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Os Direitos Fundamentais na Constitui•‹o Federal de 1988:

Os direitos fundamentais est‹o previstos no T’tulo II, da Constitui•‹o Federal de 1988. O T’tulo II, conhecido como Òcat‡logo dos direitos fundamentaisÓ, vai do art. 5¼ atŽ o art. 17 e divide os direitos fundamentais em 5 (cinco) diferentes categorias:

a) Direitos e Deveres Individuais e Coletivos (art. 5¼) b) Direitos Sociais (art. 6¼ - art. 11)

c) Direitos de Nacionalidade (art. 12 Ð art. 13) d) Direitos Pol’ticos (art. 14 Ð art. 16)

e) Direitos relacionados ˆ exist•ncia, organiza•‹o e participa•‹o em partidos pol’ticos.

ƒ importante ter aten•‹o para n‹o cair em uma ÒpegadinhaÓ na hora da prova.

Os direitos individuais e coletivos, os direitos sociais, os direitos de nacionalidade, os direitos pol’ticos e os direitos relacionados ˆ exist•ncia, organiza•‹o e participa•‹o em partidos pol’ticos s‹o espŽcies do g•nero Òdireitos fundamentaisÓ.

O rol de direitos fundamentais previsto no T’tulo II n‹o Ž exaustivo. H‡

outros direitos, espalhados pelo texto constitucional, como o direito ao meio ambiente (art. 225) e o princ’pio da anterioridade tribut‡ria (art.150, III, ÒbÓ).

Nesse ponto, vale ressaltar que os direitos fundamentais relacionados no T’tulo II s‹o conhecidos pela doutrina como Òdireitos catalogadosÓ; por sua vez, os direitos fundamentais previstos na CF/88, mas fora do T’tulo II, s‹o conhecidos como Òdireitos n‹o-catalogadosÓ.

(MPU Ð 2015) Na CF, a classifica•‹o dos direitos e garantias fundamentais restringe-se a tr•s categorias: os direitos individuais e coletivos, os direitos de nacionalidade e os direitos pol’ticos.

Coment‡rios:

Pode-se falar, ainda, na exist•ncia de outros dois grupos de direitos: os direitos sociais e os direitos relacionados ˆ exist•ncia, organiza•‹o e participa•‹o em partidos pol’ticos.

Quest‹o errada.

Direitos e Deveres Individuais e Coletivos: Parte I

Iniciaremos o estudo do artigo da Constitui•‹o mais cobrado em provas de concursos: o art. 5¼. Vamos l‡?

Art. 5¼ Todos s‹o iguais perante a lei, sem distin•‹o de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pa’s a inviolabilidade do direito ˆ vida, ˆ liberdade, ˆ igualdade, ˆ seguran•a e ˆ propriedade, nos termos seguintes: (...)

O dispositivo constitucional enumera cinco direitos fundamentais Ð os direitos ˆ vida, ˆ liberdade, ˆ igualdade, ˆ seguran•a e ˆ propriedade. Desses direitos Ž que derivam todos os outros, relacionados nos diversos incisos do art. 5¼. A doutrina considera, inclusive, que os diversos incisos do art. 5¼ s‹o desdobramentos dos direitos previstos no caput desse artigo.

Apesar de o art. 5¼, caput, referir-se apenas a Òbrasileiros e estrangeiros residentes no pa’sÓ, h‡ consenso na doutrina de que os direitos fundamentais abrangem qualquer pessoa que se encontre em territ—rio nacional, mesmo que seja um estrangeiro residente no exterior. Um estrangeiro que estiver passando fŽrias no Brasil ser‡, portanto, titular de direitos fundamentais.

Nesse sentido, entende o STF que o sœdito estrangeiro, mesmo aquele sem domic’lio no Brasil, tem direito a todas as prerrogativas b‡sicas que lhe assegurem a preserva•‹o do status libertatis e a observ‰ncia, pelo Poder Pœblico, da cl‡usula constitucional do due process12. Ainda sobre o tema, chamamos sua aten•‹o para decis‹o do STF segundo a qual Òo direito de propriedade Ž garantido ao estrangeiro n‹o residenteÓ.13

Cabe destacar, ainda, que os direitos fundamentais n‹o t•m como titular apenas as pessoas f’sicas; as pessoas jur’dicas e atŽ mesmo o pr—prio Estado s‹o titulares de direitos fundamentais.

Por fim, cabe destacar que nem mesmo o direito ˆ vida Ž absoluto. A Constitui•‹o Federal de 1988 admite a pena de morte em caso de guerra declarada.

