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ORIGEM 1836 1837 1838 1839 1840 1841 1842 1843 1844 1845 1846 1847 1848 1849 1850 1851 1852 TOTAIS ANGOLA 1

século XIX. São Paulo: Ed Universidade de São Paulo, 2008, p 115.

ORIGEM 1836 1837 1838 1839 1840 1841 1842 1843 1844 1845 1846 1847 1848 1849 1850 1851 1852 TOTAIS ANGOLA 1

ARACATY 3 3 BAHIA 1 2 1 2 1 1 1 9 BARCELONA 1 2 2 1 2 2 1 2 5 1 2 3 6 2 4 36 BUENOS AIRES 1 2 3 3 9 GÊNOVA 2 2 1 3 1 3 2 2 3 3 3 1 26 GORÉE (SENEGAL) 1 1 GIBRALTAR 1 1 LIMA 1 1 LISBOA 1 2 3 LONDRES 1 1 MALAGA 1 3 1 3 2 2 4 2 1 4 2 1 1 3 1 2 33 MARSELHA 2 5 1 8 MONTEVIDEU 1 1 2 1 2 1 1 2 11 NANTES 1 1 NEW CASTEL 1 1 NEW ORLEANS 2 2 NICE 1 1 PARAÍBA 1 2 3 RIO GRANDE 1 1 RICHMOND 1 1 2 RIO DE JANEIRO 1 4 2 3 1 1 2 1 2 6 23 SALEM 1 1 SANTOS 1 1 SAVONA 1 1 TENERIFE 1 1 1 1 1 1 6 TERRA NOVA 1 1 TRIESTE 1 1 VENDRES 1 1 TOTAL 7 8 14 12 11 9 8 12 14 13 17 12 8 9 18 6 10 188

79 A natureza dos produtos importados pelo negociante João Pinto de Lemos se mostrou variada, compreendendo, em maior número, gêneros alimentícios e bebidas espirituosas. Outros produtos de incidência mais reduzida foram: munição, tecidos e até mesmo escravos. Também foi encontrada quantidade expressiva de registros de embarcações consignadas, nos quais o tipo de produto importado não pode ser determinado pela documentação pesquisada.

As embarcações destinadas à importação de gêneros alimentícios contabilizaram um total de 36 registros de entradas. Entre as mercadorias desta natureza que se mostraram mais incidentes no quantitativo das importações de Pinto de Lemos, podemos destacar: azeite de oliva, carne e farinha de trigo.

O produto azeite de oliva, na maioria das ocorrências, foi importado dos portos de Barcelona, Gênova, Málaga, Marselha e Tenerife. É importante mencionar que, durante o século XIX, Espanha, Portugal, Itália, França e Grécia foram os principais centros exportadores de azeite de oliva na Europa.301 Conforme as informações do quadro 11, a importação deste gênero, promovida por João Pinto de Lemos, privilegiou os centros de exportação espanhóis. Se somadas as entradas de embarcações oriundas dos portos espanhóis de Barcelona, Málaga e Tenerife302, contabilizam 9 dos 17 registros de importações de azeite de oliva.

Quadro 11 - Importações de azeite de oliva de João Pinto de Lemos (em número de viagens) PORTOS 1836 1838 1841 1843 1844 1845 1846 1847 1848 1849 TOTAL BARCELONA 1 1 2 GÊNOVA 2 1 1 1 1 6 MÁLAGA 1 1 1 1 1 5 MARSELHA 1 1 2 TENERIFE 1 1 2 TOTAL 1 3 1 1 1 2 1 3 2 2 17

Fonte: CRL/UFLAC, Diario de Pernambuco, Movimento do Porto, 1836, 1838, 1841, 1845- 1849.

Vale destacar que o cultivo de oliveiras e os processos de elaboração de azeite de oliva tem profundas raízes na história da Espanha. Além disso, para Silberstein (2000), o crescimento do consumo de produtos alimentícios como azeite - gênero característico

301 SERRÃO, Joel; MARQUES, Antônio H. R. de O; JORGE, Vitor O. Nova história de Portugal: da

Monarquia para a República, Lisboa: Editora Presença, 1987.

302 Tenerife é a maior ilha do arquipélago das Canárias, pertencente à Espanha. Cf. DUGOUR. José D. Apuntes para la Historia de Santa Cruz de Tenerife: desde su fundacion hasta nuestros tempos. Valladolid: Editorial Maxtor, 2001.

