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Capítulo II Contextualização e Revisão da Literatura

4. Futebol de Praia em Portugal e no Mundo

4.8. Organização Financeira

Um fator importante para o desenvolvimento de qualquer modalidade desportiva é inevitavelmente o aspeto financeiro, razão pela qual se torna também necessário analisar este fator (Rocha, 2016). Segundo Santos (2005), realidade desportiva apresenta uma evidente vertente económica para, em determinadas situações, se assumir como mais um negócio emergente. Na abordagem a este tema incontornável na atividade desportiva, é necessário verificar quais os custos inerentes à participação das equipas de futebol de praia nos campeonatos nacionais, bem como identificar as suas fontes de receita, tendo em consideração o modelo competitivo atual das provas da modalidade e o sistema de organização de jogos.

Face à ainda recente prática federada da modalidade, esta tem usufruído de medidas de incentivo, nomeadamente no que concerne ao valor de inscrição de equipa e aos custos da inscrição de jogadores e outros agentes desportivos, comparativamente com os valores estipulados pela FPF e ADR’s no futebol e no futsal. Conforme consta no Comunicado Oficial nº1 2018/2019 da A.F. Leiria, existe uma considerável diferença entre os valores relativos à participação de equipas, praticados pelas ADR’s entre as variantes de futebol, futsal e futebol de praia. Tendo em consideração, a comparação entre o mais alto campeonato de seniores masculinos de cada variante, organizada pela FPF, concretamente o Campeonato de Portugal, no futebol, a Liga Sportzone, no futsal e o Campeonato Nacional Divisão de Elite, no futebol de praia, verifica-se a diferença entre os custos de inscrição de equipas, jogadores e outros agentes desportivos.

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Tabela 2 - Custos relativos à participação das equipas nas variantes de futebol, futsal e futebol de praia

Tipo de Custo Futebol Futsal Futebol Praia

Inscrição de Equipa 252,50 € 122,50 € 50,00 € Inscrição de Jogador c/transferência 297,25 € 149,45 € 20,00 € Inscrição de Jogador s/transferência 97,25 € 74,45 € 20,00 €

Inscrição de Treinador / Dirigente / Massagista

32,00 € 32,00 € 16,00 €

Fonte: Comunicado oficial nº1 da FPF – 2018/2019, Comunicado oficial nº1 da AFL – 2018/2019 e Comunicado oficial nº385 da AFL – 2018/2019.

Relativamente ao custo com a organização de jogos, a realizar na condição de visitado, os clubes de futebol de praia, atualmente, possuem isenção do pagamento da mesma. Este custo representa uma grande fatia no orçamento dos clubes, pelo que a isenção de pagamento é, sem dúvida, um incentivo à prática da modalidade.

A FPF, de acordo com o seu Comunicado Oficial nº1 de 2018/2019, define que para realizar um jogo na condição de visitado, os clubes que participam no Campeonato de Portugal têm que considerar enquanto custos organizativos, a Quota de Organização e a Quota com a Arbitragem. No caso do futsal e tendo por base o campeonato mais elevado, os clubes possuem a isenção de Quota de Organização, contudo têm de suportar a Quota de Arbitragem, por cada jogo realizado no seu recinto.

No caso da modalidade de futebol de praia, os clubes participantes não possuem qualquer despesa organizativa ou de arbitragem para a realização dos jogos. Contudo, estes não realizam jogos na condição de visitado, dado que no modelo competitivo das provas de futebol de praia contempla a realização de jogos em regime concentrado e em recintos, considerados neutros.

Tabela 3 - Custos com organização e jogos de provas nacionais de várias variantes

Tipo de Custo Futebol Futsal Futebol Praia

Quota de Organização + Arbitragem 860,00 € 350,00 € Isento

Fonte: Comunicado oficial nº1 da FPF – 2018/2019.

Perante a análise dos valores acima apresentados, facilmente se constata que a FPF possui uma estratégia de fomento da prática desportiva da modalidade de futebol de praia, através da não aplicação de quotas organizativas, que em outras modalidades já se encontram estabelecidas há várias épocas. Pedro Dias, Vice-Presidente da FPF, revelou em entrevista ao Jornal de Notícias em 2019, após a conquista do Campeonato do Mundo de Futebol de Praia pela Seleção Nacional Portuguesa, no Paraguai, que a FPF pretende alcançar até 2024, 2000 praticantes federados, 1500 masculinos e 500 femininos.

No que concerne aos custos inerentes às deslocações das equipas para os locais de jogo e respetivo regresso, este poderá constituir um dos principais custos dos clubes de futebol de praia, dado que tendo em consideração o modelo competitivo atual das provas da modalidade em Portugal, ou seja, a realização de jogos em campos neutros, obriga os clubes a realizarem deslocações em todos os jogos, existindo sempre uma ou

60 outra exceção, quando um clube realiza jogos agendados em campo da sua localidade. Ao contrário do que sucede nas provas regulares de futebol de onze e futsal, em que os clubes vão alterando a realização dos jogos entre os seus recintos e o recinto dos adversários, no futebol de praia os clubes, normalmente realizam jogos em recinto alheio.

Existem várias realidades dentro do futebol de praia português, tendo em consideração a localização geográfica dos clubes e o local de realização dos jogos agendados pela FPF. Contudo os clubes, decorrente da deslocação das suas equipas, normalmente suportam os custos de deslocação e alimentação para a estrutura da equipa.

No que diz respeito às fontes de receita dos clubes de futebol de praia, o facto de não realizarem jogos no seu campo ou de não o possuírem, poderá limitar a angariação de fundos para o sustento da atividade. No futebol de onze e futsal, os clubes, organizados há vários anos, procuram exploram várias fontes de receitas, sobretudo no seu campo de jogos, como a bilheteira, bar, sorteios, publicidade em torno do campo, merchandising, entre outras. No caso em concreto do futebol de praia, essa possibilidade não se torna possível, tendo em consideração o modelo competitivo instituído. Uma das possibilidades de receita transversal é a publicidade exposta nos equipamentos, que tendo em consideração o carater nacional da competição e visibilidade crescente, poderá ser explorada pelos clubes.

Estará a organização financeira inerente à participação dos clubes em competições nacionais devidamente adequada à realidade dos mesmos e poderá esta contribuir para um crescimento sustentado do nível competitivo da modalidade em Portugal?

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