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Orientações do Gabinete de Apoio para a criação de

CAPÍTULO II Percursos de ontem e de hoje

2.3. O Programa de Lançamento da Rede Nacional de Bibliotecas

2.3.1 Orientações do Gabinete de Apoio para a criação de

Tendo por objectivo o lançamento do Programa RBE, foi criado um Gabinete coordenador, em funções desde 1996, e que viria a depender da equipa governativa do Ministério da Educação; será o relatório Lançar a RBE, com origem neste Gabinete, que virá a definir as linhas orientadoras para aplicação do referido Programa.

Na Introdução ao relatório síntese Lançar a RBE (Veiga et al., 1996: 7). , confirmam-se as preocupações expressas na legislação e na literatura pedagógica, considerando as BEs como recursos básicos, para além de se sublinhar a relação (demonstrada por estudos sobre literacia) entre a acessibilidade a espaços e recursos de leitura e o nível de desempenho dos alunos:

“Hoje, num mundo em que a informação e o conhecimento científico se produzem a um ritmo acelerado e em que é indispensável formar pessoas capazes de acompanhar a mudança, cabe às escolas e às suas bibliotecas a função essencial de criar e desenvolver nos alunos, competências de informação, contribuindo assim para que os cidadãos se tornem mais conscientes, informados e participantes, e para o desenvolvimento cultural da sociedade no seu conjunto.”

No referido documento, seguem-se os Princípios Gerais onde se volta a sublinhar a necessidade de desenvolver nos alunos competências no domínio da selecção, tratamento, produção e difusão da informação. Para a consecução de tal objectivo é preciso proceder a mudanças nas estruturas existentes, nas atitudes dos professores e dos alunos: “É esta a principal finalidade de um programa de desenvolvimento das BEs que vise dotá-las de espaços, equipamentos, gestão e pessoal adequados às suas funções, de acordo com critérios técnico-documentais e pedagógicos” (Idem: 11). Para os autores do documento, “O conceito de biblioteca inclui os espaços e equipamentos onde são recolhidos, tratados e disponibilizados todos os tipos de documentos (qualquer que seja a sua natureza e suporte) que constituem recursos pedagógicos quer para as actividades quotidianas quer para actividades curriculares não lectivas, quer para ocupação de tempos livres e de

lazer” (Idem: 13). Dos Princípios Gerais faz parte ainda um conjunto de orientações pedagógicas que deverão ser seguidas pelas bibliotecas.

As Bases das BEs são definidas a seguir e incluem os princípios e linhas gerais de funcionamento, bem como os requisitos mínimos para espaços, fundos documentais, equipamentos, modos de funcionamento e gestão.

Seguem-se as Linhas de Orientação Técnica e Funcional, comuns para todas as BEs, de acordo com as tipologias das escolas (agrupam-se as escolas em quatro tipos definidos em função da população escolar e dos níveis de escolaridade).

O presente documento termina com o Lançamento do Programa RBE (Idem: 27), onde se sublinha que:

“(...) as mudanças qualitativas na actividade pedagógica só tendem a tornar-se eficazes e consistentes quando:

• As iniciativas são em grande medida da responsabilidade dos professores; • O processo de lançamento da inovação é assumido pela direcção da escola • Um número significativo de professores adere às propostas e envolve-se nas

actividades dela decorrentes

• Os pais dos alunos aceitam a inovação e percepcionam-na como um benefício.”

Através de duas modalidades de intervenção - concelhia e nacional – as escolas puderam, a partir de então, apresentar as suas candidaturas que lhe possibilitariam o acesso ao financiamento para obras, equipamentos, mobiliário e fundos documentais. Mediante uma perspectiva integrada, o programa promovia, assim, o desenvolvimento global de BEs visando, através da sua actuação, apoiar as bibliotecas ao nível de recursos humanos (atribuição de créditos horários e destacamentos às equipas e/ou professores responsáveis pelas bibliotecas) e sua formação.

