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ORIENTAÇÃO Nº 02//2011

No documento luizcarlosdeoliveira (páginas 109-117)

PREFEITURA DE JUIZ DE FORA Secretaria de Educação

ORIENTAÇÃO Nº 02//2011

ORIENTAÇÕES PARA AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DO BLOCO DA ALFABETIZAÇÃO E DO QUARTO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

01 – Se agora é um bloco pedagógico, quando poderei reprovar? Posso reprovar no terceiro ano ou só no quarto ano?

De acordo com a LDB 9394/96, a escola tem autonomia para optar em sua organização por séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de ensino-aprendizagem assim o recomendar.

A Resolução CNE/CEB 07/2010, que Fixa Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9(nove) anos, em seu artigo 30, inciso III, § 1º, considera os três anos iniciais do Ensino Fundamental como um Bloco Pedagógico, ou ciclo sequencial não passível de interrupção, mesmo que a escola tenha feito opção pelo regime seriado.

A proposta de articular os três anos iniciais em um Bloco Pedagógico considera que este período esteja voltado para o processo de alfabetização e para o letramento, em que a ação pedagógica promova a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças nas áreas do conhecimento. Tal processo deve assegurar aos alunos um percurso contínuo de aprendizagens. Dessa forma, a reprovação não deve acontecer ao longo dos três primeiros anos.

Reiteramos que, nesse momento de debate em torno da Resolução, a preocupação não pode ser quando reprovar, mas ao considerar a complexidade do processo de alfabetização, atentar-se para os prejuízos que a repetência pode causar no Ensino Fundamental como um todo e sobretudo nestes três anos iniciais.

A orientação da Secretaria de Educação, de acordo com os princípios estabelecidos na Resolução 07, é de que não haja retenção de alunos ao final do 2º e do 3º ano.

Aqueles alunos que, ao final do 3º ano, não conseguirem atingir os objetivos previstos para o Bloco da Alfabetização deverão ser encaminhados para o 4º ano com uma proposta de intervenção diferenciada. Tal proposta deve estar sustentada por um diagnóstico do processo de aprendizagem e desenvolvimento de cada aluno ao longo de sua trajetória nos 600 dias destinados ao processo de alfabetização e letramento. Esse grupo de alunos deve ter um tratamento diferenciado no início do 4º ano, adotando-se diversas estratégias para que os mesmos consigam superar suas dificuldades. Para a implementação de tais estratégias a escola deve lançar mão de todos os recursos de que dispõe, como enturmação, Laboratório de Aprendizagem, Sala de Informática, projetos de extensão do tempo do aluno na escola, dentre outros.

Aqueles alunos que ao final do 4º ano, mesmo com a proposta pedagógica diferenciada desenvolvida pela escola, apresentarem ainda dificuldades nesse processo, poderão permanecer por mais um ano nessa etapa, ou seja, no 4º ano. A Proposta Pedagógica desse Ciclo Inicial da Alfabetização deverá ter como meta a alfabetização de todos os alunos até o final destes 600 dias de trabalho, o que exige uma clareza quanto aos objetivos correspondentes a cada fase, além das características do estágio da aprendizagem e do desenvolvimento de cada estudante. Portanto, a equipe pedagógica da escola deve desenvolver seu planejamento tendo em vista o tempo de aprendizagem de cada aluno e o tempo escolar, adotando providências necessárias para que o princípio da continuidade e o combate à repetência sustente o compromisso com o ensino e a aprendizagem de todos.

02 – Se agora não há retenção (reprovação) nos três primeiros anos, então não preciso mais avaliar meus alunos nesse período?

Precisa. Avaliar não é sinônimo de aprovação e/ou reprovação. Avaliar consiste em acompanhar o processo de ensino e aprendizagem em diferentes aspectos, servindo, sobretudo, para:

a) diagnosticar:

a.1) as potencialidades e dificuldades dos alunos;

a.2) os problemas no processo de ensino;

a.3) a adequação de estratégias e procedimentos frente às necessidades dos alunos;

b) acompanhar/monitorar:

b.1) o desenvolvimento cognitivo dos alunos; b.2) as estratégias e procedimentos utilizados em sala de aula; c) subsidiar:

c.1) ações com vistas a corrigir e/ou direcionar o trabalho pedagógico, conforme a necessidade dos alunos;

Assim, o processo de avaliação na escola deve servir para conhecer os avanços e as dificuldades de aprendizagem e de ensino, considerando como sujeitos desse processo os alunos, a escola e seus profissionais e o sistema como um todo.

03 - Como vou proceder para fazer as avaliações desses três primeiros anos e do 4º ano?

