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O solo da região Sudoeste de Goiás é constituído basicamente de latossolo vermelho escuro e tem traço marcante a baixa fertilidade inicial, devido ao alto teor de alumínio, que determina um índice de acidez (pH)

AS TRANSFORMAÇÕES NA ATIVIDADE AGRÍCOLA DA REGIÃO SUDOESTE DE GOIÁS

IV. 5 As Transformações Técnicas na Agricultura.

74 O solo da região Sudoeste de Goiás é constituído basicamente de latossolo vermelho escuro e tem traço marcante a baixa fertilidade inicial, devido ao alto teor de alumínio, que determina um índice de acidez (pH)

médio de 4,5 (AMORIM, 1999).

As Transformações na Atividade Agrícola da Região Sudoeste de Goiás

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dos 22.273 estabelecimentos recenseados, 2.044 estabelecimentos adotavam a prática de utilização de adubos químicos e 148 estabelecimentos usavam calcário como corretivo do solo. Quanto ao uso de defensivos vegetais, o censo de 1970 não apresenta esta informação. Assim, no censo de i975, o número de estabelecimentos que usam esta prática

é de 10.225. Já em 1995-96, dos 25.449 estabelecimentos, 12.763 usam adubos químicos enquanto 5.257 aplicam calcário à terra de produção e 9.018 utilizam defensivos agrícolas. Conforme a Tabela 23, estes valores representam um crescimento de 7,6% ao ano referente ao uso de adubo e 15,35 % ao ano referente ao uso de calcário e - 0,63% ao ano referente ao uso de defensivos.

A Tabela 23 apresenta a evolução do consumo de adubo e calcário e defensivos vegetais. É interessante notar que no período de 1970 a 1975 o crescimento do uso de adubos químicos foi de 35,07 % ao ano, passando para 8,07 % ao ano no período de 1975 a 1980. Já no período de 1980 a 1985 o crescimento foi de 4,64 % ao ano e no período de 1985 a 1995-96 houve uma queda de - 2,57% ao ano no consumo de adubo.

No tocante ao consumo de calcário o crescimento foi bastante expressivo nos dois primeiros períodos pesquisados. No período de 1970 a 1975 o crescimento foi de 32,70 %, no período de 1975 a 1980 o consumo de calcário continuou crescendo de forma expressiva, 31,78 % ao ano, continuando a crescer no período de 1980 a 1985 a taxa de 5,54 % ao ano e a 4,71% ao ano no período de 1985 a 1995-96. O consumo de defensivos apresenta no período de 1975 a 1980 um crescimento de 6,83% ao ano, 3,50 % no período de 1980 a 1985 e —5,29 % no período de 1985 a 1995-96. Esta queda no consumo de defensivos deve-se principalmente a inserção na Região do sistema de plantio direto.

TABELA 23

Número de estabelecimentos conforme o uso de fertilizantes e defensivos. 1970/1995-96

Alio Total de Estabelecimentos Adubo Calcário Defensivos Estabelecimentos T G % Estabelecimentos TG % Estabelecimentos TG%

1970 22.273 2.044 148 ♦

1975 22.817 9.190 35,07 609 32,70 10.225

1980 22.921 13.548 8,07 2.420 31,78 14.229 6,83

1985 26.372 16.993 4,64 3.159 5,54 16898 3,50

1995-96 25.449 12.763 -2,57 5.257 4,71 9.018 -5,29

Fonte: censos Agropecuários 1970,1975,1980,1985,1995-96. * O Censo agropecuário de 1970 não trás dados a cerca de defensivos.

Quanto à intensificação do uso de tratores e colheitadeiras, os mesmos também apresentam crescimento no período analisado (Gráficos 6 e 7).

GRÁFICO 6

Número de tratores existentes no Sudoeste de Goiás. 1970/1995-96.

Fonte: C e n s o s agropecuário 1 9 7 0 ,1 9 7 5 ,1 9 8 0 ,1 9 8 5 ,1 9 9 5 -9 6 .

A partir dos dados dos Censos agropecuários no período de 1970 a 1995-96 pode- se observar que em 1970 existiam, na região analisada, 2.927 tratores evoluindo em 1975 para 6.274 unidades e chegando em 1995-96 a 18.158 unidades. Um fato interessante é que, ao mesmo tempo em que há um acréscimo no total geral de tratores, dá-se um aumento substancial na potência utilizada.

