. A semelhança entre esse conceito e o de advérbio, que você estudou nos capítulos sobre Morfologia, não é gratuita, já que o adjunto adverbial é uma função adverbial da oração, ou seja, é uma função desempenhada por advérbios e locuções adverbiais.

A classificação do adjunto adverbial depende basicamente da circunstância que expressa. Observe:

No Brasil, muitas crianças ainda morrem de fome.

Há nessa oração três adjuntos adverbiais: de fome é adjunto adverbial de causa; ainda é adjunto adverbial de tempo; no Brasil é adjunto adverbial de lugar.

Um grupo de policiais militares agrediu covardemente várias pessoas em Diadema na madrugada de ontem.

Na madrugada de ontem é adjunto adverbial de tempo; em Diadema é adjunto adverbial de lugar; covardemente é adjunto adverbial de modo.

Eles se respeitam muito.

Seu projeto é muito interessante. O time jogou muito mal.

Nessas três orações, muito é adjunto adverbial de intensidade. No primeiro caso, intensifica uma forma verbal (respeitam), que é núcleo de um predicado verbal. No segundo, intensifica um adjetivo (interessante), que é núcleo de um predicativo do sujeito. Na terceira oração, muito intensifica um advérbio (mal), que é núcleo de um adjunto adverbial de modo.

Às vezes não é possível apontar com precisão a circunstância expressa por um adjunto adverbial. Em alguns casos, as diferentes possibilidades de interpretação dão origem a orações sugestivas. Em:

é difícil precisar se calorosamente é um adjunto adverbial de modo ou de intensidade: na verdade, parece ser uma forma de expressar ao mesmo tempo as duas circunstâncias. Por isso, é fundamental levar em conta o contexto em que surgem os adjuntos

adverbiais. Isso é mais importante do que pura e simplesmente decorar classificações. A seguir, você encontrará uma relação em que aparecem algumas circunstâncias expressas por adjuntos adverbiais. Essa relação deve servir para você perceber a riqueza

expressiva desse termo sintático e não para que você se "descabele" tentando decorá-la. Algumas das circunstâncias que os adjuntos adverbiais podem expressar afirmação: Sim, efetivamente participei da comissão.

dúvida: Talvez seja melhor sair do pais. fim, finalidade: Prepararam-se para o exame. meio: Fui de avião.

companhia: Fui ao cinema com sua prima.

concessão: Apesar do estado precário do gramado, o jogo foi ótimo. assunto: Conversamos sobre literatura.

condição: Sem minha autorização, você não irá. instrumento: Fiz a prova a lápis.

causa: Com o calor, o poço secou. intensidade: O remédio é muito caro.

lugar: Nasci em Guaratinguetá. / Morei em Milão.

tempo: O gol foi marcado aos oito minutos.! Sinto-me melhor no inverno.

- nota da ledora: cartaz dos anos 40. As 10 mais vilãs, com o seguinte texto: - a mais refinada e sensual vilã do Spirit vem fazendo das suas desde os anos 40, mas o herói perdoa tudo e a deixa em liberdade.

Se este não é o crime perfeito, não sabemos o que é. - fim da nota.

"Desde os anos 40" constitui adjunto adverbial de tempo. modo: Beijei-a com ternura.! Receberam-me friamente. negação: Não aceito sua renúncia.

Como você já sabe, as locuções adverbiais são expressões normalmente introduzidas por uma preposição. Quando uma dessas locuções atua como adjunto adverbial numa oração, você deve prestar bastante atenção à preposição, pois, na expressão de

circunstâncias adverbiais, essas palavras transmitem importantes conteúdos relacionais. Observe:

Estão voltando de casa. Estão voltando para casa. Fui ao cinema com eles. Fui ao cinema sem eles.

Nesses dois pares de orações, a troca das preposições implica alteração total de

significado na circunstância expressa pelo adjunto adverbial: no primeiro caso, passa-se de um adjunto adverbial de lugar que indica a origem para um que indica o destino; no segundo caso, passa-se de um adjunto adverbial de companhia para um adjunto

adverbial que indica justamente a ausência dela (e que seria classificável como adjunto adverbial de modo).

