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4.2 A GEOLOGIA DO QUATERNÁRIO NO CONTEXTO DA ÁREA

4.2.2 Sistema Deposicional Transicional

Como sistema deposicional transicional adotou-se a definição dada por Villwock e Tomazzelli (1995), que também embasou os trabalhos de Caruso Jr (1995) e Horn Filho et al. (2014). Neste sistema estariam associados os depósitos arenosos, siltosos e argilosos com matéria orgânica, formados em ambientes eólicos, praiais, paludiais, lagunares e flúvio lagunares associados aos sistemas deposicionais laguna-barreiras do Pleistoceno e Holoceno. Tais sistemas seriam representativos de processos costeiros relacionados a transgressões e regressões marinhas ocorridas durante o Quaternário, sendo responsáveis pela formação de depósitos dos subsistemas lagunar, barreira e canal de ligação (inlet).

Villwock e Tomazzelli (1995) individualizaram quatro sistemas laguna-barreiras (I, II, III e IV) em mapeamento da planície costeira do Estado do Rio Grande do Sul, sendo que em Santa Catarina foram reconhecidos depósitos associados aos sistemas II, III e IV (CARUSO JR, 1995; DUARTE, 1995; HORN FILHO et al., 2014). Na porção central do litoral catarinense, Horn Filho et al. (2014) indicam a ocorrência de depósitos associados aos sistemas laguna-barreiras III e IV, de idades Pleistocênica e Holocênica respectivamente, sendo que a individualização dos depósitos de cada período específico (dadas suas semelhanças litológicas), é feita através de diferenças de cotas altimétricas e aspectos texturais.

4.2.2.1 Depósitos Pleistocênicos

Na porção central do litoral catarinense, Caruso Jr (1995) indica a ocorrência de depósitos arenosos de origem Pleistocência formados em ambientes marinho praial e eólico, responsáveis por importantes jazidas de areia, abrangendo parte das localidades de Três Barras, Maciambu e Albardão, no município de Palhoça. Tais depósitos seriam formados essencialmente por areias finas a muito finas, bem selecionadas, com cores variando do bege ao avermelhado, sendo as de origem marinha praial reconhecíveis pela presença de icnofósseis de Callichirus major, correlacionáveis ao sistema Laguna Barreira III. Outro fator de diferenciação de ambientes Pleistocênicos seria a presença de matriz siltosa e película ferruginosa de grãos de areia (responsáveis por cores mais avermelhadas e acastanhadas dos sedimentos), associados aos depósitos de ambientes eólicos, na forma de paleo dunas, paleo mantos ou terraços eólicos do Pleistoceno Superior (HORN FILHO et al., 2014), que recobrem as areias de origem marinha praial.

4.2.2.2 Depósitos Holocênicos

Dentre os depósitos de idades Holocênicas do litoral centro sul catarinense, Caruso Jr (1995) associa as fácies da Barreira IV de Villwock e Tomazzelli (1995), formadas por depósitos de origem lagunar, flúvio lagunar, eólicos, marinho praial, flúvio-deltaico-lagunares e paludiais.

No Holoceno catarinense, Horn Filho et al. (2014) distinguem os depósitos deste período através da energia hidrodinâmica e aerodinâmica dos ambientes formadores, individualizando depósitos formados em ambiente de baixa energia (lagunar, flúvio-lagunar, deltaico intra-lagunar, de baía, estuarino e paludial) e os de ambiente de alta energia

(marinho praial, lagunar praial, estuarino praial, chenier, eólico).

De acordo com os mapeamentos realizados anteriormente (CARUSO JR, 1995; HORN FILHO et al., 2014), no contexto da área de estudo podem ser observados os seguintes depósitos Holocênicos:

4.2.2.2.1 Depósito lagunar

Os depósitos lagunares Holocênicos são formados essencialmente por sedimentos areno argilosos associados a matéria orgânica e com coloração acinzentada, formados em ambiente de baixa energia quando da instalação de lagunas pela subida do nível relativo do mar ao longo da Planície Costeira (CARUSO, JR, 1995). São comuns as ocorrências de conchas de moluscos nestes depósitos, e também as intercalações entre horizontes arenosos, argilosos e turfáceos, demonstrando a dinâmica deposicional variada associada a eventos de retrabalhamento por ondas e erosão (HORN FILHO et al., 2014). No contexto da área de estudo tais depósitos são observados ao longo de baixadas inundáveis, geralmente com cobertura formada por canchas de rizicultura e turfeiras. Em alguns locais os depósitos são reconhecidos pela presença de canais de drenagem que expõem material argilo arenoso cinza associado à presença de biodetritos.

4.2.2.2.2 Depósito flúvio-lagunar

Como depósito flúvio-lagunar, Horn Filho et al. (2014) indicam aqueles formados pela acumulação de sedimentos provindos das cabeceiras das drenagens costeiras que posteriormente são retrabalhados pela dinâmica lagunar na forma de ondas, vento ou correntes

litorâneas. Tais depósitos também são associados a drenagens que desaguam em paleo lagunas, onde a dinâmica deposicional é reflexo direto da interação entre padrões fluviais e lagunares. No geral apresentam composição arenosa a argilosa com matéria orgânica, sendo reflexo da intercalação entre processos fluviais e lagunares, de forma sequencial, podendo formar terraços atualmente dissecados e preencher áreas alagadiças.

4.2.2.2.3 Depósito marinho praial

Horn Filho et al. (2014) definem os depósitos marinho praiais como os depósitos arenosos existentes na forma de praias atuais e praias pretéritas, sendo estas caracterizadas por cordões litorâneos associados a eventos regressivos recentes. Tanto nos cordões praiais quanto nas praias atuais ocorre retrabalhamento pelo vento, sendo gerados os depósitos eólicos Holocênicos. No contexto da área de estudo tais depósitos são identificáveis pela presença de cordões associados ao sistema da Praia da Pinheira, onde as cristas e cavas são facilmente observáveis por fotos aéreas. Composicionalmente são formados por areias finas a grossas, com colorações bege esbranquiçada, geralmente associadas a minerais pesados e bioclastos.

4.2.2.2.4 Depósitos eólicos

Caruso Jr. (1995) associa os depósitos eólicos Holocênicos às fácies da Barreira IV, sendo formados por sistemas de dunas vegetadas (ou fixas) e dunas livres (ou móveis). São depósitos formados por areias quartzosas finas a médias bem selecionadas, com cores bege a esbranquiçadas. Os depósitos eólicos são observados ocorrendo de forma adjacente às praias atuais, também

recobrindo cordões regressivos litorâneos e áreas próximas (HORN FILHO et al., 2014). Na porção central do litoral catarinense as dunas Holocênicas apresentam formas alongadas na direção NE (direção de ventos predominantes), com transporte de sedimentos sobre depósitos lagunares e marinho praiais.

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