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Origem e continuidade das famílias

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5. Praça de Dois Irmãos Práticas Políticas e Associativas Práticas Culturais e de Lazer

3.1 Contexto histórico de Dois Irmãos

3.2.2 Origem e continuidade das famílias

As famílias que se estabeleceram nas casas da pesquisa tomaram caminhos diversos quanto à ocupação do espaço ao longo do tempo, tanto em termos de edificações quanto de estabelecimento de outras gerações na casa. Vamos começar pela casa do morador mais antigo, Seu Nael, em que sua filha explica como se desenvolveu ao longo dos anos a dinâmica da casa. O seu pai, hoje em dia, já com 92 anos, ocupa outra casa que foi construída na parte de trás do terreno, com sua

75 filha que fica mais tempo em casa.

“Aqui moram duas filhas, mora eu e minha irmã. Lá atrás tem minha outra irmã com filhos e o marido, que construíram outra casa. Aqui nessa original teve a ampliação porque foi chegando os agregados, ai não tinha como. Não tinha como não fazer. Porque a casa ficou pequena.” Sra. Benilda

Foto 6 - Foto da planta baixa da casa do morador Natanael Bezerra, Seu Nael, podemos observar o banheiro (na imagem aparece W.C.), e perceber a posição original do cômodo, do lado de fora da casa, entendendo que a casa original era composta por esse primeiro “quadrado” com 3 dormitórios e uma sala de visitas, do lado entre o B até as paredes próximas da linha A-A’. Lembrando que a casa original era composta por 2 quatros, sala, cozinha e banheiro do lado de fora. Fonte: Pesquisador/Acervo do morador.

A outra casa com mais tempo de ocupada pela mesma família, e que é vizinha de muro de Seu Nael (não sendo a casa conjugada, o muro do outro lado), é a casa de Dona Zefinha. Seu Nael inclusive era muito amigo de seu falecido esposo, Seu Eduardo. Ela explica a chegada e como se deu o processo até hoje em que mora sozinha, apesar de ter o apoio e presença constante de sua filha Celma. Como já dito essa é a única casa que permanece original não tendo sido feita nenhuma reforma.

76 Quando viemos para cá nossos filhos já eram crianças. Eram sete filhos. Aí depois dois casaram, foram embora. Depois um faleceu, e ficaram quatro. Aí um casou, foi embora. Ai outra casou e foi embora. Celma casou, foi embora. O outro também casou-se foi embora. Ficaram eu e Eduardo. Ai ele morreu. Dona Zefinha

A casa de Dona Marlene recebeu inicialmente seu pai, sua mãe e mais 2 filhos, tendo posteriormente nascido outro, hoje em dia ela mora sozinha e não foi feita nenhuma construção nova no espaço, apenas reformas na casa, que já era diferente do modelo da vila, apesar de também ser muito antiga.

“Teve um irmão meu que nasceu aqui nessa casa. Mas veio eu e um mais novo do que eu criancinhas. Os dois casaram. Foram morar nas casas deles.” Dona Marlene

No terreno da Sra. Ivaneta houve a construção de uma nova casa, ocupada atualmente por seu filho. Seu filho e sua filha permanecem morando no espaço. Por ser um espaço de terreno grande, o único que não sofreu com a perda de quintal para a construção do laboratório da COMPESA, em 1982, o local já abrigou muitas atividades antes desenvolvidas pelo seu falecido esposo, como criação de peixes e floricultura.

“Já existia a casa, o sítio, quando eu vim morar aqui. Aqui eu tive meus filhos, meu filho tá com 38 anos, minha filha tem 34. Passei um tempo sem ter filho, claro, faz 44 anos que eu estou aqui. Meu filho mora nessa casa dele ali, foi até meu marido que construiu, ele tá reformando agora. E aqui nessa que meu sogro construiu mora eu e minha filha”. Sra. Ivaneta

A família do Sr. Varsil é a que mais permaneceu no espaço, construindo novas casas e expandindo a ocupação do terreno. São 4 construções, sendo que a dele é a que fica na parte da frente junto com a antiga casa da Vila, ocupada por sua mãe e uma irmã. As outras duas casas de irmãos são na parte de trás do terreno, que passou a ter a divisão quando da construção do laboratório já mencionado.

Eu trabalhei 37 anos também na COMPESA. Eu entrei na época da COMPESA, eu entrei em 1979, já era COMPESA. Também sou aposentado, quatro anos, e continuo morando aqui na Vila. Essa casa é uma casa construída por mim mesmo, sob o risco que a

77 COMPESA na época mandasse até derrubar12, mas não mandou,

graças a Deus tô morando nela hoje. Pronto, eu cheguei aqui em 1975, já trabalhei, já me aposentei, e continuo morando, e daqui só pra cidade dos pé junto. Tem a minha casa aqui atrás, tem um irmão meu atrás, e outro irmão também fez uma casa. Sr. Varsil

Foto 7 – Casa de Dona Regina e do Sr. Varsil. Fonte: Pesquisador/Acervo de campo.

