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Origens e Evolução Histórica do Desenvolvimento Sustentável e da

No documento PR 061 Edson Luis Kuzma (páginas 33-62)

proposição de importância estratégica, indispensável para o desenvolvimento. Entretanto, além de necessária ao desenvolvimento, é uma condição primaz para a manutenção e sobrevivência da sociedade contemporânea.

2.1.2 Origens e Evolução Histórica do Desenvolvimento Sustentável e da Sustentabilidade

O discurso que envolve a temática da sustentabilidade e do desenvolvimento sustentável remonta a constituição de atividades e ações reais, observadas na historicização da sociedade humana, sobretudo no desenvolvimento orientado pela integração do binômio homem e natureza (HAWKEN, 1993). Entretanto, o desequilíbrio desta relação, que é cada vez mais evidente nos últimos séculos, coloca em debate a busca ilimitada do progresso, convertendo-se num fator preocupante quando se pensa no futuro da sociedade global (BISCAIA, 2013; ZANICHELLI, 2011). A apresentação de fatos na busca da compreensão das origens da sustentabilidade, mesmo quando não se pensava muito nesse conceito, mostra o quanto a problemática vem atravessando séculos em busca de respostas às demandas de crescimento, aliado à preservação ambiental (MARUJO, 2011). A

abordagem contemporânea da sustentabilidade constitui-se em um dos fundamentos primordiais do novo paradigma de sobrevivência da civilização, que procura harmonizar o ser humano e suas relações sociais e o desenvolvimento da Terra como espaço de sobrevivência humana e perpetuamento da disponibilidade dos recursos naturais (VENZKE, 2015; LIMA, 2015).

A discussão do tema sustentabilidade, num contexto globalizado, busca a reflexão a respeito dos impactos degradantes sobre o meio ambiente e sobre a sociedade, sobretudo nos estratos mais vulneráveis, que podem inviabilizar a vida e o futuro das próximas gerações (MUÑÓZ, 2013). Estas situações-problemas, deflagradas em virtude do próprio crescimento e desenvolvimento da sociedade, baseados em critérios ilimitados de disponibilidade dos recursos naturais, geraram processos e tendência de consumo de recursos muito além do que o planeta e seus habitantes podem suportar ao longo do tempo (SASAHARA, 2009). Para Leff (2010), esta relação de insustentabilidade gera sucessivos fracassos de desenvolvimento e fracassos na gestão do meio ambiente, fato que é evidenciado pela crescente demanda de terras para a agricultura e, paradoxalmente, elevação sem precedentes de famintos no mundo, por exemplo. A cada ano, 6 milhões de hectares de terras produtivas se transformam em desertos inúteis, ao mesmo tempo em que são destruídos mais de 11 milhões de hectares de florestas, o que, dentro de 30 anos, representará uma área do tamanho aproximado da Índia. A maior parte dessas florestas é transformada em terra agrícola de baixa qualidade, incapaz de prover o sustento até mesmo daqueles que nela se estabelecem.

Assim sendo, considerando a iminência de esgotamento de recursos e precarização das possibilidades de vida digna às pessoas, Boff (1999) argumenta que o conceito de sustentabilidade possui uma pré-história de formação, anterior às contextualizações que tomaram corpo a partir da segunda metade do século XX, de quase três séculos. Este toma forma a partir da percepção de escassez e esgotamento dos recursos naturais nos locais onde as potências coloniais e industriais desflorestavam em larga escala, com o intuito de alimentar com lenha a incipiente produção industrial e construção de navios, com os quais transportavam suas mercadorias e submetiam militarmente grande parte dos povos do planeta.

Em face desse contexto conturbado, surge no século XVIII, mais precisamente em meados do ano de 1713, um tratado para preservar e valorizar a Silvicultura na

Alemanha, proposto por Carl Von Carlowitz. Buscando consolidar a projeção de sua ideia, Carlowitz utiliza o termo “nachhaltendes wirtschaften”, que significa “administração sustentável” para designar o processo de exploração das florestas. A expressão, traduzida pelos ingleses assume a grafia “sustainable yield”, que se constitui como “produção sustentável”, sendo esta uma das primeiras expressões associadas à prática sustentável que se tem registro (BOFF, 1999).