“A adoção do plantio direto, ao lado da ampliação das áreas, desponta como principal responsável pela evolução e também pela redução da quantidade de máquinas nas lavouras. Determinou, por exemplo, que os tratores fossem mais fortes e versáteis, realizando da semeadura à tração de caretas” (SANTI, 2000: B-16).

Por outro lado, observa-se que a partir de 1980, apesar de haver um crescimento na quantidade de máquinas, o mesmo não segue as mesmas proporções ocorridas no período de 1970 a 1975. Neste período ocorreu um crescimento de 16, 47% ao ano; entre 1975 a 1980, o crescimento caiu para 10,59% ao ano, passando para 7,41 % ao ano no período entre 1980 a 1985 e apresentando entre 1985 a 1995-96 um crescimento de 1,85%

A s Transform ações na A tivid a d e A grícola d a R egião Sudoeste d e G o iá s 118

ao ano. Esta queda é explicada pelo fim do crédito rural farto, e, também, dos subsídios Após 1980 os valores dos empréstimos disponíveis para investimentos começam a cair apresentando uma ligeira elevação em 1986 e despencando a partir daí.75

A aquisição e uso de colheitadeiras, também apresenta um crescimento no período analisado, no Sudoeste de Goiás, conforme apresentado no Gráfico 7.

GRÁFICO 7

Número de colheitadeiras existente no Sudoeste de Goiás. 1970-1995-96

Fonte: Censos agropecuários 1 9 7 0 ,1 9 7 5 ,1 9 8 0 ,1 9 8 5 ,1 9 9 5 -9 6 .

Quanto à evolução do número de colheitadeiras existentes entre um período e outro, um fato interessante apresentado é que as colheitadeiras apresentam no período de 1970 a 1975 um crescimento de 13,59%, no período seguinte, 1975 a 1980 esta evolução cresce a taxa de 3,48 % ao ano, porém, entre 1980 a 1985 a taxa de crescimento anual cresce para 20,29% e volta novamente a cair no período de 1985 a 1995-96 apresentando uma taxa de - 2,47% ao ano. Isto pode ser explicado por três situações: primeiro é a queda dos recursos disponíveis para financiamento de maquinários agrícolas, segundo é o tempo de vida útil das colheitadeiras e terceiro o aumento da capacidade nominal que as

75 A Tabela 2 apresenta a evolução do crédito rural no Brasil.

colheitadeiras tiveram76. Como elas são usadas em curtos períodos no decorrer do ano, apenas na época de colheita, a necessidade de renovação é menor do que a dos tratores.

A intensificação da mecanização no Sudoeste de Goiás é ainda mais marcante quando se compara a quantidade de tratores por hectares. Na região em estudo esta proporção era em 1970 de 0,39 unidades de trator para cada 1.000 há, chegando em 1995- 96 a 2,36 unidades de trator para cada 1.000 ha. A Tabela 24 apresenta a evolução da quantidade de tratores e colheitadeiras por ha cultivados para a região em estudo.

TABELA 24

Quantidade de tratores e colheitadeiras por hectare na região sudoeste de Goiás. 1970/1995-96.

Ano Área em 1.000 ha Número «Ic tratores Tratores/

1.000 lia Número de colheitadeiras Colheitadeiras/ 1.000 lia 1970 7.591 2.927 0,39 799 0,11 1975 8.019 6.274 0,78 1.511 0,19 1980 8.057 10.377 1,29 1.790 0,22 1985 8.328 14.838 1,78 4.508 0,54 1995-96 7.688 18.158 2,36 3.425 0,45

Fonte: Censo agropecuário 1970,1975, 1980,1985, 1995-96.

O uso de força animal e mecânica é outro item que apresenta significativas mudanças. Em um primeiro momento, entre 1970 e 1985 observa-se a maciça substituição da tração animal pela tração mecânica, ocasionada pelo crescente incentivo à mecanização. No segundo momento, entre 1985 a 1995-96 o uso de força mecânica apresenta uma queda, esta ligada à técnica de plantio direto que começa a ser disseminada na região Sudoeste de Goiás77. O Gráfico 8 apresenta estes dados de forma conjunta.

76 Na década de 60, as colheitadeiras colhiam 200 sacas por dia, alcançando o dobro na década seguinte. Nos anos 80, a capacidade de colheita diária passou para 650 sacas dia. Após alcançar a capacidade de 1.500 sacas na década de 90, os fabricantes conseguiram elevar ainda mais os rendimentos. Hoje, a capacidade nominal chega em média a 1.500 sacas por dia. (SANTI ,2000).

77 O sistema de plantio direto é um sistema no qual se cultiva sobre resíduos vegetais (palhada), sem o