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Para compreender o comércio internacional e suas regras é necessário conhecer a Organização Mundial do Comércio (OMC), para isto está seção explica como esta surgiu e seus fundamentos.

Tendo em vista a necessidade de reconstruir a economia mundial pós-segunda Guerra Mundial, uniu esforços de diversos países aliados, reunindo-se na chamada conferência de Bretton Woods. Nessa conferência ficou estabelecido um sistema de regras para regular a política econômica internacional criando assim três instituições internacionais, sendo elas; o Fundo Monetário Internacional (FMI); o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) e por fim a Organização Internacional do Comércio (OIC). As duas primeiras instituições começaram suas atividades logo após o término da Segunda Guerra Mundial (1945), porém a OIC não se estabeleceu. (SILVEIRA, 2007)

Assim, foi negociado um Acordo Provisório para regular tarifas e regras para o comércio internacional que passou a ser chamado General Agreement on Tariffs and Trade (GATT), que vigoraria até a conclusão da OIC, porém esta organização não foi implantada e o GATT regulou as regras do comércio internacional mesmo não sendo um órgão internacional. (THORSTENSEN, 2003)

Ao longo dos anos foi sendo estabelecido o sistema de regras do comércio internacional, mas para que isso fosse possível foram necessárias algumas rodadas de negociações entre os países que aderiram ao GATT. Em seu início, este acordo possuía 23 países signatários e, ao longo das rodadas

outros países foram aderindo-o, ao total foram oito rodadas durante o GATT e mais a Rodada de Doha, já com a OMC formalizada.

Assim o Quadro 1, a seguir apresenta as rodadas que aconteceram e ainda acontecem, o período que elas ocorreram, o número de países participantes de cada uma e os temas dos quais foram abordados durante cada rodada.

Quadro1 – Rodadas de Negociações do GATT e OMC

Rodada Período Países Participantes Temas cobertos

Genebra 1947 23 Tarifas

Annecy 1949 13 Tarifas

Torquay 1950 – 1951 38 Tarifas

Genebra 1955 – 1956 26 Tarifas

Dillon 1960 -1961 26 Tarifas

Kennedy 1964 – 1967 62 Tarifas e antidumping.

Tóquio 1973 – 1979 102 Tarifas, Medidas não tarifárias, Cláusula de Habilitação.

Uruguai 1986 – 1993 123 Tarifas, Agricultura, Serviços, Propriedade Intelectual, Medidas de Investimento, novo marco jurídico, criação da OMC.

Doha 2001 - ? 149 Tarifas, Agricultura,

Serviços, Facilitação de Comércio, Solução de Controvérsias, “Regras”.

Fonte: BRASIL, (2013c) Elaboração da autora, 2013

São essas as rodadas que tiveram importância fundamental para as negociações efetivadas durante o GATT e até mesmo para a criação da então Organização Mundial do Comércio.

A OMC foi criada diante de conflitos internacionais no âmbito comercial em 1995. E alguns países desenvolvidos com interesses distintos dos países em desenvolvimento, portanto surge a partir deste agravante, a necessidade da criação de uma rodada de negociações para tratar de temas diversos em relação ao comércio internacional e não apenas sobre tarifas e barreiras como se verifica no Quadro 1.

Em decorrência dos diversos interesses estabeleceu-se a oitava rodada, a Rodada Uruguai, que incluiu alguns setores como agricultura, têxteis, serviços e propriedade intelectual. Estes, que antes existiam como regras especiais no comércio internacional conservando o protecionismo de cada país para estes setores. Assim essa rodada resultou na criação da Organização Mundial do Comércio, que já possui uma nova rodada de negociações chamada Doha, a qual teve início em 2001 e não obteve conclusão até hoje (THORSTENSEN, 2003).

Assim que entrou em vigência, a OMC instituiu alguns acordos que regulamentaram o sistema multilateral de comércio, estes estabelecem algumas regras para o comércio internacional, a organização é responsável pela fiscalização do cumprimento destes acordos.

