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Os grupos cooperativos vs colaborativos: tipos de grupos, critérios de formação

Parte II Trabalho de Investigação

1.6. Conceptualização da aprendizagem cooperativa vs colaborativa

1.6.2. Os grupos cooperativos vs colaborativos: tipos de grupos, critérios de formação

Existem três tipos de grupos de aprendizagem cooperativa, segundo Lopes e Silva (2009). O trabalho de grupo deve proporcionar o desenvolvimento das capacidades cognitivas e sociais dos alunos. Esses grupos, nomeiam-se por, grupos formais, informais e de base (Lopes & Silva, 2009, p. 21). No que diz respeito aos grupos formais, os grupos cooperativos adaptam-se a qualquer tipo de aprendizagem, os alunos trabalham juntos para atingir objetivos comuns, assegurando que todos os elementos concluam a tarefa/atividade concedida.

Os grupos informais de aprendizagem cooperativa têm duração de tempo, ou seja, funcionam durante um prazo curto de tempo. Para Fontes e Freixo (2004) estes tipos de grupos são utilizados fundamentalmente para a prática de ensino direto, tendo como objetivo principal assegurar a atenção dos alunos, criando assim um clima favorável para a aprendizagem, evitando a dispersão. Estes grupos auxiliam o professor a verificar se os alunos efetuaram o trabalho intelectual, integrando o conhecimento. Para Freitas e Freitas (2002), os grupos informais são utilizados para tarefas pontuais, normalmente de curta duração e não interferem com a disposição habitual da sala de aula. Por último, os grupos cooperativos são grupos permanentes, onde não se alteram membros, têm uma longa duração de funcionamento e são grupos heterogéneos. Possibilitando a ajuda mútua entre membros, estimulando os alunos com dificuldades de aprendizagem, para um bom desempenho escolar (Lopes & Silva, 2009, p. 22). Para Fontes Freixo (2004), estes grupos permitem que se estabeleçam entre os alunos relações pessoais e de trabalho a longo prazo (p. 44).

A formação de grupos é fulcral para a implementação da aprendizagem cooperativa nas salas de aula. O professor deve conhecer bem a turma e os indivíduos, tendo em conta as caraterísticas como, sexo, etnia, competências, entre outras. Na aprendizagem cooperativa, a heterogeneidade dos grupos é um dos aspetos decisivos, em relação às competências académicas e sociais e à cultura. É fulcral que os alunos tenham contacto com outras culturas, outras realidades sociais, dentro da própria sala de aula. Na linha de pensamento de Freitas e Freitas (2002), fomentar o espírito de grupo pode agrupar-se em cinco categorias: i) conhecimento dos elementos do grupo; ii) construção da identidade; iii) experiências de suporte mútuo; iv) valorização das diferenças individuais; e v) criação de sinergias.

Na aprendizagem cooperativa há três possibilidades de constituição de grupos: o professor é que decide, os alunos escolhem ou formam-se grupos ao acaso (Freitas & Freitas, 2002, p. 39). Todas as possibilidades são viáveis e passiveis de serem utilizadas de acordo com os momentos e os objetivos que o professor tem, na sua prática.

O tempo de duração dos grupos cooperativos pode e deve durar o tempo necessário para a realização da tarefa/atividade, desenvolvendo assim competências. É de salientar que para que os alunos desenvolvam capacidades cooperativas, cognitivas e de interação é necessário um desenvolvimento progressivo desta mesma aprendizagem, de modo a combater o processo de ensino aprendizagem tradicional que por vezes ainda está enraizado. É preciso que o professor consiga combater hábitos de

trabalho individual, adaptando assim os alunos a esta mesma aprendizagem, experimentando-a.

No que diz respeito à dimensão do grupo, não existe uma dimensão ideal, nesta aprendizagem, devido à mesma variar de acordo com a atividade e o nível de competências a desenvolver. Na esteira de Freitas e Freitas (2002), a regra chave para que um grupo funcione é que ele respeite o princípio da interação face a face, ou seja, que todos os elementos do grupo tenham a possibilidade de se olharem mutuamente (p. 40). Formar pares ou grupos de três e quatro elementos depende da complexidade da tarefa e do tempo predefinido para a realizar. No entanto, alguns autores acham que mais do que quatro elementos pode tornar as vantagens da aprendizagem cooperativa em desvantagens, uma vez que são muitos elementos. Esta formação vai depender, segundo o mesmo autor, do tempo, da idade, das experiências dos alunos a trabalhar em grupo, dos materiais e equipamentos existentes e prontos a usar (p. 40).

Os papéis são um ponto também importante nesta aprendizagem, para que esta funcione de forma equilibrada. Além da atividade decorrente no grupo, cada aluno tem uma função específica a desempenhar no grupo. O professor atribui autonomia aos alunos na execução da atividade e os mesmos devem ser capazes de exercer a mesma atribuindo assim, papéis aos elementos do grupo. Assim sendo, após a atribuição dos papéis, cada um fica encarregue de uma certa parte da tarefa, na qual os alunos acabam por trabalhar, a maior parte do tempo, isoladamente. O elemento «competição» torna- se por vezes uma variável com muito peso (Fernandes, 1997, p. 564). Assim, de acordo com Costa (2005, citado por Damiani, 2008), na cooperação há ajuda mútua na execução de tarefas, embora as suas finalidades geralmente não sejam fruto de negociação conjunta do grupo, podendo existir relações desiguais e hierárquicas entre os seus membros.

