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2.5 CONTRIBUIÇÕES DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL CRÍTICA: UMA PROPOSTA

2.5.2 Os indígenas e a natureza: propostas para a construção de novos

O atual modelo de desenvolvimento econômico contribui significativamente para os problemas ambientais vivenciados no Brasil e no mundo. Por meio dos saberes tradicionais dos indígenas, é possível repensar diferentes possibilidades de alcançarmos alternativas para reintegrarmos os seres humanos à natureza, de forma a minimizar os impactos negativos que o homem vem provocando ao planeta.

Apesar do intenso e duro processo interétnico que os povos indígenas vêm sofrendo ao longo dos séculos no Brasil, muitos deles continuam preservando suas especificidades socioculturais que os diferenciam dos não indígenas. Para Souza et.

al. (2015) na relação produtiva de alguns povos indígenas, ainda prevalece uma “[...]

forte dependência em relação à natureza e aos recursos naturais renováveis, os quais são os mantenedores de seu modo particular de vida” (SOUZA et al 2015, p. 88). Os autores destacam que a relação dos indígenas com o meio ambiente ocorre de modo integrado e com reciprocidade.

[...] a relação dos indígenas com a natureza não ocorre no sentido de espaços físicos, áreas, mas também o meio ambiente, o modo de vida, a cultura e todas as formas com que se inter-relacionam com os mesmos. Ou seja, não se constitui uma relação de exploração do homem com o meio ambiente, como ocorre nos moldes capitalistas, mas sim, de reciprocidade, uma relação de dualidade entre o corpo e alma e espírito [...], uma relação social (SOUZA et. al. 2015, p. 89).

A concepção indígena sobre o meio ambiente, de acordo com Souza et al (2015) compreende a natureza em um sentido global, em que tudo é natureza, inclusive o ser humano, que na visão dos indígenas encontra-se no “[...] mesmo patamar de elementos da flora e da fauna” (SOUZA et al 2015, p. 99).

Kriegel, Azevedo e Silva (2014) analisaram a maneira como os Guarani se relacionam com o meio ambiente, destacando a agricultura praticada por eles como forma de subsistência e manutenção da cultura tradicional guarani. Para os autores, o modo de vida dos Guarani apresenta algumas diferenças em relação aos outros povos, entre elas a medição do tempo que é feita de acordo com as fases da Lua,

quando são realizadas as podas das árvores, as caçadas e os plantios. Além disso, segundo os autores, a religiosidade dos Guarani cria uma visão “que interliga todos os seres a algo maior”, integrando os humanos ao ambiente e criando relações igualitárias entre todos o seres vivos.

O homem moderno ocidental cada vez mais se distancia de sua origem animal, de seus instintos e estímulos com o meio. Esse distanciamento faz com que o homem deixe de ter essa conexão com os outros mundos e com seu próprio mundo interior, íntimo, se tornando individualista e egoísta, buscando grandes feitos materiais para provar a si mesmo que é superior às outras criaturas que aqui coexistem, mesmo que com isso custe a vida de outras criaturas (KRIEGEL; AZEVEDO & SILVA, 2014, p. 216).

Brighenti (2005) aponta a necessidade de se construírem novos paradigmas ambientais, a partir das relações desenvolvidas pelos indígenas. Segundo ele, os grandes responsáveis pela atual crise que ameaça todo o meio ambiente são: o consumismo exacerbado e a grande concentração de terras e renda nas mãos de uma minoria privilegiada.

Em convergência, Brighenti (2005) comenta que até mesmo o atual modelo de criação das Unidades de Conservação (UC) no Brasil, necessita ser repensado, pois defende a formação de reservas naturais, que devem ser preservadas sem a presença humana, retirando desses espaços as comunidades tradicionais como a dos indígenas. O autor argumenta que esse processo de criação das UC no Brasil, contribui para a dicotomia homem/natureza, pois reforça a “ética antropocêntrica” que distancia o ser humano do ambiente. Além disso, para o autor, muitos dos conflitos atuais entre os indígenas e alguns ambientalistas ocorrem devido a essa concepção ambiental. Quando são feitas as UC,

[...] o mais comum são as intimidações e restrições quanto ao uso de recursos naturais na tentativa de fazer com que a própria comunidade indígena abandone “espontaneamente” as Unidades de Conservação. Nos casos em que há maior tolerância busca-se monitorar e controlar as comunidades Guarani para que utilizem de maneira restrita os recursos ambientais das UC, como taquara, cipó, madeira para construção, derrubadas para plantio e outros recursos para confeccionar artesanatos. Há casos também em que o órgão ambiental oferece regularmente alimentos para a comunidade Guarani a fim que a mesma não extraia recursos naturais e não necessite fazer lavouras (BRIGHENTI, 2005, p. 47).

