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2.1 O modelo APAC

2.1.1 Origem do modelo e principais características

Segundo Marques Neto (2012) foi Mario Ottoboni, estudante de direito, disposto a entender por que os presos eram abandonados pelo Estado, e decidido a ajudar, que elaborou o modelo inicial da APAC no Brasil. Em 1972, juntamente com um grupo de voluntários, que prestavam assistência religiosa aos presos da Cadeia Pública de São José dos Campos/SP, decidiu por criar a primeira APAC no Brasil.

Em novembro de 1972, doze homens resolveram fazer visitas mensais aos internados da Cadeia Pública de São José dos Campos - SP. Sua única pretensão era levar a palavra do Evangelho e falar de Deus. Uns seis meses depois, apareceram os primeiros frutos. Alguns internados que eram postos em liberdade pediam ajuda para arrumar emprego. O problema era a “folha corrida”, a condenação no prontuário. Surgia, então, a primeira dificuldade. (MARQUES NETO, 2012, p. 26).

De acordo com Neto (2012), Mario Ottoboni, líder dos voluntários, teria procurado a Faculdade de Direito da Universidade de São José dos Campos, solicitando ajuda quanto as situações dos presídios, apresentando-lhe o método da APAC. A partir daí começaram a regularizar a atividade desses voluntários, elaborando o estatuto da entidade, se buscou ao máximo, trazer ambiente e principalmente tratamento totalmente inverso ao sistema penitenciário comum.Valorizando a humanização dos estabelecimentos prisionais e a reinserção dos apenados. Não bastava a visão legal,

49 jurídica e doutrinária, era indispensável dar ênfase às características espirituais, psicológicas, humanitárias acima do aspecto material tradicional dos sistemas vigentes (NETO, 2012).

Nunes (2012) esclarece que em 1975 ele próprio, na condição de Juiz Corregedor, editou o Provimento Judicial nº 02/75, o qual tratava das regras, atividades dos condenados e também das participações dos voluntários. Com um resultado imediato, a questão passou a interessar outras comarcas e surgiu a oportunidade para iniciar o projeto de implementação do sistema APAC na Penitenciária do Estado de São Paulo, o Carandiru.

A APAC passou a ser classificada como laboratório e modelo e, em razão de convenções internacionais, das quais o Brasil era signatário, vedando a existência de cárceres e masmorras. Houve a substituição do termo “carcerária”, passando, então, a entidade a denominar-se Associação de Proteção e Assistência aos Condenados, o qual manteve o espírito do sistema e preservou o acróstico que originou tudo – “Amando o Próximo (ou o preso), Amarás a Cristo” (MARQUES NETO,2012, p. 27/28).

Em resumo, ficou reconhecido que o condenado é produto da sociedade e foi dela segregado por descumprimento de suas regras. Deverá então aprender ou reaprender as boas normas de convivência para um dia retornar, e esse caminho não pode ser palmilhado sem a participação dessa mesma sociedade. (MARQUES NETO, 2012, p. 30).

De acordo com Marques Neto (2012), a APAC observava a dificuldade e também resistência por parte dos familiares e vizinhos do reeducando, quando eles eram presos eram abandonados por suas famílias. Pensando nisso, a APAC de São José dos Campos criou dois eventos de grande importância para essa reaproximação entre presidiário e família. O “terço em família” e o “domingo em família”. Ambos os eventos buscavam a reintegração do preso primeiro com seus familiares e vizinhos e com isso promoveria um bom retorno a sociedade em geral.

O terço em família foi criado com a intenção de envolver não só católicos, mas também toda a comunidade penitenciária devota de alguma outra denominação cristã. Trata de uma reunião com familiares, amigos e vizinhos, onde o preso é levado para

50 esse ato por seu “padrinho”, e tem duração de poucas horas, com apenas um encontro para falar com Deus na presença dos seus próximos. (NETO, 2012)

O terço em família servia como uma preparação para depois acontecer o domingo em família. O que servia como prêmio de bom comportamento. Onde novamente o preso era acompanhado por seu “padrinho”. Primeiro participando de uma missa ou culto, e em seguida o reeducando poderia ir para sua casa com sua família, podendo conviver também com os seus vizinhos, onde passaria o domingo até o entardecer, quando deveria voltar ao estabelecimento da APAC. Tinha o intuito de restabelecer as ligações com a sociedade a sua volta. O domingo em família também trabalhava com a relação marido e mulher, onde se buscava restabelecer a relação do casal centrada no amor, para que não fosse banalizada nos encontros íntimos nos estabelecimentos prisionais. Até por que os locais que o Estado destina para tais encontros não são apropriados e nem suficientes. Pensando também na humilhação que as mulheres que vão a esses encontros são submetidas.

