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CAPÍTULO 2 – A EDUCAÇÃO EM TEMPO INTEGRAL NO BRASIL EM TEMPOS

5 O PROGRAMA ESCOLA INTEGRADA (PEI)

Pode-se dizer que o Programa Mais Educação é a ampliação em nível nacional de experiências locais recentes, tal como o Programa Escola Integrada (PEI) da Rede Municipal de Ensino de Belo Horizonte, uma das fontes de inspiração do programa federal. Criado em 2006, com a perspectiva de construir uma escola que dialogasse com a cidade, perspectiva das Cidades Educadoras, e uma rede de corresponsabilidade social, a partir da articulação de arranjos educativos construídos com base em ações intersetoriais. O programa tem como objetivo oferecer formação integral aos alunos de seis a dezesseis anos do ensino fundamental, ampliando a jornada educativa para nove horas diárias e ofertando atividades diversificadas às crianças e adolescentes no chamado contraturno escolar.

O PEI surgiu da necessidade de ampliação da jornada e das experiências educativas dos alunos no âmbito da Escola Plural. A Escola Plural foi um programa político-pedagógico implantado na rede municipal de Belo Horizonte a partir de 1994 que pretendia realizar uma reorganização escolar com base em ciclos de idade de formação, de acordo com a faixa etária do estudante, buscando respeitá-los em seus ritmos diferenciados de aprendizagem. O ciclo de formação compreendia a formação integral do sujeito e pressupunha a diversidade e os ritmos diferenciados no processo educativo (COELHO, 2011a, p. 39). Segundo Baptista (1998), a proposta da Escola Plural trouxe profundas alterações na organização das instituições escolares, buscando instaurar uma nova cultura escolar tanto no que diz respeito às relações institucionais e práticas pedagógicas quanto no que tange às dimensões administrativas e

materiais. Ao mesmo tempo, visava desenvolver aspectos relacionados ao conhecimento a ser construído pelos educandos no seu processo de escolarização, bem como enfatizar elementos constitutivos da experiência escolar, não redutíveis à dimensão cognitiva ou às definições de legitimidade da cultura escolar tradicional. A Escola Plural baseava-se em dois princípios fundamentais – o direito à educação e a construção de uma escola inclusiva.

Conceber a educação pela ótica do direito é vê-la como responsabilidade do Estado que na sua relação com o cidadão, enquanto sujeito de direitos, deve ser capaz de formular e executar as políticas necessárias à garantia desses direitos, o que significa não apenas uma melhoria quantitativa do sistema, mas, sobretudo, uma melhoria qualitativa dos espaços educativos (BAPTISTA,1998).

Para isso, foram estabelecidos novos parâmetros de avaliação assim como novas estratégias metodológicas e didáticas para garantirem aos alunos um processo de escolarização sem interrupções, novas formas de se estabelecerem relações entre o objeto do conhecimento e os sujeitos do conhecimento. Já a construção de uma escola inclusiva estaria na capacidade de gerir democraticamente uma instituição que refletia na própria estrutura e organização uma cultura excludente. Dentre os eixos norteadores da Escola Plural estavam a reorganização dos tempos e espaços escolares, pensada em função de seus alunos, a construção de uma escola que considerava a formação humana na sua totalidade e a redefinição dos aspectos materiais tornando-os formadores.

Diante desses ideais, foi criado o Programa Escola Integrada como uma necessidade de ampliação da jornada e das experiências educativas dos alunos. Ele apresenta uma estrutura comum de funcionamento entre as escolas, apesar da necessidade de adequação à realidade de cada uma delas. Por isso, cada escola possui autonomia para organizá-lo. Suas atividades, além de se desenvolverem em espaços dentro da escola, utilizam diversos lugares da comunidade e espaços físicos e culturais da cidade, como praças, museus, parques, bibliotecas, clubes, igrejas, cinemas e teatros. A utilização desses lugares tem a mesma perspectiva do movimento das Cidades Educadoras de transformação de diferentes espaços da cidade em centros educativos, explorando e desenvolvendo os potenciais da comunidade; o que, segundo Leite (2012, p. 69), acaba gerando a necessidade de uma rede de atendimento na cidade, a partir de uma política intersetorial. Com isso, o PEI procura criar uma gestão territorial da educação, envolvendo a escola e várias instituições e organizações da sociedade civil, para possibilitar um trabalho mais integrado. Além disso, contam com o apoio de programas do Ministério da Educação, como o Programa Mais Educação e de outros Ministérios como o programa Segundo Tempo, do Ministério dos Esportes.