Os povos Guarani, para Brighenti (2005), representam um contraponto à concepção de natureza, construída a partir da modernidade. Esses povos estabeleceram ao longo do tempo, uma relação integrada com a natureza que “privilegia a sustentação harmoniosa e equilibrada entre o humano, o espiritual e a natureza” (BRIGHENTI, 2005, p. 43). Além disso, entre os Guarani prevalece uma visão na qual:

[...] o ser humano é parte do todo, nem inferior nem superior aos demais seres que compõem a natureza. Assim sendo devem manter-se em permanente harmonia com ela e em profundo estado de respeito, utilizando a de maneira equilibrada, de modo que a sua sobrevivência não signifique a destruição da natureza e que o humano não padeça de necessidades tendo recursos naturais disponíveis. Sua interpretação cosmológica é no sentido de atribuir aos animais e plantas predicados e códigos morais humanitários. O equilíbrio significa também a relação de igualdade, porque entendem que todos são criaturas de um mesmo Deus – ÑanderuTenonde/Nosso Criador Primeiro –, pessoas morais e sociais, embora cada qual seja regido por um espírito próprio (BRIGHENTI, 2005, p. 42).

Brighenti (2005) observa que o povo Guarani utiliza o termo tekoha para sintetizar a relação que mantêm com o meio ambiente. O tekoha, na definição dada pelo autor, deriva da palavra tekó, que representa “o modo de ser, o sistema, a cultura, a lei e os costumes; o tekoha é o lugar e o meio em que se dão as condições de possibilidade do modo de ser Guarani” (BRIGHENTI, 2005, p. 42).

[...] o tekoha é a aldeia, é o lugar onde a comunidade Guarani encontra os meios necessários para sua sobrevivência. É a conjugação dos vários espaços que se entrecruzam: o espaço da mata preservada onde praticam a caça ritual; espaço da coleta de ervas medicinais e material para confeccionar artesanatos e construir suas casas; é o local onde praticam a agricultura; é também um espaço sócio político, onde constroem suas casas de moradias, a casa cerimonial/Opy, o pátio das festas, das reuniões e do lazer. Não é possível conceber o tekoha sem a composição dos espaços, ou apenas um dos espaços; nesse caso, não poderão viver a plenitude e assim se quebra a relação que mantém com o meio, produzindo o desequilíbrio (BRIGHENTI, 2005, p. 42).

O autor destaca o processo de migrações feitas pelos povos Guarani. Para ele, as migrações são realizadas sempre quando há a necessidade de encontrar “novos espaços ambientalmente adequados, capazes de garantir a sobrevivência física e cultural” (BRIGHENTI, 2005, p. 40). Esse movimento, a fim de levar

A terra sem mal Guarani, portanto, está pautada na possibilidade do viver a plenitude no espaço terreno. É a possibilidade de continuar vivendo os valores culturais, sociais, econômicos e religiosos para serem verdadeiramente os autênticos. Essa possibilidade se concretiza somente quando o meio oferecer as condições básicas para a sobrevivência, que implica fundamentalmente o ambiente preservado (BRIGHENTI, 2005, p. 40).

Ciccarone (2004) considera também que as migrações representam para os Guarani ações de defesas voltadas para proteção e afirmação da etnia indígena, “[...] na busca e conquista de espaços adequados para a restauração da ordem social” (CICCARONE, 2004, p. 85). As migrações e a busca por novos espaços para a manutenção do modo de vida Guarani, já fazem parte da tradição desses povos. De acordo com Freitas (2012), há cerca de 2000 anos, os ancestrais dos Guarani cruzaram o rio Uruguai, vindos da região Norte do Brasil. Essa migração permitiu que esses povos ocupassem um faixa territorial extensa, que correspondia à parte do litoral do Brasil e algumas regiões situadas no Uruguai e Paraguai. No entanto, a chegada dos colonizadores a partir do século XV, como já foi abordado anteriormente, fez com que os Guarani perdessem a maior parte de suas terras tradicionalmente ocupadas.

