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Origens e evolução da Universidade de Aveiro

CAPÍTULO 2 REVISÃO DA LITERATURA

2.4 A U NIVERSIDADE DE A VEIRO NO CONTEXTO DO E NSINO S UPERIOR PORTUGUÊS

2.4.3 Caracterização da Universidade de Aveiro

2.4.3.1 Origens e evolução da Universidade de Aveiro

A Universidade de Aveiro (UA), criada no contexto da Reforma de Veiga Simão através do Decreto-Lei 40/73, de 11 de Agosto, foi fundada poucos meses antes da Revolução de Abril de 1974 e procurou desde o início construir um projecto que a enraizasse na região onde se encontra implantada, ao mesmo tempo que construía uma base sólida para a sua projecção nacional e internacional. De acordo com Amaral et. al. (2002), a UA pode ser considerada uma Universidade

de terceira geração, que surge quando outras Universidades da primeira geração, como a Universidade de Coimbra e segunda geração, como as Universidade de Lisboa e Porto, já estavam implantadas há bastante tempo no Ensino Superior português. Após uma fase inicial de grandes constrangimentos nacionais ao nível financeiro, que se reflectiram no seu desenvolvimento, a partir da década de 90, a Universidade de Aveiro passou para uma nova fase de crescimento, envolvendo, para além da investigação, da formação pós-graduada e da educação ao longo da vida, duas vertentes de oferta de formação inicial, a universitária e a politécnica, que permitem mesmo a transição de alunos entre si. Os diversos obstáculos colocados à existência de uma Universidade na região foram acompanhados por uma preocupação da instituição em construir um projecto fortemente enraizado no espaço onde se inseria, que simultaneamente constituísse uma base sólida de projecção nacional e internacional. Procurou pois desenvolver uma estratégia com estreita ligação ao perfil económico, social e cultural da sua região, o que lhe permitiu ocupar um espaço institucional próprio, daí emergindo uma maior diversidade nas propostas de formação inicial ao nível local e nacional e uma influência importante sobre a procura de ensino superior da região centro e norte do país, partilhada com a Universidade de Coimbra e do Porto. Esta ligação foi reforçada a partir do ano lectivo 2002/2003 com a implementação do Programa Aveiro Norte, cujo objectivo, inserido na formação pós- secundária da UA, foi promover a concertação de estratégias de oferta formativa entre diferentes agentes do sistema de ensino e formação, construindo uma teia de cooperação interinstitucional envolvendo as Escolas (Secundárias, Profissionais e Tecnológicas), os Centros de Formação, os Centros Tecnológicos e outros agentes dos sistemas de ensino, formação e inovação e combater o abandono precoce do ensino através da promoção da formação contínua e da requalificação profissional, por forma a preparar o público alvo para lidar com as mutações tecnológicas e organizacionais emergentes e, ainda, robustecer o tecido económico e administrativo da região.

Em paralelo, procurou desenvolver políticas de qualificação académica avançada do pessoal docente que à mesma se encontrava afecto, o que lhe possibilitou, na década de 90, a posterior expansão, sem perda de qualidade, quando as menores restrições financeiras lhe permitiram o desenvolvimento de infra-estruturas físicas, pedagógicas e científicas. Tal política de qualificação subsiste actualmente e tem ainda sido complementada por outras medidas estruturantes: concessão de bolsas de pós-graduação a recém licenciados envolvidos em programas de pós-graduação na UA e incentivos à integração de jovens investigadores em equipas e projectos de investigação liderados pela Universidade. Actualmente a investigação é, de resto, uma vertente importante da UA, que conta com 18 Unidades de Investigação e Laboratórios Associados, que usufruem dos meios laboratoriais, informáticos e bibliográficos que permitem a criação e desenvolvimento de conhecimento científico, tecnológico e artístico em intensa cooperação com o mundo empresarial.