(MPE /RS Ð 2014) Ainda que o sistema jur’dico-constitucional p‡trio consagre o direito ˆ vida como direito fundamental, ele admite excepcionalmente a pena de morte.

Coment‡rios:

Nenhum direito fundamental Ž absoluto, inclusive o direito ˆ vida. Em caso de guerra declarada, admite-se a pena de morte. Quest‹o correta.

Uma vez decifrado o ÒcaputÓ do artigo 5¼ da Carta Magna, passaremos ˆ an‡lise dos seus incisos:

I - homens e mulheres s‹o iguais em direitos e obriga•›es, nos termos desta Constitui•‹o;

Esse inciso traduz o princ’pio da igualdade, que determina que se d•

tratamento igual aos que est‹o em condi•›es equivalentes e desigual aos que est‹o em condi•›es diversas, dentro de suas desigualdades. Obriga tanto o legislador quanto o aplicador da lei.

O legislador fica, portanto, obrigado a obedecer ˆ Òigualdade na leiÓ, n‹o podendo criar leis que discriminem pessoas que se encontram em situa•‹o equivalente, exceto quando houver razoabilidade para tal. Os intŽrpretes e aplicadores da lei, por sua vez, ficam limitados pela Òigualdade perante a leiÓ, n‹o podendo diferenciar, quando da aplica•‹o do Direito, aqueles a quem a lei concedeu tratamento igual. Com isso, resguarda-se a igualdade na lei: de nada adiantaria ao legislador estabelecer um direito a todos se fosse permitido       

12HC 94.016, Rel. Min. Celso de Mello, j. 16-9-2008, Segunda Turma, DJE de 27-2-2009.

13 RE 33.319/DF, Rel. Min. C‰ndido Motta, DJ> 07.01.1957.

que os ju’zes e demais autoridades tratassem as pessoas desigualmente, reconhecendo aquele direito a alguns e negando-os a outros.

Vejamos, abaixo, interessante trecho de julgado do STF a respeito do assunto:

14

O princ’pio da isonomia, que se reveste de auto-aplicabilidade, n‹o Ž Ð enquanto postulado fundamental de nossa ordem pol’tico-jur’dica Ð suscet’vel de regulamenta•‹o ou de complementa•‹o normativa.

Esse princ’pio Ð cuja observ‰ncia vincula, incondicionalmente, todas as manifesta•›es do Poder Pœblico Ð deve ser considerado, em sua prec’pua fun•‹o de obstar discrimina•›es e de extinguir privilŽgios (RDA 55/114), sob duplo aspecto: (a) o da igualdade na lei; e (b) o da igualdade perante a lei. A igualdade na lei Ð que opera numa fase de generalidade puramente abstrata Ð constitui exig•ncia destinada ao legislador que, no processo de sua forma•‹o, nela n‹o poder‡ incluir fatores de discrimina•‹o, respons‡veis pela ruptura da ordem ison™mica. A igualdade perante a lei, contudo, pressupondo lei j‡

elaborada, traduz imposi•‹o destinada aos demais poderes estatais, que, na aplica•‹o da norma legal, n‹o poder‹o subordin‡-la a critŽrios que ensejem tratamento seletivo ou discriminat—rio.

O princ’pio da igualdade, conforme j‡ comentamos, impede que pessoas que estejam na mesma situa•‹o sejam tratadas desigualmente; em outras palavras, poder‡ haver tratamento desigual (discriminat—rio) entre pessoas que est‹o em situa•›es diferentes. Nesse sentido, as a•›es afirmativas, como a reserva de vagas em universidades pœblicas para negros e ’ndios, s‹o consideradas constitucionais pelo STF.15 Da mesma forma, Ž compat’vel com o princ’pio da igualdade programa concessivo de bolsa de estudos em universidades privadas para alunos de renda familiar

      

14MI 58, Rel. p/ o ac. Min. Celso de Mello, j.14-12-1990, DJ de 19-4-1991.

