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3 A CONSTITUIÇÃO HISTÓRICA DAS PRÁTICAS RACISTAS NO

3.2 A origem do Movimento Negro

Em nossas raízes africanas, há uma história de domínio e opressão de um grupo de seres humanos pelo outros, de muita dor e injustiça. Mas há também beleza e encantamento. São da África a capacidade de resistência e adaptação, a resiliência, a criatividade, o vigor, o sorriso fácil, a hospitalidade, a alegria, a música, a dança, a culinária, as crenças religiosas e outros aspectos que transformaram o Brasil em uma sociedade plural e multifacetada, marcada por cores ritmos que hoje nos diferenciam do mundo. (GOMES, 2019. p. 34-35).

Logo que a escravidão iniciou, simultaneamente, o Movimento Negro, de resistência e sobrevivência, começou a se manifestar. Pode-se afirmar, que desde o processo de captura desses homens e mulheres no território africano, estratégias de fugas, esconderijos e proteção já estavam instalados na vivência cotidiana desses negros (PAIVA, 2001).

Esse primeiro momento de negação dessa prisão social, surgiu de muitas justificativas fortes: o cessamento da liberdade; a desvinculação do seu país de origem; o medo do desconhecido; a separação da família; o risco alto de mortalidade; e a perda de toda sua construção identitária e histórica. Cada uma dessas explicações surgiu vinculada à separação impositiva que os africanos sofreram e os fizeram deixar seus hábitos e profissões, para, a partir desse momento, dedicarem sua vida a servir (VINHAS, 2018).

Já no Brasil, os negros escravizados apresentavam duas opções de resistência, praticada por eles em quase sua totalidade, pois diferente do que muitos pensam a escravidão e suas implicações sociais nunca foram uma escolha. Essas opções seriam: resistir e rebelar, ou se adaptar à nova realidade (GOMES, 2019). Ou seja, as formas de questionar o sistema e sua posição social imposta se davam de maneira mais agressiva e exteriorizada, ou mais silenciosa, o que gerava, segundo Lilia Schwarcz (2012), até uma diferenciação entre os escravos e seus comportamentos: o rebelde, era chamado de Negro, enquanto o dito cativo fiel, era nomeado de Preto.

Como primeira discussão, destaco que os escravos, a todo momento, tentavam melhorar a sua qualidade de vida na base da negociação com os seus senhores (SCHWARCZ, 2012).

Eles utilizavam de blefes, barganhas e arranjos cotidianos como forma de conseguir pedaços de terra, melhores condições de trabalho, e liberdade cultural (SCHWARCZ, 2012). Com pouco sucesso, a resistência exposta - de fugas, rebeliões e estratégias de proteção – acabaram sendo

extremamente necessárias, e, de acordo com Luciana Brito (2009), foram também as formas mais essenciais de luta contra o sistema escravista, pois promovia uma ruptura imediata.

A fugas poderiam acontecer individualmente ou coletivamente, mas todas contavam com organizações extremamente elaboradas35, tendo a sua primeira fase de planejamento sediada no local de trabalho e cotidiano (VINHAS, 2018). Portanto, isso já evidencia, novamente, a ruptura espacial como um instrumento muito importante no sistema escravista, mas dessa vez com o intuito de quebra-lo. Fugir, saquear e destruir seu local de trabalho e aprisionamento, se configurou em uma das principais formas de libertação dos escravos e de sobrevivência à vida em que eles foram impostos. Mas para onde ir? Como viver essa liberdade?

Os escravos fugidos tinham duas saídas: a marginalização urbana, sujeitos a uma falsa liberdade, devido ao excesso de policiamento e restrições de uso do espaço; e os quilombos, pois, de acordo com Wagner Vinhas (2018, p. 280): “Para exercer a liberdade, ele teria de ser um aquilombado!”

