• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 4 OS SUJEITOS DOCENTES DA EDUCAÇÃO EM TEMPO

2 QUESTÕES ORIENTADORAS E ANÁLISE DESCRITIVA DAS ENTREVISTAS

2.2 Orientações e acompanhamento da realização do trabalho

De acordo com o contrato de estágio do PEI, os bolsistas teriam quatro horas semanais de orientação e planejamento de atividades dentro da escola, entretanto essa cláusula não era cumprida, conforme já mencionado anteriormente. Além disso, o contrato ainda reservava quatro horas semanais de orientação e planejamento de atividades na universidade junto aos seus professores orientadores do estágio. Diferente do ocorrido na escola, as atividades de orientação eram cumpridas semanalmente nas universidades. Segundo relatos da Bolsista W, os momentos eram reservados geralmente para discussão de dificuldades e problemas

relacionados às oficinas e aos alunos e ainda para trocas de conhecimento e práticas entre bolsistas.

Na UFMG, tem as formações semanais, são quatro horas semanais, que a gente senta, conversa, expressa seus problemas... às vezes, ai eu tô passando por isso, ou eu passei por isso... eu fiz isso, veja se vai dar certo lá na sua turma ou, então, eu fiz uma atividade super legal que deu certo com eles [...] então, a gente compartilha isso tudo (Bolsista W – Escola B).

Enquanto a Bolsista W demonstrou satisfação com as orientações recebidas na universidade, a Bolsista Z queixou-se das suas orientações devido ao grande número de bolsistas e multiplicidade de temas abordados dentro da área de Artes, o que fazia com que elas fossem pouco direcionadas para a sua prática.

As bolsistas, apesar de não possuírem momentos na escola próprios para orientação, reconheceram o apoio lhes dado pela coordenadora do programa e citaram também o auxílio de outros educadores e de pessoas mais antigas da escola em conversas informais.

(...) quem me ajudou mesmo foi a coordenadora, educadores. A UFMG, assim, muito menos do que aqui. Aqui que é o meu foco. Aqui que é a maior ajuda que eu tenho. Porque aqui eles conhecem meus alunos, eles conhecem o que eles vão gostar, o que não vai gostar. Lá, na UFMG, é teórico, é teoria. Pode ser que funcione... Ah, pode ser que dê certo... (Bolsista W – Escola B).

O apoio da Professora Comunitária e dos educadores do PEI foram os únicos relatados pelos agentes culturais ao serem questionados sobre o recebimento de orientações para as atividades as quais desempenhavam, não contando com uma orientação específica pela AMAS para a realização das mesmas.

No PROETI, as orientações e o apoio para a realização das atividades foram relatados de forma distinta entre as professoras regentes de turma e os professores de educação física. Enquanto as primeiras reconheciam o papel desempenhado pela Vice-diretora A29 como coordenadora do PROETI, os professores de educação física não a viam desta forma. As professoras regentes destacaram a presença da Vice-diretora A na coordenação do projeto e do auxílio dado a elas no planejamento e realização de suas atividades. Porém, os professores de educação física disseram não receber nenhum tipo de apoio da coordenação (inexistente para eles) e pouco apoio da direção da escola, conforme relato do Professor de Educação Física 2:

29

Como visto anteriormente, o PROETI não dispõe atualmente sobre a figura de um coordenador do projeto nas escolas, mas na Escola A, a vice-diretora acabou intitulada pela diretora coordenadora do PROETI, responsabilizando-se pela parte pedagógica e administrativa do projeto.

(...) até o ano de 2011, o projeto, ele tinha um coordenador, que, no meu ponto de vista, ele era mais organizado do que atualmente. Nós não temos coordenador do projeto, é... normalmente quem fica a par da situação é a vice-diretora, porém ela tem muito pouco conhecimento em relação ao projeto. Isso dificulta muito nosso trabalho. A gente tem que fazer as coisas... a gente desenvolve as atividades, eu com mais os outros três profissionais é... tudo por nossa conta. A gente não tem uma coisa que a gente fala, vai ser feito dessa maneira. A gente não tem muito apoio da própria direção da escola. Então é uma coisa que dificulta também as atividades. Esse ano está um ano complicado para o projeto, para te ser sincero (Professor de Educação Física 2 – Escola A).

Em outro trecho, o professor completa:

(...) eu creio que tem que mudar ainda o projeto, para ele poder melhorar, tem que haver muitas mudanças. Sem o coordenador é complicado, a gente tem que ter uma pessoa para poder passar pra gente o que na verdade tem que ser feito no PROETI e isso a gente não teve. “Existe” algumas coisas que foram passadas, mas de um modo geral nem a própria regional metropolitana, os funcionários sabem direito o que tem que ser feito. Então fica aquela coisa, a ordem vem lá de cima, aí eles passam para a escola. Eles passam uma informação que já não é boa, a escola recebe, também não sabe passar a informação. Então fica aquela coisa (Professor de Educação Física 2 – Escola A).

A falta de coordenação do projeto também é ressaltada pelo Professor de Educação Física 1:

É o que eu te falo: precisa ter um coordenador. Até mesmo para estar passando para os professores da tarde e da manhã... para trabalharem em conjunto, ter um foco, um objetivo. Se não tiver uma pessoa para estar ligando isso e direcionando, fica difícil, fica complicado (Professor de Educação Física 1 – Escola A).

Sobre a participação dos professores do PROETI em momentos coletivos realizados com a comunidade escolar, informaram presenciar com frequência reuniões e eventos comemorativos da escola. Apesar de um dos professores ter alegado existir tratamento diferenciado entre os professores do projeto e os do turno regular.

(...) eu particularmente participo sim, porém, existe uma diferença de professores do PROETI e professores da escola. Eu penso que a escola tem que ser vista de um modo geral, eu sou professor, mas isso não quer dizer que eu sou do PROETI, que existe aquela reunião específica. Eu acho que todo mundo tem que fazer reunião junto e, a partir do momento que a gente vai resolver o problema do PROETI, aí sim a gente pode estar tendo uma reunião reservada para aquele momento. E nem sempre isso acontece! (Professor de Educação Física 2 – Escola A).

Já os monitores do PEI não participaram de momentos coletivos da escola como reuniões ou assembleias, mantendo-se distantes dos profissionais que atuam no turno regular da escola.

(...) é como se tivesse um muro mesmo, a gente não tem muita informação do que está acontecendo. A gente sabe mais pela coordenadora ou pelos próprios alunos (Bolsista W – Escola B).