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Os Desportos de Combate no contexto escolar 27

PARTE I – ENQUADRAMENTO

5. Os Desportos de Combate no contexto escolar 27

Com o desenvolvimento dos estudos relacionadas com o desporto e a educação física, surgiu a necessidade de compreender os desportos de combate como conhecimento, desmistificando os métodos de ensino, a fim de aproximar este conteúdo dos alunos dos clubes e academias, como também, de todos aqueles que eventualmente o queiram praticar. O ensino de uma atividade física e desportiva como os desportos de

combate, é uma tarefa complexa que, cada vez mais requer um conhecimento multi e inter disciplinar, que permitirá, de uma forma coerente e eficaz, transmitir às crianças e jovens os estímulos necessários para que elas possam aprender a gostar de praticar a modalidade.

O fenómeno de luta é motivado pelas diferentes distâncias, que determinam o tipo de ação a desenvolver, onde o âmago do “saber lutar” está no desenvolvimento dos aspetos percetivos (Terrisse, 1991, 1996, Terrisse et al., 1995). O “saber lutar”, expressão, também, utilizada e referenciada no trabalho de investigação de Avelar e Figueiredo (2009, p.46) realça

“a capacidade que permite ao desportista solucionar as diversas situações que se sucedem durante um combate, independentemente dos modelos técnicos de execução que caraterizam as diferentes modalidades e cujo reconhecimento institucional impõe determinadas restrições.”

Estes autores (idem, p.52), robustecem ainda esta linha de pensamento quando afirmam que “Em todas as disciplinas de combate encontramos uma mesma problemática (combate) utilizando diferentes ferramentas (técnicas), expressadas segundo diferentes circunstâncias (distância, deslocamentos, contato, referentes espaciais pé-solo)”.

Para Figueiredo (1998, p. I), “abordar os desportos de combate nas aulas de educação física, não requer grande especialização nas diversas modalidades”. Com esta afirmação, o autor pretende demonstrar que não será pertinente, uma diferenciação nas múltiplas modalidades, enaltecendo uma abordagem aos padrões motores gerais e ao aproveitamento dos elementos comuns destas disciplinas com vista ao seu desenvolvimento. Faz claramente um elogio à situação do jogo dual, desvalorizando qualquer e todo o pormenor técnico que inviabilize a abordagem destes desportos, pelos professores de educação física.

Por outro lado, Lima (1997), vai também de encontro a este princípio, quando refere que a abordagem dos desportos de combate nas aulas de educação física, deverão apontar, para uma formação eclética, em que os conteúdos e matérias devem estar

sujeitos às exigências do sucesso do processo de ensino-aprendizagem, devendo os desportos de combate ser equacionados de forma integrada, embora este autor, defenda uma abordagem um pouco mais tecnicista, como evidenciaremos mais à frente.

No ensino dos desportos de combate, segundo Ménard (2000), é importante desenvolver nos alunos, a capacidade de controlar as suas reações emocionais durante uma situação de exercício dual e codificada e, por outro lado, a capacidade de escolha, de tomar decisões e de assumir a sua responsabilidade.

Os desportos de combate podem estar relacionados a diferentes áreas de estudo e atuação como a filosofia, religião, a história, a fisiologia, a pedagogia. Porém, neste momento, torna-se urgente analisar os métodos utilizados para o ensino dos desportos de combate no que respeita a sua iniciação, que antecede a prática especializada dos movimentos e que contribui para o desenvolvimento global dos alunos (Paes, 2002).

Seguem-se algumas propostas, defendidas por diferentes autores especialistas nesta área dos desportos de combate, acerca de como poderá ser feita a abordagem deste tipo de modalidades no meio escolar, tanto nas aulas de educação física, como em núcleos criados (como o desporto escolar), com o propósito de desenvolver estas modalidades na escola.

Segundo Figueiredo (1998), o jogo de combate, tem sempre presente, a componente lúdica. Esta componente integra o próprio indivíduo, numa dinâmica afetiva, intelectual e volitiva e, circunstancialmente, envolve um oponente, o adversário, e todo o espaço limitado por determinadas dimensões e conteúdos como as regras.

A partir daqui, desenvolve-se toda a estrutura do jogo de combate. O autor propõe situações lúdicas, para uma abordagem inicial à solicitação de estruturas onde temos mais dificuldade em chegar com outro tipo de jogos (mesmo que duais), situações essas que o próprio autor denomina como jogos de combate. A estratégia de apresentação e progressão dependerá do escalão etário, da ausência ou presença de co ensino e, fundamentalmente, dos objetivos fundamentais da aula.