Quando introduzem complementos verbais ou nominais, as preposições desempenham papel de mero conectivo, ligando um termo subordinante a um termo subordinado. Por isso, em muitos casos, são até mesmo omitidas sem prejuízo aparente de sentido. É o que ocorre, por exemplo, com a construção popular "Ela não obedece o pai.", em que se omite a preposição recomendada pela língua culta ("Ela não obedece ao pai."). No caso dos adjuntos adverbiais, a omissão da preposição acarreta modificações drásticas de sentido. Basta comparar, por exemplo, "Recomendaram-me sinceridade." a

completamente a função sintática e o sentido de sinceridade (que passa de núcleo do objeto direto a núcleo do adjunto adverbial de modo).

É por isso que são considerados adjuntos adverbiais de lugar e não objetos indiretos os termos que se seguem aos verbos de movimento e permanência em construções como: Estou na mesma sala.

Chegaram à cidade sãos e salvos. Ficamos ao lado da igreja.

Voltou à terra natal.

O avião procede de Manaus.

Os verbos empregados são, nessas frases, intransitivos, mas seria questionável dizer que não necessitam de um termo que os complemente. Esses termos, no entanto, não são objetos indiretos, já que têm nítido valor adverbial - note como são significativas as preposições que os encabeçam em cada frase. Pela nomenclatura atualmente disponível nos estudos gramaticais, o mais recomendável é classificá-los como adjuntos adverbiais de lugar, considerando intransitivos os verbos a que se ligam. Alguns gramáticos propõem a denominação complemento circunstancial de lugar ou complemento

adverbial locativo para esses termos. Mais importante do que classificá-los, no entanto, é perceber o seu significado e aprender a usá-los apropriadamente.

2 ADJUNTO ADONOMINAL

Adjunto adnominal é o termo que caracteriza um substantivo sem a intermediação de um verbo. Sob a ótica da morfossintaxe, pode-se dizer que é uma função adjetiva da oração, sendo, portanto, desempenhada por adjetivos, locuções adjetivas, artigos, pronomes adjetivos e numerais adjetivos. Em qualquer função sintática que esempenhe, o substantivo pode ser caracterizado por um ou mais de um adjunto adnominal.

Observe:

As nossas primeiras experiências científicas fracassaram.

Nessa oração, "as nossas primeiras experiências científicas" é sujeito. O núcleo desse sujeito é o substantivo experiências. Relacionados a ele, caracterizando-o, estão os adjuntos adnominais as, nossas, primeiras e científicas (respectivamente, um artigo, um pronome adjetivo possessivo, um numeral adjetivo ordinal e um adjetivo).

Foi socorrido pelos dois médicos do hospital. Nessa oração, "pelos dois médicos do hospital" é agente da passiva. O núcleo desse agente da passiva é o substantivo médicos, caracterizado pelos adjuntos adnominais os (artigo da contração per + os), dois (numeral adjetivo) e do hospital (locução adjetiva).

Para perceber como o adjunto adnominal faz parte efetiva do mesmo termo sintático que tem o substantivo como núcleo, basta substituir esse termo por um pronome

substantivo: como estão diretamente subordinados ao substantivo, sem qualquer intermediação verbal, os adjuntos adnominais desaparecem quando da substituição. Observe:

A nova política salarial prejudica os trabalhadores de menor poder aquisitivo. Ela prejudica-os.

"A nova política salarial" e "os trabalhadores de menor poder aquisitivo" são, respectivamente, sujeito e objeto direto da oração. Subordinados aos núcleos dessas funções - os substantivos política e trabalhadores - os adjuntos adnominais desaparecem quando são substituidos pelos pronomes substantivos ela e os.

Essa percepção de que o adjunto adnominal é sempre parte de um outro termo sintático que tem como núcleo um substantivo é importante para diferenciá-lo do predicativo do objeto.

Observe:

Noel Rosa deixou uma obra riquíssima.

Nessa oração, riquíssima é adjunto adnominal de obra, que é o núcleo do objeto direto. Se substituíssemos esse objeto direto por um pronome pessoal, obteríamos "Noel Rosa

deixou-a".

Sua atitude deixou seus amigos perplexos.

Nessa oração, perplexos é predicativo do objeto direto "seus amigos". Se

substituíssemos esse objeto direto por um pronome pessoal, obteríamos: "Sua atitude deixou-os perplexos". Perceba que perplexos não é parte do objeto direto, e sim um termo sintático relacionado também com o verbo da oração.

- nota da ledora: quadrinho de desenho, dos soldado na trincheira, com a seguinte legenda: - Dorme idiota! Os comandos inimigos não fazem ruídos!