Assim sendo, o desenvolvimento sustentável é considerado como um dos movimentos sociais mais importantes do início do milênio, atraindo a atenção dos mais variados olhares e despertando o interesse por discussões sobre questões cruciais que envolvem a continuidade da humanidade e a sustentação das possibilidades desfrutadas no presente pelas gerações vindouras (BARBIERI et al., 2010). São incontáveis as iniciativas voluntárias, relacionadas com o desenvolvimento sustentável, subscritas por empresas de setores específicos como bancos, seguradoras, hotéis, indústrias químicas, das quais participam os grupos empresariais mais importantes desses setores (LÉON-SORIANO; MUNÕZ-TORRES; CHALMETA- ROSALEN, 2010).

O conceito de Desenvolvimento Sustentável (DS) permeia, integra e sintetiza a compreensão da proteção ambiental, fundamentando em valores éticos e sociais, marcando uma filosofia de desenvolvimento menos agressiva, que procura agregar a eficiência econômica, justiça social e a prudência ecológica (MUNCK; BORIM-DE- SOUZA, 2011). Para tanto, novas maneiras de pensar devem ser prospectadas e princípios inovadores precisam ser formulados, para que a sociedade ultrapasse as etapas de reconhecimento das ineficiências e deficiências dos modelos de produção e de consumo, propondo linhas de ação para que se efetive a sistematização de um patamar científico inovador (MENDONÇA; CHEROBIM; CUNHA, 2014). A concretização do emprego da inovação como força motriz do desenvolvimento ocorre, na concepção de Mendonça e Cunha (2015), por meio do avanço da ciência, nas áreas econômicas, sociais e ambientais, na incorporação da natureza e das pessoas como valores intrínsecos e genuinamente como parte do patrimônio da humanidade. No entendimento de Barbieri (et al., 2010), a expressão desenvolvimento sustentável, considerado por uma análise etimológica, carrega consigo a combinação de termos que são contraditórios. O desenvolvimento evoca condições e ações que remetem ao crescimento econômico, melhoria do padrão de vida das pessoas e

modificações na base do sistema produtivo, promovido por meio da ação humana na alteração de recursos e energia, viabilizando a construção das formas de sobrevivência dos indivíduos e da sociedade. O termo sustentável, que tem origem biológica, é aplicável apenas aos recursos considerados renováveis e não-escassos, que podem ser recompostos, substituídos ou reutilizados, não passíveis de extinção ou racionamento pela exploração descontrolada. Assim sendo, a combinação dos dois termos se mostra, do ponto de vista literal, incompatíveis (AUTIO et al., 2014).

Reconhecendo a ambiguidade e contraditoriedade que acompanha a terminologia do desenvolvimento sustentável, uma abordagem contemporânea, propondo um novo paradigma se faz presente, no qual os limites do clima e dos recursos naturais devem ser respeitados. Desse modo, permite-se a liberdade de escolha e de oportunidades para os indivíduos, capaz de não negligenciar a perspectiva econômica, crucial do ponto de vista da sociedade (WERBACH, 2010; CELA-DE-OLIVEIRA, 2011). O novo paradigma deve estimular a adoção de um novo padrão de exploração dos recursos naturais, de geração de energia e uso da terra; integrar-se à dinâmica da economia globalizada; ter como fundamentos primordiais o conhecimento; respeitar as especificidades históricas e estruturais dos países, que tecem um cenário complexo e heterogêneo (ABRANCHES, 2010). Portanto, ao afirmar a urgência e necessidade desse novo paradigma, conforme as contribuições dos autores citados, evidencia-se que o termo sustentabilidade assume o papel de uma força que promove o equilíbrio no contexto do desenvolvimento sustentável.