O atendimento aos alunos ocorre na maioria das vezes em espaços fora da escola. Para garantir a utilização desses locais, as escolas realizam-se comodatos, contratos com as instituições cedentes do espaço comunitário, tais como igrejas, associações, entre outros, preferencialmente sem ônus financeiro, para desenvolver suas atividades. Quando isso não é possível, a Caixa Escolar pode destinar verba para a manutenção e conservação do espaço cedido.

No âmbito do PEI, surge a figura do professor comunitário, professor da rede municipal que atua como coordenador do programa em cada escola, responsável pela articulação entre escola/comunidade e escola/universidade, além de organizar e avaliar o programa na instituição. Já as atividades são ministradas por estudantes de graduação (bolsistas) de universidades parceiras, com a justificativa de contribuir para a formação pessoal e acadêmica dos alunos das universidades e a produção de conhecimentos, a partir da prática aliada à teoria. Conta ainda com agentes culturais (artistas, artesãos, mestres de capoeira, grafiteiros, dentre outros) recrutados na própria comunidade para realização das atividades. Os bolsistas e agentes culturais assumem integralmente as oficinas propostas, atendendo em média vinte e cinco alunos por oficina14. Além disso, os acompanham nos deslocamentos entre a escola e demais espaços educativos, durante os períodos de chegada e saída e intervalo do almoço.

Em relação às atividades, as escolas devem selecionar o mínimo de três e o máximo de seis nos seguintes macrocampos: acompanhamento pedagógico, meio ambiente, esporte e lazer, direitos humanos em educação, cultura e artes e inclusão digital. Deve constar, obrigatoriamente, pelo menos uma atividade de acompanhamento pedagógico, podendo as demais pertencer a macrocampos diferentes. Tal exigência é um dos critérios de repasse de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para as escolas receberem, além dos recursos do PEI, repasses do Programa Mais Educação.

A contratação dos bolsistas é feita por meio das Caixas Escolares das instituições educacionais para uma jornada de vinte horas semanais que se divide em: doze horas de oficinas, quatro horas de planejamento na escola com o professor comunitário e/ ou preparação de materiais e espaços a serem utilizados nas oficinas e quatro horas de orientação com o professor orientador na universidade para planejamento, registro e validação. A seleção deles é realizada primeiramente pelas instituições de ensino superior e posteriormente pelo

14

O número de alunos inscritos no programa é o que condiciona o número de contratados pelo mesmo. Utiliza-se a proporção de 1 contratado para cada 25 alunos.

professor comunitário. Para isso, a unidade educacional seleciona e envia à coordenação do PEI na Secretaria Municipal de Educação (SMED) de Belo Horizonte a relação de oficinas desejadas e suas respectivas instituições de ensino superior com o número de estagiários pleiteados. A carga horária dos agentes culturais varia entre vinte e quarenta horas semanais. Os bolsistas recebem uma bolsa auxílio mensal e possuem contrato de estágio temporário, sem vínculo empregatício. Os agentes culturais são contratados pela Associação Municipal de Assistência Social (AMAS) por meio de um convênio com a Caixa Escolar sob o regime de trabalho celetista.

Em 2009, a expansão da Escola Integrada tornou-se um dos projetos sustentadores do plano estratégico da prefeitura de Belo Horizonte, denominado BH Metas e Resultados (2009- 2012), novo modelo de gestão estratégica, ancorado em permanente avaliação dos resultados das políticas públicas, dos programas e dos projetos em andamento. Tal plano, criado na gestão do prefeito Marcio Lacerda (PSB) quando foi eleito com o apoio da coligação formada entre o então governador de Minas Gerais Aécio Neves (PSDB) e o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT), teve inspiração no Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI) do Governo de Minas Gerais. O objetivo do BH Metas e Resultados é proporcionar maior eficácia nas ações, políticas urbanas e sociais e nos demais serviços públicos prestados pela Prefeitura, dentre eles a educação.