Ressaltamos que entre os indígenas e não indígenas há diferença entre território e territorialidade. Segundo Freitas (2012), a sociedade moderna possui uma noção de território que “remete às ideias de fronteira e divisa” (FREITAS, 2012, p. 63), referindo-se mais ao espaço físico concebido a partir de decisões políticas e delimitações de áreas. Entretanto, de acordo com ele, os indígenas concebem o território como um espaço marcado pelas relações históricas, ambientais e religiosas estabelecidas ao longo de várias gerações.

[...] as sociedades indígenas das terras baixas da América do Sul tendem a representar seus territórios como espaços-tempos indissociáveis da vida de seus habitantes. Corpo e território se colam na imagem da terra-mãe [...]. As fronteiras da cultura se diluem naquilo que chamamos natureza, e é difícil separar a humanidade do universo que a envolve, anunciando perspectivas cruzadas. A paisagem, por sua vez, figura fabulosa na memória narrada, tornada mito, tornada história. Pensados antes como horizonte cultural do que como limite fundiário, os territórios ameríndios emergem assim como espaços de vida nativa (FREITAS, 2012, p. 64).

Ao analisarmos as concepções ambientais, manutenção de práticas tradicionais, integração com a natureza e representações territoriais dos indígenas, verifica-se que é possível criar novos paradigmas ambientais ou desenvolver práticas educativas sustentáveis. Constatamos que essa relação está baseada, principalmente, no respeito, reciprocidade e integração do homem com a natureza.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 A PESQUISA

A pesquisa classifica-se como qualitativa, na qual a investigação apresenta uma abordagem do tipo estudo de caso, voltando-se para as experiências e vivências dos educandos e as maneiras como são construídos seus valores e significados no cotidiano escolar a respeito dos povos indígenas do Espírito Santo.

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, pois o pesquisador esteve atuando como pesquisador-participante, utilizando como espaço formal a UMEF TI Ulisses Álvares e espaços não formais, a Prainha, que fica localizada em Vila Velha - ES e a Aldeia Três Palmeiras, situada no município de Aracruz - ES. Esses espaços foram utilizados para o desenvolvimento de aulas de campo a respeito dos povos indígenas do Espírito Santo, e contou com a participação de estudantes e professores que atuam na unidade de ensino.

O pesquisador, que também faz parte do corpo docente da referida escola – mas que durante a pesquisa estava de licença para se dedicar aos estudos – compôs seus registros em diário de campo, entrevistas, gravações, depoimentos, fotografias, entre outros.

A pesquisa qualitativa, segundo Bogdan e Biklen (1982, apudLüdke& André, 1986) possui cinco características básicas:

1- “O ambiente natural é sua fonte direta de dados e o pesquisador seu principal

instrumento.” (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p.11).

2- Os dados coletados são predominantemente descritivos, “o material obtido nessas pesquisas é rico em descrições de pessoas, situações, acontecimentos”. (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p.12).

3- A preocupação com o processo é muito maior do que com o produto, “o interesse do pesquisador ao estudar um determinado problema é verificar como ele se manifesta nas atividades, nos procedimentos e nas interações cotidianas”. (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p.12).

4- O “significado” que as pessoas dão às coisas e à sua vida são focos de atenção

especial pelo pesquisador. “Ao considerar os diferentes pontos de vista dos

participantes, os estudos qualitativos permitem iluminar o dinamismo interno das situações, geralmente inacessível ao observador externo”. (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p.12).

5- A análise dos dados tende a seguir um processo indutivo. “Os pesquisadores não se preocupam em buscar evidências que comprovem hipóteses definidas antes do início dos estudos. As abstrações se formam ou se consolidam basicamente a partir da inspeção dos dados num processo de baixo para cima”. (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p.13).

Ademais, a pesquisa caracteriza-se como sendo do tipo estudo de caso se tem por base alguns critérios, apontados por Lüdke e André (1986) como sendo:

✓ Necessidade do pesquisador se manter sempre atento a novos elementos que podem emergir como importantes durante o estudo;

✓ Parte do pressuposto de que o conhecimento não é algo acabado, mas uma construção que se faz e refaz constantemente;

✓ Leva-se em conta o contexto no qual o estudo está se desenvolvendo;

✓ Utilização de diferentes fontes de pesquisas e de dados como registros documentais, fotografias, desenhos, entrevistas, e produções do próprio grupo pesquisado.

Com o intuito de viabilizarmos a pesquisa, delimitamos o estudo da história dos povos indígenas do Espírito Santo, propondo analisar quais os valores e significados os educandos, da referida unidade de ensino, apresentam sobre os indígenas locais.

