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MAPA 3: Organização do Capítulo II – Mapa Teórico. MAPA TEÓRICO Das teorias- base Do mapeamento de pesquisas recentes Modelos mentais Modelagem Processos criativos

2.2 DAS TEORIAS-BASE

Esta seção está subdivida em três subseções organizadas da seguinte forma: definições acerca de modelos mentais, modelagem e processos criativos. A seguir, passa-se a explicitar cada uma dessas subseções.

2.2.1 Modelos Mentais

Um modelo mental é uma representação interna de informações que corresponde com o que está sendo representado. Trata-se de representação analógica abstrata de conceitos ou objetos que pode assumir qualquer uma das formas: proposição, imagem ou modelo mental, conforme Philip Johnson-Laird (1983)9. Kant (1724-1804)10 já afirmava que as pessoas

possuem um esquema mental, ou esquema de conceito, que as permite reconhecer e agrupar fatos de acordo com suas categorias. Segundo o filósofo Kant (2001), em sua obra Crítica da Razão Pura, estas categorias são características inatas do ser humano.

Johnson-Laird (1983), em estudos sobre representações, afirma que as pessoas raciocinam por meio de modelos mentais, e ainda define modelo mental como um tipo específico de representação analógica, ou seja, uma construção que reflete a estrutura de estados de relações no mundo. Para Eysenck e Keane (1994, p.209), ―um modelo mental é uma representação que pode ser totalmente analógica, ou parcialmente analógica e parcialmente proposicional, o que é diferente, mas mantém alguma relação com a imagem‖. Modelos mentais são representações essenciais para a compreensão da cognição humana, afirmam Eysenck e Keane (1994). Para esses autores, modelos mentais incluem vários graus de estruturas analógicas e tornam-se específicos por meio de várias inferências e processos de compreensão. Para Eysenck e Keane (1994, p. 212) ―as proposições são inespecíficas, enquanto que os modelos mentais e as imagens são vistos como sendo específicos, analógicos e concretos. As imagens são modelos mentais vistos a partir de uma perspectiva específica‖.

De acordo com Johnson–Laird (1983), as pessoas utilizam modelos mentais para raciocinar. Segundo o autor, a lógica não faz parte da construção do modelo, no entanto, pode estar presente nos testes de conclusões, o que pode resultar em uma revisão dos modelos gerados. Desse modo, o raciocínio dedutivo é interpretado mais como uma habilidade prática

9 Philip N. Johnson-Laird nasceu em 1936 no Reino Unido. Professor do Departamento de Psicologia de

Princeton, suas obras são relacionadas à cognição e psicologia do raciocínio.

10 A obra que se refere a Kant (2001) trata-se de uma tradução da obra Crítica à Razão Pura, publicada pela

primeira vez em 1781 e, posteriormente, em 1787 com alterações substanciais feitas pelo autor. Esta obra foi a principal da teoria do conhecimento de Kant, e é considerada um dos mais influentes trabalhos da História da Filosofia. KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura. Trad. J. Rodrigues de Merege. EBookLibris: 2001. Disponível em: http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/critica.html Acesso em 02 de junho de 2015.

do que como uma habilidade abstrata. Nessa perspectiva, ―representações proposicionais são cadeias de símbolos que correspondem à linguagem natural, modelos mentais são análogos estruturais do mundo e imagens são modelos vistos de um determinado ponto de vista‖ (JOHNSON-LAIRD, 1983, p. 165).

Moreira (1996), em estudos baseados na visão de Johnson-Laird (1983), afirma que, de acordo com a psicologia cognitiva contemporânea, as pessoas não captam o mundo exterior de maneira direta, elas constroem representações mentais, que são modos de representar o mundo externo, internamente. Essas representações podem ser consideradas internas ou externas. As internas são as representações mentais que as pessoas conhecem, e as externas podem ser linguísticas (por meio de símbolos) ou pictórias (analógicas). Estas características podem ser transportadas para as representações internas ou mentais, a princípio. Segundo Moreira (1996), podem ser distinguidos dois tipos de representações internas: analógicas e proposicionais.