O novo paradigma, baseado na sustentabilidade, é denominado por Gorobets (2011) de paradigma ideal, e contrapõe o paradigma dominante, tradicionalmente difundido. O autor afirma que o novo modelo, fundamentado numa abordagem ecocêntrica, é o ideal para a sociedade, pois a vantagem deste conceito diferenciado é que o desenvolvimento humano, baseado nos valores não materialistas, socioecológicos e morais, apresenta potencial ilimitado para o desenvolvimento. Em contrapartida, o paradigma centralizado no modelo de desenvolvimento neoclássico, que é dominante, fica dependente de recursos limitados. A população, em todas as dimensões do ser humano (intelectual, física, psicológica, entre outras) nem sempre está apta a enfrentar as rápidas mudanças do ambiente natural e do meio social num mundo globalizado, dinâmico e altamente competitivo. A nova concepção, do paradigma ideal, é visto como aquele capaz de manter um equilíbrio suficientemente

estável sobre os diversos interesses, para garantir o desenvolvimento presente e futuro, sem comprometer o meio ambiente (GREENWOOD, 2007).

A complexidade em se analisar o termo se deve à dificuldade de compreensão dos reais objetivos do desenvolvimento sustentável, que tomam diferentes dimensões de acordo com as perspectivas e os públicos de interesse de onde tem origem (MONTIBELLER, 2007). No centro da discussão, nota-se o questionamento do que seria necessário e indispensável à vida humana, qual o consumo viável para a manutenção de condições ambientais aceitáveis e em que princípios se baseariam a equidade e a justiça social. A exploração contínua e a degradação do meio ambiente, invariavelmente, são colocadas em questionamento, em face da satisfação das necessidades e desejos sempre crescentes da sociedade consumista, que caminha para uma catástrofe ambiental e social (CARVALHO, 2012).

Tão importante e urgente quanto a discussão que envolve as múltiplas faces do desenvolvimento sustentável é a possibilidade de criação de mecanismos que impeçam a sua instrumentalização nas comunidades, nações e organizações, em virtude de interesses e poder (WIEK; WITHYCOMBE; REDMAN, 2011). Portanto, no cerne do desenvolvimento, de forma sustentada, está a essência do debate sobre a sociedade e o capitalismo, na forma agressiva que se encontra hoje (CARVALHO, 2012; WRIGHT et al., 2010). Compreendendo a lógica de mercado, de busca constante de criação de valor, Hart e Milstein (2004) defendem que são quatro os grupos de motivadores para prospecção de valor sustentável, via desenvolvimento sustentável, a saber:

· A crescente industrialização e suas consequências, sobretudo

remetendo ao consumo de matérias-primas, geração de resíduos e poluição. Apesar dos benefícios, a atividade industrial cresceu a ponto de ter efeitos irreversíveis sobre as condições climáticas, biodiversidade e sobre os ecossistemas.

· Maior interligação dos stakeholders da sociedade civil, que assumem papeis de monitores e aplicadores de padrões sociais e ambientais corretos ou desejáveis, potencializados pela disseminação das possibilidades tecnológicas e do fluxo de informações, que torna dificultosa a ação encoberta de governos e grandes empresas.

· As tecnologias emergentes que oferecem soluções poderosas e revolucionárias, tornado obsoletas as bases de muitas indústrias que usam energia e materiais de forma indiscriminada. A pegada do homem sobre o planeta é potencialmente reduzida pelos avanços em nanotecnologia, biogenética, tecnologias da informação e energias renováveis, por exemplo.

· Aumento da população, das desigualdades e da pobreza, associado à

globalização. Sobretudo a elevação exponencial da população humana tem levado à situações de miséria e pobreza em todo o globo, que enfraquecem as bases sociais e levam à formação de situações de caos social na sociedade atual.