FIGURA 1 – ACORDOS ESTABELECIDOS PELA OMC:

Fonte: THORSTENSEN, (2003) Elaboração da autora, 2013

 ACORDO SOBRE AGRICULTURA

 ACORDO SOBRE APLICAÇÃO DE MEDIDAS SANITÁRIAS E FITOSANITÁRIAS

 ACORDO SOBRE TEXTÊIS E VESTUÁRIOS

 ACORDO SOBRE BARREIRAS TÉCNICAS AO COMÉRCIO

 ACORDO SOBRE MEDIDAS DE INVESTIMENTO RELACIONADAS AO COMÉRCIO

 ACORDO SOBRE INSPEÇÃO PRÉ-EMBARQUE

 ACORDO SOBRE REGRAS DE ORIGEM

 ACORDO SOBRE PROCEDIMENTO PARA LICENCIAMENTO DE IMPORTAÇÃO

 ACORDO SOBRE SUBSÍDIOS E MEDIDAS COMPENSATÓRIAS

 ACORDO SOBRE SALVAGUARDAS

 ENTENDIMENTO RELATIVO ÀS NORMAS E PROCEDIMENTOS SOBRE

A maioria destes acordos visa uma maior liberalização do comércio internacional, entretanto, existem acordos que dificultam este comércio, estabelecendo algumas barreiras.

Nota-se, portanto que foram muitos os fatores do cenário internacional que permitiram e estabeleceram a necessidade da criação de uma Organização Internacional para tratar o comércio mundial.

O GATT permaneceu como um dos acordos sobre comércio, e outros dois acordos foram criados também, o Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços (GATS) e o Acordo sobre aspectos do Direito da Propriedade Intelectual (TRIPS). Esses são os três acordos sobre o comércio que fazem parte do Anexo 1 da OMC (PEREIRA, 2005).

Esta organização tem como sede Genebra, na Suíça e é conduzida por um diretor geral, atualmente também possui 159 países membros, sendo a adesão do Brasil em 1995 e da China em 2001.( ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO, 2013a)

Durante as negociações da Rodada Uruguai ficou estabelecido que apenas fosse membros da OMC, os países que aceitassem todos os acordos estabelecidos durante as negociações como um conjunto não dissociável. (BARRAL, 2002)

Segundo a Organização Mundial do Comércio (2013a):

O objetivo principal é ajudar o fluxo comercial a ser o mais livre possível - desde que não haja efeitos colaterais indesejáveis – pois isso é importante para o desenvolvimento econômico e o bem estar. Quem em parte significa remover obstáculos. É, igualmente, assegurar que os indivíduos, as empresas e os governos não sabem o que as regras do comércio ao redor do mundo, e dando-lhes a confiança de que não haverá mudanças bruscas da política. Em outras palavras, as regras têm de ser "transparentes" e previsíveis. De tal modo, entende-se como o principal objetivo da Organização diante o comércio internacional garantindo aos países e suas empresas o conhecimento das regras e um comércio mais aberto e transparente.

Por sua vez, segundo Silveira (2007), a OMC tem como objetivos: (a) Servir de foro de negociações; (b) Resolver os conflitos comerciais; (c) Administrar e aplicar os acordos comerciais; (d) Examinar e supervisionar as políticas comerciais.

Assim, com a OMC administrando o comércio internacional, as práticas desleais no mercado externo, não deveriam existir.

Para Stiglitz (2007, p. 157) “o aspecto mais importante é que, pela primeira vez, existiu um mecanismo efetivo, ainda que limitado”.

Mesmo com falhas em algumas medidas tomadas, a tentativa de estabelecer regras modela o sistema de comércio global, possibilitando execuções de politicas comerciais semelhantes entre países, diminuindo a complexidade entre eles, e formando novos parceiros comerciais.

A OMC não pune diretamente o país infrator, porém autoriza os países que sofreram prejuízos decorrentes da violação de normas estabelecidas pela OMC a impor restrições comerciais sobre o país infrator, com a retorsão, que corresponde a uma medida coercitiva que não fere o direito internacional econômico, onde o país que se sinta ofendido aplica esta medida no país ofensor, podendo esta ser através do aumento de tarifa de um determinado produto alfandegário (SILVEIRA, 2007).

