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3 O PROCESSO DE CONSOLIDAÇÃO DA AGENDA POLÍTICA DA

4.5.1 Os atores sociais e as conferências nacionais

Os quadros abaixo pretendem fazer uma análise com relação à participação de representantes do Estado e da Sociedade civil, ao longo das três Conferências Nacionais de SAN.

Quadro 3: Lista de representantes do Estado nas Conferências Nacionais de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) - Brasil, 1994, 2004 e 2007

I CNSA 1994 II CNSAN 2004 III CNSAN 2007

1 - CONSEA – Nove Ministros * 1 - Banco do Brasil 2 - Banco do Nordeste 3 - Caixa Econômica Federal 4 - Casa Civil-PR 5 - CONSEA 6 - Eletrobrás 7 - MDS 8 - MS 9 - Petrobrás 1 - Assessoria Especial da Presidência da República 2 - Banco do Nordeste 3 - BNDS Banco Nacional de Desenvolvimento Social 4 - Caixa Econômica Federal 5 - Chesf- Eletrobrás

6 - CNAS- Conselho Nacional de Assistência Social

7 - CONSEA

8 - EMATER- Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural 9 - MDA- Ministério do Desenvolvimento Agrário 10 - MAPA- Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento- CONAB 11 - MDS- Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

12 - MMA- Ministério do Meio Ambiente

13 - MS- Ministério da Saúde 14 - MEC -Ministério da Educação e Cultura

15 - Petrobrás

Fonte: Relatórios das I Conferência Nacional de SA e II e III Conferência Nacional de SAN (1994, 2004, 2007).

* Não especificado.

Analisando os relatórios finais, identifica-se que a participação de representantes do Estado permaneceu estável nas duas primeiras Conferências e

teve um pequeno aumento na terceira, no entanto a atuação dos Ministérios não seguiu a mesma lógica, sendo maior na ICNSAN e menor na II CNSAN. A participação de instituições ligadas ao sistema agropecuário é mais expressiva na II CNSAN onde se incluem também os setores da Educação e Assistência Social. Ainda no III CNSAN, o MDS é a instituição que mais contribuiu com secretarias e órgãos vinculados, Secretaria de Segurança Alimentar (SESAN), Ouvidoria, Secretaria de Articulação Institucional e Parcerias (SAIP), Assessoria Fome Zero e Secretaria Nacional de Renda de Cidadania (SENARC). O MS foi principalmente representado pela Coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição (CGPAN) e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) com propostas referentes à promoção da alimentação saudável e ações sobre rotulagem nutricional, respectivamente. E o MEC teve, no Fundo Nacional para o desenvolvimento da Educação (FNDE), seu maior representante.

Foi possível encontrar no documento “A Conferência Nacional de Segurança Alimentar“ produzido pelo CONSEA e Secretaria Executiva Nacional da Ação da Cidadania, instituições participantes que não foram incluídas no seu relatório final. São elas: Banco do Nordeste, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e a Assessoria para Assuntos Sociais da Presidência da República. O documento citado refere-se a uma compilação do relatório final da ICNSA, documento político, mais entrevistas e notícias que foram publicadas à época do evento.

Abaixo o quadro 4 mostra a relação de representantes da sociedade civil nas Conferências.

Quadro 4: Lista de representantes da Sociedade civil nas Conferências Nacionais de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) - Brasil, 1994, 2004 e 2007

I CNSA 1994 II CNSAN 2004 III CNSAN 2007

1 - CONSEA – 21 representantes 2 - Ação da Cidadania Contra a Fome, a Miséria e pela vida

3 - Movimento pela ética na política 1 - ABIA - Associação Brasileira da Indústria Alimentícia 2 - ASA - Articulação do semi - árido 3 - AEVB - Associação Evangélica Brasileira 4 - CGTB - Confederação Geral dos trabalhadores 5 - Confederação das Mulheres do Brasil 7 - COEP - Comitê de

1 - ABRANDH - Ação Brasileira pela Nutrição e Direitos Humanos

2 - Agentes da Pastoral de Negros do Brasil

3 - Articulação Nacional de Agroecologia

4 - ASA - Articulação do semi - árido 5 - Associação de Celíacos no Brasil 6 - COEP

7 - Comitê nacional de implementação do DHAA/ COMIDha

Entidades no Combate à Fome e pela Vida 8 - CONSEA

9 - CNM - Confederação Nacional dos Municípios 10 - FAO - Food and

Agriculture Organization 11 - FBSAN - Fórum Brasileiro de Segurança Alimentar e Nutricional 12 - Federação Democrática Internacional de mulheres 13 - Fórum Evangélico Nacional de Ação Social e Política 14 - FUBRA - Fundação Universitária de Brasília 15 - IBASE - Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas 16 - ONG Humanos direitos