Os quatro motivadores apresentados por Hart e Milstein (2004) refletem a busca rumo ao desenvolvimento sustentável, tanto em organizações quanto por parte da sociedade e dos governos. A urgência e relevância do tema demonstram ações e atitudes em diferentes estratos sociais, com o intuito de construir pontes dos diferentes esforços na busca pelo desenvolvimento sustentável.

O processo de realização efetiva do desenvolvimento, de forma sustentada, ocorre, portanto, entre governos e grandes empresas, pela articulação de interesses com a sociedade, na priorização dos problemas que tem por consequência a degradação do meio ambiente e que visem a melhoria da saúde, do bem-estar e da qualidade de vida das pessoas (ESTEVES, 2009). Os resultados dessas ações conjuntas e integradas promovem impactos no planeta numa perspectiva de médio e longo prazos, vindo a se tornar transversal a várias gerações, ao garantir sobretudo melhorias para gerações vindouras. As soluções, construídas por meio de discussões teóricas, na concepção de Uehara (2010), devem integrar governos, organizações produtivas e tecnologias, em prol de um bem que incide diretamente sobre a sociedade, e repercute de forma de benefícios indiretos nas demais esferas.

Ainda segundo o entendimento de Uehara (2010), as considerações sobre o desenvolvimento sustentável são um alvo móvel, uma forma de status ainda não alcançado por qualquer organização, pois requer, invariavelmente, a adoção de profundas mudanças de postura e propósito pelos quais as coisas são feitas e as ações são tomadas. Da mesma forma, é necessário um período relativamente longo para que sucessivas ações sejam tomadas, de modo que, numa perspectiva temporal, se percebam processos reais e palpáveis de evolução das relações de uma

organização para com os elementos sociais, econômicos e ambientais que a permeiam. Entretanto, a sustentabilidade do desenvolvimento, por considerar a temporalidade dos impactos futuros de ações presentes, sofre restrições, uma vez que a análise sobre o processo é condicionada também pela aplicação de conceitos que refletem diferentes pontos de vista e de interesse (HÜLLER, 2010).

A categorização dos componentes e elementos que compõem o conceito de desenvolvimento sustentável, conforme dissertam Hopwood, Mellor e O’Brien (2005), segmentados em fatores como humanidade, equidade, igualdade, futuras gerações e qualidade de vida, dificulta e torna mais complexa, com mais óticas de análise, a compreensão conjunta dos termos. Para os autores, desenvolvimento sustentável, embora seja um conjunto de frases e ideias amplamente utilizado, tem significados diferentes e, portanto, provoca diferentes respostas (HOPWOOD; MELLOR; O’BRIEN, 2005). A noção de “necessidades”, instituído como um dos elementos centrais definidos pela World Commission on Environment and Development de 1987, é questionado por razões de não ser suficientemente específico (STARIK; KANASHIRO, 2013), o que dificulta a adoção de ações claras por empresas e governos, entre as gerações presente e futuras, e entre o papel assumido por seres humanos e outras espécies nesse processo.

A imprecisão do conceito é justificada por Munck, Souza, Sagui (2012) pela utilização em demasia e fora de contexto, ao gerar o que os autores chamam de confusões epistemológicas, paradigmáticas e teóricas. Quando considerados os estudos organizacionais, o desenvolvimento sustentável é tratado sumariamente por abordagens mais radicais e isoladas, que impossibilitam efetivas considerações pluralistas. Assim sendo, o monoculturalismo dos pesquisadores, que trabalham com pesquisas no campo das organizações, na concepção de Beltrame (2015), empobrecem o conceito e restringem as contribuições em potencial que podem ser geradas pelas ciências organizacionais.

