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2. PERSPECTIVA INTEGRADORA DO TERRITÓRIO

2.1 TURISTIFICAÇÃO DOS TERRITÓRIOS

2.1.3 Os Campos Gerais do Paraná

A região dos Campos Gerais, foco de investigação da presente tese, está localizada na Região Geográfica Centro Oriental Paranaense possuindo uma superfície de 21. 812,024 km² e uma população estimada de 733.941 habitantes9. Apresenta uma densidade demográfica de 33,65 hab/km². Os municípios que fazem parte são: Arapoti Carambeí, Castro, Imbaú, Jaguariaíva, Ortigueira, Palmeira, Piraí do Sul, Ponta Grossa, Reserva, Sengés, Telêmaco Borba, Tibagi e Ventania. (IPARDES, 2015).

De acordo com o Dicionário Histórico e Geográfico dos Campos Gerais (2014) organizado pelo Departamento de História da UEPG, a expressão Campos

Gerais do Paraná foi consagrada por Maack (1948), que a definiu como uma zona

fitogeográfica natural, com campos limpos e matas galerias ou capões isolados de floresta ombrófila mista, onde aparece o pinheiro araucária. (MAACK, 1948, apud DICIONÁRIO..., 2014)

A região está situada sobre o Segundo Planalto Paranaense, no reverso da Escarpa Devoniana, a qual o separa do Primeiro Planalto. A definição proposta por Maack (1948) trata-se de uma definição que integra critérios fitogeográficos e geomorfológicos que, por sua vez, revelam a estrutura geológica e a natureza das rochas responsáveis pelos solos rasos e arenosos e pouco férteis que favorecem a vegetação de campos e o aparecimento do limite natural representado pela Escarpa Devoniana. A Escarpa é um degrau topográfico que em vários locais ultrapassa 300

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m de desnível. (MAACK, 1948, apud DICIONÁRIO..., 2014)

A região é possuidora de paisagens únicas com formações de campos limpos, mata de araucária, escarpamentos, rios e cachoeiras, canyons e furnas. A singularidade dessa paisagem está registrada nos primeiros relatos de viajantes e naturalistas que passaram pela região. (MELO et al. 2007)

Além da definição dos Campos Gerais baseada na geografia física, existem outras definições que levam em consideração interesses e objetivos específicos, como no campo da História. A partir de 1721 teve início a formação histórico- territorial dos Campos Gerais com as sesmarias e a partir delas, foram surgindo fazendas pecuárias e de povoamento. (LOPES, 1999).

Os Campos Gerais foi o local de passagem das tropas que vinham do Rio Grande do Sul sentido Sorocaba-PR para realizar o comércio de muares. A região recebeu características culturais dos tropeiros devido ao tempo de permanência das tropas nos campos férteis que serviam para a invernagem do gado, entre o século XVIII até o final do século XIX. A atividade tropeira ajudou a formar a maioria das cidades da região. (LOPES, 1999).

Além dos tropeiros, a região recebeu também grande número de imigrantes europeus no final do século XIX, como os alemães, os russos-alemães, os poloneses, os ucranianos, os sírios e libaneses e os italianos. Esses povos foram atraídos pelas possibilidades de concessão de terras oferecidas pelo governo brasileiro com objetivo de povoamento. Os imigrantes adaptaram-se bem devido a temperatura ser mais amena que em outras regiões brasileiras. Além do clima, foram atraídos pelos elementos que compõem a paisagem como relevo e recursos hídricos que lembram algumas regiões da Europa. (LAVALLE, 1996).

A diversidade étnica da região deu origem a vários atrativos históricos com edificações e manifestações culturais, como exemplos a Casa da Cultura Emília Erichsen e a Fazenda Capão Alto em Castro, a Espação Saudade em Ponta Grossa, o Palacete Francisco Matarazzo, em Jaguariaíva, entre outros.

Existe uma razão que possivelmente atrai também outro público, ligado ao agronegócio. Isso pode estar relacionado ao fato de a região ser pioneira na utilização do sistema de produção agrícola conhecido como „plantio direto‟. Esse sistema possui na cobertura da palha a forma de preservação do solo, o que faz a região ser destaque no Brasil. Essa técnica foi importada dos Estados Unidos e da Inglaterra no início dos anos 70. (BORGES, 2003).

A região é destaque em vários segmentos dos agronegócios, em especial na produção de grãos como soja, milho e trigo, além de possuir a maior e melhor bacia leiteira do Brasil, tendo um PIB de R$ 18 milhões. (CAMPOS GERAIS..., 2016)

Sobre a atividade turística, a região é possuidora de paisagens singulares somada a vegetação nativa e a fauna silvestre, tendo três dos sete parques estaduais, são eles: Parque Estadual de Vila Velha, Parque Estadual do Guartelá e Parque Estadual do Cerrado.