As avaliações deverão ser feitas normalmente, atentando-se para as suas características indicadas na questão anterior, ou seja, a avaliação deve ser entendida como um processo, e não se resume a medir ou verificar apenas em um curto período de tempo. Para que o professor proceda a avaliação dos alunos e da turma, pode valer-se de vários instrumentos, que deverão ser planejados a fim de subsidiar com dados a sua análise acerca do momento de aprendizagem de seus estudantes. Para a elaboração dos instrumentos, o professor pode lançar mão de

variados formatos, tendo como referência tanto os objetivos e conteúdos previstos para determinada etapa, quanto o conhecimento que tem da real fase de desenvolvimento dos alunos e do seu percurso de aprendizagem. Estes instrumentos podem ser trabalhos individuais ou em grupo, provas, testes, relatórios, questionários, dentre outros.

A função principal do processo de avaliação deverá ser o acompanhamento sistematizado do desenvolvimento de todos os alunos para que, durante os 600 dias de alfabetização, o professor tenha tempo para redirecionar seu trabalho, quando necessário e buscar diferentes formas de sanar as dificuldades que os alunos apresentarem.

Os resultados da avaliação deverão ser utilizados para a organização de

agrupamentos dinâmicos, temporários e rotativos que possam atender aos alunos com necessidades

específicas de

aprendizagem, de tal forma que isso venha a promover a reinserção dos mesmos nas atividades coletivas e cotidianas da classe:  reagrupamento da própria classe em determinado horário;

 reagrupamento dos alunos em determinados dias/horários previamente combinados envolvendo várias turmas;

 reagrupamento de alunos para atendimento nos projetos desenvolvidos pela escola, tais como o Mais Educação, projetos intra e extracurriculares.

04 – Como vou fazer os registros dos resultados das avaliações?

Os registros dos resultados das avaliações dos alunos deverão estar atrelados à concepção de avaliação proposta pela Resolução 07, em seu artigo 32:

I. Assumir um caráter processual, formativo e participativo, ser contínua, cumulativa e diagnóstica (...);

II. Utilizar vários instrumentos e procedimentos, tais como observação, o registro descritivo e reflexivo, os trabalhos individuais e coletivos, os portfólios, exercícios, provas, questionários, dentre outros, tendo em conta a sua adequação à faixa etária e às características de desenvolvimento do educando;

III. Fazer prevalecer os aspectos qualitativos da aprendizagem do aluno sobre os quantitativos, bem como os resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais (...);

Tal artigo nos remete ao caráter formativo da avaliação, como um processo que “orienta os estudantes para a realização de seus trabalhos e de suas aprendizagens, ajudando-os a localizar suas dificuldades e suas potencialidades, redirecionando-os em seus percursos.” (BRASIL, 2008, p.30)

Para que a avaliação assuma essa função, deve centrar-se nos objetivos e critérios estabelecidos pelo professor, situando como referência o aluno ao longo desse processo. Assim, o julgamento do professor frente às informações coletadas nos diferentes instrumentos deve levar em conta o desenvolvimento do aluno, e não apenas os objetivos previstos, o que foi alcançado ou não alcançado em determinado período de tempo, apontando sobretudo as possibilidades de aprendizagens de cada sujeito e do grupo em seu conjunto. A ideia é de que “o importante não é a forma, mas a prática de uma concepção de avaliação que privilegia a aprendizagem”22

Dessa forma, os registros do processo de aprendizagem e meios de informação aos pais devem se sustentar em instrumentos de natureza mais qualitativa, tais como fichas descritivas; relatórios individuais; relatórios da turma; cadernos ou diários de campo; portfólios; auto-avaliação, dentre outros. Cabe destacar que tais instrumentos devem ser considerados com um retrato do processo de aprendizagem dos alunos em determinado período de tempo, tendo em vista o trabalho realizado pelo professor com a turma. Assim, os pareceres presentes em tais instrumentos devem ser vistos como provisórios e não definitivos, pois o que o estudante demonstrou não conhecer em um momento poderá vir a conhecer em outro (BRASIL, 2008, p.28).

A síntese de todos os instrumentos utilizados ao longo de cada período letivo do Bloco de Alfabetização e do 4º ano deverá ser registrada no SISLAME por meio de um relatório

22 BRASIL, Ministério da Educação. Indagações sobre o currículo: currículo e avaliação. Brasília: MEC/SEB, 2008, p.31.

sintético, seguida de um símbolo que represente o momento do processo de aprendizagem de cada aluno:

A. Aluno que já consolidou as habilidades previstas para o período

B. Aluno que consolidou parcialmente as habilidades previstas para o período, com o desempenho satisfatório

C. Aluno que ainda não consolidou as habilidades previstas para o período, com o desempenho não satisfatório

Ao final de cada ano do Bloco e do 4º ano deve haver uma avaliação global do desenvolvimento dos alunos, envolvendo todos os objetivos previstos para o período, de tal forma que possa subsidiar o planejamento da continuidade dos trabalhos no ano seguinte.