Por conseguinte e de modo a gerir melhor o trabalho cooperativo Lopes e Silva (2009) propõem os papéis de verificador, ou seja, um aluno certifica-se, que todos os elementos do grupo compreenderam os conteúdos. O mesmo tem um papel facilitador, uma vez que orienta a realização da tarefa, servindo de intermediário com o grupo e o professor (porta-voz). A atribuição de papéis dentro do grupo de aprendizagem cooperativa apresenta algumas vantagens e desvantagens, uma vez que que alguns alunos podem assumir uma posição dominadora face aos alunos com uma posição passiva.

Pato (1995) afirma que existem alunos que são seguidores passivos, que apenas se limitam a acompanhar o ritmo do grupo. Os obstrutores que residem em determinada

fase do trabalho, os líderes que coordenam as atividades, que podem também se subdividir em três (líder autocrático, líder passivo e líder democrático) e ainda o porta- voz, aquele que é escolhido para transmitir as ideias do grupo.

A aprendizagem cooperativa só é possível quando se atribuem aos diferentes membros papéis complementares e interligados (Fontes & Freixo 2004, p. 45). Os papéis nem sempre são fixos, devido aos alunos todos os dias assimilarem diferentes aprendizagens, as mesmas geram pensamentos no próprio “eu” o que faz com que muitas das vezes haja diferenças de comportamento num certo indivíduo, devido ao seu crescimento.

Na aprendizagem colaborativa, o professor organiza grupos de dois a quatro elementos, de modo a que todos participem no trabalho. O professor tem um papel de mediador no processo que ocorre em sala de aula, e para que a aprendizagem colaborativa ocorra é necessário que o controlo autoritário do professor não ocorra neste tipo de aprendizagem (Barbosa & Jófili, 2004). O professor tem que colaborar de modo a aproximar o aluno do conteúdo que está a ser trabalhado. É a trabalharem em grupo que os alunos revêm erros que cometeram e compreendem novos conceitos, interagindo com os colegas e discutindo, chegando ao conhecimento.

No que diz respeito à constituição dos grupos, a aprendizagem colaborativa tem em conta que cada um é um ser único, com diferentes níveis de conhecimento, heterógenos e com conhecimentos prévios diferentes, o que faz com que os diálogos e discussões sejam ricos, contribuindo para o desenvolvimento de muitas capacidades, nomeadamente a capacidade crítico-reflexiva. Quanto mais diversificado e equilibrado for um grupo, mais vai favorecer as aprendizagens de todos, até dos alunos que têm mais dificuldades. Todos os alunos aprendem, mesmo os alunos com capacidades mais desenvolvidas, consolidando os conhecimentos à medida que o argumentam ao interlocutor (Freitas & Freitas, 2003).

Todas as diferenças nesta aprendizagem contribuem para as aprendizagens dos alunos. Todos os alunos têm a oportunidade de desenvolver competências: i) o desenvolvimento da competências da argumentação, que deve ser incutida em todas as aulas, pois é a discussão entre os sujeitos que promove a aprendizagem colaborativa; ii) as opiniões divergentes, que contribuem para um debate de ideias e posteriormente à negociação de interpretações aceites por ambos nas discussões e; iii) a comunicação entre os diferentes grupos proporciona o confronto de ideias, que origina a construção coletiva de significados (Moraes, Ramos, & Galiazzi, 2004).

A discussão no próprio grupo faz com que todos os elementos aprendam com os seus pares. Já a discussão entre grupos, promove um desenvolvimento intelectual e um processo efetivo, que permite aos elementos mais afastados iniciarem uma aproximação aos outros ademais. Carvalho (2005) refere que o trabalho colaborativo apresenta contributos relevantes, na medida em que as interações sociais estabelecidas entre os pares facilitam a apropriação de conhecimentos, a mobilização/desenvolvimento de competências como a argumentação.

Para Boavida e Ponte (2002), na colaboração é fundamental a existência de uma liderança partilhada e uma relação de cumplicidade e um clima de respeito mútuo para que todos possam partilhar saberes e experiências. A colaboração só ocorre no caso de servir os interesses do grupo.

Na aprendizagem colaborativa é importante a ajuda, o apoio, a confiança, a abertura e a partilha na resolução de problemas, que ocupam uma posição central na tomada de decisões coletivas, onde o conflito e a crítica poderão e deverão estar presentes. Assim, num clima de colaboração, os alunos aprendem uns com os outros, identificam preocupações comuns e em conjunto, trabalham na resolução de problemas, desenvolvendo uma confiança coletiva necessária. Para que exista aprendizagem colaborativa, é importante que a realização da tarefa seja feita de forma equilibrada, assumindo por todos um espírito de partilha.

Alarcão e Canha (2013) defendem que todo o processo de trabalho deverá ter em conta quatro preocupações, i) convergência conceptual; ii) acordo na definição de objeivos; iii) gestão e partilha e; iii) antecipação de ganhos comuns. No que diz respeito à convergência conceptual, não se pretende que haja nesta aprendizagem um só pensamento no grupo, mas sim vários e que através da discussão e negociação cheguem a um. Sendo a diversidade de pensamento muito enriquecedora, ou seja, um dos princípios que sustentam a colaboração. Os objetivos são definidos pelo grupo e todos os participantes devem empenhar-se na ação. No que diz respeito à gestão esta é partilhada, todos têm o direito e o dever de assumir a responsabilidade e gerir o processo de colaboração. É a corresponsabilização que torna sólida o sentimento de pertença de todos os envolvidos. O princípio de antecipação de ganhos individuais e comuns é visto como um entendimento negociado com benefícios para cada um e para todos os participantes e entendido como motivação e não como frustração.

Posteriormente à análise de ambas as aprendizagens, cooperativa e colaborativa, acerca dos tipos de grupos, dos critérios de formação e dos papéis que os alunos

desempenham no grupo, é fulcral abordarmos as vantagens e desvantagens de ambas as aprendizagens.

1.6.3. Vantagens e desvantagens da aprendizagem colaborativa vs