15 RE 597285/RS. Min. Ricardo Lewandowski. Decis‹o: 09.05.2012

IGUALDADE

IGUALDADE NA LEI DESTINA‑SE AO 

LEGISLADOR

IGUALDADE PERANTE A LEI DESTINA‑SE AOS  APLICADORES DO 

DIREITO

de pequena monta, com quotas para negros, pardos, ind’genas e portadores de necessidades especiais. 16

Segundo o STF:

Òo legislador constituinte n‹o se restringira apenas a proclamar solenemente a igualdade de todos diante da lei. Ele teria buscado emprestar a m‡xima concre•‹o a esse importante postulado, para assegurar a igualdade material a todos os brasileiros e estrangeiros que viveriam no pa’s, consideradas as diferen•as existentes por motivos naturais, culturais, econ™micos, sociais ou atŽ mesmo acidentais. AlŽm disso, atentaria especialmente para a desequipara•‹o entre os distintos grupos sociais. Asseverou-se que, para efetivar a igualdade material, o Estado poderia lan•ar m‹o de pol’ticas de cunho universalista Ð a abranger nœmero indeterminado de indiv’duos Ð mediante a•›es de natureza estrutural; ou de a•›es afirmativas Ð a atingir grupos sociais determinados Ð por meio da atribui•‹o de certas vantagens, por tempo limitado, para permitir a suplanta•‹o de desigualdades ocasionadas por situa•›es hist—ricas particulares.Ò17

II - ninguŽm ser‡ obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa sen‹o em virtude de lei;

Esse inciso trata do princ’pio da legalidade, que se aplica de maneira diferenciada aos particulares e ao Poder Pœblico. Para os particulares, traz a garantia de que s— podem ser obrigados a agirem ou a se omitirem por lei.

Tudo Ž permitido a eles, portanto, na falta de norma legal proibitiva. J‡ para o Poder Pœblico, o princ’pio da legalidade consagra a ideia de que este s— pode fazer o que Ž permitido pela lei.

ƒ importante compreendermos a diferen•a entre o princ’pio da legalidade e o princ’pio da reserva legal.

O princ’pio da legalidade se apresenta quando a Carta Magna utiliza a palavra ÒleiÓ em um sentido mais amplo, abrangendo n‹o somente a lei em sentido estrito, mas todo e qualquer ato normativo estatal (incluindo atos infralegais) que obede•a ˆs formalidades que lhe s‹o pr—prias e contenha uma regra jur’dica. Por meio do princ’pio da legalidade, a Carta Magna determina a submiss‹o e o respeito ˆ ÒleiÓ, ou a atua•‹o dentro dos limites legais; no entanto, a refer•ncia que se faz Ž ˆ lei em sentido material.

J‡ o princ’pio da reserva legal Ž evidenciado quando a Constitui•‹o exige expressamente que determinada matŽria seja regulada por lei formal ou atos       

16 STF, Pleno, ADI 3330/DF, Rel. Min. Ayres Britto, j. 03.05.2012.

17 RE 597285/RS. Min. Ricardo Lewandowski. Decis‹o: 09.05.2012

com for•a de lei (como decretos aut™nomos, por exemplo). O voc‡bulo ÒleiÓ Ž, aqui, usado em um sentido mais restrito.

III - ninguŽm ser‡ submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

Esse inciso costuma ser cobrado em sua literalidade. Memorize-o!

IV - Ž livre a manifesta•‹o do pensamento, sendo vedado o anonimato;

Trata-se da liberdade de express‹o, que Ž verdadeiro fundamento do Estado democr‡tico de direito. Todos podem manifestar, oralmente ou por escrito, o que pensam, desde que isso n‹o seja feito anonimamente. A veda•‹o ao anonimato visa garantir a responsabiliza•‹o de quem utilizar tal liberdade para causar danos a terceiros.

Sabe-se, todavia, que nenhum direito fundamental Ž absoluto. TambŽm n‹o o Ž a liberdade de express‹o, que, segundo o STF, Òn‹o pode abrigar, em sua abrang•ncia, manifesta•›es de conteœdo imoral que implicam ilicitude penal. O preceito fundamental de liberdade de express‹o n‹o consagra o direito ˆ incita•‹o ao racismoÕ, dado que um direito individual n‹o pode constituir-se em salvaguarda de condutas il’citas, como sucede com os delitos contra a honra.Ó 18

Por fim, concluindo a an‡lise do inciso IV, Ž importante saber que, que tendo como fundamento a liberdade de express‹o, o STF considerou que a exig•ncia de diploma de jornalismo e de registro profissional no MinistŽrio do Trabalho n‹o s‹o condi•›es para o exerc’cio da profiss‹o de jornalista.

Nas palavras de Gilmar Mendes, relator do processo, Òo jornalismo e a liberdade de express‹o s‹o atividades que est‹o imbricadas por sua pr—pria natureza e n‹o podem ser pensados e tratados de forma separadaÓ.