As regras podem permitir tocar no adversário, imobilizá-lo ou, num nível mais complexo, projetá-lo para o chão, fazer-lhe uma chave a uma articulação ou ainda fazer um estrangulamento.

Inerente às técnicas de resolução destas situações por um lado estão as adaptações estruturais do organismo aluno e por outro lado estão as variáveis a gerir pelo professor na tarefa (exercício) prescrita na aula.

Figura 2. Proposta para uma abordagem aos desportos de combate

Fonte: Adaptado de Figueiredo (1997). Revista Horizonte, Vol. XIV.

Jogos de Toque

Numa abordagem inicial aos desportos de combate inermes de percussão, com um jovem praticante ou uma criança, devemos desde logo, salientar bem que “tocar”, não é bater. Para Figueiredo (1998, p.VI), quando combatem, são adversários, e a vitória, agonisticamente, pode simbolizar a “morte” do adversário, representando, pois, esse papel, e a competição só existe enquanto o fazem; por outro lado, estão conscientes que representam um papel e de que não são o papel representado, não são adversários reais.

A regra que introdutoriamente é considerada pelo autor, como a mais importante no jogo de combate, é a regra do controlo dos impactos transmitidos ao "adversário" que é, na verdade, o companheiro de jogo. O jogo baseia-se na aproximação ou no toque com as superfícies de impacto virtual, que regulamentarmente são os pés e as mãos para o karaté e outras modalidades similares, cujo objetivo é o impacto.

Estes jogos “solicitam, em primeiro lugar, a leitura das zonas abertas, no corpo do adversário, para lá tocar e, simultaneamente, a coordenação dos movimentos para um toque preciso e eficaz”. Segundo o mesmo autor, nestes jogos, “além da solicitação de qualidades como a velocidade segmentar, a precisão, a velocidade de reação, etc., permitem solicitar a estrutura mental ao nível da atenção e concentração e, muito importante para nós, permitem a introdução simplificada do raciocínio tático- estratégico”.

Figueiredo (1998) entende que a precisão do toque é a primeira função que tem que ser objetivada (direção e sentido do impacto virtual), definindo a compreensão das técnicas de aproximação e percussão. Relativamente à guarda, o autor define-a como uma atitude preparadora do ataque e da defesa, rendibilizadora, assim, de movimentos de aproximação e afastamento do adversário de luta, surge como aspeto importantíssimo para o apoio de todo o jogo. A guarda não se restringe a uma posição das mãos, antebraços, braços, pés, pernas, coxas, tronco e cabeça, mas assume importância ao nível mental (atenção/concentração).

Para Rosa et al. (2005, p.49), estes “toques” poderão ainda ser, em zonas específicas que não o corpo do adversário, como a utilização de algum equipamento que estes usem com esse propósito (por exemplo, um lenço preso nalguma parte do corpo). A defesa será efetuada, em consequência, “tendo em atenção a direção do ataque (direto ou circular) e, essencialmente o nível (alto, médio ou baixo) ”. A esquiva é outra alternativa viável, assim como o contra-ataque enquanto consequência situacional.

Jogos da distância

Para Figueiredo (1998, p.V),“Os jogos de distância emergem como situações de apelo à gestão da distância e à escolha do momento de entrada já que o movimento humano caracteriza-se, pela sua bipedalidade, por ser um movimento sucessivo de desequilíbrios equilibradores.” Desta forma, quem executa, deverá ter em conta as componentes críticas para um melhor rendimento dos seus deslocamentos, assim deverá:

- Colocar-se de frente para o adversário, com um polígono de sustentação estável, onde os apoios deverão estar afastados à largura dos ombros ou cintura pélvica, direcionados para o sentido da movimentação, com a particularidade de procurar potenciar o pé de trás, através da sua colocação para a frente. Os deslocamentos deverão ser executados sem saltar, em forma de deslize com o centro de massa baixo.

- Enquanto atacante, a sua atenção/concentração irá progredindo das preocupações técnicas, com deslocamentos para a frente e para trás ou mesmo para todas as direções, para preocupações verdadeiramente táticas com variações da distância e a com procura permanente do momento correto para “entrar” no adversário;

- Enquanto defensor, ao tentar manter a distância de segurança que o atacante quebra permanentemente.