Segundo dados da SMED (2013), das 186 (cento e oitenta e seis) escolas municipais de Belo Horizonte, 169 (cento e sessenta e nove) apresentam o programa e aproximadamente 71.107 (setenta e um mil e cento e sete) alunos são atendidos. Das escolas, 105 (cento cinco) recebem recursos do Programa Mais Educação. A entrada da escola é feita por adesão, o mesmo acontecendo com os alunos que dele participam. Inicialmente as escolas participantes eram selecionadas por se situarem em regiões consideradas mais vulneráveis socialmente, tendo como base o número de alunos atendidos pelo benefício Bolsa Família. Com a expansão do programa observada nos últimos anos, hoje praticamente todas as escolas podem aderi-lo, porém os alunos atendidos pela Bolsa Família ou em situações mais vulneráveis geralmente preenchem as primeiras vagas.

6 O PROJETO EDUCAÇÃO EM TEMPO INTEGRAL (PROETI)

A primeira experiência de educação em tempo integral da rede estadual de ensino de Minas Gerais surgiu no ano de 2005, com a criação do projeto Aluno de Tempo Integral implantado nas escolas participantes do Projeto Escola Viva, Comunidade Ativa (EVCA), surgido na gestão do então governador Aécio Neves (PSDB). O projeto EVCA foi criado com o objetivo de atender às necessidades educativas dos alunos das escolas estaduais, visando à melhoria do desempenho escolar das crianças e adolescentes mais afetados pelos fenômenos da violência e da exclusão social. Conter a violência nas e contra as escolas é uma das motivações do projeto que considera fundamental o restabelecimento do ambiente e das condições adequadas à realização do processo educativo. Desse modo, propôs por meio do projeto Aluno de Tempo Integral a extensão da jornada diária de um grupo de alunos com necessidades educativas e de áreas consideradas de risco, com o intuito de promover a ampliação do universo de experiências artísticas, culturais e esportivas no contraturno escolar. Com o objetivo de enfrentar a violência nas escolas e de seu entorno, volta-se para o atendimento das escolas de áreas de maior vulnerabilidade e risco social.

O Projeto Escola Viva, Comunidade Ativa, ainda existente, surgiu no âmbito do Choque de Gestão, pacote de medidas administrativas com o objetivo de alcançar maior eficiência da máquina pública, criado pelo Governo de Minas Gerais em 2003. O Choque de Gestão constituiu-se como uma tentativa de organização das atividades do Estado por meio de projetos monitorados, recorrendo à adoção de novos modelos de parceria na execução de políticas públicas, implantação de avaliações de desempenho, otimização de processos e a reestruturação organizacional do aparelho estatal. Com isso, instrumentos formais de planejamento foram criados como o Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI), documento que contém estratégias para o desenvolvimento em longo prazo para o Estado de Minas Gerais. Suas estratégias, que estão previstas para o período de 2007 a 2023, são operacionalizadas a partir de um conjunto de ações com o intuito de transformar os objetivos e melhorias desejadas em resultados concretos e mensuráveis, sob a perspectiva de Áreas de Resultado, ou seja, áreas focais nas quais se concentram os maiores esforços governamentais a partir da intervenção de um grupo de projetos estruturadores. A educação, compreendida pelo Governo como importante mecanismo de desenvolvimento da população, bem como de promoção do bem-estar social e de ser fator indispensável para o aumento dos indicadores de eficiência econômica e capacidade de inovação, foi escolhida como uma dessas áreas. Com os

desafios principais de aumentar a escolaridade média da população mineira, melhorar a qualidade do ensino no estado e reduzir as desigualdades regionais com prioridade para a melhoria dos indicadores sociais, IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e IVS (Índice de Vulnerabilidade Social), das regiões que apresentam os piores desempenhos.

Por essa razão, a experiência de educação em tempo integral restrita até o momento ao âmbito do Projeto Escola Viva, Comunidade Ativa ganha maior amplitude ao ser criado o Projeto Escola de Tempo Integral (PROETI) no ano de 2007, estendendo a proposta às quarenta e sete Superintendências Regionais de Ensino e tornando-se um dos Projetos Estruturadores do PMDI na área da educação.

