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DIAGRAMA 1 – Organograma da Pesquisa

1 INTRODUÇÃO

1.3 Origem e povoamento da mesorregião do sertão paraibano

políticas e econômicas. A Coroa Portuguesa buscava garantir a efetiva ocupação do território brasileiro, investindo em uma atividade que complementasse a cultura açucareira desenvolvida no litoral. As expedições que saiam do litoral ao sertão nordestino eram responsáveis pela exploração do território e enfrentamento da resistência indígena, para

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Fonte: http://noticias.uol.com.br/censo-2010/populacao. Acesso: maio 2012.

35Alguns municípios foram emancipados em datas posteriores a 1990. Assim, não existem dados de população

posteriormente serem instalados os povoados. Inicialmente desenvolveu-se a pecuária, nas terras concedidas através das Sesmarias36, que fornecia alimento e transporte às fazendas de cana-de-açúcar; em fins do século XVIII foi intensificada a cultura algodoeira que se complementava ao plantio de gêneros alimentícios de subsistência (ANDRADE e MAIA, 2011).

Segundo as autoras esse processo também foi característico na ocupação do sertão paraibano quando afirmam que “[...] as sesmarias foram a base da estruturação espacial do Sertão paraibano. Estas eram paulatinamente repartidas em fazendas de gado e nestas despontaram povoados, vilas e cidades” (p. 123).

Nesse processo de ocupação, os rios exerceram um papel importante no ordenamento territorial, como também as estradas traçadas a partir dos caminhos das boiadas. Na província da Parahyba do Norte, as estradas faziam a articulação entre as povoações do sertão e a Cidade da Parahyba, contribuindo para a formação de uma rede urbana (ALMEIDA, 1966).

A origem de muitos povoados sertanejos também está ligada à doação de parte das terras sesmeiras, ou de parte de uma fazenda de gado, pelo seu dono, à Igreja. Essa doação tinha o intuito de homenagear um santo de sua devoção, com a construção de uma capela, ao redor da qual surgiam as primeiras residências, compondo aos poucos o povoado ou a vila. A capela, além do significado religioso, era sinal de posse e ao mesmo tempo valorizava os lotes situados na área que eram posteriormente vendidos (DUARTE JÚNIOR, 1999; MARX, 1991).

Todos esses elementos citados nesse breve histórico, quanto aos aspectos que contribuíram com a ocupação e povoamento do sertão nordestino e, consequentemente, do sertão paraibano, podem ser observados nos municípios que compõem a 9ª GRA, ressalvando algumas características peculiares.

Nessa perspectiva destaca-se o município de Cajazeiras, que teve seu povoamento ordenado a partir de um estabelecimento de ensino, sendo conhecida até hoje como “a cidade de ensinou a Paraíba a ler.” Um aspecto observado foi a convivência desses municípios, principalmente os mais antigos, com bandos de cangaceiros, seja como esconderijo, ou em conflitos com os proprietários de terras. Essas informações podem ser observadas na Figura 4 - Diagrama histórico dos municípios da 9ª GRA, organizada a partir de dados do IBGE sobre a origem desses municípios.

36 Terras doadas pelos donatários das Capitanias Hereditárias com objetivo de exploração do território e

Sem pretensão de desenvolver um estudo histórico sobre o processo de povoamento e colonização dessa região, apresentam-se esses subsídios, pertinentes, no sentido de compreenderem-se algumas práticas, ainda presentes, do clientelismo e da política do favor identificados na coleta de dados em campo (entrevistas), que interferem diretamente nas ações políticas nos municípios em estudo.

Assim, na sistematização do trabalho, o texto encontra-se organizado em quatro capítulos subsequentes a essa parte introdutória, que apresenta elementos fundamentais à compreensão do estudo, aproximação com o objeto de pesquisa, delineamento das ações do PBA na atualidade e recorte geográfico da pesquisa.

No primeiro capítulo expõe-se a metodologia utilizada na coleta dos dados e aproximações desejadas para análise. Estão presentes conceitos norteadores do trabalho no tocante à compreensão sobre a EJA e políticas públicas. Na terceira parte do trabalho, mais especificamente no segundo capítulo, discute-se o percurso das políticas públicas para EJA no Brasil, promovidas pelo Governo Federal, em seu papel constitucional como instância orientadora e indutora juntamente com estados, municípios e Distrito Federal.

Destaca-se nesse percurso a ação da sociedade civil organizada, especificamente do Movimento Nacional dos Fóruns Estaduais de EJA (MNFEJA)37 como coletivo que representa segmentos governamentais e não governamentais, educadores e educandos deste campo. Como recorte temporal consideram-se os últimos vinte anos, sendo a Conferência de Educação para Todos de Jomtien, realizada em 1990, o marco político.

Ponderando-se o movimento de partir do geral para o específico, o terceiro capítulo trata, mais precisamente, do Programa Brasil Alfabetizado, trazendo uma análise documental das resoluções que normatizam seu desenvolvimento nos últimos nove anos, levando-se em conta o princípio da continuidade e como este vem sendo abordado nestes documentos. Para fins de compreensão da organicidade do Programa, apresentam-se quadros que sistematizam sua estruturação e o contexto político que delineou o desenvolvimento da ação neste período.

No último capítulo sistematizou-se a análise metodológica dos dados coletados a partir de fontes e metodologias diversas, que possibilitaram uma leitura quanto aos limites e possibilidades do PBA, relacionando seu impacto para a política de EJA nos municípios.

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Neste trabalho consideram-se o movimento e seu conjunto nestes dez anos de história. A intenção é discorrer a ação coletiva do Movimento Nacional dos Fóruns Estaduais de EJA (MNFEJA), compreendendo-se que cada fórum estadual tem sua dinâmica, especificidades, história e contexto. Esta sigla não é oficial. Usa-se neste trabalho como abreviação da expressão. Para aprofundamento do que são os Fóruns de EJA no Brasil sugere- se acessar o Portal dos Fóruns de EJA no endereço <http://forumeja.org.br/audiovisualxeneja>, vídeos de Fávero (2008) e Machado (2008). Acesso em: 04 jul. 2012.

FIGURA 4 –Diagrama histórico dos municípios da 9ª GRA

Fonte: Dados do IBGE. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1>. Acesso em: maio. 2012.