Dentre os três parques existentes nos Campos Gerais, o Parque Estadual de Vila Velha é o mais visitado e foi criado através da Lei Estadual n.º 9.192/53, de 12 de outubro, sendo tombado como Patrimônio Histórico e Artístico do Estado em 1966. O objetivo da criação do Parque foi o de preservação dos 18 km2 de formações rochosas. A responsabilidade administrativa é do Instituto Ambiental do Paraná - IAP. O Parque abrange três áreas distintas: Arenitos, Furnas e Lagoa Dourada. O número médio de visitante é de 60 mil. (ATRATIVOS..., 2015).

Apesar do número significativo de visitantes nos Parques Estaduais, pesquisas sobre a atividade de turismo rural mostram que esses parques não estão integrados com os empreendimentos de turismo no meio rural da região, ou seja, não são aproveitados como produto para a possibilidade do desenvolvimento do turismo rural regional. (KLOSTER, 2013).

Segundo o gráfico1, elaborado pela SETU/PR em 2010, o turismo nos Campos Gerais está representado da seguinte forma: o Turismo Cultural conta com 32,8% dos visitantes e o Ecoturismo conta 17,9, sendo esses os principais na região, seguidos do Turismo de Aventura e do Turismo religioso, com representação superior aos 10%. Já o Turismo Rural aparece com 7,5% dos atrativos. (PARANÁ..., 2014).

De acordo com a SETU/PR, a média de permanência dos visitantes nos Campos Gerais é de dois dias, seguindo a média das principais cidades do Paraná. Tendo como ferramenta o Relatório Estatístico Semestral do Perfil de Visitante do Parque Estadual de Vila Velha, referente ao primeiro semestre de 2016, pode-se realizar um estudo do perfil do público que visita os Campos Gerais. O relatório informa que 29% dos visitantes têm entre 26 e 40 anos, seguido de 23% com 41 a 60 anos. O mês de maior fluxo de visitantes é em janeiro e em feriados prolongados como Carnaval, Páscoa, Tiradentes e Corpus Christi. (RELATÓRIO..., 2016)

Gráfico 1: Atrativos por Segmento na Região Turística Campos Gerais

FONTE PARANÁ: Estudos Estatísticos 20 anos de Turismo. Curitiba: Paraná Turismo/SEBRAE, 2014.

Do total de visitantes, 98% do total são brasileiros e apenas 2% são estrangeiros. Com relação a origem, 24% dos visitantes estrangeiros são alemães. Do número total de visitantes brasileiros, 72% são paranaenses. São Paulo registra o maior número de visitantes, sendo responsável por 41% do total de visitantes de outros estados. (RELATÓRIO..., 2016)

Desde a implantação do programa de regionalização do turismo no Paraná, houve, por parte da SETU/PR, mobilização nos municípios para formar organizações regionais representativas com a participação do poder público, da iniciativa privada e da sociedade civil da região a fim de estabelecer planos para o desenvolvimento por meio de um sistema de informações de oferta e demanda (VERA et. al., 1997) regional, definição e implantação de ações de promoção e apoio a comercialização, juntamente com o monitoramento e avaliação das ações.

Dessa forma, surgiram as Instâncias de Governança Regional – IGR, os Planos Regionais, nomes e marcas promocionais, hierarquização e troca de informações entre atores regionais. (PARANÁ..., 2014)

No ano de 2012, a SETU/PR promoveu em cada uma das regiões turísticas a avaliação das ações para o desenvolvimento do turismo regional. A região dos Campos Gerais alcançou a primeira colocação, como mostra a tabela 2.

O objetivo foi identificar seus respectivos destinos indutores a partir do nível de desenvolvimento do turismo dos municípios, analisando aspectos de: gestão,

sustentabilidade, oferta e demanda turística, infraestrutura de apoio e marketing, foram hierarquizados 244 municípios, resultando também num ranking das regiões.

Tabela 2: Hierarquização das Regiões Turísticas e Nível de Desenvolvimento dos Municípios 2012

FONTE: Paraná: Estudos Estatísticos 20 anos de Turismo ( 2014).

Por meio da descrição do panorama do turismo no Brasil e as suas políticas públicas, percebe-se que essas políticas de certa forma, estimularam a criação dos territórios de regionalização turística, como a dos Campos Gerais.

Apresenta-se, a partir de agora, a formação dos territórios turísticos na Espanha e suas políticas públicas para o desenvolvimento do turismo nas Comunidades Autônomas.