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5. GOVERNANÇAS REGIONAIS E O TURISMO RURAL

5.1 ADETUR E O TURISMO RURAL

5.1.2 Perfil do Turismo Rural nos Campos Gerais

As propriedades são: Fazenda Santa Teresinha, Fazenda das Almas, Fazenda

Cercado Grande, Fazenda Chapada do Santo Antônio e Fazenda Casa de Pedra. São fazendas históricas, que originaram o município e estão a cerca de 300 anos passando de geração a geração.

Segundo o proprietário rural entrevistado, atualmente, estão sendo realizadas reuniões periódicas e o grupo conta com a parceria do Serviço de Aprendizagem Rural – SENAR e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE com cursos para a inclusão social dos moradores no bairro, envolvendo atividades como o artesanato e a gastronomia. Os cursos ofertados até agora são artesanato com lã, derivado de leite, artesanato na palha e bambu. Recentemente participaram de um dos cursos de turismo rural ofertados pelo SENAR e está agendado mais 03 cursos para o futuro, mobilizando cerca de 200 moradores na região e 30 deles participam efetivamente dos encontros. Estão seguindo as orientações e etapas sugeridas pelo SENAR.

O projeto „Caminho das Águas‟ busca a inclusão social e o desenvolvimento local. O objetivo do grupo é a criação de uma associação de turismo rural local e estão se encaminhando para consolidar seu objetivo. O problema apontado pelo grupo são as estradas rurais e a sinalização das localidades. Por enquanto, apenas uma propriedade está recebendo turistas.

Após as entrevistas com os agentes públicos, foi realizada investigações junto aos proprietários rurais e os visitantes para descrever o perfil do turismo rural nos Campos Gerais como será visto a seguir.

5.1.2 Perfil do Turismo Rural nos Campos Gerais

Foram realizadas investigações in loco junto aos empreendedores rurais e os turistas que visitam a região. Os municípios que participaram da pesquisa foram Sengés, Piraí do Sul, Jaguariaíva, Palmeira e Tibagi, totalizando 15 propriedades rurais visitadas.

São vários os serviços oferecidos pelos empreendimentos de turismo rural nos Campos Gerais, conforme consta na figura 23. Destaca-se o café colonial, trilhas, restaurantes, pousadas pesque-pague, passeios a cavalo, venda de produtos coloniais, passeios em rios e cachoeiras, atrativos culturais, turismo de aventura e artesanato.

Constatou-se que os empreendimentos de Turismo Rural iniciaram suas atividades no início da década de 2000, período de início de ações mais intensas à atividade no Brasil. Como visto na seção 4.3, com a criação do Pronaf e as linhas de crédito para atividades não agrícolas no espaço rural, agentes públicos e privados passaram a incluir o turismo rural nos projetos regionais. Apesar disso, os empreendimentos de turismo rural pesquisados não utilizaram ou utilizam as linhas de crédito. Perguntado sobre o motivo da não utilização das linhas, a grande maioria afirmou não ter interesse em „endividamento‟ para uma atividade „tão instável‟ como o turismo.

Fonte: Elaborado pela autora conforme dados coletados em pesquisa de campo.

Verificou-se que a idade média dos empreendedores é de 53 anos. O tamanho em extensão das propriedades sofre grande variação, indo desde 01 alqueire até 123 alqueires. Nelas, foi possível encontrar o cultivo de hortaliças, áreas de reflorestamento, pecuária, cultivo de soja, trigo, fruticultura, milho e feijão.

A renda média é de R$ 3.000,00 a R$ 4.000,00, o que inclui outras fontes de renda além do turismo63. A mão de obra é tipicamente familiar, mas algumas propriedades estão gerando emprego para moradores locais. No gráfico 2, é possível visualizar o número de empreendimentos que contam com a participação de funcionários, além da familiar. O número médio de funcionários por propriedade é de 02.

Gráfico 2: Mão de obra no Turismo Rural

FONTE: Elaborado pela autora.

Sendo uma atividade tão instável, optou-se por fazer o levantamento da demanda (VERA et. al. 1997), ou seja, do perfil dos visitantes que utilizam os espaços rurais para o lazer. Como ferramenta, utilizou-se um questionário objetivo (Apêndice III).

O resultado mostra que em Sengés, 51% dos visitantes são do sexo feminino e em Palmeira esse número chega a 59.5%. Cerca de 70% desses visitantes são casados e possuem em média 02 filhos. A renda média dos visitantes é de R$ 2.000,00 a R$ 5.000,00 e tomaram conhecimento sobre os empreendimentos em turismo rural através de amigos. O tipo de visita é geralmente em espaços de lazer para passar o dia com almoço incluso.

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Aposentadoria, atividades agrícolas, renda complementar com outros membros da família que trabalham fora da propriedade.

As profissões são variadas, sendo arquiteto, contador, funcionário público, enfermeira, pesquisador, jornalista, administrador, técnico em edificações, técnico em segurança no trabalho, professor, empresário, marceneiro, assistente social, advogado, tratorista, cozinheira, aposentado, caminhoneiro, veterinário, auxiliar de produção.

Utilizam veículo próprio para chegar aos locais de visitação, (92% em Sengés e 55% em Palmeira) considera-se como motivo a falta de infraestrutura e redes de transporte para chegar aos locais turísticos no interior dos municípios.

A maior parte, cerca de 46%, dos visitantes de Sengés é do estado de São Paulo (interior e capital) e 86,6% dos visitantes de Palmeira são de Curitiba. Acredita-se que essa demanda se dá pela pouca distância entre esses municípios e os centros emissores.

São grupos que consideram como fator determinante para a escolha do local a ser visitado a qualidade do serviço, o contato com a natureza e o serviço diferenciado, o atendimento familiar, a hospitalidade e a gastronomia.

Sobre a impressão que tiveram acerca dos atrativos, a melhor avaliação, segundo os visitantes, são as cachoeiras, os passeios em trilhas, a comida típica e os produtos locais. Os problemas apontados pelos visitantes estão justamente nas trilhas que, para eles, devem ser mais bem sinalizadas.

A sinalização no acesso para as propriedades a partir da estrada é outro problema apontado pelos visitantes. Alguns visitantes sugeriram a colocação de espaços de recreação como playground e campos de futebol, piscina e passeios a cavalo para melhor entretenimento dos visitantes. A situação precária das estradas rurais foi o principal apontamento dos visitantes de Sengés.

Dentre os aspectos que chamam a atenção dos visitantes nos empreendimentos, destacam o atendimento familiar, a hospitalidade, a história e a gastronomia. Em ambos os municípios, percebeu-se que os visitantes buscam conhecer a cultura e buscam proximidade com a natureza.

Sobre os problemas no turismo regional, os visitantes sentiram a falta de organização comunitária para manter a cultura regional. Um dos participantes da pesquisa afirma em seu questionário que a população local não pode ficar a espera dos governos para a manutenção da cultura.

Outros problemas apontados foram: a falta de contato dos visitantes com as lidas rurais e com animais que vivem no meio rural. Ainda, segundo os visitantes, é

necessário mais informação a disposição dos visitantes sobre como chegar aos locais para visitação e informações sobre os locais visitados tanto em material informativo (folders) como pela internet, e que essas informações devem ser corretas. A falta de manutenção nas estradas rurais também é apontada como principal problema no interior dos municípios.