Jogos de Desequilíbrio

Estes jogos, são característicos dos desportos de combate de preensão, onde segundo Figueiredo (1998, p.VI), “As forças exercidas sobre o centro de gravidade do adversário através de vínculos diversos (do mão com mão à pega mais complexa) tendem a resultar em direções com uma componente horizontal que passe no plano vertical perpendicular ao plano vertical definido pelos dois apoios do adversário. Deste modo potenciaremos o deslocamento de um dos apoios do adversário para que recupere o equilíbrio.”

O fator desequilíbrio poderá levar, eventualmente, a uma queda, que poderá ser feita para trás, lado ou à frente e com ou sem enrolamento. É assim introduzido um dos estandartes fundamentais dos desportos de combate de preensão.

Poderemos diferenciar dois exemplares de projeções mais utilizadas:

Existem as projeções onde se perde o contacto com o solo, de ambos os apoios ou somente na perca de contacto com o chão de um apoio e após aplicada uma força desestabilizadora. Há autores que os classificam, ao primeiro, de projeções e derrubes à segunda situação. Para Rosa et al. (2005, p.55), “As projeções podem ser executadas segundo a utilização de “alavancas” ou “binómios de força”, enquanto os derrubes caracterizam-se pela sua direção: anterior ou posterior.”

Para as quedas, Figueiredo (1998), considera a utilização de colchões fundamental, para assim ser possível desenvolver, a partir dos jogos de desequilíbrio, projeções mais complexas, com níveis de segurança aceitáveis, que de outra forma seriam muito difíceis de abordar.

Jogos de Imobilização

Tal como os jogos de desequilíbrio, estes são orientados grandemente para os desportos de combate de preensão. Segundo Figueiredo (1998, p.VII) “os jogos de imobilização caracterizam-se pelo grande contacto corporal entre os intervenientes mas não permitem que surjam pancadas provocadas pela aceleração das extremidades segmentares como é o caso dos jogos de toque”. O autor refere ainda que “é de elogiar a sua introdução nos casos em que não conhecemos os comportamentos normais dos alunos em situações lúdicas de jogo dual.

As regras que inicialmente poderão ser restritivas serão um instrumento essencial para essa introdução. À medida que se vai evoluindo nos problemas axiológicos de respeito mútuo pela integridade física do parceiro de jogo, as situações podem complexificar-se.”

Ainda o mesmo autor alerta para o facto de, nestes jogos, “devemos procurar inicialmente que o chão seja seguro, sem necessidade exclusiva de colchões adequados”. Para Rosa et al. (2005, p.50), “estes jogos podem ser iniciados com a utilização de uma técnica codificada ou, meramente, buscando a imobilização do adversário. Neste sentido, é também possível iniciarem os dois combatentes com o mesmo objetivo ou, por outro lado, haver um imobilizado e um imobilizador.”

A incidência da energia sobre o parceiro, deverá ser efetuada primeiramente sobre a cintura escapular, no entanto, não nos devemos esquecer da cintura pélvica, como uma forma de complemento a não descurar. Figueiredo (1998) refere que o ajuste do corpo em relação ao parceiro é fundamental no sentido do impedimento da fuga da respetiva imobilização. A linha de gravidade do imobilizador não deve cair no tronco do parceiro imobilizado já que ele utilizará esse fator para a rotação de saída da imobilização; por outro lado, não deverão existir demasiadas folgas que proporcionem espaço de rotação debaixo do imobilizador.

Segundo Monteiro (2001), citado por Rosa et al. (2005, p.56) as técnicas de imobilização dependem das seguintes variáveis:

 O Controlo;  Os Apoios;

 A Utilização do peso do corpo;  A Pressão/Superfície de contacto.

O mesmo autor (idem), relativamente à oposição da imobilização refere que esta pode ser de:

 oposição direta à pressão exercida pela componente gravítica (método da ponte);  oposição indireta à pressão exercida pela componente gravítica (método do

momento rotativo);

 oposição combinada à pressão exercida pela componente gravítica (método da ponte com aplicação de um momento rotativo).

