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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.4 GESTÃO DA INFORMAÇÃO

2.4.1 Origem e história

Para compreensão do significado e da abrangência da gestão da informação nas instituições, é importante conhecer as origens e os

aspectos históricos deste campo de estudo, tendo por base o referencial teórico apresentado por Gewandsznajder (2005).

As primeiras iniciativas são milenares. No século XXI a.C., por exemplo, a primeira biblioteca é constituída na Suméria por meio da reunião de blocos de argila. Os pioneiros na gestão da informação são os governos, intermediados por repositórios organizados em bibliotecas e arquivos nacionais. A administração de arquivos domina a gestão da informação até o início da década de 70, e o coletor de informação conta com fontes impressas, incluindo livros, jornais e relatórios. Registros e documentos em papel dominam a gestão da informação até muito recentemente (DAVENPORT, 1998).

A partir do surgimento de grandes indústrias na Europa e Estados Unidos, no final do século XIX, a gestão da informação passa a ser considerada cientificamente. A ação destas grandes organizações no mundo provoca a necessidade de administrar fisicamente suas informações. O gerenciamento de documentos, com o objetivo de melhorar a eficiência da manipulação da informação (papéis, registros, cartas, mensagens, inclusive chamadas telefônicas), é estabelecido pelas primeiras políticas, procedimentos e disciplinas. Também, no início do século XX, práticas básicas para a manipulação de documentos no ambiente organizacional desenvolvem-se, pelo aumento das exigências de regulação governamental e das profissões de contador e auditor (GEWANDSZNAJDER, 2005).

A partir de 1950, o surto de tecnologias pela utilização de computadores, copiadoras, processadores de texto, impressoras e dispositivos de telecomunicação promove o desenvolvimento de ferramentas de manipulação da informação organizacional, ocasionando mudanças na gestão da informação corporativa. Neste caso, a necessidade de novas habilidades profissionais, voltadas para operação e administração da tecnologia, muda o objetivo do gerenciamento de informações para o gerenciamento de tecnologias (MARCHAND et al., 2001 apud GEWANDSZNAJDER, 2005).

No final da década de 60, uma moderna abordagem sobre gestão da informação é formada e preconizada pelo pessoal da área. Gerentes, acadêmicos e consultores, influenciados pela introdução acelerada de novas tecnologias e mídias, são absorvidos pela ideia de tratar a informação como um recurso organizacional, mais tarde designada de Gestão de Recursos de Informação. De acordo com Gewandsznajder (2005) esta abordagem contempla quatro princípios básicos:

a) equilíbrio entre a adoção de novas mídias e tecnologias e o tratamento da informação como recurso-chave das organizações, assim como outros importantes recursos tais como pessoas, finanças, materiais e tecnologias físicas; b) diretores e gerentes lidando com a informação como um

processo organizacional destinado à tomada de decisão, resultante de um ciclo de vida próprio e composto das fases de identificação, coleta e organização (processamento, disseminação, uso e manutenção), capitalizando o valor potencial da informação;

c) adoção de técnicas de gerenciamento de recursos para a informação (planejamento, custeio, orçamento e avaliação), bem como o estabelecimento de função organizacional específica para este gerenciamento, apoiando a integração de diversas tecnologias de informação, telecomunicações e escritório, com o objetivo de atender às necessidades de informação de toda a organização;

d) estabelecimento da função gerencial de Diretor de Informação, responsável pela administração de informações e tecnologias a ela relacionadas, com poderes similares aos diretores das áreas centrais da organização, como por exemplo recursos humanos ou finanças.

Na prática, esta função gerencial do Diretor de Informação, na década de 90, fica caracterizada pela dualidade e consequente controvérsia entre as funções de gestor de tecnologia e gestor de informação, gerando situações distintas nas organizações. Na compreensão de Marchand et al. (2001 apud GEWANDSZNAJDER, 2005), muitas organizações focam primeiramente o gerenciamento da área de tecnologia; em outros casos, algumas organizações consultam o Diretor de Informação no processo de tomada de decisão estratégica; e em outras situações, a gerência de informação é considerada atividade de suporte, naquelas organizações que tratam a tecnologia da informação e a gestão da informação como centros de custo, neste caso, atribuída à gerência média.

Nesse momento da história da gestão da informação, a tecnologia da informação não é suficiente para uma efetiva gestão da informação, e sim responsável pelos meios estruturais, através de recursos de hardware, software e redes, necessários à utilização da informação nas organizações (GEWANDSZNAJDER, 2005).