Modelos mentais são representações analógicas, um tanto quanto abstraídas, de conceitos, objetos ou eventos que são espacial e temporalmente análogos a impressões sensoriais, mas que podem ser vistos de qualquer ângulo (e aí temos imagens!) e que, em geral, não retêm aspectos distintivos de uma dada instância de um objeto ou evento. (MOREIRA, 1996, p. 2).

Johnson–Laird (1987) separou as representações mentais em três tipos: (1º) imagens, (2º) representações proposicionais e (3º) modelos mentais.

- Imagens: Johnson-Laird (1987) afirma que as imagens representam objetos, são formas analógicas, na medida em que as relações estruturais entre suas partes correspondem àquelas entre as partes do objeto representado. São representações específicas que retêm aspectos perceptivos de objetos e eventos, ou seja, imagens correspondem ao modelo mental visto a partir de uma determinada óptica. Eysenck e Keane (1994) citam divergências a partir do conceito de imagem:

O bom senso nos dá uma resposta fácil: ―É o que tenho em minha cabeça quando imagino algo‖. Entretanto, do ponto de vista da pesquisa científica sobre imagens, isto não é o suficiente [...]. Colocada de maneira simplória, a primeira posição mantém que as imagens são representações semelhantes a figuras que operam em seu próprio meio especial e são bastante diferentes das representações proposicionais. O ponto de vista contrário advoga que no fim das contas as imagens, na realidade, não são uma forma diferente de representação, mas apenas uma maneira superficialmente diferente de se elaborar as informações proposicionais. (EYSENCK; KEANE, 1994, p.187).

As imagens são modelos mentais vistos a partir de uma perspectiva específica.

- Representações proposicionais: Johnson-Laird (1987) diz que representações proposicionais são discretas e abstratas. As proposições a respeito de um objeto são verdadeiras ou falsas. Suas representações são abstratas na medida em que não parece com figuras. Sua estrutura não é analógica a respeito dos objetos que representam. Eysenck e Keane (1994) afirmam que as representações proposicionais são mentalizações abstratas que representam o conteúdo ideacional, independentemente de sua fonte de origem, em qualquer língua ou em qualquer um dos sentidos. ―Empiricamente, as representações proposicionais em geral são examinadas apenas quando se supõe que elas estejam subjacentes às estruturas de conhecimentos complexas na cognição‖ (EYSENCK; KEANE, 1994, p. 197). Representações proposicionais podem ser expressáveis verbalmente, representam símbolos correspondentes à linguagem natural, os quais são interpretados em relação a modelos mentais. Uma proposição pode ser considerada verdadeira ou falsa com base em um modelo mental.

- Modelos mentais: Johnson-Laird (1987) afirma que um modelo representa um estado de coisas, e, consequentemente, sua estrutura não é arbitrária, tal como uma representação proposicional, porém desempenha um papel representacional analógico direto. Sua estrutura reflete aspectos relevantes do estado de coisas correspondentes no mundo. Para Eysenck e Keane (1994) os modelos mentais incluem vários graus de estruturas analógicas. Johnson- Laird (1983) afirma que os modelos mentais, assim como as imagens, são representações de alto nível e são essenciais para o entendimento da cognição humana. Ambos são semelhantes às linguagens de programação de alto nível para o cérebro, na medida em que libertam a cognição humana da obrigação de ter que operar num nível proposicional semelhante ao código binário (EYSENCK; KEANE, 1994). De um modo geral, modelo mental é uma representação interna abstrata que corresponde análoga e estruturalmente ao que está sendo representado.

Explicita-se, no Mapa 4, uma síntese sobre a classificação das representações mentais proposta por Johnson-Laird (1987).

MAPA 4 - Síntese das representações mentais