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Organização e Gestão: as condicionantes do tempo de aula

4. Realização da prática profissional

4.1. Área 1 – Organização e gestão do ensino e da aprendizagem

4.1.2. Realização

4.1.2.3. Organização e Gestão: as condicionantes do tempo de aula

Durante toda a minha intervenção pedagógica, um bom planeamento das aulas e uma boa gestão das mesmas foram fundamentais para que o processo de ensino decorresse de acordo com aquilo que era pretendido. Esta gestão foi

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desenvolvida ao longo da prática pedagógica, ainda que tenham sido, sem dúvida, uma das grandes preocupações numa fase inicial. Rapidamente percebi que o controlo da turma estaria relacionado com a gestão da aula, na medida em que um condicionava a outra. Rink (2014, p.203) refere que a forma como os professores organizam o equipamento, o tempo da aula, os alunos e os espaços para a instrução são tão importantes como o conteúdo a lecionar. Desta importância, nasce a necessidade de aumentar o tempo de atividade motora específica. Rosado e Ferreira (2011) referem que o professor deve procurar aumentar o tempo de atividade motora específica, rentabilizando o tempo útil da aula e otimizando o tempo disponível para a prática, o tempo na tarefa e o tempo potencial de aprendizagem. Desde muito cedo que existiu, assim que o controlo de turma estava consolidado, a necessidade de elevar o tempo de empenhamento motor, proporcionando uma aprendizagem mais ativa e significativa. As preocupações pedagógicas centravam-se, agora, na gestão da aula propriamente dita. A preparação da aula, no dia, era realizada sempre no intervalo que a precedia, possibilitando-me uma preparação mais cuidada do material e dos exercícios. Usualmente, definia as equipas, ou grupos, previamente, de forma a poupar tempo, quer na transição entre exercícios, quer no início da própria aula. Foi na modalidade de ginástica que senti que o tempo de empenhamento motor foi maior, através da organização por estações:

“A utilização de circuitos, entre várias estações, tem sido a forma organizacional mais utilizada. Esta forma de organização permite-me ter grupos pequenos por estação, certificando-me de que estão quase sempre em exercitação. O número de elementos não tem excedido os três, pelo que está sempre um aluno a realizar o gesto gímnico e pelo menos outro a ajudar.” (DB – 23 de fevereiro de 2017)

Para além deste tipo de organização, as estratégias utilizadas para elevar o tempo de empenhamento motor visaram a redução do tempo de instrução, tornando os momentos de instrução mais claros e concisos, complementados sempre com a demonstração das habilidades pretendidas. Este esclarecimento, de forma muito mais objetiva, foi muito importante na compreensão dos alunos. A gestão do tempo de aula foi, assim, um desafio desde o primeiro dia. Segundo Metzler (2011), a gestão do tempo de aula é um dos recursos mais importantes

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no ensino, do qual o professor pode usufruir para potenciar a aprendizagem dos seus alunos. Inicialmente, devido à inexperiência, não sabia como definir o tempo para cada tarefa, pelo que no 1º período foram muitas as alterações na própria aula, uma vez que os tempos delineados não estavam ajustados à dificuldade da tarefa, havendo a necessidade de aumentá-los, uma vez que os alunos necessitavam de mais tempo de exercitação:

“Esta divisão de tarefas acarreta a necessidade de despender mais tempo de exercitação para cada exercício. Esse aumento de tempo de exercitação tem existido em todas as aulas e pretendo continuar dessa forma, uma vez que me dá uma maior liberdade para poder estar nos dois grupos a corrigir e a dar orientações.” (DB – 7 de fevereiro de 2017)

Rink (2014, p.49) refere que não existe nenhuma forma de antecipar o tempo exato que os alunos precisam ou podem gastar produtivamente na atividade. Deste modo, foi sendo feita uma adaptação de acordo com as necessidades dos alunos. Neste âmbito, as diversas conversas em reuniões com a PC revelaram-se muito importantes na adoção de estratégias. Sem me aperceber disso, utilizava demasiados materiais e diferentes organizações para exercícios relativamente parecidos, não rentabilizando assim, a organização feita anteriormente e prejudicando o tempo disponível para cada uma das tarefas propostas.

Além disso, o tempo de aula foi sempre condicionado pelo atraso na chegada dos alunos. Desde muito cedo que não consegui combater a má pontualidade dos mesmos e, apesar de a escola permitir a marcação de faltas de atraso, estas revelavam-se fortuitas, uma vez que, independentemente do número de faltas, nunca se transformam em injustificadas. A pontualidade dos alunos era crucial para que houvesse uma boa gestão do tempo de aula. Infelizmente, pelo menos com um ou dois alunos, não consegui evitar tais comportamentos ao longo de todo o ano. O atraso constante obrigava-me a repetir a informação previamente transmitida, atrasando as tarefas seguintes. Ciente desta falta de pontualidade, ocupava uma fração da parte inicial da aula para conversar com os alunos, até que todos tivessem chegado. Este diálogo foi sempre importante, pois permitiu-me realizar uma retrospetiva relativamente a

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tudo o que sucedera na aula anterior. Também a aplicação de castigos, pela falta de pontualidade, revelou-se, pouco a pouco, determinante na melhoria da mesma. Os alunos foram comparecendo cada vez mais cedo, acelerando o processo de se equiparem no balneário.

Relativamente ao tempo de transição entre os exercícios, este foi claramente maior nas modalidades coletivas. Mas, pouco a pouco, fui percebendo que era necessário reformular a sequência dos exercícios, aproveitando os espaços designados para vários exercícios, ainda que tivessem objetivos específicos claramente distintos. Uma das estratégias utilizadas com mais sucesso foi a aplicação de variantes ao longo de toda a aula. A introdução de variantes para a exercitação de diferentes conteúdos dentro do mesmo espaço organizacional permitiu reduzir drasticamente o tempo de transição entre os exercícios, uma vez que de um exercício para outro os alunos já se encontravam no espaço designado para tal.

Creio que, ao longo da prática pedagógica, a gestão da aula e a organização da mesma foram cada vez mais eficazes. As adaptações constantes que realizei durante as aulas, fruto das circunstâncias, deram-me valências importantes para aprimorar a aprendizagem dos meus alunos. Considero que foi uma evolução gradual, permitindo-me, hoje, planear e gerir as aulas com uma maior eficácia, sem que isso se torne um problema.