Os voluntários intitulados “padrinhos” são preparados para atuar dentro e fora dos estabelecimentos penais como pais substitutos, essa foi uma grande aposta do sistema APAC. Esses padrinhos são substitutos para os que não têm pais ou para aqueles em que os pais falham. Eles são muito úteis na reconstrução familiar dos apenados.

São Paulo, na sua Carta a Filemon mostra que a função do “padrinho” dentro da prisão é antiga. São Paulo estava preso com Timóteo quando escreveu essa carta. Era a respeito de outro preso, Onésimo, que encontrou no cárcere onde estavam. Onésimo seria um servo de Filemon, amigo de Paulo, e teria cometido alguma falta. São Paulo disse que agora Onésimo era seu filho, “gerado” ali na prisão, mas o devolvia a Filemon esperando que ele o recebesse de volta, não mais como servo, mas como irmão. Esse registro bíblico da recuperação de um condenado dentro da prisão não se limita à função do “padrinho”, aqui o Apóstolo Paulo, mas também a do recuperando resgatado do mundo do crime. Paulo queria que Onésimo lá continuasse para ajudá-lo com outros presos; aqui a figura do modelo, do exemplo. Essa é outra das características do Método APAC, o preso ajudando o próprio preso. (Marques Neto, 2012, p 35, 36)

As APACs têm por objetivo promover a humanização das prisões, evitando a reincidência no crime e promovendo oportunidades de melhor reinserção na sociedade, porém não deixa de ter caráter punitivo.

51 (...) um Método revolucionário e eficiente no modo de execução de pena que hoje, decorridos mais de trinta anos, se tornou conhecido e adotado em grande parte do Brasil e em diversos países do mundo. É o Método APAC, que veio trazer condições ao condenado de se recuperar e ressocializar-se, tornando aquilo que parecia ser impossível de ser alcançado em realidade. (GUIMARÃES JÚNIOR, 2005, p. 01).

O método APAC é baseado em doze elementos fundamentais, e a utilização dos mesmos é indispensável para continuar a atingir resultados ainda mais positivos. Sendo eles: a participação da comunidade; o recuperando ajuda o recuperando; trabalho; religião; assistência jurídica; assistência à saúde; valorização humana; família; o serviço voluntário; centro de reintegração social – CRS; mérito e jornada de libertação com Cristo (GUIMARÃES JUNIOR, 2005).

Todos os componentes são de fundamental importância na concretização do projeto, e são seguidos à risca e não apenas no papel. O que traz uma segurança enorme para o detento que opte por participar deste modelo.

É imprescindível destacar cada um dos elementos começando pela participação na comunidade. De acordo com o que diz a LEP, no seu art. 4ª, a comunidade deve auxiliar nas atividades da execução da pena. Neste método a participação da comunidade com os detentos é de extrema importância. Essa interação possibilita um retorno mais harmônico para a sociedade. Tendo em vista que as APACs não utilizam de serviços do Estado como policiais e agentes penitenciários, a participação da comunidade os ajuda no funcionamento e bom andamento das mesmas (WEBER, 2017). A comunidade é a maior interessada em um ambiente seguro, até porque o criminoso não nasce criminoso, é a comunidade quem o torna assim, e é para lá que ele retorna depois.