A candidatura concelhia destina-se a apoiar as escolas onde se pretende instalar, transformar ou desenvolver as bibliotecas que já existem numa perspectiva de centros de recurso multimédia. Esta modalidade de candidatura pressupõe a apresentação de um plano de criação/desenvolvimento da biblioteca tendo como referência os princípios de base do Programa RBE. Seleccionadas as escolas que virão a ser apoiadas em cada concelho, a parceria entre o Ministério da Educação (Escolas e

Direcções Regionais de Educação) e Câmaras Municipais é formalizada através da assinatura de um acordo de cooperação no sentido da concretização dos projectos apresentados. Pelo menos teoricamente pressupõe-se que, à medida que aumenta o número de escolas apoiadas em cada concelho, se estreitem as relações entre si, beneficiando do apoio da Biblioteca Municipal, considerada a unidade base da estratégia de desenvolvimento da RBE, disponibilizando ajuda (formação), no tratamento dos fundos documentais, através da formação formal e informal das equipas das bibliotecas, fomentando eventos de divulgação de boas práticas entre as escolas do concelho. A filosofia subjacente passa, afinal, pela procura do estabelecimento de um quadro de cooperação entre a RBE e a Rede de Leitura Pública, criando-se nas Bibliotecas Municipais os SABE (adiante designados Serviços de Apoio às BEs).

Este processo não termina com a concessão do financiamento. Torna-se necessário identificar e estabelecer prioridades, considerando-se de privilegiar a intervenção ao nível da «área nuclear» das bibliotecas. Esta, considerada prioritária pelo Programa, contempla diferentes áreas funcionais ( recepção/acolhimento, leitura informal e de periódicos, leitura de material impresso, leitura vídeo, leitura áudio, multimédia e Internet) e, em função delas, há também que proceder ao apetrechamento com o correspondente mobiliário (estantaria aberta, cadeiras e mesas adequados às diferentes funcionalidades, equipamentos informáticos, áudio e vídeo que contemplem a criação de postos individuais de utilização, com recurso a auscultadores).

A candidatura nacional, orientada para as escolas fora das áreas geográficas abrangidas pela candidatura concelhia, desenvolveu experiências consideradas significativas, no que se refere à organização, gestão e dinamização das respectivas bibliotecas. Os recursos existentes, à altura da candidatura, constituem a base de avaliação e, para a concretização das adaptações necessárias, de acordo com os princípios orientadores do Programa, as escolas apoiam-se na colaboração com as Direcções Regionais da Educação, Câmaras Municipais, Bibliotecas Municipais e, claro, Gabinete de BEs.

Partindo do princípio que a definição de políticas para a BE não pode restringir-se a parâmetros materiais, mas que assenta largamente na eficácia

dos recursos humanos, tem sido preocupação do Gabinete reconhecer a necessidade de liderança por um professor coordenador que garanta o planeamento, organização, funcionamento e dinamização das bibliotecas com uma gama de aptidões e competências que abarque a gestão da informação, ciências documentais, tecnologias de informação, gestão de projectos, produção e difusão de informação, animação, sociologia da leitura, entre outros. A formação dos que constituem as equipas - para além do coordenador, os restantes docentes e auxiliares de acção educativa - de acordo com Tavares (2001: 114), seria uma questão a resolver no quadro da lei geral relativa à formação de professores e agentes da educação, promovida pelos Centros de Formação de Associações de Escolas, Escolas Superiores de Educação e Associações Profissionais mas, apesar do esforço e investimento na área, a falta de regulamentação das carreiras de técnico superior BAD e de técnico profissional BAD a integrar os quadros de vinculação regionais e os quadros de afectação das escolas ou agrupamentos de escolas, dificulta a tão desejada fixação de técnicos nas bibliotecas.

2.3.2 A Rede de Bibliotecas Escolares e o professor