O “kilombo” (palavra africana) surgiu na Angola como uma centralidade espacial nômade, que possuía um lugar sagrado de ritual (NASCIMENTO, 1985). Porém, aqui no Brasil, a configuração dessa centralidade se complexou e adquiriu outras características. No país, a primeira referência de um quilombo foi registrada em 1559, porém só em 1740 essa configuração espacial foi definida pelos colonizadores portugueses, segundo Beatriz Nascimento (1985, p. 43), como: “toda habitação de negro fugido que passem de cinco, em parte desprovida, ainda que não tenham ranchos levantados nem se achem pilões neles.” Essa conceituação já demonstra, equívocos e rotulações dos governantes em relação a esse agrupamento, seu espaço e simbolismo. Percebe-se que essa definição limitava a coletividade quilombola à números, e às habitações e espacialidades precárias, não a compreendendo como resistência e ignorando sua organização social e espacial. Essa “falsa” cegueira sócio-política ocorria, pois, aceitar o quilombo, em suas complexidades, seria declarar que os escravos tinham espaço para ser livres nessa sociedade (GOMES, 2019). Assim, sem a aceitação governamental, os quilombos se concretizaram e se apresentaram de formas distintas, porém na ilegalidade.

Os quilombos36 no Brasil se definem como organizações sociais de escravos fugidos, ex-escravos, ou, atualmente, descendentes de ex-escravos e negros africanos, que são extremamente disciplinados no âmbito social e espacial. Primeiramente, segundo a leitura de

35 Nesses casos, penso que seria importante destacar a participação das mulheres. Elas eram os principais elementos de organização das fugas e rebeliões, através do domínio da oralidade e seu potencial em manutenção e cultivo da ideia da coletividade entre os escravos (DAVIS, 2016).

36 Registra-se que no século XVIII, só em Minas Gerais, havia cerca de 160 quilombos (GOMES, 2019).

Schwarcz (2012), os quilombos, na época da escravidão, se configuravam em duas tipologias principais: os quilombos de rompimento, que apresentavam bases políticas e espaciais de guerra e de proteção aos fugitivos, como por exemplo o Quilombo de Palmares37 (Figura 5 e 6); e os quilombos abolicionistas urbanos, que apresentavam relações sociais e comerciais fortes entre o quilombo e a cidade, como o Quilombo Jabaquara.

Ambas tipologias se estabeleciam, principalmente, em terrenos alagadiços ou íngremes e em regiões isoladas, o que dificultava a descoberta e o acesso de sua sede por agentes do governo ou capangas de seus antigos donos (GOMES, 2019). Segundo Gomes (2019), as táticas de guerrilha e de defesa do território organizavam a espacialidade da comunidade, e guiavam a gestão da mesma, por meio associações, reuniões dos moradores e preparo de ações coletivas.

Dentre essas ações, as guerrilhas, saques e armadilhas eram importantes para a subsistência da comunidade, no caso de abastecimento e obtenção de equipamentos de segurança (GOMES, 2019). Além disso, os quilombolas realizavam trabalhos manuais, plantações e hortas comunitárias para trocarem entre eles ou venderem nas cidades mais próximas. Apresentavam também, rituais, danças e tradições orais que resgatavam toda a sua identidade africana (GOMES, 2019).

Compactuo, então, com a conclusão de Beatriz Nascimento (1985) em que ela expressa que, na verdade, os quilombos foram as primeiras formas de manifestação de Estados alternativos no Brasil. Neles os negros e escravos fugidos retomavam a vivência de organizações espaciais e sociais de referência africana que apresentavam uma relação forte e coletiva com a terra (no âmbito espiritual e em relação ao ciclo da natureza) e uma ideia simbólica e social do trabalho (não-econômica) (GOMES, 2019). Logo, a administração política; o entendimento da terra como bem coletivo e provedora da subsistência de todos; o trabalho em grupo; a retomada da memória e da cultura africana; e as estratégias de defesa e protesto; se configuraram conformações opostas ao sistema implantado na época - em que a terra era privilégio de poucos, e a política, economia e cultura eram instrumentos de dominação e segregação.