V - Ž assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, alŽm da indeniza•‹o por dano material, moral ou ˆ imagem;

Essa norma traduz o direito de resposta ˆ manifesta•‹o do pensamento de outrem, que Ž aplic‡vel em rela•‹o a todas as ofensas, independentemente de elas configurarem ou n‹o infra•›es penais. Essa resposta dever‡ ser sempre proporcional, ou seja, veiculada no mesmo meio de comunica•‹o utilizado pelo agravo, com mesmo destaque, tamanho e dura•‹o. Salienta-se, ainda, que o direito de resposta se aplica tanto a pessoas f’sicas quanto a pessoas jur’dicas ofendidas pela express‹o indevida de opini›es.

      

18 HC 82.424. Rel. Min. Maur’cio Corr•a, DJ 19.03.2004.

Outro aspecto importante a se considerar sobre o inciso acima Ž que as indeniza•›es material, moral e ˆ imagem s‹o cumul‡veis19 (podem ser aplicadas conjuntamente), e, da mesma forma que o direito ˆ resposta, aplicam-se tanto a pessoas f’sicas (indiv’duos) quanto a pessoas jur’dicas (ÒempresasÓ) e s‹o proporcionais (quanto maior o dano, maior a indeniza•‹o).

O direito ˆ indeniza•‹o independe de o direito ˆ resposta ter sido, ou n‹o, exercido, bem como de o dano caracterizar, ou n‹o, infra•‹o penal.

VI - Ž inviol‡vel a liberdade de consci•ncia e de cren•a, sendo assegurado o livre exerc’cio dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a prote•‹o aos locais de culto e a suas liturgias;

VII - Ž assegurada, nos termos da lei, a presta•‹o de assist•ncia religiosa nas entidades civis e militares de interna•‹o coletiva;

Consagra-se, nesses incisos, a liberdade religiosa.

No que se refere ao inciso VII, observe que n‹o Ž o Poder Pœblico o respons‡vel pela presta•‹o religiosa, pois o Brasil Ž um Estado laico, portanto a administra•‹o pœblica est‡ impedida de exercer tal fun•‹o. Essa assist•ncia tem car‡ter privado e incumbe aos representantes habilitados de cada religi‹o.

A prote•‹o aos locais de culto Ž princ’pio do qual deriva a imunidade tribut‡ria prevista no art. 150, inciso VI, ÒbÓ, que veda aos entes federativos instituir impostos sobre templos de qualquer culto. Segundo o STF, essa imunidade alcan•a os cemitŽrios que consubstanciam extens›es de entidade de cunho religioso abrangidas pela garantia desse dispositivo constitucional, sendo vedada, portanto, a incid•ncia do IPTU sobre eles.20

      

19 Sœmula STJ n¼ 37: ÒS‹o cumul‡veis as indeniza•›es por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.

20 RE 578.562. Rel. Min. Eros Grau. DJe 12.09.2008

DIREITO DE  RESPOSTA

APLICAÇÃO A PESSOAS FÍSICAS E PESSOAS JURÍDICAS

PROPORCIONAL AO AGRAVO

PODE SER ACUMULADO COM INDENIZAÇÃO POR DANO  MATERIAL, MORAL OU À IMAGEM

(TJ / BAÐ 2015) ƒ assegurada, nos termos da lei, a presta•‹o de assist•ncia religiosa nas entidades civis e militares de interna•‹o coletiva.

Coment‡rios:

Essa quest‹o traz a literalidade do art. 5¼, VII, CF/88. Quest‹o correta.

VIII - ninguŽm ser‡ privado de direitos por motivo de cren•a religiosa ou de convic•‹o filos—fica ou pol’tica, salvo se as invocar para eximir-se de obriga•‹o legal a todos imposta e recusar-se a cumprir presta•‹o alternativa, fixada em lei;

O art. 5¼, inciso VIII, consagra a denominada Òescusa de consci•nciaÓ. Essa Ž uma garantia que estabelece que, em regra, ninguŽm ser‡ privado de direitos por n‹o cumprir obriga•‹o legal a todos imposta devido a suas cren•as religiosas ou convic•›es filos—ficas ou pol’ticas. Entretanto, havendo o descumprimento de obriga•‹o legal, o Estado poder‡ impor, ˆ pessoa que recorrer a esse direito, presta•‹o alternativa fixada em lei.