17 - ONG Apoio Fome Zero 18 - SEBRAE - Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Telemar 19 - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

9 - Conselho Nacional de Assistência Social

10 - Faculdade Salesiana de Vitória 11 - FAO para a América Latina e Caribe 12 - FBSAN

13 - FETRAF - SUL Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar 14 - FURNAS - Centrais Elétricas S.A. 15 - MInA - Movimento dos indígenas não Aldeados do triângulo mineiro e Alto Paraíba

16 - Pastoral da Criança

17 - Rede de Educação cidadã Talher Nacional

18 - Brasil e Cone Sul

19 - Rede de intercâmbio de tecnologias alternativas/MG

SEBRAE

20 - SESC - Serviço Social do Comércio 21 - SESI - Serviço Social da Indústria 22 - UNIFEM - Fundo de

Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher

23 - Universidade Católica de Goiás

Fonte: Relatórios das I Conferência Nacional de SA e II e III Conferência Nacional de SAN (1994, 2004, 2007).

A análise comparativa em termos de participação da sociedade civil no processo demonstra um aumento progressivo do número de entidades civis atuantes nas Conferências, inclusive de organizações internacionais. Apesar da forte mobilização liderada pelo Movimento da Ação da Cidadania na I CNSA, observa-se a ausência ou pouca expressão de representação do Movimento nos II e III relatórios finais, ao contrário do CONSEA que continuou sendo o principal articulador em todas as Conferências. Entretanto a Ação da Cidadania deixou como legado a Rede de SAN do FBSAN que teve destaque primordial nas duas CNSANs seguintes, e tem se constituído como um interlocutor entre a sociedade civil e a parte referente ao governo dentro do CONSEA.

Na II CNSAN é significativa a participação de entidades ligadas ao setor de alimentos, direitos humanos, combate à fome, segmento das mulheres e religiosos. É interessante que as entidades ligadas ao setor de alimentos são de diferentes

setores: produção agroalimentar (ASA), industrial (ABIA) e associações de classe, por exemplo, os Celíacos, evidenciando a importância e a transversalidade que a área de alimentação e nutrição tem dentro da Segurança Alimentar e Nutricional. A III CNSAN segue a mesma linha, porém, em consonância com as entidades representantes do Estado, o setor ligado à agricultura teve relevância. A representação indígena ganhou destaque, refletida nas propostas de valorização da cultura, elaboração de censo da população indígena e criação de ações sociais e políticas públicas para esse segmento no âmbito do CONSEA. O reconhecimento da diversidade étnico-racial da sociedade brasileira foi um dos diferenciais do evento no campo de direitos de cidadania. Cabe destacar ainda a questão do gênero, representado pela Confederação das Mulheres do Brasil e Federação Democrática Internacional de mulheres na II CNSAN e pelo Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM), na III CNSAN que se expressa não somente numa representação numérica expressiva das mulheres, mas também na incorporação das suas questões nas aprovações do relatório final.

A contribuição relativa à temática do Direito Humano à Alimentação Adequada – DHAA veio principalmente através de entidades como FAO, Ação Brasileira pela Nutrição e Direitos Humanos – ABRANDH, Comitê Nacional de Implementação do Direito Humano à Alimentação Adequada – COMIDHA. As articulações dessas entidades constituem as redes sociais em torno de um debate que configura novas possibilidades de enfrentamento dos problemas através de inclusão e proteção social levando em conta a diversidade da sociedade civil brasileira.

Acredita-se que esse relato comentado, apesar de correr o risco de ser monótono, é fundamental para servir de registro histórico desse processo tão pouco valorizado em termos de antecedentes da SAN no Brasil.

Os aspectos aqui levantados podem contribuir, inclusive, para análises mais aprofundadas em termos de significado e papel político dos eventos de participação social hoje arraigados ao sistema político brasileiro na área da saúde, educação e assistência social e alimentação escolar.

As Conferências são espaços soberanos de legitimação da Política Nacional de SAN. Apesar de os espaços dos CONSEAS estaduais e municipais serem decisivos para o processo de implantação da Política, somente nas Conferências é

possível identificar a legitimidade das ações propostas, bem como o nível de aprovação e engajamento da rede de apoio à PNSAN.

5 A PROBLEMÁTICA DA SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL (SAN):