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Capítulo III – Farmácia Hospitalar

2. Organização e Gestão dos Serviços Farmacêuticos

A equipa dos Serviços Farmacêuticos deste Hospital é constituída por um farmacêutico Diretor do Serviço, 6 farmacêuticas, 5 técnicos de diagnóstico e terapêutica, 3 auxiliares e 3 administrativos.

As instalações da Farmácia Hospitalar encontram-se divididas em diversas zonas de trabalho:

Open space – sala de trabalho das farmacêuticas;

 Gabinete do Diretor do Serviço;

 Sala de arquivos;

 3 Armazéns;

 Laboratório;

 Zona de atendimento ao público – ambulatório;

 Serviços administrativos;

 Sala para desinfeção do material;

 Zona de receção de encomendas;

 Sala de distribuição;

 Sala de reembalagem;

 Sala de descanso/convívio;

 Duas salas para preparação de citotóxicos e bolsas de alimentação parentérica;

 Sala de ensaios clínicos;

 Vestiários feminino e masculino com casas de banho privativas.

No primeiro dia do meu estágio, o Dr. Jorge Aperta, Diretor do Serviço, mostrou-me as instalações acima referidas, de modo a ganhar autonomia no Serviço.

2.1. Aprovisionamento

A função aprovisionamento consiste no processo de seleção, aquisição, receção, conservação e gestão de stocks de medicamentos, englobando as relações entre fornecedores, administração da instituição e os diversos serviços hospitalares. Gestão de

stocks de medicamentos é definido como o conjunto de procedimentos realizados pelos

Serviços Farmacêuticos que garantem o uso racional e dispensa dos medicamentos em perfeitas condições aos doentes do hospital.3 No sentido de auxiliar os farmacêuticos na

gestão dos medicamentos existem vários sistemas informáticos bastante úteis. Uma gestão de

stocks correta permite garantir assistência a todos os utentes do hospital, no que respeita a

medicamentos, dispositivos médicos e outros produtos farmacêuticos sem interrupções nem atrasos. Na Unidade Local de Saúde da Guarda, a gestão e aprovisionamento de medicamentos é efetuada com o auxílio do software ALERT®. Com a ajuda deste sistema

tendo em conta o estudo de consumos anteriores, permitindo fazer previsões estatísticas de consumo. É fundamental a realização de estimativas de consumo dos medicamentos e outros produtos farmacêuticos, de modo a estabelecer critérios de aquisição. Recorre-se então à classificação ABC para auxiliar na gestão de stocks. As características dos fornecedores e os hábitos de prescrição dos clínicos do Hospital permitem também estabelecer critérios de seleção dos medicamentos a adquirir.

O farmacêutico hospitalar responsável pelas compras tem a função de verificar diariamente quais os produtos que é necessário encomendar. Para isso o farmacêutico analisa a lista de medicamentos, gerada automaticamente pelo ALERT®. Seguidamente a lista é

analisada e é elaborada uma nova tabela com a descrição, código e quantidade dos produtos que é necessário encomendar. Posteriormente, esta lista é entregue aos serviços administrativos que se encarregam de fazer os pedidos. Depois de validados pelo farmacêutico, as notas de encomenda são então reencaminhadas para a contabilidade e é emitido um número de compromisso. Só depois de lhe ser atribuído este número é que a compra pode ser realizada.5

Durante o estágio tive oportunidade de participar no processo de aquisição de medicamentos, com o auxílio e supervisão da farmacêutica responsável por esta tarefa.

É importante referir que a gestão do stock de gases medicinais no Hospital Sousa Martins é uma tarefa de grande importância e responsabilidade.

2.2. Sistemas e critérios de aquisição

A seleção de medicamentos para o Hospital é feita pela Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT), tendo por base o Formulário Hospitalar Nacional de Medicamentos (FHNM) e as necessidades terapêuticas dos doentes do Hospital.