Jogos de Saudação

A saudação é um cerimonial que é usado na maioria das artes marciais, embora em alguns desportos de combate ela não se verifique. Louka (1990) referenciado por Figueiredo (1998), realça o facto de que existe uma sensibilidade generalizada para com as noções fundamentais de respeito, de rigor, de mestria e de coragem e, quanto a ele, o elemento ético é fundamental aos desportos de combate. Rosa et al. (2005) vai de encontro ao mesmo pensamento, quando atribui à saudação um significado que se prende com o clima de respeito, colaboração, entreajuda e progresso mútuo que é fundamental estar sempre presente numa sessão de desportos de combate. A saudação representa o cumprimento ao parceiro/adversário de treino, mas também, a garantia que existirá em todas as circunstâncias de treino um respeito mútuo pela integridade dos protagonistas.

Para Figueiredo (1998), a saudação inicial e final, na aula de artes marciais, têm um significado, tal como o tem a saudação ao parceiro de jogo, ao adversário, agregados pelo sentimento de respeito, só diferenciados no sujeito visado.

Esta saudação inicial e final da aula está dividida em três grandes momentos. Numa primeira fase, executa-se o cerimonial aos mestres antigos e mais velhos, numa alusão simbólica ao passado, é depois feita uma saudação intermédia, em que o professor realiza o ritual ao grupo, onde faz referência ao momento presente, por fim, uma terceira saudação entre os companheiros de aula, que faz menção ao futuro. Figueiredo (1998, p.VII), assegura que o seu significado, o seu valor, deve ser transmitido às crianças, porque a imagem que estas têm do adulto são, normalmente, “lisonjeadoras”.

No entanto, relativamente à educação física, o autor, sublinha a importância do sentido de respeito ser sempre vinculado pela saudação ao parceiro de jogo. Acrescenta ainda a importância de a aula ter os seus momentos marcantes de início e de fim, ou seja, os seus “rituais de saudação”. Assim, o professor marca o início das atividades que cortam com as anteriores (chamada: todos sentados no chão, etc.). No fim da aula também deve existir este momento.

Jogos de Eficiência

Esta é uma categoria de jogo referenciada por Rosa et al. (2005), citando Theebom e Knop (1999), que está focalizada grandemente para os desportos de combate, de percussão e preensão (Mistos), como por exemplo, o jiu jitsu e o aikido. Classificam os desportos de combate em três categorias: Tradicionalista, Desportivistas e de Eficiência, estando esta última mais vocacionada para a aplicação de técnicas de defesa pessoal. Deste modo, a eficiência faz referência ao modo mais objetivo de solucionar um problema de combate real, vinculado claramente aos atos habituais de violência física de McCarthy (2005).

Para Rosa et al. (2005, p.51),

“são jogos/exercícios de desenvolvimento e controlo técnico que privilegiam os princípios motores básicos de execução das técnicas de defesa a partir de bloqueios a percussões/toques (por parte do combatente em processo defensivo) e de preensão (por parte do mesmo combatente em processo ofensivo de contra-ataque).”

Na nossa perspetiva, poderá adotar-se uma complexificação gradual das tarefas, tendo sempre em atenção as fases de desenvolvimento que se situa a classe, tanto do ponto de vista etário como no aspeto da maturidade técnica.

As chaves e os estrangulamentos são parte integrante dos mecanismos motores básicos, para poder rapidamente finalizar com sucesso uma ação de ataque. Quando se controla uma articulação nos seus limites e se exerce uma força até ao limiar suportável da dor, estamos perante uma chave. Existem dois tipos de abordagem à execução de este gesto técnico: ou através da hiperextensão da articulação, muito usada no jiu jitsu, ou pelo contraio, através da hiperflexão da articulação, utilizada frequentemente no aikido.

No que respeita aos estrangulamentos, segundo Monteiro (2001), podem ser de três tipos:

 Estrangulamentos Sanguíneos: caracterizam-se por haver uma pressão repartida em volta do pescoço, provocando uma estenose sanguínea devido à forte compressão dos vasos sanguíneos, com particular realce para as veias jugulares;

 Estrangulamentos Respiratórios: caracterizam-se por haver uma compressão localizada nas vias respiratórias, com particular realce para a traqueia, provocando uma situação dolorosa que leva pode levar à desistência do combate;

 Estrangulamentos de Ação Combinada: provocam, concomitantemente, uma ação de compressão dos vasos sanguíneos e vias respiratórias do pescoço.

Figueiredo (1998) alerta para os perigos que podem ocorrer na abordagem incorreta destas técnicas e refere que por razões de segurança as abordagens a estas situações deverão surgir apenas após diagnóstico de nível maturacional e de relacionamento entre os alunos suficiente.