Com o passar do tempo, os quilombos foram se transformando e mudando suas formas de organização, e até hoje existem quilombos urbanos e rurais no Brasil que são reconhecidos legalmente. Mais que isso, durante a época da escravidão, os quilombos e suas definições também mudaram. Segundo Vinhas (2018), a partir do século XVIII, os quilombos começaram

37 Quilombo de Palmares foi o maior e mais importante quilombo do Brasil. Nele havia igrejas, casas, forjas, e a casa de conselho. Ele ocupava aproximadamente 27 mil km² e sua proteção se estendia por cerca de mais 5km.

Era um Estado autônomo e abrigava de 6 mil a 30 mil habitantes (GOMES, 2019).

a apresentar especificidades locais e étnicas, ou seja, traziam elementos resultantes da fusão de suas localidades brasileiras e africanas. Por exemplo, enquanto no Nordeste os quilombos se configuravam em inúmeras festas de rua; no Sul, os lugares públicos, populares e os prostíbulos, também eram nomeados dessa maneira (VINHAS, 2018). Por isso, entendo e ressalto neste texto a complexidade desses aglomerados e movimentos, que surgiram da fuga e do desejo da liberdade e se concretizaram no espaço - nas novas formas de gestão social e no resgate do passado e do futuro desses negros.

Figura 5- Tela Quilombo Palmares – Augustus Earle, 1793-1838.

Fonte: SITE PUBLICADOS NO BRASIL, 2019.

Figura 6- A Guerra dos Palmares – Óleo de Manuel Vítor, 1955.

Fonte: MENESES, 2014.

Mesmo com a permanência dessa tipologia até a atualidade, a perseguição a esses grupos era cotidiana desde o início da escravidão, uma vez que eles representavam uma ameaça ao sistema, a libertação e transformação identitária dos negros. Por esses motivos, a destruição dos quilombos, os castigos e as mortes públicas de seus moradores eram muito frequentes. Lisandra Silva (2018), indica que, segundo Marcos Cardoso (2001)38, entre os séculos XVIII e XIX, foram destruídos cerca de 160 quilombos, sem considerar as incontáveis mortes.

Além disso, parte da essência dos quilombos e das manifestações contrárias ao sistema escravista foram as revoltas, os levantes e as rebeliões39. Pelos motivos mais distintos - religiosos, culturais, políticos e de opressão social - os escravos e ex-escravos se organizavam para protestar, garantir sua sobrevivência e se vingar de todos os males físicos, simbólicos e sociais que eles viviam. Entre os conflitos mais importantes do Brasil, Silva (2018) cita a Revolta dos Malês (1835), na qual os escravos de religião mulçumana se organizaram com o intuito de formarem um Estado independente de Salvador.

Para além das revoltas, fugas e da formação de sociedades alternativas, outra forma de resistência era a garantia da sobrevivência da cultura africana. Essa “(re)existência” cultural - que em muitos elementos permanece nos costumes e tradições brasileiras na atualidade - só foi possível através de duas estratégias principais durante o escravismo: a sobrevivência da história oral e as adaptações culturais. Mesmo assim, Florestan Fernandes (1978) lembra que muito se foi perdido, como inúmeras línguas africanas.

Uma vez que o sistema escravista se baseava na construção do racismo, e assim, na anulação do indivíduo e de sua memória coletiva, a desvinculação com sua origem tinha como sua materialização o rompimento com o espaço. Porém, a permanente ruptura das raízes negras pelo espaço, agora, brasileiro, deveria ser constantemente construída durante esses séculos. Por isso, a separação de um sujeito de seu povo (sua história e sua identidade) através do espaço, tinha que ser continuada por meio de proibições e de rotulações que reafirmavam o perigo à segurança pública e o pecado que era o exercício dessas práticas de origem africana.

