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Os colegiados escolares da EMEIEF José do Prado Silveira: início do

CAPÍTULO V CONSTRUÇÃO DA AUTONOMIA

5.1 CONTEXTUALIZANDO O APARELHO EDUCACIONAL NO MUNICÍPIO

5.1.2 Os colegiados escolares da EMEIEF José do Prado Silveira: início do

O Conselho de Escola, como Colegiado Escolar, é indispensável para que a escola possa construir coletivamente seu projeto político -pedagógico e seja significativa para a vida da comunidade. (ANTUNES, 2002a, p. 14).

Para que a atuação dos conselhos escolares possa ampliar seu exercício de cidadania, faz-se necessário a busca do contexto histórico global, pois é nesse contexto em que se norteiam as ações, entendendo o passado e o presente e projetando o futuro, pois a realidade é variante, somos sujeitos históricos.

Antunes (2002a, p. 16) reafirma que

É necessário tentar transcender o nível micro, acompanhando os diversos ‘fios’ que vinculam às estruturas macrossociais, ampliando a dimensão da atuação do Conselho de Escola. Os grupos de formação do conselho de escola podem contribuir para ampliar a compreensão do nosso estar sendo no cotidiano escolar e revelando a importância de as ações locais de cada conselho não estarem isoladas das de outros conselhos da região e do município ou estado.

De acordo com o PPP da escola (SANTO ANDRÉ, 2015, p. 8-10), o início do bairro Sacadura data do século XVIII, quando surgiram, simultaneamente, os loteamentos de Príncipe de Gales, Sacadura Cabral de Palmares do Quilombo. Consta que uma estrada cortava a região dos loteamentos, conhecida por estrada da Boa Vista, que ligava os municípios de Santo André, São Caetano do Sul e São Bernardo do Campo. A estrada cortava o sítio Boa Vista, comprado pelo Mosteiro de São Bento, no começo do século XIX, anexada à fazenda de São Caetano do Sul que produzia tijolos e outros artefatos de cerâmica, em inúmeras olarias da região. Em 1935, a rua Catequese foi estendida, ligando o bairro ao Centro. O primeiro loteamento diretamente privilegiado foi o da Vila Príncipe de Gales, que recebe esse nome em homenagem ao príncipe Eduardo, filho do Rei da Inglaterra, que visitou o Brasil na década de 1920. No final da avenida Príncipe de Gales, que deu continuidade à rua Catequese, estava o sítio Tangará de propriedade de Charles Murray, que se tornou, na década de 1960, a Fundação Santo André. O bairro Sacadura Cabral que se integrou ao sítio Boa Vista, teve início na década de 1930, mas só alcançou maior desenvolvimento na década de 1950, com a industrialização da região do ABC. No bairro, através das residências, observa-se

um grande contraste social, dividido entre casas e sobrados bem acabados, com toda infraestrutura e casas mais simples com tijolos à vista, sem reboque. Estes últimos são antigos barracos que foram substituídos por casas de alvenaria, num projeto de reurbanização no bairro. O projeto de reurbanização do bairro, a reforma do prédio intitulado Professor José do Prado Silveira, a inauguração da creche e a construção de um posto são conquistas da comunidade. Alguns moradores ilustres lutaram por isso, como é o caso da senhora Angelina Nunes, cujo depoimento de vida, dado à escola em 2009, virou um livro.

Confeccionado pelos alunos do final do 2º ciclo, do ensino fundamental, sob orientação da professora Adriana Soares, o livro Memórias Costuradas esclarece bem como foi este processo de urbanização. Segue abaixo o relato de uma moradora que ajudou a melhorar a estrutura do bairro, extraído do referido livro confeccionado pela professora:

[...] Além de lutar pelo sustento e educação dos filhos, Angelina também lutou pelas melhorias locais e pela vida das pessoas da comunidade do bairro Sacadura Cabral. [...] Anos atrás este bairro e mediações (Rudge Ramos) eram cheios de mato e brejos, mesmo assim as pessoas começaram a construir seus barracos. O aspecto do bairro era rural. Onde é atualmente a Faculdade Fundação Santo André, era um sítio chamado Tangará, com árvores frutíferas (manga, laranja entre outras). No local hoje chamado Corintinha (próxima à gráfica do diário do Grande ABC) havia um córrego e uma vasta plantação de eucaliptos. Também não havia luz elétrica, a população usava lampião e não havia água encanada. Em cada casa se abria um poço e retirava água com corda e balde. Com o passar do tempo, mais famílias foram chegando ao bairro.

Graças a Angelina (moradora) e aos demais moradores, o bairro vem se urbanizando a cada dia. Os barracos estão sendo substituídos por casas e sobrados de alvenaria e hoje há uma infraestrutura, com luz elétrica, esgoto e água encanada. Aqui no bairro, foi construída a Escola Estadual José do Prado, a princípio sobre estacas de madeira e, depois com uma base de concreto, mais sólida. Esta escola atendia as crianças de sete a dez anos. Onde é hoje a EMEIEF Maria Delphina de Carvalho Neves, escola na qual os alunos, autores deste livro estudam, era um campo de futebol. Nesta época as crianças menores de sete anos estudavam fora do bairro, pois aqui no Sacadura Cabral não havia escola de Educação Infantil. Então, as famílias lutaram muito pela construção de uma unidade e acabaram utilizando o único espaço de diversão da garotada – o campinho de futebol [...].

Angelina ajudou a fundar o Centro Comunitário e chegou a ser presidente da Associação dos Moradores de bairro, pois foi uma pessoa que lutou muito pela urbanização do local [...]. Até hoje continua a lutar pela melhoria do bairro, como por exemplo, a continuação e finalização da urbanização, que é um processo demorado e delicado. Junto com os demais moradores visa à transformação do antigo prédio da Escola Estadual José do Prado, em um espaço de cidadania [...]: proporcionar às famílias locais: acesso a creche, ao lazer, ao atendimento médico, ao esporte e à cultura. Muitos dos sonhos da Angelina e da comunidade estão sendo concretizados. Falta agora lutar por maiores opção de lazer no bairro, atendendo crianças e jovens, como às senhoras moradoras do bairro que necessitam de atividades físicas e culturais.

5.1.3 Os colegiados escolares da EMEIEF José do Prado Silveira: composição do