Diante do exposto, aponta-se que o desenvolvimento sustentável é alcançado pela potencialização da sustentabilidade de cada parte da sociedade (SCHALTEGGER; HANSEN; LUDEKE-FREUND, 2016). Sendo as organizações uma das partes constituintes da sociedade, a sustentabilidade também deve partir da mesma, com o intuito de almejar o benefício maior do desenvolvimento. A consideração da intersecção dos princípios da integridade ambiental, da equidade

social e da prosperidade econômica, confluindo no interesse único do desenvolvimento de forma sustentada, ainda que reflitam uma abordagem holística, traduz o todo, num correlacionamento harmônico e multifacetado (WERBACH, 2010).

Considerando, portanto, a relação estabelecida entre os conceitos apresentados, pode-se traçar uma trajetória para se alcançar o desenvolvimento sustentável, que passa pelas várias manifestações e implicações que o acompanham. Um dos elos que compõe o desenvolvimento sustentável, abordados com maior ênfase na presente pesquisa, é a Sustentabilidade Organizacional. Assim sendo, Galleli-Dias et al. (2010) apresentam uma estrutura conceitual que representa a integração propiciadora de uma melhor compreensão da sustentabilidade, aplicada ao contexto das organizações, que por sua vez, integra a definição de desenvolvimento sustentável. O modelo é apresentado na Ilustração 1.

Ilustração 1. Framework da Sustentabilidade Organizacional Fonte: Adaptado de Galleli-Dias (2011).

O modelo proposto por Galleli-Dias et al. (2011) expõe que os componentes da

framework devem estar alinhados, visto que os processos ocorrem de acordo com

união dos diferentes aspectos, evidencia a interdependência das dimensões, que podem ocorrer nos dois sentidos, e demonstra a dependência de um em relação ao outro na formação do todo. Portanto, para acontecimento da sustentabilidade organizacional é imprescindível o desenvolvimento equânime das sustentabilidades organizacionais ambiental, econômica e social. Pela interação na forma de “duas a duas” se tem os constructos voltados à implementação mais próxima ao ambiente operacional, enquanto os demais decorem de ações conjuntas, num contexto mais amplo. O desenvolvimento sustentável, considerando esta concepção, seria uma dimensão maior, formada pela conjugação de várias manifestações da sustentabilidade, incluindo a organizacional.

O processo para se alcançar o desenvolvimento sustentável, portanto, consiste na realização de um fenômeno complexo e sistêmico, que reúne diferentes formas de sustentabilidade, na busca de equilíbrio entre seus componentes (MUNCK; BORIM- DE-SOUZA, 2011; MUNCK; SOUZA, 2009). Parte-se de dimensões mais específicas, composto por elementos menos generalistas, formando por fim uma estrutura sistêmica, na qual todos os elementos são conectados e interdependentes. Este fenômeno é apresentado no Quadro 1, que busca, com base na contribuição de vários autores, estabelece uma lógica entre os conceitos apresentados na presente pesquisa, com o intuito de propor um caminho teórico para entendimento do desenvolvimento sustentável e suas dimensões.

Quadro 1. Representação dos Conceitos-Chave para Alcance do Desenvolvimento Sustentável

Conceito Descrição

Desenvolvimento Sustentável

Constitui um fenômeno sistêmico, complexo e multifacetado, dependente da realização de uma série de sustentabilidades, dentre as quais se destaca a sustentabilidade organizacional. Entretanto, conforme apontado, não depende da atuação apenas das organizações, mas do efetivo desenvolvimento de ações, em prol da sustentabilidade, empreendidas por várias entidades e setores econômicos diversos. Na integração das várias manifestações da sustentabilidade, buscadas por organizações, sociedade, governos, entidades reguladoras, organizações associativas da sociedade civil, entre outros, tem-se a sustentação do desenvolvimento.

Sustentabilidade

É um estado em que uma organização, sociedade, governo ou demais entidades, atingem quando equilibram a valoração e efetivo comprometimento, frutificado em resultados mensuráveis, das dimensões ambiental, econômica e social. Representa o equilíbrio obtido em cada ação que vislumbre a preocupação de longo prazo da manutenção da continuidade da sociedade.