Actualmente na UA existem os seguintes departamentos e secções autónomas, responsáveis pelas licenciaturas do ensino universitário e pelos cursos de formação pós- graduada:

− Departamento de Ambiente e Ordenamento − Departamento de Biologia

− Departamento de Ciências da Educação − Departamento de Comunicação e Arte

− Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa

− Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial − Departamento de Electrónica e Telecomunicações

− Departamento de Engenharia Cerâmica e do Vidro − Departamento de Engenharia Mecânica

− Departamento de Física − Departamento de Geociências − Departamento de Línguas e Culturas − Departamento de Matemática − Departamento de Química

− Departamento de Engenharia Civil − Secção Autónoma de Ciências da Saúde

− Secção Autónoma de Ciências Sociais, Jurídicas e Políticas

Por sua vez, os bacharelatos e as licenciaturas do Ensino Superior Politécnico são da responsabilidade das escolas superiores e institutos da UA, que têm um estatuto equivalente aos departamentos. Na Universidade de Aveiro existem as seguintes escolas superiores:

− Escola Superior de Design, Gestão e Tecnologia de Produção Aveiro Norte − Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro

− Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda

− Instituto Superior de Contabilidade e Administração da Universidade de Aveiro O ano lectivo 2006/2007 marca a entrada da Universidade de Aveiro na era de Bolonha. A maior parte dos seus cursos do 1.º ciclo foi adequada a este novo modelo de ensino neste ano prevendo-se que os restantes o façam a partir de 2007/2008.

2.4.3.1.1 Evolução do número de inscritos e do número de diplomados na Universidade de Aveiro

De acordo com dados do Observatório da Ciência e do Ensino Superior (2006), no ano lectivo de 2005/2006 a Universidade de Aveiro teve 11.511 alunos inscritos, dos quais 8.902 pertenciam ao Ensino Superior Público Universitário e 2.609 ao Ensino Superior Público Politécnico.

Como se pode constatar no Quadro 2.4.17 do Anexo 6, o Ensino Superior Universitário é o que detém mais peso na Universidade de Aveiro. Esse peso relativo, tendo aumentado até 1997, começou contudo a diminuir desde aí e até 2005. Esta evolução resulta das fortes taxas de crescimento ocorridas no número de inscritos no Ensino Superior Politécnico entre 1998 e 2002 e

do facto das mesmas terem sido bem mais elevadas do que as do Ensino Superior Universitário durante o período de 1998 a 2004.

Quer no Ensino Universitário, quer no Ensino Politécnico, os inscritos na UA têm crescido a um ritmo mais elevado do que o verificado a nível nacional. Efectivamente, de 1994 a 2005 a taxa de crescimento média anual dos inscritos no Ensino Superior Público Universitário da UA foi de 3.6% ao ano, contra 2.6% ao ano verificados no Ensino Superior Público português. Por outro lado, no Ensino Superior Politécnico da UA verificou-se uma taxa de crescimento média anual de 7.2%, contra 6.6% da taxa homóloga do Ensino Superior Público do país. Esta evolução reflecte o aumento do peso da instituição no panorama nacional, o que é especialmente significativo se considerarmos a evolução da relação vagas candidatos verificada no país.

No que respeita aos diplomas concedidos, como se pode constatar no Quadro 2.4.18 do Anexo 6, na Universidade de Aveiro os diplomas do Ensino Superior Universitário são os que assumem maior peso relativo, embora desde o ano lectivo 2001/2002 se tenha verificado uma tendência para uma ligeira subida do peso dos diplomas concedidos no Ensino Superior Politécnico da Universidade. De acordo com o OCES/MCTES (2006), 67% dos diplomas concedidos na Universidade de Aveiro em 2004/2005 foram de Licenciatura, 14% de Bacharelato, 4% de especialização pós-licenciatura, 13% de Mestrado e 4% de Doutoramento.

2.4.3.1.2 Recursos Humanos

Como se pode constatar no Gráfico 2.4.5 e no Gráfico 2.4.6 do Anexo 6, na Universidade de Aveiro o pessoal docente afecto ao Ensino Superior Universitário é o que assume maior peso relativo no conjunto do pessoal docente da Universidade, embora de 1993 para 2003 se tenha verificado um aumento do peso relativo dos docentes afectos ao Ensino Politécnico, em resultado da importância crescente deste tipo de ensino naquela Universidade. A esta evolução esteve associado um ritmo de crescimento médio anual do pessoal docente afecto ao Ensino Politécnico da UA de 15%, mais acelerado do que o verificado no Ensino Universitário, de 6% de média anual. Contudo, tanto num como no outro, os ritmos de crescimento foram mais acentuados do que os verificados a nível nacional nos respectivos tipos de ensino.