Durante os tantos anos da escravidão no Brasil, sendo que algumas leis duraram ainda mais que esse regime, o Estado institucionalizou restrições e limitações rígidas no campo da

38 CARDOSO, Marcos Antônio. O movimento negro em Belo Horizonte: 1978-1998. Belo Horizonte.

Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. Departamento de História, 2001

39 Segundo a leitura de Rita Velloso (2015), esses movimentos sociais apresentam, historicamente, algumas engrenagens diferentes em suas estruturações. Os levantes seriam movimentos que partem de uma organização mais orgânica e instintiva; enquanto a revolta se configura em um questionamento de um determinado contexto, de forma elaborada, para muda-lo. Já as rebeliões são ações de desobediência e tumulto às leis como forma de protesto (VELLOSO, 2015).

religião, festas, lazer, e manifestações culturais. A exemplo disso, Lilia Schwarcz (2012) e Florestan Fernandes (1978) destacam que o Estado brasileiro por muitos anos proibiu o culto aos orixás (símbolos de muitas religiões de origem africana); exigiram registros oficiais dos espaços de práticas dessas religiões, sendo os pré-requisitos inalcançáveis para essas experiências; confiscavam todos os elementos simbólicos culturais, religiosos e festivos; e prendiam os praticantes e os indivíduos que quebrassem essas regras.

Para driblar todos os rótulos e essas proibições, a tradição oral, principalmente exercida pelas mulheres foi essencial. A cultura africana, e muitas outras sociedades do mundo nessa época (principalmente orientais), apresentavam o matriarcado como base da organização social antes do colonialismo se tornar uma praga cultural mundial. Segundo Bell Hooks (2014, p. 53):

“O termo matriarcal implica a existência de uma ordem social na qual as mulheres exercem o poder político e social, [...].”

Na cultura africana, a sociedade se configurava matriarcal, porém a estrutura familiar não se resumia à figura da mulher como acontece no patriarcado. Ângela Davis (2016) afirma que as famílias africanas desempenhavam papeis multifuncionais com divisões de trabalho e funções que não representavam de forma alguma uma hierarquia sexista. Valorizava-se constantemente o trabalho doméstico, e cada indivíduo detinha sua voz social e política, um papel econômico, e liberdade sexual (DAVIS, 2016). As mulheres negras, além de chefes de família, eram corresponsáveis pelo sistema de funcionamento daquela família e sociedade (PACHECO, 2013). Na essência do “mundo negro”, as mulheres eram auto-nomeadoras e definidoras do seu espaço (HASENBALG, 2005).

Por esses motivos, as mulheres negras, escravizadas, exerciam papéis de liderança e eram centrais para a preservação de suas tradições e da coletividade negra no Brasil, assim como no seu passado africano (DAVIS, 2016). Dentro dessas responsabilidades, destaca-se que as mulheres eram dominadoras da transmissão oral, sendo esse um dos motivos de sua importância na manutenção dos costumes de seus povos (DAVIS, 2016). Essa tradição se manteve com elas, e assim, por causa de cada uma, as práticas culturais não foram de todo esquecidas, e mais do que isso, permaneceram praticadas em suas vozes, mesmo que no silêncio da escravidão.

Além dessa forma de resistência, essencialmente feminina, o próprio sistema também contribuiu para o seu boicote. Da mesma maneira que o Igreja Católica foi responsável por tantos mitos, construções racistas e imposições culturais – e foi uma das principais instituições que lucrou com o tráfico de escravos -, ela também foi o centro da unificação dos negros escravizados, separados de suas famílias e povos, e do reencontro com culturas comuns

(GOMES, 2019). Isso aconteceu, segundo Wagner Vinhas (2018), porque, uma vez que os escravizados passaram por uma crise de coletividade com a separação espacial e familiar, socialmente, eles tenderiam, como sujeitos sociais, a buscarem novos laços. A situação de separação da África fez esse papel e uniu escravos de povos distintos através de práticas culturais comuns.

‘A escravidão não apenas divide; ela também une o que divide’, observou o sociólogo francês Roger Bastide, um dos pais da Universidade de São Paulo e dos grandes estudiosos da cultura africana no Brasil. ‘A escravidão não era apenas um aniquilamento social’, completou a historiadora brasileira Mariana Candido, professora na Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos. ‘Em vez disso, era um processo de negociação, adaptação, invenção e transformação. Pessoas escravizadas tentavam encontrar novos significados e soluções para os novos desafios em que se encontravam, procurando proteção e maneiras de criar o seu próprio mundo e garantir integração social para si e seus descendentes.’ (GOMES, 2019. p. 311).