Termina

Sustentabilidade Organizacional

Representação sistêmica do equilíbrio entre as sustentabilidades ambiental, econômica e social. Entende-se por equilíbrio a equivalência e balanceamento de investimentos e consequente obtenção de resultados nas três sustentabilidades – ambiental, econômica e social, em acordo com os objetivos organizacionais. Por meio da representação sistêmica, o entendimento é a integração das três sustentabilidades, resultando na sustentabilidade aplicada ao contexto das organizações.

Sustentabilidade Organizacional

Ambiental

Subsistema da sustentabilidade organizacional que representa a realização da ecoeficiência e da inserção socioeconômica. Entende-se por realização o alcance dos indicadores utilizados para a mensuração da justiça socioambiental e da ecoeficiência, em conjunto.

Sustentabilidade Organizacional

Econômica

Subsistema da sustentabilidade organizacional que representa a realização da ecoeficiência e da inserção socioeconômica. Entende-se por realização o alcance dos indicadores definidos para a medição da ecoeficiência e da inserção socioeconômica.

Sustentabilidade Organizacional

Social

Subsistema da sustentabilidade organizacional que representa a realização da justiça socioambiental e inserção socioeconômica. Entende- se por realização o alcance dos indicadores que qualificam os esforços na área de justiça socioambiental e inserção socioeconômica.

Ecoeficiência

Componente da sustentabilidade organizacional que combina o desenvolvimento ambiental com o desenvolvimento econômico, ao mesmo tempo em que reduz os impactos ambientais e promove a utilização racional dos recursos naturais.

Inserção Socioeconômica

Componente da sustentabilidade organizacional com influência no ambiente interno e externo, que garante aos indivíduos, recursos suficientes para o seu acesso a oportunidades e desenvolvimento equitativo frente aos objetivos organizacionais.

Justiça Ambiental

Componente da sustentabilidade organizacional que assegura aos indivíduos o recebimento equilibrado e contextual dos malefícios e benefícios sociais e ambientais advindos das atividades organizacionais.

Fonte: Adaptado de Moçato-de-Oliveira (2014), Bansi (2013), Munck, Munck, Borim-de-Souza (2011), Munck, Souza (2009), Munck, Souza, Silva (2012), Wiek, Withycombe e Redman (2011), Willard et al. (2010), Cela-de-Oliveira (2012), Galleli-Dias (2013).

Os conceitos apresentados no Quadro 06 resumem a discussão empreendida, ressaltando sempre o caráter complexo e sistêmico que abarca a discussão sobre desenvolvimento sustentável e sustentabilidade. Cabe destacar, conforme afirmado, que o uso dos termos desenvolvimento sustentável e sustentabilidade não podem ser empregados erroneamente como sinônimos, uma vez que representam conceitos distintos, muito embora tenham origem em preocupações comuns (BATISTELLA, 2012). São componentes de uma mesma estrutura, que almejam o equilíbrio e vislumbram a possibilidade das gerações futuras desfrutarem das mesmas condições que a geração presente têm. As distinções entre a sustentabilidade, nas suas diversas manifestações, e o desenvolvimento sustentável, se mostram não como uma questão dicotômica, mas como um processo em que o primeiro se relaciona com o fim, com um objetivo maior, e o segundo com o meio (CELA-DE-OLIVEIRA, 2012; BANSI, 2013; MUNCK; SOUZA; ZAGUI, 2012). A plena realização de um é condicionada pela

realização do outro, de modo que ações sejam planejadas no presente e produzam impacto no futuro.

2.1.3 Sustentabilidade Organizacional

A preocupação com a sustentabilidade e com o desenvolvimento sustentável recebe cada vez mais importância no contexto das organizações (HART; MILSTEIN, 2004; BARKMEYER et al., 2014; EWEJE, 2011). Tal tendência é fruto, não apenas da crescente difusão dos princípios da sustentabilidade no mundo, mas também devido

No documento PR 061 Edson Luis Kuzma (páginas 33-62)