O segundo elemento “o recuperando ajuda o recuperando”, tem o intuito de manter uma convivência harmônica entre os detentos. Internamente, o respeito está acima de tudo e todos devem se ajudar sempre que possível. De acordo com informações fornecidas pelo FBAC (2020) é preciso investir para desenvolver um sentimento de ajuda mútua entre os recuperandos. Essa ajuda pode ser socorrer um

52 colega que está doente, ajudar os mais idosos, atender nos estabelecimentos dentro da instituição ou auxiliando no bem-estar de todos. (GUIMARÃES JUNIOR, 2005)

Existem dois órgãos auxiliares na administração das APAC. A primeira é a representação de cela que tem por finalidade a manutenção da disciplina e harmonia entre os recuperandos, a limpeza e higiene pessoal e da cela. A segunda é o Conselho de Sinceridade e Solidariedade – CSS, que é composta somente de recuperandos e discute as dificuldades e busca a cooperação dos condenados para a melhora da disciplina, da segurança do presídio, além de apresentar soluções práticas, simples e econômicas para os problemas e os anseios da população prisional. (GUIMARÃES JUNIOR, 2005)

O terceiro elemento, e também de grande importância, é o trabalho. Ele por si só não é capaz de recuperar o preso, mas possibilita adquirir habilidades que antes desconhecidas e estas o ajudam a arrumar emprego mais rápido e fácil, devido as suas qualificações e experiência nos trabalhos realizados nas APAC. No método APAC, o regime fechado é o tempo para recuperação, o semiaberto para a profissionalização, e o aberto, para a inserção social. Neste sentido o trabalho aplicado em cada um dos regimes, deverá ser de acordo com a finalidade proposta. (FBAC, 2020).

O labor mantém os recuperandos ocupados. Desperta a sua criatividade. Com isso, eles têm a sua disposição novas alternativas de trabalho, tanto para a fase interna, quanto para aquela que ocorrerá com a sua libertação. Deste modo é trabalhado diferentemente com os recuperandos do regime fechado:

Os trabalhos realizados na APAC ganha dimensões e são separados entre o regime fechado e o regime semiaberto, o método APAC recomenda que o trabalho laborterápico (artesanato) seja destinado para o regime fechado. [...] dentro do método é buscado várias oficinas para diversificar os trabalhos e não ficar limitados aos trabalhos com o barbante e palitos de picolé, na APAC de Paracatu/MG por exemplo existe uma parceria com a rede SESC, no qual está disponibiliza semanalmente uma professora para ministrar cursos onde cada aula é realizada uma atividade diferente. (GONÇALVES; FERNANDES, 2019, p. 11)

Para o regime semiaberto:

No regime semiaberto o método, ao contrário do regime fechado não trata o trabalho como uma terapia, este é oferecido e realizado como forma de

53 profissionalizar e ainda capacitar os recuperando para o mercado de trabalho que será disposto em momento oportuno. Estas oficinas são disponibilizadas de acordo com as condições financeiras de cada instituição e ainda atentos às atividades de mercado de trabalho de maior procura na região local. Na APAC de Paracatu/MG são disponibilizados aos recuperandos do regime semiaberto as oficinas de marcenaria, serralheria, cozinha, padaria (panificação), possui também uma fábrica de pré-moldados e ainda sempre busca parcerias para a inclusão de cursos profissionalizantes, um dos grandes parceiros que esta teve foi o SESI/SENAI, que já ofereceu a estes recuperandos os cursos de confeitaria no ano de 2016 e mecânica de automóveis que foi realizado esse ano. A APAC de Itaúna/MG possui grande parceria com a empresa automotiva FIAT, na fabricação de peças automobilísticas. (GONÇALVES, FERNANDES, 2019, p. 11)

Shirlei Aguiar dos Santos Weber (2017) descreve que no regime aberto é proposto para o recuperando que este tenha uma profissão definida. Ou então que consiga uma proposta de emprego compatível com suas habilidades especializadas, demonstrando que conseguiu adquirir satisfatórias condições de voltar para o convívio com a sociedade. Por isso, antes de obter o benefício do regime aberto, a APAC defende uma preparação rigorosa, que não só irá favorecer o recuperando, mas também servirá para não frustrar sua família, proteger a sociedade e promover o bem comum.