O PROETI, além de se espelhar na experiência do Projeto Aluno de Tempo Integral, foi idealizado a partir dos princípios de educação integral de Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro e pautado na recomendação do artigo 34 da LDB/96, que contempla a ampliação progressiva da jornada educativa dos alunos do ensino fundamental. Segundo a Secretaria de Educação do Estado de Minas Gerais (SEE/MG), o PROETI surge como uma alternativa de qualidade no horizonte de uma educação transformadora e igualitária. No entanto, manteve-se por certo tempo como estratégia de minimizar os efeitos causados pela vulnerabilidade social a um número reduzido de alunos.

Desse modo, o objetivo da educação em tempo integral da rede estadual mineira por meio do PROETI permaneceu sendo a melhoria da aprendizagem dos alunos do ensino fundamental de áreas de maior vulnerabilidade social que demandavam maior atenção e a ampliação do universo de experiências artísticas, culturais e esportivas. Entretanto, dava maior ênfase à redução das taxas de reprovação, evasão e abandono escolar, bem como a minimização dos resultados apresentados pelas avaliações sistêmicas realizadas pela SEE/MG, em 2006/2007, que demonstraram um percentual elevado de alunos com baixo rendimento, tanto no Programa de Avaliação da Alfabetização (PROALFA), como no Programa de Avaliação da Escola Básica (PROEB) (MINAS GERAIS, 2010b, p. 4).

Assim como no projeto inicial, a ampliação da jornada educativa diária dos alunos estruturou-se por meio da divisão das atividades da escola em turno e contraturno escolar. Enquanto o primeiro ocupava-se do Currículo Básico do Ensino Fundamental, compreendendo os componentes curriculares da Base Nacional Comum e da parte diversificada, o outro se destinava a atividades diversificadas voltadas para o incremento da aprendizagem dos alunos, enfatizando a alfabetização, o letramento, a matemática e ampliação do universo de experiências artísticas, socioculturais e esportivas. Porém, diferente do Projeto Aluno de Tempo Integral em que as oficinas desenvolvidas no contraturno escolar

ficavam a cargo de oficineiros da própria comunidade, o PROETI ampliou o atendimento dos alunos de três para cinco vezes na semana e instituiu que as atividades fossem assistidas por professores regentes de turma (professor alfabetizador) e professores de educação física. Talvez essa tenha sido uma das mudanças mais significativas entre os projetos decorrentes de suas distintas naturezas. O primeiro propunha enfrentar a violência na e para a escola em parceria com a comunidade, buscando proporcionar condições adequadas para a instalação do processo educativo em escolas em áreas consideradas de risco e vulnerabilidade social. Com isso, demonstrava, ao contar com pessoas leigas no desenvolvimento das atividades, maior preocupação em manter os alunos por mais tempo sob a responsabilidade da escola diante do contexto problemático no qual estavam inseridos. Enquanto o segundo priorizava a redução da reprovação e melhoria do desempenho dos alunos em avaliações sistemáticas, buscando nos professores com formação para a docência a idealização desses objetivos.

Os professores do PROETI deviam ser formados por professores designados, professores em condição de excedência total ou parcial na própria escola ou na localidade, professor efetivo regente de aulas em extensão de carga horária ou professor regente de aulas já designado na escola com carga horária inferior a dezoito horas semanais. Dentre suas tarefas estavam: o desenvolvimento de atividades de diagnóstico do desempenho do aluno, participação em cursos de capacitação, elaboração de um plano de intervenção a cada bimestre na tentativa de eliminar dificuldades dos alunos, apresentação de um relatório qualitativo dos resultados da aprendizagem ao fim de cada bimestre e a articulação com os professores do turno regular da escola. Já as atividades a serem desenvolvidas deveriam ser inovadoras e diferenciadas daquelas do turno regular.

Em relação às escolas participantes, poderiam aderir ao projeto aquelas que apresentassem disponibilidade de salas ociosas bem como possuir espaços físicos adequados à prática esportiva ou outros espaços alternativos, como quadra da comunidade e/ou espaços cedidos por parceiros como Associações ou Igrejas, priorizando escolas que se encontravam em áreas de maior vulnerabilidade social. Já a escolha dos alunos dava-se após avaliações diagnósticas que identificavam aqueles com baixos rendimentos escolares, dando preferência àqueles dos anos iniciais do ensino fundamental.

Para o atendimento em tempo integral dos alunos, a escola passou a ser orientada a reinventar seus próprios espaços, buscando produzir um ambiente mais atrativo e aconchegante através da remodelação das salas, adequação dos espaços para oficinas, reformas da biblioteca, entre outros; além de serem estimuladas a desenvolverem suas

atividades em outros espaços culturais tais como museus, zoológicos, parques, teatro, entre outros.