Por seu lado, Lima (1997), na sua proposta para a abordagem dos desportos de combate na escola defende que as sessões dos mesmos, independentemente da modalidade em causa, na 2ª e 3ª infâncias pressuponham jogos de contacto corporal, específicos à introdução da prática dos desportos de combate de preensão, eventualmente também inerentes à educação física infantil.

Para o autor (idem), as técnicas de queda deverão ser desenvolvidas logo no primeiro ciclo, para que adquiram a capacidade de saber cair, através de exercícios de critério individual ou até de ações exteriores, para assim ganharem segurança que poderá evitar ou suavizar muitos acidentes onde a perda de equilíbrio e o risco consequente sejam eminentes, quer em situações desportivas, quer na vida diária.

Lima (1997), propõe ainda em relação a metodologia de ensino, que no 1ºciclo do ensino básico, até ao 4º ano, sejam ensinadas as quedas roladas, características de modalidades como o Aikido, deixando as quedas placadas, usadas normalmente no Judo, para um nível mais adiantado, a partir do 5ºano.

No 2º ciclo do Ensino Básico, o mesmo autor (idem) aconselha que sejam desenvolvidos os desportos de combate de preensão, de forma adaptada aos recursos efetivos das escolas.

No 3º ciclo do Ensino Básico, o Judo e a Luta, desde que estejam salvaguardados os recursos materiais, tatami de judo e equipamentos específicos, que possibilitem a efetiva operacionalização dos conteúdos técnicos, devem ser abordados de forma mais específica e profunda.

A introdução nos currículos dos desportos de combate de percussão de forma obrigatória na variante desportiva de especialização, 9º, 10º e 11º anos, e a sua abordagem mais global por todos os alunos do 9º ao 12º ano, é defendida por Lima (1997). Relativamente ao jogo do pau português, o autor (idem), considera, pelo fato de ser um desporto de combate de origem nacional, com raízes técnicas perfeitamente imbuídas na nossa cultura popular e literária e dadas as potencialidades de desenvolvimento motor que possibilita, é da opinião que deve ser especialmente protegido e incrementado.

Poderemos reconhecer então, que estamos perante propostas distintas, Figueiredo, (1998) defende uma abordagem mais geral, eclética e inclusiva, através de um ensino lúdico, com denominação de jogos de combate. Por outro lado, Lima (1997) propõe uma abordagem mais técnica e específica, na medida em que defende o ensino das próprias modalidades. Podemos sempre questionar a operacionalização destes dois modelos, quer em termos de motivação, metodologia, recursos materiais, sendo que, a diferença para a plenitude do sucesso estará, com certeza, numa orientação conveniente por um professor devidamente qualificado e competente.

6. Um desporto completo

O início da prática desportiva é fundamental para o desenvolvimento e crescimento harmonioso das crianças. Muitos pais, sabendo da importância do exercício e dos benefícios do mesmo, procuram encontrar a modalidade certa para os seus filhos. É comum rotular, no senso comum, algumas modalidades como o desporto mais

completo, como a natação por exemplo, contudo e com toda a valia dessas modalidades, esta afirmação pode não corresponder concretamente à verdade. Não existe desporto 100% completo. A modalidade deve ser escolhida de acordo com os objetivos e necessidades de cada um. Gustavo Pires no seu livro Gestão do Desporto de (2003, p.46-47) faz referência a várias definições de desporto segundo variados autores, sendo algumas as seguintes:

Coubertin (1934): “(…)” o desporto é um culto voluntário e habitual de exercício muscular intenso suscitado pelo desejo de progressão e não hesitando em ir até ao risco”;

Dicionário Larousse: “(…)”pratica metodológica de exercícios físicos com a finalidade de aumentar a força, a destreza e a beleza do corpo”;

Hébert, (1935): “(…)”o desporto é “todo o género de exercícios ou de atividades físicas tendo por fim a realização de uma performance e cuja execução repousa essencialmente sobre um elemento definido: uma distância, um tempo, um obstáculo uma dificuldade material, um perigo, um animal, um adversário e por extensão, o próprio desportista”;

Gillet (1949): “(…)”resumidamente diz que o desporto é uma atividade física intensa, submetida a regras precisas e preparada por um treino físico e metódico”;

Huizinga (1951): “(…)”no seu, já célebre livro “Homo Ludens, Essai sur la