Não se pode perder de vista, que se não houver uma reciclagem dos valores, se não melhorar sua auto imagem, se não fizer com que o cidadão que cumpre pena se descubra, se conheça e enxergue seus méritos, nada terá sentido. Se não ajudar o recuperando a perceber-se como filho de Deus, como cidadão igual a qualquer outro cidadão, com as mesmas possibilidades de caminhar, de vencer e de ser feliz, não adianta dar serviço ou forçar o trabalho, porque ele vai ser um eterno revoltado. Então, é possível que na primeira oportunidade de rebelião irá colocar fogo nas máquinas, nas oficinas de trabalho, etc. (FBCA, 2020)

O quarto elemento é a religião, utilizada como uma forma de assistência prevista na LEP. “O Método APAC proclama a necessidade imperiosa do recuperando fazer a experiência de Deus, ter uma religião, amar e ser amado, não lhe impondo este ou aquele credo”. (FBAC, 2020). De acordo com Santos (2012) a religiosidade pode proporcionar ao preso o ensinamento de valores espirituais para que ele chegue a uma libertação, que se apegue a algo que seja maior que o seu passado, o que lhe fez tanto algum dia.

A assistência jurídica é o quinto elemento. De grande importância, pois o preso também se preocupa com sua situação processual e com o andamento dos seus pedidos. Segundo dados da Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (2015), 95%

54 da população prisional não têm condições para contratar advogado, principalmente, na fase de execução da pena, quando passa a ter conhecimento de diversos benefícios que a lei lhe faculta.

Ainda de acordo com a FBAC o Método APAC adverte que a assistência jurídica deve se restringir somente aos condenados da APAC que não possuem condições de contratar advogado particular.

Chegando no sexto elemento, temos a assistência à saúde que é um direito do preso previsto taxativamente nos artigos 11, inciso II e 41, inciso VII, da Lei de Execução Penal. Weber (2017) comenta uma citação de Ottoboni onde diz que para o método ser bem aplicado, se deve ter a preocupação de possuir profissionais qualificados na área da saúde, para que assim consigam suprir a carência em relação assistência prestada aos que estão sendo privados de sua liberdade.

É necessário compreender que a saúde dos presos deve ser colocada em primeiro lugar já que todos ficam próximos durante muito tempo. E em caso de uma doença contagiosa todos estariam expostos. Segundo Santos (2012), a existência de departamento de saúde organizado, com rotina de atendimento médico, odontológico e psicológico dentro do estabelecimento prisional garante a harmonia no ambiente e dá força para a recuperação do preso, pois ele percebe a preocupação da comunidade com sua reintegração.

O sétimo elemento trata da valorização da vida humana, a APAC nesse sentido busca mostrar ao reeducando o que ele é muito mais do que ele pensa. Esse trabalho é voltado na reformulação da auto-estima e auto-imagem dos detentos. São atitudes simples, que se diferenciam das penitenciárias comuns, como chamá-los pelo nome, se interessar e buscar compreender suas histórias, permitir que eles tenham um lugar adequado para fazer suas alimentações. Todas essas atitudes auxiliam no processo de recuperação da valorização humana.

A FBAC destaca que em reuniões de cela são utilizados métodos psico- pedagógicos próprios, nas quais é realizado um grande esforço para fazer com que o

55 recuperando volte seu olhar para a sua valorização, busca-se convencê-lo de que se pode ser feliz e de que não é pior que ninguém. A educação e os estudos são de grande importância nesse processo. Cabe ressaltar que o preso ingressa no sistema prisional como um lixo humano. E essas ações assistenciais oferecem ao preso a expectativa de, ao se recuperar, obter a conversão e garantir oportunidades fora da prisão (SANTOS, 2012).

No método APAC, a família é de extrema importância para a recuperação dos detentos. Esse é o oitavo elemento. É preciso trabalhar com a família para que ela seja cúmplice do detento e esteja disposta a ajudá-lo em qualquer situação. É o apoio da família que mantém as APACs em pleno funcionamento, pois são eles os responsáveis por acalmar os ânimos e evitar que ocorram rebeliões ou fugas. Esses laços não podem se romper. É por isso que os reeducandos têm direitos que estão relacionados com suas famílias, como por exemplo contatá-las via telefone ou ainda escrever cartas. Em datas especiais como Natal, dia dos Pais, das Mães, entre outros, é permitido que os familiares estejam presentes (FBAC, 2020).