Na utilização efetiva da informação e sua relação com o desempenho organizacional, identificam-se três abordagens de

pensamentos e práticas gerenciais: a Escola de Tecnologia da Informação, a Escola de Gerenciamento da Informação e a Escola de Comportamento e Controle. São escolas desenvolvidas em momentos históricos distintos, com bases teóricas e focos de atuação também distintos. No entanto, os componentes característicos destas três abordagens são complementares entre si e, da sua interação, capacidades informacionais podem ser desenvolvidas, gerando um melhor desempenho organizacional (GEWANDSZNAJDER, 2005).

A Escola de Tecnologia da Informação tem sua origem em áreas do conhecimento como teoria da decisão, pesquisa operacional e ciências da computação; tem seu foco na relação do uso de tecnologia da informação com o processo decisório e o desempenho organizacional; e está relacionada ao desenvolvimento tecnológico de computadores e telecomunicações experimentado pelas organizações.

A Escola de Gerenciamento da Informação tem raízes nas áreas de biblioteconomia e gerenciamento de registros e documentos; preconiza a informação como um recurso gerenciável em seu ciclo de vida, transpondo as etapas informacionais de prospecção, coleta, organização, processamento e disseminação. Está relacionada ao desenvolvimento, na década de 70, de melhorias na administração de registros, documentos, arquivos e computadores, demandadas por órgãos governamentais e grandes organizações.

Já, a Escola de Comportamento e Controle tem sua base em áreas como recursos humanos, cultura organizacional, contabilidade e indicadores de desempenho; está relacionada a pensamentos e práticas gerenciais para melhorias no uso corporativo da informação; focaliza a atitude das pessoas diante da informação; e enfatiza o controle gerencial e sistemas de informação com objetivo de medir o desempenho organizacional e individual de cada empregado.

Também outra área que tem relação e vários aspectos que se cruzam com os processos de gestão da informação é a dos sistemas de informação. Esta interseção, sinalizada por Checkland e Holwell (1998

apud GEWANDSZNAJDER, 2005, p. 47), “marca a necessidade

organizacional de gerenciar o uso da TI em relação às intenções e atividades da organização”. A popularização dos computadores nas organizações, na década de 50, leva ao desenvolvimento dos sistemas de informação. A fase inicial é voltada para a automação de procedimentos operacionais e consequente aumento de eficiência organizacional pelo processamento de transações. Na sequência, com objetivo de auxiliar no processo de tomada de decisão gerencial, são desenvolvidos os sistemas de informação gerencial. São sistemas de suporte com estruturas

flexíveis que simulam e analisam as condições do ambiente e permitem a construção de modelos pelos próprios usuários. Já, os sistemas especialistas, baseados em técnicas de inteligência artificial, são desenvolvidos com objetivo de dispor o conhecimento sobre um determinado assunto. Os sistemas de informações executivas, com base no conceito de interatividade, vêm atender às necessidades do tomador de decisão. Com vistas ao aumento da competitividade organizacional, os sistemas de informações estratégicas são gerados. Trata-se de sistemas de inteligência competitiva que investigam o ambiente em busca de dados e informações, identificando oportunidades, ameaças, forças e fraquezas organizacionais (GEWANDSZNAJDER, 2005).

Ao final da década de 90, pela evolução dos sistemas de informação, surge uma tendência à adoção de sistemas integrados que mantêm sob um único sistema todas as informações operacionais necessárias à realização das atividades organizacionais advindas de qualquer departamento ou função, denominados Sistemas Integrados de Gestão (TURBAN; RAINER JR; POTTER, 2005). Bancos de dados e ferramentas de mineração de dados são adicionados aos sistemas gerenciais e estratégicos para detalhar o ambiente informacional à procura de dados com potencial de tornarem-se informações relevantes para a organização.

O desenvolvimento dos sistemas computadorizados é relacionado às tentativas de sobreviver à situação negativa que limitava a utilização de computadores em determinados períodos, caracterizando- se em três fases distintas:

a primeira, na década de 1960, foi marcada por limitações de capacidade, confiabilidade e altos custos de hardware; a segunda, até meados da década de 1980, apontava para os limites da produtividade do software e para as dificuldades de entregar sistemas no tempo e custo previstos; por fim, a atual restrição imposta pela inadequada percepção das demandas dos usuários e conseqüente imperfeição no atendimento às suas necessidades de informação (GEWANDSZNAJDER, 2005, p. 49).

Este último fator crítico é relacionado ao não atendimento das necessidades do usuário da informação pela inadequação da gestão da informação. Os sistemas de informação, associados à era dos computadores, precisam ser integrados aos sistemas sociais subjacentes

e sistemas de informação não automatizados, a partir de uma abordagem holística (RIBEIRO, 2001). Entenda-se como computadores toda a gama de tecnologias utilizadas no processamento e transmissão de dados e informações.

Após o entendimento teórico sobre gestão da informação, sua origem e história, é importante conhecer as diferentes formas de controle informacional, bem como, conhecer algumas abordagens de gerenciamento da informação.