- fim da nota.

Adjuntos adnominais: os e inimigos.

- nota da ledora: quadro de destaque na página:

É comum confundir adjunto adnominal na forma de locução adjetiva com complemento nominal. Para evitar essa confusão, considere o seguinte.

a) somente os substantivos podem ser acompanhados de adjuntos adnominais; já os complementos nominais podem ligar-se a substantivos, adjetivos e advérbios. É óbvio, portanto, que o termo ligado por preposição a um adjetivo ou a um advérbio só pode ser complemento nominal;

b) os complementos nominais são exigidos pela transitividade do nome a que se ligam; indicam, portanto, o paciente ou o alvo da noção expressa pelo substantivo. Já os adjuntos adnominais indicam o agente ou o possuidor da noção expressa pelo substantivo. Observe:

- Os investimentos da iniciativa privada em educação e saúde deveriam ser

proporcionais aos lucros de cada empresa. Nessa oração, o sujeito é "os investimentos da iniciativa privada em saúde e educação". O núcleo desse sujeito é o substantivo investimentos; presos a esse núcleo por meio de preposição há os termos "da iniciativa privada" e "em educação e saúde". Observe que o primeiro indica o agente ou possuidor dos investimentos (é a iniciativa privada que investe), enquanto o segundo indica o paciente ou alvo desses investimentos (saúde e educação recebem esses investimentos). "Da iniciativa privada" é adjunto adnominal, enquanto "em saúde e educação" é

complemento nominal. - fim do quadro. 4 O VOCATIVO

O nome vocativo nos faz pensar em várias palavras ligadas à idéia de "chamar", "atrair a atenção": evocar, convocar, evocação, vocação. Vocativo é justamente o nome do termo sintático que serve para nomear um interlocutor a que se dirige a palavra. É um termo independente: não faz parte nem do sujeito nem do predicado. E mais uma função substantiva da oração, sendo desempenhada por substantivos, pronomes e numerais substantivos ou palavras substantivadas.

Observe:

(Amigo), venha visitar-me no próximo domingo.

(Senhor presidente), pedimos que se comporte de forma condizente com a importância de seu cargo.

A vida, (amada minha), é um constante retomar. Não sei o que te dizer (meu amor).

Nessas orações, os termos destacados são vocativos: indicam e nomeiam o interlocutor a que se está dirigindo a palavra. Numa oração como a primeira, não se deve confundir o vocativo amigo com o sujeito da forma imperativa venha, que é você.

5 OS TERMOS ACESSÓRIOS, O VOCATIVO E A PONTUAÇÃO

Como vimos, os adjuntos adnominais fazem parte do termo sintático a que pertence o substantivo a que se ligam. Por isso, não devem ser separados por vírgula desse substantivo:

despreparo.

Os adjuntos adverbiais podem ser separados por vírgula quando vêm após os verbos e seus complementos:

Encontrei alguns amigos, ontem à noite, na praça. ou

Encontrei alguns amigos ontem à noite na praça.

Quando são antepostos ou intercalados, os adjuntos adverbiais devem ser

obrigatoriamente separados por vírgulas. As vírgulas são dispensáveis quando o adjunto é de pequena extensão:

Ontem à noite, encontrei alguns amigos na praça.

Encontrei, durante aqueles dias de férias, alguns velhos amigos. Amanhã virei ajudá-lo.

Ali se vendem esses produtos.

- nota da ledora: propaganda da Varig - apresentando na foto, um avião no chão, e na porta do mesmo a inscrição, em um toldo, de Hotel - no texto: - Nova Varig.

Aqui você não é passageiro. É hóspede. - fim da nota.

O aposto é separado do termo a que refere por vírgulas ou dois-pontos. Somente o aposto especificativo não é marcado por sinais de pontuação:

Seus olhos, duas bolas de pânico, impressionavam quem o via.

É imprescindível que o país adote duas diretrizes: distribuição de renda e reconstrução do ensino público.

Caetano Veloso, compositor consagrado, não suporta quem desrespeita sinal vermelho. O compositor Caetano Veloso não suporta quem desrespeita sinal vermelho.

O vocativo deve ser sempre separado por vírgulas, qualquer que seja sua posição na frase:

Participem das decisões nacionais, cidadãos. Cidadãos, participem das decisões nacionais.

Participação critica, cidadãos, é o caminho para um país melhor.

CAPÍTULO 22