O nono elemento é o “voluntário e o curso para sua formação”. De acordo com a FBAC, o trabalho apaqueano é baseado na ajuda ao próximo e na gratidão. É aqui que entram os “padrinhos”, para executar essa tarefa os voluntários devem ser de grande índole e apresentarem confiança. Cabe a eles desempenhar essa atividade com fidelidade e convicção.

O voluntário precisa passar por um curso de formação que normalmente é desenvolvido em quarenta e duas aulas, de aproximadamente uma hora e meia. No curso ele irá reconhecer a metodologia de agir e desenvolver suas aptidões.

As estatísticas comprovam que 97% a 98% dos recuperandos vieram de uma família enferma e desestruturada. A grande maioria tem uma imagem negativa do pai, da mãe ou de ambos ou mesmo daqueles (as) que os substituíram em seu papel de amor. Na raiz do crime vamos encontrar sempre a experiência da rejeição, vivida por alguns ainda no ventre materno. (FBAC, 2020).

Nesses casos são adotados os casais padrinhos que ajudam a refazer as imagens até o momento negativas dos pais assim, possíveis ressentimentos e traumas, e,

56 consequentemente, melhorando sua auto-imagem e ajudando a reconstruir a relação de família. Somente depois desse passo que o preso estará pronto para retornar a sociedade.

Weber (2017) cita que a FBAC dispõe de uma equipe para ministrar seminários intensivos de metodologia de três dias de duração. Entre os cursistas são escolhidos aqueles que podem se tornar também monitores do curso. O importante é ter a consciência de que esse trabalho que vai ser desenvolvido e não é como os outros, pois se trata de ter contato com pessoas com inúmeros problemas. Não é possível que os voluntários não conheçam a realidade dos presos e do sistema penitenciário.

O décimo elemento é o Centro de Reintegração Social – CRS. O /estabelecimento do CRS oferece ao recuperando a oportunidade de cumprir a pena próximo de seu núcleo afetivo: família, amigos e parentes, facilitando a formação de mão de obra especializada, favorecendo assim, a reintegração social, respeitando a Lei e os direitos do condenado (FBAC, 2020).

Outro elemento de suma importância é o mérito, nosso décimo primeiro. Jessica Gama (2015, s.p.) traz a citação de Ottoboni que diz “A legislação brasileira adota o modelo progressivo de cumprimento de pena, oriundo da Irlanda, e pugna pela progressividade tendo em vista o tempo de cumprimento da pena e a conduta do condenado”. Desse modo percebe-se que a conduta dos reeducandos é analisada o que ajudará a progredir de regime quando estiver no tempo certo. Isso significa que os benefícios serão concedidos àqueles que também se empenharem para se adequar a metodologia, e não somente aos que não registram notas ruins. Percebe-se, neste caso, que o mérito não é imposto, ele é atingido de acordo com a boa conduta do preso.

É muito importante a presença de uma Comissão Técnica de Classificação – CTC, composta de profissionais ligados à metodologia, designada para classificar o recuperando sobre a necessidade de receber tratamento individualizado, seja para recomendar quando possível e necessário, os exames exigidos para a progressão de regimes e, inclusive, cessação de periculosidade e insanidade mental (FBAC, 2020).

57 O último elemento é a Jornada de Libertação com Cristo, acontece em três dias de reflexão e interiorização, que se faz com os recuperandos. De acordo com a FBAC a Jornada nasceu da necessidade do reeducando adotar uma nova filosofia de vida. Tudo na Jornada foi pensado e testado exaustivamente e o roteiro, ajustado incansavelmente até que seus propósitos fossem atingidos, tudo isso levou 15 anos. Gamma (2015) salienta que este elemento deverá ser trabalhado com os recuperandos dos três regimes. Porém, a jornada se mostra muito mais eficaz no regime inicialmente fechado, pois é o momento em que o recuperando se encontra mais fragilizado, sozinho e descrente na sua recuperação.

Considerando esses doze elementos percebe-se o quanto a união de todos é considerado essencial na recuperação do preso e na reinserção do mesmo na sociedade. A APAC apresenta uma escala de recuperação que vai evoluindo à medida que o recuperando vai progredindo de regime, até que ele finalmente alcance a recuperação definitiva. (WEBER, 2017).