O farmacêutico hospitalar é responsável por garantir aos doentes a melhor qualidade e os mais baixos custos associados aos medicamentos.3

Existem medicamentos que requerem procedimentos especiais para serem adquiridos. Como exemplo temos os medicamentos com Autorização de Utilização Especial (AUE), os psicotrópicos e estupefacientes, as benzodiazepinas, os gases medicinais e os hemoderivados. Segundo o Decreto-lei n.º 20/2013, de 14 de fevereiro, o INFARMED pode autorizar a utilização em Portugal de medicamentos que não possuem qualquer autorização prevista na legislação quando estes medicamentos sejam considerados imprescindíveis, mediante justificação clínica, à prevenção, diagnóstico ou tratamento de determinadas patologias, para dar resposta à propagação potencial de agentes patogénicos ou em casos excecionais para doentes específicos.6 (Anexo VII)

No que respeita à aquisição de psicotrópicos, estupefacientes e benzodiazepinas é necessário o preenchimento do anexo VII da Portaria nº 981/98 de 8 de Junho e a sua entrega juntamente com a nota de encomenda.7 (Anexo VIII) O duplicado deste anexo deve ficar

2.3. Receção e conferência de produtos adquiridos

Nos Serviços Farmacêuticos do Hospital Sousa Martins a receção de encomendas é realizada numa área com fácil acesso ao exterior e próxima dos armazéns. As encomendas são, normalmente, rececionadas por um auxiliar responsável por verificar a fatura das mesmas. Após a receção deve conferir-se o número e o estado da encomenda de modo a avaliar se não ocorreu nenhum erro na entrega e se os produtos se encontram todos em bom estado.

Os produtos devem passar por um processo de entrada no sistema informático, onde se faz o registo, não só dos stocks, mas também dos prazos de validade. Após este registo segue-se o processo de armazenamento dos produtos.

Os estupefacientes, psicotrópicos e hemoderivados têm de ser recebidos e conferidos por um farmacêutico. Depois de rececionados, os estupefacientes e os psicotrópicos são armazenados em cofres. Quanto aos hemoderivados, estes têm que ser acompanhados dos boletins de análise e dos certificados de aprovação emitidos pelo INFARMED, que ficam arquivados juntamento com a respetiva fatura em dossiers específicos.3

O processo de receção de gases medicinais difere dos outros medicamentos. A receção decorre na central hospitalar de gases. Procede-se à conferência, das condições de acondicionamento e a conformidade dos gases (denominação, lote, validade e quantidade). Toda a documentação técnica é posteriormente arquivada nos Serviços Farmacêuticos.

2.4. Armazenamento

Os Serviços Farmacêuticos do Hospital Sousa Martins possuem três áreas de armazenamento: uma para produtos de grande rotação como soros e água destilada, outro para desinfetantes e ainda outro para os restantes medicamentos e produtos farmacêuticos. Este último armazém está dividido em várias áreas. A área que ocupa mais espaço é constituída por estantes metálicas com medicamentos, organizados por ordem alfabética da sua DCI e segundo a regra “First in First out”, associada ao facto do menor prazo de validade ser o primeiro a ser consumido. Existem também estantes destinadas a produtos de alimentação parentérica e entérica, material de penso com ação terapêutica e anticoncecionais. Existe ainda um armário com antídotos e medicamentos de importação e um com medicamentos psiquiátricos. Numa outra seção desta área, encontram-se vários frigoríficos, onde estão armazenados hemoderivados, citotóxicos e vacinas. Existe, também uma arca de armazenamento de plasma. As benzodiazepinas, os psicotrópicos e estupefacientes são armazenados em cofres existentes no armazém.

Mensalmente são verificados os prazos de validade de todos os medicamentos através do sistema informático. No caso de validades inferiores a seis meses, a farmacêutica contacta os fornecedores para emissão de uma nota de crédito ou troca por medicamentos com

de se efetuar uma troca direta com outro serviço de saúde, com vista à utilização do produto nesse serviço evitando o desperdício.