E o que acontecer‡ se essa pessoa recusar-se, tambŽm, a cumprir a presta•‹o alternativa? Nesse caso, poder‡ excepcionalmente sofrer restri•‹o de direitos. Veja que, para isso, s‹o necess‡rias, cumulativamente, duas condi•›es: recusar-se a cumprir obriga•‹o legal alegando escusa de consci•ncia e, ainda, a cumprir a presta•‹o alternativa fixada pela lei. Nesse caso, poder‡ haver a perda de direitos pol’ticos, na forma do art. 15, IV, da Constitui•‹o.

Um exemplo de obriga•‹o legal a todos imposta Ž o servi•o militar obrigat—rio.

Suponha que um indiv’duo, por convic•›es filos—ficas, se recuse a ingressar nas For•as Armadas. Se o fizer, ele n‹o ser‡ privado de seus direitos: a lei ir‡

fixar-lhe presta•‹o alternativa. Caso, alŽm de se recusar a ingressar no servi•o militar, ele, adicionalmente, se recuse a cumprir presta•‹o alternativa, a’ sim ele poder‡ ser privado de seus direitos.

O art. 5¼, inciso VIII, Ž uma norma constitucional de efic‡cia contida. Todos t•m o direito, afinal, de manifestar livremente sua cren•a religiosa e convic•›es filos—fica e pol’tica. Essa Ž uma garantia plenamente exercit‡vel, mas que poder‡ ser restringida pelo legislador.

Explico. Havendo uma obriga•‹o legal a todos imposta, a regra Ž que ela dever‡ ser cumprida. Entretanto, em raz‹o de imperativos da consci•ncia, Ž

poss’vel que alguŽm deixe de obedec•-la. Nesse caso, h‡ que se perguntar:

existe presta•‹o alternativa fixada em lei?

N‹o existindo lei que estabele•a presta•‹o alternativa, aquele que deixou de cumprir a obriga•‹o legal a todos imposta n‹o poder‡ ser privado de seus direitos. Fica claro que o direito ˆ escusa de consci•ncia ser‡ garantido em sua plenitude.

A partir do momento em que o legislador edita norma fixando presta•‹o alternativa, ele est‡ restringindo o direito ˆ escusa de consci•ncia. Aquele que, alŽm de descumprir a obriga•‹o legal a todos imposta, se recusar a cumprir a presta•‹o alternativa, ser‡ privado de seus direitos.

(TRE/GO Ð 2015) NinguŽm ser‡ privado de direitos por motivo de convic•‹o pol’tica, salvo se as invocar para eximir-se de obriga•‹o legal a todos imposta e recusar-eximir-se a cumprir presta•‹o alternativa, fixada em lei. Essa norma constitucional, que trata da escusa de consci•ncia, tem efic‡cia contida, podendo o legislador ordin‡rio restringir tal garantia.

Coment‡rios:

Conforme explicamos acima, a norma constitucional que trata da escusa de consci•ncia Ž de efic‡cia contida. A lei poder‡

restringir esse direito. Quest‹o correta.

IX - Ž livre a express‹o da atividade intelectual, art’stica, cient’fica e de comunica•‹o, independentemente de censura ou licen•a;

O que voc• n‹o pode esquecer sobre esse inciso? ƒ vedada a censura.

Entretanto, a liberdade de express‹o, como qualquer direito fundamental, Ž relativa. Isso porque Ž limitada por outros direitos protegidos pela Carta Magna, como a inviolabilidade da privacidade e da intimidade do indiv’duo, por exemplo.

Nesse sentido, entende o STF que o direito ˆ liberdade de imprensa assegura ao jornalista o direito de expender cr’ticas a qualquer pessoa, ainda que em tom ‡spero, contundente, sarc‡stico, ir™nico ou irreverente, especialmente contra as autoridades e aparelhos de Estado. Entretanto, esse profissional responder‡, penal e civilmente, pelos abusos que cometer, sujeitando-se ao direito de resposta a que sujeitando-se refere a Constitui•‹o em sujeitando-seu art. 5¼, inciso

V. A liberdade de imprensa Ž plena em todo o tempo, lugar e circunst‰ncias, tanto em per’odo n‹o-eleitoral, quanto em per’odo de elei•›es gerais21.

Nesse mesmo sentido, considera o STF que a liberdade de manifesta•‹o do pensamento, que representa um dos fundamentos em que se apoia a pr—pria no•‹o de Estado democr‡tico de direito, n‹o pode ser restringida pelo exerc’cio ileg’timo da censura estatal, ainda que praticada em sede jurisdicional.22

(DPU Ð 2015) O direito ˆ liberdade de express‹o representa um dos fundamentos do Estado democr‡tico de direito e n‹o pode ser restringido por meio de censura estatal, salvo a praticada em sede jurisdicional.