Apesar da evolução constatada, o rácio aluno docente da Universidade de Aveiro no Ensino Politécnico, com tendência para se aproximar do rácio homólogo nacional, apresenta ainda valores superiores aos verificados para o conjunto do Ensino Superior Politécnico nacional. No Ensino Universitário da UA, em 2003, este rácio passou a ser inferior ao verificado a nível nacional, como se pode constatar no Gráfico 2.4.7 do Anexo 6.

Por seu lado, como se observa no Gráfico 2.4.8 do Anexo 6, o pessoal não docente encontra-se concentrado no Ensino Superior Universitário, que em 2003, representava 94% do total do pessoal não docente da UA. De resto, de 1993 a 2003, a tendência foi para o aumento do peso de pessoal directamente afecto à Universidade, o que contraria a evolução do peso relativo deste tipo de ensino em relação ao total de inscritos e ao total de diplomados. Comparativamente ao ocorrido a nível nacional constata-se que, entre 1993 e 2003, a taxa de crescimento média

anual do pessoal não docente afecto ao Ensino Superior Universitário da UA, de 5.6% ao ano, foi superior à taxa de crescimento média anual do conjunto das Universidades Públicas portuguesas, de 1.6% ao ano. Pelo contrário, o pessoal não docente afecto ao Ensino Superior Politécnico da UA cresceu a um ritmo médio mais lento do que o verificado no conjunto do Ensino Superior Politécnico nacional (uma média de 2.8% ao ano contra uma média de 7.8% ao ano verificada no país). Independentemente do tipo de ensino a que está afecto, constatou-se contudo que o pessoal não docente da UA cresceu a um ritmo médio superior ao verificado no Ensino Superior Público português (média de 5.3% ao ano, contra 3.0%, respectivamente). Esta disparidade de evoluções poderá estar associada à dinâmica própria de organização interna da UA, que concentra grande parte dos Serviços de Apoio e dos Serviços Técnicos na estrutura central da Universidade, apenas remetendo para as unidades orgânicas e funcionais um pequeno contingente de recursos humanos não docentes por forma a garantir as actividades indispensáveis de apoio ao seu funcionamento.

Pelo que anteriormente foi referido relativamente à organização interna da UA, considera- se que apenas fará sentido comparar a evolução do rácio alunos/não docentes com a evolução homóloga do Ensino Superior Público português. Como se verifica no Gráfico 2.4.9 do Anexo 6, numa primeira fase, de 1993 a 1999, houve uma grande aproximação do rácio da UA ao rácio do Ensino Superior Público português. A partir daí e até 2003 assistiu-se a uma tendência para novo afastamento dos dois rácios, com a UA a apresentar uma relação alunos não docentes progressivamente maior e o Ensino Superior português a estabilizar essa relação. No final do período considerado, regista-se contudo uma maior aproximação do indicador da UA ao indicador nacional do que o que existia em 1993.

Da estrutura apresentada no Balanço Social de 2005 da Universidade de Aveiro e esquematizada no Gráfico 2.4.10 do Anexo 6, verifica-se que o Pessoal Técnico Profissional é o grupo profissional que representa maior peso relativo seguido do Pessoal Administrativo e do Pessoal Auxiliar. Comparativamente aos dados nacionais de 2003 para o conjunto do Ensino Superior Público, sobressai desde logo o maior peso relativo do Pessoal Técnico Profissional, bem como o substancial menor peso relativo do Pessoal Administrativo e Auxiliar. De registar, por outro lado, o maior peso relativo de grupos profissionais cujos requisitos de entrada na Função Pública exigem níveis superiores de habilitações académicas, como é o caso do grupo dos Técnicos e dos Técnicos Superiores, com pesos relativos substancialmente maiores do que os verificados a nível nacional em 2003. Por fim, o grupo de Pessoal de Informática também assume um peso relativo superior ao verificado no conjunto do Ensino Superior Público português em 2003. O peso relativo do pessoal não docente com maiores qualificações é ainda reforçado pela composição dos contratos a termo por grupos profissionais: como se pode constatar no Quadro 2.4.19 do Anexo 6, 49% dos contratados a termo certo exercem funções equiparadas às dos grupos profissionais Técnicos e Técnicos Superiores.