A estrutura orgânica da OMC, segundo Silveira (2007) é formada por:

a) Conferência Ministerial, na qual é o órgão de maior poder, onde Ministro das Relações Exteriores de todos os países-membros, se reúnem a cada 2 anos para decidir sobre acordos multilaterais.

b) Conselho Geral, é o órgão-diretor da organização, devem reunir- se uma vez por mês;

c) Órgão de Soluções de Controvérsias é formado pelo Conselho Geral, e exerce a função de solucionar conflitos entre os membros;

d) Órgão de Revisão da Politica Comercial, formado pelo Conselho Geral, e possui a função de examinar periodicamente as políticas comercias dos Estados garantindo assim o princípio de previsibilidade da organização;

e) Conselho para bens, serviços e propriedade intelectual; f) Comitês;

g) Secretariado;

FIGURA 2 – Estrutura organizacional da OMC:

Fonte: Organização Mundial do Comercio (2013b) Elaboração da autora, 2013. Comitê de Serviços Financeiros Grupo de Trabalho sobre Serviços Profissionais Grupo de Trabalho sobre Normas de AGSC Comitê de Compromissos Específicos Comitê de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias Comitê de Barreiras Técnicas ao Comércio Comitê de Práticas Antidumping Comitê de Regras de Origem Comitê de Subsídios e Medidas Compensatórias Conselho do Comércio de Mercadorias Comitê de Acesso aos Mercados Conselho de Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio Comitê de Agricultura Comitê de Supervisão de Têxteis Comitê de Invest. Relacionados ao Comércio Comitê de Valoração Aduaneira Comitê de Licença de Importação Comitê de Salvaguarda Grupo de Negociações sobre telecomunicação Básica Grupo de Negociações sobre Serviços de transportes Marítimos Comitê de Comércio de Aeronaves Civis Conselho de Compras Públicas Conselho Internacional de Carne Comitê de Comércio e Meio Ambiente Comitê de Comércio e Desenvolvimento Comitê de Restrições por Balanço de Pagamentos Comitê de Assuntos orçamentários, Financeiros e Administrativos Conferência Ministerial Órgão de Exame de Politicas Comerciais Conselho Geral Órgão de Solução de Controvérsias Órgão Permanente de Apelação Grupos especiais de Solução de Controvérsias Conselho do Comércio de Serviços

Conforme exposto na figura 2, entende-se a estrutura organizacional da OMC e suas funções, a estrutura é responsável pelas funções de cada órgão dentro da organização.

Desta maneira, como é importante conhecer a estrutura da organização, é importante também conhecer os países-membros da mesma, uma vez que, as regras e negociações realizadas pela OMC só tem validade para seus países signatários.

Na figura 3 foram relacionados os países que fazem parte da OMC atualmente:

Figura 3 – Membros, Não Membros e Observadores da OMC

Para Amaral (2002, p. 35),

A Organização Mundial do Comércio (OMC) é criada a fim de facilitar a implementação, administração, operação e persecução dos objetivos definidos no Acordo, onde a comunidade internacional assenta as bases de uma estrutura capaz de conter e canalizar a expansão do comércio mundial nas próximas décadas. Sendo assim, a OMC substituiu e absorveu, a partir de 1º de janeiro de 1995, o Gatt, o qual eram um acordo multilateral.

A partir desta afirmação entende-se que a OMC não só substitui o GATT como fez dele um anexo de seus acordos, sendo assim o GATT constitui a OMC e consequentemente, os 23 países signatários ao GATT, permanecem na OMC além das outras 136 adesões que aconteceram no decorrer dos anos, totalizando atualmente 159 países como se observa na Figura 3.

Igualmente, compreende-se que todos os países listados anteriormente devem seguir com as regras comerciais estabelecidas pela OMC, pois, para ser membro da organização é necessário obedecer às regras estabelecidas.

Todos os acordos da OMC seguem princípios que formam a base do comércio multilateral são eles: Nação mais favorecida, define que nenhum país pode conceder vantagens comerciais a um país, sem conceder aos outros; Tratamento nacional, determina que bens importados devem receber o mesmo tratamento que os bens nacionais; Transparência, normas comerciais devem ser claras e públicas, divulgando publicamente suas politicas e práticas comerciais; Consolidação de tarifas, pois a tarifa é a única forma permitida de barreira comercial (SILVEIRA, 2007).

Diante destes fatos mencionados é possível afirmar que a OMC e seus princípios representam uma evolução nas relações econômicas internacionais.

3. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Este capítulo compreende num breve histórico da indústria têxtil catarinense juntamente ao cenário atual. Apontamentos que demonstram que o setor enfrenta dificuldades devido ao grande volume de importações chinesas para o estado neste segmento. É apresentado também nesta apreciação, um breve histórico econômico chinês. E finalmente abordar acordos pelos quais o setor passou, e os impactos sofridos pelo estado, devido à agressividade do comércio têxtil e vestuário chinês.

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