80 da dieta de alguns dos principais grupos migratórios entrados nas Américas (espanhóis, italianos e portugueses) –, o qual não contava com sucedâneos locais, impulsionou a importação deste gênero para os mercados americanos no século XIX. 303

Entre as origens das importações de farinha de trigo, consignadas por João Pinto de Lemos, observamos no quadro 12 que os principais mercados fornecedores deste gênero foram: Richmond304, New Orleans, Marselha e Trieste. Embora a importação

deste produto apresente um total pouco representativo, dentro das importações do negociante, tal ocorrência pode evidenciar que o mesmo esteve inserido na rede de distribuição do produto. É importante mencionar que para Alan Ribeiro (2013), o Brasil se tornou o principal mercado consumidor para a produção norte-americana de farinha de trigo, durante a década de 1830. Além disso, este autor salientou a importância da empresa norte-americana Maxwell, Wright & Co na rede de distribuição de farinha de trigo para o mercado brasileiro, afirmando que muitas das embarcações da referida empresa passavam pelos portos de Salvador e Recife, antes de chegarem ao Rio de Janeiro, certamente vendendo a farinha de trigo norte-americana. 305

Quadro 12 - Importações de farinha de João Pinto de Lemos (em número de viagens)

PORTOS 1838 1839 1841 1845 TOTAL MARSELHA 2 1 3 NEW ORLEANS 2 2 RICHMOND 1 1 2 TRIESTE 1 1 TOTAL 2 1 4 1 8

Fonte: CRL/UFLAC, Diario de Pernambuco, Movimento do Porto: 1838-39, 1841, 1845.

No que se refere aos principais mercados nos quais o negociante João Pinto de Lemos importou carne para Pernambuco, podemos destacar os portos de Montevidéu, Buenos Aires e Rio Grande do Sul como as mais incidentes origens. Conforme percebemos no quadro 13, as importações de carne do negociante provieram, em sua

303 SILBERSTEIN. Carina F. de. A imigração espanhola na Argentina (1880-1930). In: FAUSTO, Boris

(org.). Fazer a América, São Paulo: Editora Universidade de São Paulo, 2000, p. 93-127.

304 Fundada em 1729, Baltimore é uma das principais cidades portuárias da Costa Leste dos EUA,

localizada no Estado de Maryland. No século XIX, constituiu-se no principal porto de exportação da produção escravista dos Estados do Sul dos EUA, como farinha de trigo, o tabaco, arroz e outros gêneros, e de importação como café, couro e outros, vindos do Brasil. Sobre a sua importância na exportação dos bens oriundos de Ohio e alhures, cf. VILLA, Carlos Valencia. A economia dos negros livres no Rio de Janeiro e Richmond, 1840-1860. Niterói, 2012. Tese (Doutorado em História). UFF. PPGH. p. 83-84

81 maioria, da Argentina e do Uruguai. Como já salientamos anteriormente, parte das cargas de carne importadas por Pinto de Lemos, posteriormente seguiram exportadas para os mercados de Havana e Porto Rico. Os negócios de João Pinto de Lemos no comércio de carne estiveram inseridos no circuito Havana-Buenos Aires-Montevidéu, no qual a participação deste produto foi significativa. Entretanto, percebe-se também que parte das importações de carne realizadas pelo negociante visavam atender a demanda interna que existia para o gênero alimentício. Consoante à discussão de Marcondes (2005), no mercado consumidor pernambucano, a carne foi um dos gêneros de maior demanda, sendo Pernambuco a província que mais importou carne nos anos 1872-73.306

Quadro 13 - Importações de carne de João Pinto de Lemos (em número de viagens)

PORTOS 1837 1839 1841 1842 1843 1844 1845 1846 1849 1850 1852 TO T A L MONTEVIDEU 1 1 2 1 1 6 BUENOS AIRES 1 2 2 3 8 RIO GRANDE DO SUL 1 1 2 TOTAL 1 1 2 1 1 1 1 1 2 2 3 16

Fonte: CRL/UFLAC, Diario de Pernambuco, Movimento do Porto, 1837, 1839, 1841-46, 1849, 1850, 1852.

Kátia Matoso percebeu algo semelhante para a Bahia oitocentista. Segundo a autora, algumas das maiores fortunas dos negociantes locais concentravam-se na redistribuição de mercadorias importadas que abasteciam todo o comercio varejista da província. A carne e a farinha seriam produtos de constante demanda pela população de Salvador naquele período.307 Bruno Câmara destacou que, em Pernambuco, durante o

século XIX, boa parte das firmas portuguesas monopolizavam a importação de carne- seca.308

Sobre a atuação de João Pinto de Lemos no comércio de importação, podemos afirmar que entre os 188 registros coletados de embarcações empregadas neste ramo do comércio exterior, pelo menos 53 declararam vinho como carga importada. Percebe-se como foi significativo o quantitativo das embarcações entradas que declararam a

306 MARCONDES, op. cit., p. 112. 307 MATTOSO, op. cit., p. 493. 308 CÂMARA, op. cit., p. 230.

82 mercadoria vinho como gênero importado. Os principais portos de origem deste produto foram Barcelona e Málaga. De acordo com os dados do quadro 14, as embarcações originárias destes dois portos perfizeram cerca de 79% do total das importações de vinho realizada por Pinto de Lemos, entre os anos de 1836-52. Além disso, entre todos os produtos importados pelo negociante no período averiguado, o vinho foi o mais incidente, uma vez que em todos os anos, no mínimo uma embarcação manifestando carga de vinhos, foi consignada pelo negociante.

Quadro 14 - Importações de vinho de João Pinto de Lemos (em número de viagens)