Coment‡rios:

A liberdade de express‹o n‹o pode ser restringido por meio de censura estatal, inclusive a que for praticada em sede jurisdicional. Quest‹o errada.

X - s‹o inviol‡veis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indeniza•‹o pelo dano material ou moral decorrente de sua viola•‹o;

ÒDissecando-seÓ esse inciso, percebe-se que ele protege:

a) O direito ˆ intimidade e ˆ vida privada. Resguarda, portanto, a esfera mais secreta da vida de uma pessoa, tudo que diz respeito a seu modo de pensar e de agir.

b) O direito ˆ honra. Blinda, desse modo, o sentimento de dignidade e a reputa•‹o dos indiv’duos, o Òbom nomeÓ que os diferencia na sociedade.

c) O direito ˆ imagem. Defende a representa•‹o que as pessoas possuem perante si mesmas e os outros.

A intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas s‹o inviol‡veis:

elas consistem em espa•o ’ntimo intranspon’vel por intromiss›es il’citas externas.23 A viola•‹o a esses bens jur’dicos ensejar‡ indeniza•‹o, cujo       

21 ADI 4.451-MC-REF, Rel. Min. Ayres Britto, Plen‡rio, DJE de 24-8-2012.

22 Rcl 18.566 Ð MC/SP. Rel. Min. Celso de Mello. Julg: 12.09.2014. DJE 17.09.2014.

23 MORAES, Alexandre de. Constitui•‹o do Brasil Interpretada e Legisla•‹o Constitucional, 9» edi•‹o. S‹o Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 159.

montante dever‡ observar o grau de reprovabilidade da conduta.24 Destaque-se que as indeniza•›es por dano material e por dano moral s‹o cumul‡veis, ou seja, diante de um mesmo fato, Ž poss’vel que se reconhe•a o direito a ambas indeniza•›es.

As pessoas jur’dicas tambŽm poder‹o ser indenizadas por dano moral25, uma vez que s‹o titulares dos direitos ˆ honra e ˆ imagem. Segundo o STJ, a honra objetiva da pessoa jur’dica pode ser ofendida pelo protesto indevido de t’tulo cambial, cabendo indeniza•‹o pelo dano extrapatrimonial da’

decorrente.26

ƒ importante que voc• saiba que o STF considera que para que haja condena•‹o por dano moral, n‹o Ž necess‡rio ofensa ˆ reputa•‹o do indiv’duo. Assim, a dor e o sofrimento de se perder um membro da fam’lia, por exemplo, pode ensejar indeniza•‹o por danos morais.

O STF considera que, para que haja condena•‹o por dano moral, n‹o Ž necess‡rio ofensa ˆ reputa•‹o do indiv’duo. Assim, a dor de se perder um membro da fam’lia, por exemplo, pode ensejar indeniza•‹o por danos morais.

TambŽm relacionado aos direitos ˆ intimidade e ˆ vida privada est‡ o sigilo banc‡rio, que Ž verdadeira garantia de privacidade dos dados banc‡rios.

Assim como todos os direitos fundamentais, o sigilo banc‡rio n‹o Ž absoluto.

Nesse sentido, tem-se o entendimento do STJ de que Òhavendo satisfat—ria fundamenta•‹o judicial a ensejar a quebra do sigilo, n‹o h‡ viola•‹o a nenhuma cl‡usula pŽtrea constitucional.Ó (STJ, DJ de 23.05.2005).

A pergunta que se faz agora Ž a seguinte: quais autoridades podem determinar a quebra do sigilo banc‡rio?

A resposta a essa pergunta Ž complexa e envolve conhecimento acerca da jurisprud•ncia do STF e do STJ.

a) O Poder Judici‡rio pode determinar a quebra do sigilo banc‡rio e do sigilo fiscal.

b) As Comiss›es Parlamentares de InquŽrito (CPI`s) federais e estaduais podem determinar a quebra do sigilo banc‡rio e fiscal. Isso se justifica pela previs‹o constitucional de que as CPI`s t•m poderes de investiga•‹o pr—prios das autoridades judiciais. As CPI`s municipais       

24 AO 1.390, Rel. Min. Dias Toffoli. DJe 30.08.2011

24 AO 1.390, Rel. Min. Dias Toffoli. DJe 30.08.2011

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