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2 Os Antecedentes da Modernização da Agricultura Brasileira.

A MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA BRASILEIRA

II. 2 Os Antecedentes da Modernização da Agricultura Brasileira.

A agricultura, a partir de meados da década de 50, recebe um novo impulso com a criação de Brasília. Nesse momento ocorre também a expansão de novas fronteiras agrícolas na região do Paraná. Além disso, há uma migração da população para Goiás e Mato Grosso. A expansão da fronteira passa a ser um dos fatores centrais na realocação da população, tendo o Paraná, na década de 1950, recebido 1.350 mil migrantes, Goiás 542 mil e Mato Grosso 257 mil (SORJ, 1980).

40 Processo desenvolvido a partir da década de 50, e financiado por institutos de pesquisas norte-americanos que visava ao aumento da produtividade de cereais básicos, como a criação de variedades de plantas mais produtivas e adaptadas às condições climáticas e solos regionais e com resposta positiva à intensificação de insumos.

Ao final dos anos 50 a economia brasileira encontra novamente pontos de estrangulamento que vão levar a novas reflexões sobre a industrialização e a. participação da agricultura neste processo. O início da década de 1960 é um verdadeiro impasse. O País carece de uma industrialização de bens de capital. E sua agricultura, segundo o pensamento da época, está muito aquém de atender ao processo de crescimento que se almeja (VAZ,

1992).

Até a década de 50, os tratores utilizados na agricultura eram importados (Tabela 1), o que dificultava o acesso a esse meio de produção para a maioria dos produtores rurais.

TABELA 1

Importação de tratores efetuados pelo Brasil, no período de 1950-1959.

Ano Núm ero tle tratores im portados

1950 8.375 1951 10.967 1952 7.363 1953 2.154 1954 12.258 1955 5.345 1956 4.117 1957 6.810 1958 7.135 1959 4.597

Fonte: M ENDONÇA DE BARROS, J.R. e MANOEL, A, (1988) / SINFAVEA In. SHIKI, (1991:87). Nota: Inclui tratores n3o utilizados na agricultura.

No tocante ao uso de fertilizantes químicos, percebe-se que embora existisse a falta de preocupação do Estado com o crescimento da indústria produtora de tais insumos no País, na década de 50 estimulou-se a indústria misturadora através do estabelecimento do regime de controle quantitativo em vigor a partir de 1947, perdurando até 1953. Neste período as importações de insumos agrícolas foram sendo liberadas do sistema de licença. A partir de 1953, foram instituídos os leilões de câmbio. Com esses leilões buscava-se afetar positivamente os custos de importação, de modo a dificultá-la, principalmente a de bens para os quais existisse perspectiva de produção interna. Nesse sentido, o governo estabelece a política das importações preferenciais, e considera que todos os produtos destinados exclusivamente à agricultura pertencem à categoria preferencial (MELO, 1974).

'•/ O início dos anos 60 foi profundamente turbulento para a política e a economia do Brasil. Havia um surto inflacionário crescente, legado dos gastos extraordinários efetivados pelo governo de Juscelino Kubistchek e da nova dinâmica, estabelecida pela^entrada massiva de empresas estrangeiras no País, nos anos imediatamente anteriores.

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Cap. II -A Modernização da Agricultura Brasileira. 34

“O Brasil fo i objeto (da) expansão das multinacionais na segunda metade da década de 50, mais estritamente em função do seu mercado interno. As grandes empresas automobilísticas, de material elétrico, química, etc. estabeleceram então subsidiárias no Brasil, tendo em vista assegurar parte de seu mercado ” (SINGER41, 1968) citado por (AGUIAR, 1986:60).

A instabilidade política era tal que levara o presidente Jânio Quadros a renunciar, com seu substituto sofrendo forte oposição, principalmente dos militares e do Congresso. Coroando a situação, o País passava por uma das piores recessões econômicas de sua história.

No debate nacional, a principal causa apontada para a recessão econômica era o ponto de estrangulamento nas relações entre a indústria e a agricultura. Esta era tida como a responsável pelo problema, dentre outras causas também apontadas, porém menos relevantes./Havia uma unanimidade de que o papel da agricultura era fornecer matéria-

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prima para a indústria e alimento para a população a preços compatíveis com a necessidade de desenvolvimento.

Existia a discussão acerca das perspectivas do desenvolvimento do Brasil e também da sua inserção no mercado internacional. A fase em que se encontrava o parque industrial brasileiro necessitava de definições inadiáveis. O Dl, departamento responsável pela produção de bens de capital, precisava ser completamente implantado, ou o processo poderia sofrer problemas de solução dinâmica.

Conforme SANTOS (1999) relata, a viabilidade de se concretizar o Dl viria da associação com capitais externos, correndo-se o risco de dependência financeira dos capitais internacionais; ou de solução doméstica através da criação de mercado interno e da ação do Estado, permitindo a formação de poupança e infra-estrutura necessárias.

Na medida em que crescia a inserção da economia brasileira no sistema produtivo mundial, o Estado brasileiro transmutava-se de modo acelerado, capacitando-se, assim, a garantir a efetivação do processo de desenvolvimento capitalista. Dessa forma, o sentido e o ritmo da intervenção do Estado brasileiro foram fortemente condicionados pela necessidade de favorecer a emergência de melhores condições para a reprodução ampliada do capital internacionalizado (AGUIAR, 1986).

/) Após o Golpe militar de 1964, ampliavam-se no Brasil novas indústrias de máquinas agrícolas, fertilizantes e defensivos químicos. Esse ingresso de capital

41 SINGER, Paul. A agricultura e desenvolvimento econômico. Revista Brasileira de Estudos Políticos, 12, pp. 64-84. Out./1961.

/ /estrangeiro ocorreu num contexto em que as condições de acumulação eram excepcionalmente favoráveis, pois se buscou atrair o investimento multinacional no País e, para tanto, foram criados mecanismos econômicos e políticos que alteraram o relacionamento do capital internacional com a economia brasileira. A Lei de remessas de lucros foi reformulada, passando a conceder ao capital externo tratamento favorável para a sua atração. Implantou-se também uma política de crédito que favoreceu as subsidiárias multinacionais e uma política de incentivos às exportações de manufaturados, que veio, igualmente, beneficiar a essas subsidiárias.