Os professores que atuam nesse Bloco Pedagógico de três anos devem atuar como uma equipe, desenvolvendo o planejamento das ações pedagógicas, bem como a avaliação de todo o processo de ensino e aprendizagem de forma criativa, integrada e cooperativa. O plano de trabalho a ser implementado com as turmas ao final de cada um dos três anos do Bloco de Alfabetização e do 4º ano deverá ser discutido e elaborado pelo Conselho de Classe do coletivo de profissionais que atuam nessas etapas. Tal plano deverá se sustentar nos instrumentos de avaliação adotados ao longo do período para indicar as estratégias de trabalho necessárias a continuidade das aprendizagens dos alunos no próximo ano. Para isso, é importante ter clareza do processo de desenvolvimento de cada aluno, sem perder de vista os conhecimentos considerados necessários a cada etapa do Ensino Fundamental, previstos no Currículo da Rede

23

. Destacamos a importância de que esse Plano seja amplamente discutido e socializado com toda comunidade escolar, inclusive com a participação dos alunos e suas famílias.

05 – O que deve constar em um relatório de avaliação?

Segundo Hoffman (1996) os relatórios têm por finalidade registrar o percurso da aprendizagem dos alunos, procurando retratar a busca de cada um em seu processo de construção do conhecimento. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997) destacam diferentes dimensões ou eixos do conhecimento a serem consideradas na produção de instrumentos avaliativos, tais como conceituais, procedimentais e atitudinais:

1. conceituais: remete-se a capacidades para operar os símbolos, imagens, ideias e representações em função das áreas de conhecimento contempladas na Proposta Curricular;

23 No início do ano todas as escolas da rede municipal de ensino receberam um documento preliminar contendo uma proposta de currículo, que deverá ser discutida ao longo de todo o ano, tendo em vista sua consolidação no III Seminário de Currículo, que deverá acontecer no final do segundo semestre letivo de 2011.

2. procedimentais: remete-se a desempenhos que indicam o nível de “saber fazer”, ou seja, apropriação de instrumentos ou equipamentos relacionados à aquisição da escrita e da leitura;

3. atitudinais: refere-se a comportamentos que expressam apreciações e incorporações de valores, normas, hábitos ou atitudes relacionadas à organização do trabalho escolar e à socialização, expressas nas interações com o professor e seus pares.

06 - Como registrar no SISLAME?

Nesse momento o SISLAME encontra-se em adequação para atender as orientações da avaliação do Bloco de Alfabetização e 4º ano do Ensino Fundamental. Dessa forma, o registro do processo de avaliação deverá manter-se em todos os documentos já existentes na escola tais como fichas individuais, diário de turma, dentre outros instrumentos que o coletivo de profissionais da escola definirem, seguindo todas as orientações constantes nesse documento já a partir do primeiro período avaliativo de 2011.

07 - Como vou organizar os conteúdos desses três anos? O que devo priorizar?

Considerar-se-á a Proposta Curricular em construção pelos profissionais da rede municipal de ensino como parâmetro para o desenvolvimento do planejamento nessa etapa, além das características do desenvolvimento das crianças de 6 a 9 anos. Além da Proposta Curricular, no “Encontro de Alfabetizadores” coordenado pela professora Elvira de Souza Lima há sugestões de atividades para serem desenvolvidas com os alunos mensalmente.

08 – Qual o papel da avaliação externa durante esses três primeiros anos?

Diferentemente da avaliação interna, que tem como objetivo acompanhar o processo de ensino e aprendizagem, as avaliações externas buscam avaliar o desempenho dos alunos, das escolas e dos sistemas. Seus resultados oferecem subsídios para elaboração de políticas educacionais que visem a melhoria do ensino em nível de sistema e da escola em geral, segundo suas necessidades. Neste

sentido, a grande contribuição das avaliações externas é dar sustentação a políticas públicas para que estas promovam a qualidade e a equidade como valores fundamentais da educação. Apesar da avaliação interna ter objetivos e métodos diferentes da avaliação externa, ambas se complementam para atingir o mesmo fim, ou seja, uma escola de melhor qualidade para todos.

A rede municipal de Juiz de Fora participa, desde 2009, do PROALFA. Os resultados desta avaliação têm contribuído para o planejamento da Secretaria de Educação no que se refere a projetos de intervenção, de formação continuada, tais como a assessoria da profº Elvira de Souza Lima e o Proletramento.

Por sua vez, as escolas receberam o resultado do PROALFA, podendo consultar o desempenho de cada aluno nas habilidades avaliadas. Esses dados, entre outros, auxiliam os professores nos seus planejamentos cotidianos.

Em sua base, os planejamentos visam objetivos semelhantes: atender aos alunos em suas necessidades promovendo seu desenvolvimento humano, ou seja, intelectual, afetivo e social.

No documento luizcarlosdeoliveira (páginas 109-117)