• Nenhum resultado encontrado

Os colegiados escolares da EMEIEF José do Prado Silveira

CAPÍTULO V CONSTRUÇÃO DA AUTONOMIA

5.1 CONTEXTUALIZANDO O APARELHO EDUCACIONAL NO MUNICÍPIO

5.1.3 Os colegiados escolares da EMEIEF José do Prado Silveira

A descentralização da gestão educacional, evidente nas políticas de gestão democrática, determina a construção da autonomia e os colegiados escolares assumem um importante papel, visto que sua representação é o órgão máximo decisório na gestão da escola e sua função, além de promover a desconcentração, tem como papel prioritário a formação do indivíduo consciente de seus direitos e deveres na sociedade.

[...] para se realizar a descentralização é necessário várias condições, porque ela, na verdade, “é um ponto de equilíbrio instável e frágil resultante de um compromisso dinâmico entre forças centrípetas que tendem ao reforço da unidade estatal e de forças centrífugas que estimulam o desenvolvimento da diversidade local [...]”. (BAGUENARD, 1980, p. 7 apud ROMÃO, 2002, p. 189).

Este exercício presente nas ações de políticas e gestão na educação no processo de descentralização da EMEIEF José do Prado Silveira, pode tanto estimular e promover um salto na democratização da gestão e na melhoria da qualidade do ensino como pode gerar impasses e comodismo do poder central. Os movimentos de luta em prol da gestão democrática pressupõem o enfrentamento em busca pela garantia da autonomia e promoção de implementações dos colegiados escolares, financiamentos advindos de instancias públicas e que os sujeitos sociais participantes das questões educacionais possam envolver-se nas ações de tomadas de decisões referentes ao planejamento e ao controle dos projetos a serem desenvolvidos na sua unidade escolar.

Art. 5º O Conselho de Escola será constituído de acordo com o número de alunos matriculados em cada unidade escolar com, no mínimo, 12 (doze) e, no máximo, 24 (vinte e quatro) integrantes, respeitadas as características da escola, obedecida a paridade e assegurada à proporcionalidade de 50% (cinquenta por cento) para representantes da população usuária, distribuídos entre os segmentos de pais e responsáveis, alunos e comunidade local, e 50% (cinquenta por cento) para o Poder Público, distribuído entre os membros do magistério, demais funcionários e direção da escola. (SANTO ANDRÉ, 2015a).

No que tange à normativa contida na Lei n.º 9.669/2015 de Santo André, que estabelece, no artigo 5º, parâmetros para a eleição de membros que compõem o conselho de escola, verifica-se que o quadro de componentes encontra-se completo, com uns membros

mais atuantes e outros nem tanto devido às rotinas diárias de cada um. (cf. anexo A).

E é nessa luta que o conselho de escola da EMEIEF José do Prado Silveira vem atuando em meio a desafios e possibilidades em busca da autonomia. Nesse exercício diário de descentralização existem, entretanto, conflitos nesse processo, pois o exercício de democracia exige uma sistematização de divisão de responsabilidades que está diretamente relacionada com as atribuições de cada sujeito e seu papel no coletivo organizacional.

Exponho aqui, por meio de fotos, ações que os colegiados escolares desenvolvem junto à unidade escolar e à comunidade.

Figura 11 – Ações políticas e de cidadania

Fonte: Emeief José do Prado Silveira.

Figura 12 – Ações de apoio às festas e datas comemorativas

Fonte: Emeief José do Prado Silveira.

Figura 13 – Ações de apoio pedagógico

Figura 14 – Ações de planejamento do projeto político-pedagógico

Fonte: Emeief José do Prado Silveira.

Figura 15 – Ações de organização dos espaços

Fonte: Emeief José do Prado Silveira.

Figura 16 – Ações de apoio a atividades pedagógicas externas

Fonte: Emeief José do Prado Silveira.

Figura 17 – Ações de promoção de oficinas artesanais

Figura 18 – Ações de manifestações artísticas

Fonte: Emeief José do Prado Silveira.

Figura 19 – Ações que promovem a sustentabilidade

Fonte: Emeief José do Prado Silveira.

Figura 20 – Ações de apoio a esporte e cultura

Fonte: Emeief José do Prado Silveira.

Figura 21 – Ações de intervenção no bairro

Em alguns depoimentos em momentos do círculo de cultura mostraram que existem tensões nesse processo democrático entre os diferentes segmentos da unidade de ensino nas situações do cotidiano. Nesta conversa busquei saber quais eram as dificuldades e desafios enfrentados pelos colegiados dessa unidade. A Elisangela (mãe), no círculo de cultura com o conselho escolar (2016), afirma:

Tivemos muitos problemas no começo de aceitação de professoras, não gostavam de nos ver circulando pela escola, ainda pode ter ainda mas é mais disfarçado; outro é os pais entenderem nossa importância lá dentro. Outra dificuldade é trazer mais pessoas pra participar e falta de interesse do poder público e falta interesse da comunidade.

A Flávia (mãe) ressaltou nesta conversa (2016) que “[…] Ainda os Professores não aceitaram completamente [...] a Comunidade e Pais não entenderam a importância do Conselho”. No círculo de cultura com o conselho escolar (2016), também foi ressaltado pela Tania (mãe) que “[...] o nosso maior problema é mesmo a aceitação principalmente por parte dos professores, pois são profissionais da área da educação e sabem bem a necessidade e a força do conselho na escola, pois sabem que estamos sempre de olho”.

Para Vasconcellos (2013, p. 62), o conselho de escola é uma das formas mais avançadas de participação efetiva na instituição, porém também traz situações do cotidiano que reafirma os depoimentos acima:

Para alguns diretores, e mesmo para certos professores, no entanto, o Conselho ainda representa “uma ameaça”, por limitar ou controlar seu poder. Em determinadas escolas, percebemos claramente que os pais são muito bem vindos enquanto é para organizar a festa junina, colaborar na formatura, ajudar a preparar a excursão ou coisas do gênero; quando se toca no pedagógico, nas questões do currículo, há uma forte reação, como se se tratasse de campo proibido, onde “só especialistas” poderiam circular e palpitar.

Para a diretora da unidade escolar Rejane, a atuação do conselho escolar é algo extremamente importante no que tange a essa participação no ambiente escolar. Isso acontece desde as decisões financeiras perpassando pela elaboração do projeto político-pedagógico, organização dos espaços, eventos e ações na comunidade. Em meio à observação de campo foi possível constatar que, mesmo com uma demanda administrativa exacerbada e situações burocráticas que impossibilitam algumas ações, é possível dispender tempo para acompanhar o cotidiano da escola.

Nos momentos que passei, como pesquisadora, junto aos colegiados, notei situações de reflexão sobre o pedagógico, encaminhamentos, solicitações, para cada segmento, que posteriormente foram expostos à comunidade escolar. Mas ainda existem muitos desafios, como completa Rejane:

O maior desafio tem sido em possibilitar que os representantes eleitos para o conselho sejam realmente representantes de todo o contexto escolar, organizando um ciclo crítico em que as reivindicações postas pela equipe escolar para o conselho voltam para a equipe ressignificadas mediante a representação do colegiado. Outro grande impasse tem sido em relação às famílias, de como agregar mais representantes e fazê-los compreender esse espaço de representação que ocupam.