Gomes (2019) ainda retrata que os momentos de reunião desses escravos muitas vezes aconteciam nas construções das inúmeras Igrejas Católicas e na constituição das Irmandades – associações de vínculo religioso, católico, permitido aos escravos. Estas tinham como objetivos o assistencialismo espiritual e material, e a integração da comunidade em prol da implantação de valores europeus. Nesses momentos comuns e culturais, e nas Irmandades, criou-se uma nova forma de catolicismo que se fundia com as raízes africanas (GOMES, 2019). Da mesma forma, para Florestan Fernandes (1978, p. 102): “[...] os negros reproduzem formas tradicionais africanas adaptadas ao novo ambiente, ou então infundem a formas culturais estrangeiras um espírito africano, adaptando-as ou reduzindo-as ao seu parâmetro cultural.” Desse modo, forjando novos códigos, criou-se espaços de lazer, solidariedade e permanência cultural negra em meio a sua segregação, o que, segundo Gomes (2019), fez com que sobrevivesse aquele que deveria desaparecer.

[...] todos os grupos sociais que vivem em conflito e são despossuídos desenvolvem formas de resistência ao processo de transculturação, preservando determinados elementos culturais, que passam a adquirir um valor simbólico, além do seu caráter operacional na estrutura global da sociedade. (PARAISO, 1998. p. 49)

Essas estratégias, instintivas, de sobrevivência social, fizeram com que muitas manifestações culturais se mantivessem ao longo dos séculos de escravidão e além. Um exemplo seria o Candomblé, religião de origem africana, que permaneceu sendo praticada ao longo do regime, mesmo que adaptada ao catolicismo ou no interior das matas longe das invasões policiais (FERNANDES, F. 1978). Isso fez com que essa religião se consolidasse: na resistência do culto aos orixás; na conservação da sua doutrina; e nos seus mitos e outras experiências preservadas, sendo hoje considerada como uma religião afro-brasileira. Outro exemplo seriam as festas do Reinado e do Congado (típicas, principalmente, em Minas Gerais),

que revivem até hoje, em forma de celebração, os rituais militares e de disputa de poder entre os povos africanos (Figura 7) (VINHAS, 2018).

Figura 7- (1) Dança Popular do Grupo Étnico Bacuba em Ifuta, entre 1909 e 1927. (2) Terno de Marinheirão fazendo O Trança Fita para Homenagear Família Chatão (tradicionalmente rei e rainha do Congo). Uberlândia,

2003.

Fonte: (1) Fotografia de H. Harroy MRAC. (2) Fotografia: Larissa Oliveira e Gabarra. Reproduzidas por: PUC-RIO, 2020.

Conclui-se este subcapítulo, reafirmando que o sistema escravista e o racismo, de fato se consolidaram como regimes sociais dominantes, entretanto, paralelamente, o Movimento Negro não deixou o ciclo girar sem obstáculos. Durante a escravidão no Brasil, do século XVI ao XIX, os negros escravizados protestaram, lutaram e se sacrificaram por igualdade, justiça e sobrevivência. Entraram em embates diretos e se esconderam para exercerem sua liberdade.

Mais que isso, em unidade (devido a um sofrimento comum), os negros se adaptaram e formaram redes de solidariedade e de exercício de sua fé, festividades, lazer e comunidade.

Logo, mesmo com o silenciamento e a anulação desse grupo social, eles nunca ficaram totalmente calados e suas conquistas dessa época se refletem até hoje. O sistema não os

engolira, e nem eles cederam ao sistema, pois, de acordo com Maria Hilda Paraíso (1998, p.

50): “O fato de a cultura variar/atualizar-se como decorrência de novas experiências em nada afeta a consciência étnica de um povo.”, pelo contrário, a transforma em permanência e respiro social.

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