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4.3 MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE

4.3.1 Os impactos ambientais da mineração de areia

Na presente dissertação será adotada a definição de Sánchez (2013), que indica como impacto ambiental “a alteração da qualidade ambiental que resulta da

modificação de processos naturais ou sociais provocadas por ações humanas. ” Nesta dissertação será feita abordagem visando a identificação apenas dos impactos ambientais negativos na área de estudo.

Atualmente, na avaliação de impactos ambientais de empreendimentos potencialmente poluidores (como empreendimentos mineiros), é comum a individualização dos componentes ambientais impactados (meios físico, biótico e antrópico). A grande maioria dos impactos da mineração afeta inicialmente o meio físico, sendo que os impactos aos meios biótico e antrópico geralmente são decorrentes dos primeiros (DIAS, 2001). Os impactos ao meio físico (e de forma menos evidente aos meios biótico e antrópico), na maioria das vezes são perceptíveis e identificáveis de forma direta, uma vez constatadas alterações dos padrões normais de qualidade ambiental após a intervenção humana.

Impactos decorrentes da atividade de mineração de areia são facilmente perceptíveis logo após as primeiras etapas de instalação das minas, podendo ser observados através de simples comparação visual com a situação anterior à atividade. No presente estudo, tais impactos serão denominados de impactos diretos. Os impactos diretos geralmente são os impactos inseridos no contexto da avaliação de impacto ambiental de empreendimentos mineiros, sendo que todas as ações direcionadas a minimizar seus efeitos, assim como no tocante à recuperação de áreas afetadas, são baseadas pelo conhecimento prévio da ocorrência dos mesmos.

No entanto, alguns impactos ambientais podem não ser diretamente observados e identificados no desenvolvimento da lavra, sendo que os mesmos podem ser previstos, dadas as condições ambientais e características próprias de cada área afetada. Tais impactos, uma vez caracterizadas as condições propícias para suas ocorrências, serão aqui denominados como impactos ambientais potenciais. Tal definição encontra

amparo na necessidade de se identificar alguns dos impactos da mineração de areia na área de estudo de forma associada com outras atividades humanas existentes, assim como através da relação de ambas com os aspectos dos meios físico, biótico e antrópico.

Em Estudo de Impacto Ambiental (EIA) realizado para a atividade de mineração na Bacia do Rio Tijucas (SC), Caruso Jr Estudos Ambientais Ltda (2003) observa na mineração de areia em cavas os principais impactos ambientais negativos decorrentes das ações realizadas nas fases de implantação, operação e desativação das minas (Quadro 03). Importante ressaltar que no referido estudo são apontados, além dos impactos diretos, os impactos denominados de decorrentes, gerados pela interação (de forma sinérgica) das ações potencialmente impactantes com os componentes ambientais passíveis de serem afetados. Tal aspecto considera a natureza do estudo realizado, que objetiva não somente a avaliação dos impactos ambientais gerados por um único empreendimento, mas sim a caracterização e avaliação dos impactos gerados por todos os empreendimentos mineiros localizados na Bacia do Rio Tijucas.

Conforme aponta Sanchéz (2013), é de extrema importância no processo de avaliação de impactos ambientais a definição da real significância dos impactos gerados, uma vez considerados os parâmetros necessários de avaliação para cada tipo de atividade, e sob certas restrições e condicionantes legais aplicáveis. Neste sentido, muitas vezes uma atividade avaliada é responsável pela geração de impactos considerados como insignificantes quando observados de forma individual, associado a apenas um empreendimento em atividade.

No entanto, a ocorrência de forma conjunta de vários

impactos semelhantes associados a vários

empreendimentos que desenvolvem a mesma atividade em determinado espaço geográfico podem causar sérias alterações na qualidade ambiental e nos processos

Quadro 03: Principais impactos ambientais negativos decorrentes das ações realizadas nas fases de implantação, operação e desativação das minas em atividade na Bacia do Rio Tijucas.

Meio Físico Meio Biótico Meio antrópico

Fase de instalação - Alteração da qualidade das águas superficiais e subterrâneas; - Erosão; - Alteração da qualidade dos solos. - Remoção de cobertura vegetal; - Afugentamento da fauna; - Perda de habitats. - Comprometimento do patrimônio arqueológico. Fase de operação - Erosão; - Alteração do nível de base de aquíferos; - Alteração da qualidade das águas superficiais e subterrâneas; - Poluição sonora; - Geração de poeiras. - Remoção de cobertura vegetal; - Alteração da estrutura ecológica; - Atropelamento de animais; - Aumento da pressão sobre a fauna aquática. - Poluição sonora; - Sobrecarga da malha viária; - Proliferação de vetores; - Alteração da paisagem; - Êxodo da população de entorno. Fase de desativação - Redução da qualidade das águas de aquíferos. - -

Fonte: Adaptado de Caruso Jr Estudos Ambientais Ltda

(2003).

naturais de forma cumulativa. Neste contexto, Oliveira (2008), após análise dos conceitos utilizados por órgãos ambientais internacionais (que regulamentaram o processo de avaliação de impactos cumulativos), define impacto cumulativo como sendo “as alterações dos sistemas

ambientais causadas pela interação ou somatória dos efeitos de ações humanas, originadas de uma ou mais atividades, com os efeitos ou impactos de outras ações ocorridas no passado, no presente, ou previsíveis no futuro. ”

Desta forma, nota-se que a consideração destes impactos, no contexto da área de estudo, é de vital importância no que tange ao efetivo conhecimento do modo como a atividade de lavra de areia afeta o ambiente local, ainda mais considerando a existência dos vários empreendimentos que vêm atuando de forma conjunta na Bacia do Rio da Madre ao longo dos últimos anos.

4.3.2 Análise e identificação dos impactos ambientais

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