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Capítulo 1 Introdução

2.5 Usabilidade

2.5.1 Origem e Definições

A Usabilidade surgiu num momento em que o aumento da complexidade dos pro- dutos e ritmo da mudança tecnológica deu origem a um número crescente de produtos que facultavam a funcionalidade pretendida, mas eram difíceis de utilizar. O primeiro

uso registado da Usabilidade foi numa citação: “não é a utilidade, mas a Usabilidade

de algo que está em questão” ("it is not the utility, but the usability of a thing which is in

question") (Thomas De Quincey, 1842; citado por Shackel, 1984).

A origem da Usabilidade pode ser atribuída a Brian Shackel que criou o conceito de ergonomia para o computador em 1959 (Faulkner, 2000), considerado por muitos o pai da Usabilidade (Chmiel, 2008). Porém, a primeira tentativa de definição de Usa-

bilidade em termos de medir a sua “facilidade de utilização” (“ease of use”), teve lugar

em 1971 num artigo de Miller (Shackel, 1990). A definição formal de Usabilidade foi baseada na eficácia, aprendizagem, flexibilidade e atitude, e a definição operacional em permitir que um sistema seja avaliado durante o ciclo de desenvolvimento (Shackel, 1986).

Na década de 1980, a Usabilidade surgiu para substituir o termo “user friendly” (“amigável”), para determinar a qualidade de utilização de um produto ou sistema (Du- mas & Redish, 1999) especialmente a eficácia, eficiência e facilidade de uso de uma determinada interface (Bennet, 1984; Nielsen, 1993; Shackel, 1984).

Apesar de existir um consenso sobre o termo Usabilidade, existem diferentes abordagens como a Usabilidade deve ser avaliada. Consequentemente a Usabilidade é definida, de forma a permitir essa avaliação que resulta em diferentes definições de

Usabilidade, uma vez que os autores têm opiniões diferentes sobre a forma de medir a Usabilidade.

Embora na literatura existam muitas definições de Usabilidade, nesta dissertação será dada enfase às definições de Nielsen (1993) e Shackel (1991), uma vez que são considerados os autores pioneiros nesta área.

A Usabilidade define a facilidade de uso que um utilizador de um dado produto tem em compreender o que produto permite fazer e como pode desempenhar tarefas, sendo um fator importante para medir a qualidade desse sistema. Neste sentido, Nielsen & Molich (1990) propuseram um modelo de avaliação de interfaces com base em dez heurísticas, como método de avaliação de interfaces. Assim, Nielsen & Bellcore (1992) sustentam a necessidade de ciclos de testes e desenvolvimento iterativo. Nielsen (1993 & 2012) sugere uma definição de Usabilidade, que consiste em cinco atributos:

Facilidade de aprendizagem (learnability): é o atributo mais fundamental, uma

vez que mede a facilidade de aprender que os utilizadores têm na primeira expe- riência de utilização de uma interface;

Eficiência (efficiency): avalia a performance dos utilizadores quando a curva de

aprendizagem começa a decrescer;

Facilidade de memorização (memorability): verifica a facilidade que os utiliza-

dores têm em recordar determinadas tarefas quando passado algum tempo vol- tam a utilizar a mesma interface;

Erros (errors): mede o número de erros que os utilizadores praticam, a sua gra-

vidade e facilidade de recuperarem para o estado imediatamente anterior ao erro;

Satisfação (satisfaction): relaciona-se com o grau de satisfação que os utilizado-

res têm ao usarem uma interface.

A sugestão de Nielsen serve para colmatar a restrição da norma ISO/IEC 9126:1991, no âmbito da Usabilidade que estava condicionada à conceção da interface sem envolver os utilizadores, o que na prática tornaria inexequível ter conhecimento se os utilizadores iriam conseguir manusear o produto.

Figura 2.5. Definição do modelo de Usabilidade de Nielsen (1993).

Aprendizagem

Usabilidade Eficiência

Funcionalidade Facilidade de

memorização

Prático Custos Utilidade Erros

Aceitabilidade Compatibilidade Satisfação

Social Confiabilidade

O modelo de Nielsen dividiu a aceitabilidade numa componente prática e social. Tal como é descrito na figura 2.5, a aceitabilidade prática é dividida em confiabilidade, custo, compatibilidade e utilidade. A Usabilidade e a utilidade combinam para apresen- tar os cinco atributos acima indicados.

Shackel (1991) outro dos autores pioneiros na área define “a Usabilidade de um sistema é a capacidade em termos funcionais humanos para ser usado facilmente e efi- cazmente por um intervalo específico de utilizadores, dando formação específica e su- porte ao utilizador, para cumprir o intervalo delineado de tarefas, dentro de um intervalo específico de cenários”. Desta forma, considera que a Usabilidade tem duas vertentes:

 É uma propriedade relativa do sistema; sendo relativa em relação aos seus utili-

zadores, portanto, a avaliação é dependente do contexto; resultando em uma per- ceção subjetiva do produto;

 A outra vertente da Usabilidade relaciona-se com medidas objetivas de intera-

ção.

Apesar de não definir explicitamente como medir ambas as vertentes, propõe me- dir a Usabilidade pelos seus critérios operacionais, em quatro dimensões.

Figura 2.6. Definição do modelo de Usabilidade de Shackel (1991).

Velocidade

Eficiência

Utilidade Erros

Aceitabilidade Usabilidade Aprendizagem Tempo para aprender

Agradabilidade Flexibilidade

Custos Atitude Retenção

Para um sistema ser usável tem de atingir níveis definidos nas seguintes escalas:

Eficácia (effectiveness): mede o desempenho dos utilizadores em termos de ve-

locidade e erros;

Aprendizagem (learnability): mede o grau de aprendizagem que os utilizadores

têm para concluir as tarefas e a retenção por parte dos utilizadores casuais;

Flexibilidade (flexibility): mede a facilidade de adaptação dos utilizadores à alte-

ração de tarefas;

Atitude (attitude): mede o grau de satisfação do utilizador quando realiza as tare-

fas.

A figura 2.6 mostra os conceitos de Usabilidade definidos por Shackel que faculta uma definição descritiva do conceito de Usabilidade que se refere à estrutura complexa de avaliação onde sugere critérios de Usabilidade mensuráveis.

Ambos os autores consideram que a Usabilidade é um aspeto que influência a aceita-

ção de um produto. A Usabilidade é essencial para a satisfação do utilizador e a acei- tação por parte do utilizador de um produto ou sistema. É a medida da qualidade da

experiência do utilizador ao interagir com um produto ou sistema. (Dumas & Redish, 1993; Guillemette, 1989; Nielsen 1993, 2000; Rosenbaum, 1989; Rubin, 1994; Shackel 1991).

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