A história do Sr. Adilson, que como falado já morou em uma das casas da Vila durante sua juventude, segue hoje em dia em uma casa da DSE que ele começou a ocupar 10 anos atrás. Por ser aposentado da COMPESA ele reivindicou a moradia após um período morando fora da região, período esse em que seus três filhos nasceram. No espaço do seu terreno ainda não houve construção de outras casas, o que foi feito de mudança foi a criação de um bar restaurante na parte da frente da casa.

Meus três filhos foi tudo lá na Serra Pelada, onde eu morava, aqui perto mesmo. Mas ninguém fez nada de construção aqui não, eu mandei eles fazerem, mas eles não querem. Se é pra trabalhar e

12 O Sr. Varsil se refere a questão do uso do terreno pelos moradores, pois como as casas da Vila são do Estado, não é permitido mexer em sua estrutura, ou praticar alterações sem que seja consultada a COMPESA. Durante alguns anos houve problemas relacionados aos títulos de posse para os moradores, hoje em dia já se atravessa uma onda de maior calmaria para os moradores que já enfrentaram períodos críticos para a questão. Em 2000, ganharam uma garantia do Estado de que não seriam despejados.

78 ganhar dinheiro venha, podem fazer. Mas eles não querem.” Sr.

Adilson

Na casa da Sr. Deda moram hoje em dia ela e a irmã, após 8 filhos terem nascido ainda na casa do sítio e terem morado nessa casa da Vila ocupada por eles após passagem por 2 moradias antes na região. Ainda não foi feita construção pelos seus filhos, que permanecem morando na casa, assim como duas netinhas. Foi construído um restaurante na parte da frente da casa, utilizando o antigo recuo de 5 metros da casa para a rua.

“Aí minha mãe faleceu, meu pai faleceu, aí ficou eu e minha irmã. São duas famílias que moram aqui. Tenho 2 filhos que também moram aqui comigo, mas ainda não fizeram nenhuma construção não.” Sra. Deda

Foto 8 – Casa da Sra. Deda, com o restaurante na frente, hoje em dia ele não é mais operado pela moradora, sendo alugado a terceiro. Fonte: Pesquisador/Acervo de campo.

Dona Luzinete mora com sua mãe, Dona Luza, com mais de 100 anos, elas chegaram em 1972 a essa casa da Vila. Hoje em dia ela é a única centenária da região, após a morte de Seu Eduardo, ano passado com 102 anos. Existe casa construída na parte de trás do terreno, que ficou dividido também pelo laboratório.

79 “Aqui mora eu, minha mãe, meu filho e meu marido. A gente já reformou a casa, é a mesma casa, só que ampliada. Aí a casa é uma casa só pra nós quatro. Agora, lá atrás tem outra casa, que é do meu sobrinho, que é no quintal da gente.” Dona Luzinete

Foto 9 - Foto da casa de Dona Luzinete em 1985, a parte que ela habita é a parte direita da residência, lembrando que as casas são conjugadas. Com essa foto, é possível perceber a diferença trazida com a construção dos muros tanto na frente das casas, quanto entre as casas, nas laterais. Fonte: Edja Trigueiro/Acervo FUNDAJ-MEC

Na casa da Sra. Zuleide, mora ela e uma irmã, sendo que inicialmente eram 10 irmãos. A casa foi dividida para abrigar as duas famílias, além de ter a construção do restaurante na lateral. Lembrando que um dos irmãos, o Sr. Adilson, habita uma casa ao lado.

“A gente dividiu a casa, aí mora eu na parte de trás e minha irmã na parte da frente, e a gente continua aqui até hoje. Era uma família de 10, só que outros casaram tudinho, e eu continuei, eu e ela, só ela, nós duas, aí a gente separou a casa e a gente continua aqui até hoje.” Sra. Zuleide

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Foto 10 – Casa da Sra. Zuleide, com o restaurante que ela construiu ao lado de sua residência e que ela gerencia. Fonte: Pesquisador/Acervo de campo.

Por fim, a casa da Sra. Aninha começou com 6 moradores/as quando sua família chegou para morar, incluindo seus pais e quatro irmãos. Hoje em dia é habitada por ela e sua filha, além de ter o espaço do terreno utilizado pelas plantas da empresa de paisagismo da moradora. A casa é a mesma desde o começo, tendo passado por algumas reformas estruturais.

“Eram quatro filhos. Era a minha irmã, o meu irmão mais velho, o irmão caçula e eu. Quatro. Quer dizer, eram seis que moravam, com meu pai e minha mãe. Aí depois o pessoal foi casando, e aí foram construindo suas vidas, tendo os netos tudinho e construindo a vida fora. Hoje mora eu e minha filha, ela gosta muito daqui de Dois Irmãos.” Sra. Aninha

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