Como matriz curricular, propunha atividades divididas em três eixos de conhecimento (linguagem e matemática, culturais e artísticas e formação pessoal e social) em uma carga horária dividida em módulos de cinquenta minutos, totalizando trinta módulos semanais. Nessa composição, vinte e quatro módulos eram atribuídos ao professor regente de turmas (sendo catorze para atividades pedagógicas e dez de formação pessoal e social) e seis módulos ao professor de educação física (sendo três para atividades culturais e três para atividades esportivas). O horário do almoço incluía-se nas atividades de formação pessoal e social, ficando os alunos, nesse período, sob a responsabilidade de seus professores.

Segundo um relatório da SEE/MG de 2010, o PROETI apresentou um aumento significativo do número de participantes nos anos de 2007 e 2008, no entanto, o mesmo não ocorreu em 2009 e 2010, quando passou por um processo de desaceleração. Conforme o relatório, essa ocorrência foi consequência do fato de as escolas que atendiam aos critérios, principalmente do ponto de vista da estrutura física adequada, terem sido quase todas inseridas nos primeiros anos da implantação do projeto. Apesar da contínua inserção de novas escolas, outras haviam saído por problemas quanto à operacionalização e logística, tais como: ausência de transporte escolar; falta do espaço físico, em virtude do aumento da matrícula do regular; falta de apoio das famílias; trabalho infantil; ausência de profissional com perfil adequado; e redução dos recursos financeiros em 2009, além das dificuldades encontradas pelas escolas em ampliar o atendimento em tempo integral aos alunos de ensino fundamental em 2010, após a determinação da SEE/MG para que o ensino médio fosse, sempre que possível, oferecido no turno diurno.

Contudo, a Secretaria desafiada pela necessidade de ampliar o atendimento em tempo integral a todos os alunos com vistas à construção de uma escola mais democrática e humanista e pautada na legislação educacional brasileira em seus artigos 205, 206 e 227 da Constituição Federal, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, Lei n. 9.089/1990), os artigos 34 e 87 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei n. 9.394/1996) e o PNE (Lei n. 10.172/2001 – Diretrizes do Ensino Fundamental) avalia no mesmo relatório a continuidade e ampliação do projeto. Para tanto, percebe a necessidade de ampliar a rede física das escolas, bem como desenvolver uma nova organização curricular, que contasse com ferramentas que auxiliassem a aprendizagem, a partir da utilização da informação digital, informática educacional, estudo de línguas, com a implementação das atividades esportivas, artísticas, culturais e de formação pessoal e social, que vinham sendo desenvolvidas no

PROETI; sob a mediação de profissionais qualificados e com perfil adequado; além de preverem a necessidade da expansão das parcerias com outros setores do Governo, visando assegurar mais investimentos traduzidos em novas oportunidades para o desenvolvimento e ampliação da educação integral no Estado (MINAS GERAIS, 2010b. p. 09).

Diante das conquistas e dificuldades avaliadas pelo Governo de MG com a implantação das experiências de jornada ampliada através do Aluno de Tempo Integral e PROETI, inicia-se em 2012 um processo de reestruturação do modelo até então vigente de educação em tempo integral. Uma nova proposta é criada contendo objetivos mais ampliados com o intuito de proporcionar a formação cidadã dos alunos ancorada nos ideais da educação anisiana e na perspectiva das Cidades Educadoras, diferenciando-se da ideia de intervenção pedagógica voltada para a melhoria da aprendizagem e, principalmente, do desempenho dos alunos nas avaliações sistemáticas. Dessa forma, o Projeto Escola de Tempo Integral sai de cena dando lugar ao Projeto Educação de Tempo Integral, mantendo a mesma sigla de seu precedente, com o lema “(...) Ampliando tempos, espaços e oportunidades educativas para crianças, adolescentes e jovens” e com a seguinte diretriz: ampliar as oportunidades educacionais dos alunos, visando à formação de novas habilidades e conhecimentos, pela expansão do período de permanência diária nas atividades promovidas (na) pela escola, inclusive por meio de parcerias (MINAS GERAIS, 2012a). Mas mantém como prioridade o