O diagnóstico inicial dessas representações foi feito com a aplicação de um questionário e rodas de conversas. A análise prévia das respostas e os diálogos estabelecidos nesse primeiro momento contribuíram para iniciarmos a pesquisa, pois nos indicou a necessidade de desmitificar a visão do “índio” como um ser selvagem, que vive na floresta, anda nu, mora em ocas, sobrevive da caça e da pesca e que quase não alterou seu estilo de vida desde a chegada dos colonizadores europeus no século XV.

A partir do questionário e das informações obtidas nos diálogos iniciais, foi realizada uma Sequência Didática (Apêndice E) com onze aulas que se desenvolveram na unidade de ensino e em espaços não formais. Para aplicação da SD foi utilizada a metodologia de aulas de campo, que contribuíram para produzir dados para a pesquisa e ampliar os conhecimentos dos educandos sobre a história local, os povos indígenas, a constituição da identidade capixaba e as diferentes relações estabelecidas entre o homem e a natureza.

Foi realizada uma revisão de literatura focada em autores e artigos alusivos ao tema vigente, em que foi possível reconhecer características comuns nas relações entre escola/vozes de grupos sociais minoritários/saber científico.

3.2 O LOCAL DA PESQUISA

A pesquisa foi realizada na Unidade Municipal de Ensino Fundamental de Tempo Integral Ulisses Álvares que está localizada no Bairro Ataíde, no Município de Vila Velha - ES, próximo à Estrada Velha, entre os bairros de Aribiri e Santa Rita. Utilizamos ainda aulas de campo que foram realizadas na Prainha, Vila Velha - ES (onde fizemos visitas à praça da beira mar, à entrada do Convento da Penha, à Igreja do Rosário, ao Museu Homero Massena e ao Museu Casa da Memória) e na aldeia Três Palmeiras, localizada em Aracruz - ES, com uma breve parada na Igreja Reis Magos, situada em Nova Almeida, Serra - ES.

3.3 SUJEITOS DA PESQUISA

Os sujeitos dessa pesquisa foram 32 estudantes que cursavam o 8° ano em 2016, e o 9° em 2017, do ensino fundamental de uma escola pública municipal EMEF TI Ulisses Álvares, localizada no bairro Ataíde, Vila Velha - ES. Todos os estudantes envolvidos aceitaram participar voluntariamente, por meio do Termo de Assentimento Livre Esclarecido (TALE) (Apêndice A), assinado por eles e pelo Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice B), assinado por seus respectivos responsáveis legais. Dois professores da educação básica também participaram voluntariamente, cedendo suas aulas para o desenvolvimento da pesquisa e acompanhando os estudantes nas visitas realizadas na Prainha e uma pesquisadora mestranda do EDUCIMAT, também participou da visita à aldeia Três Palmeiras. Todos os termos assinados encontram-se de posse do autor da pesquisa.

3.4 CONTEXTO DA INVESTIGAÇÃO

Apresentamos, a seguir, o contexto geral da pesquisa realizada, caracterizando a unidade de ensino onde se desenvolveu a pesquisa. Traçamos um perfil dos alunos participantes do projeto e descrevemos, de forma sucinta, as etapas desenvolvidas durante a aplicação da sequência didática.

3.4.1 Contexto da escola

A Unidade Municipal de Ensino Fundamental de Tempo Integral Ulisses Álvares foi criada em 1999, na gestão do então prefeito Jorge Alberto Anders. Ela está localizada no bairro Ataíde, no Município de Vila Velha - ES, próximo à Estrada Velha, entre os bairros de Aribiri e Santa Rita. Atualmente, a escola atende cerca de 600 alunos divididos entre os turnos matutino e vespertino, contemplando as turmas de 5º ao 9° anos do ensino fundamental.

A estrutura física da escola é composta por 11 salas de aula, um laboratório de informática, uma biblioteca, uma sala de música, uma sala de Atendimento

Educacional Especializado (AEE), uma sala de dança, uma quadra poliesportiva, dois pátios de recreação (um na parte interna e outro na parte externa) e um refeitório.

De acordo com o Projeto Político Pedagógico (PPP) da unidade de ensino, a concepção pedagógica e filosófica da escola é voltada para a formação do ser humano, contemplando os valores éticos, morais, espirituais, solidários e comunitários. Outro aspecto destacado no PPP é a adaptação do currículo oficial à realidade dos educandos, promovendo atividades diversificadas que envolvem ações voltadas para o desenvolvimento integral dos estudantes, seja no aspecto afetivo, cognitivo e emocional.

A escola está centrada nos alunos e suas atividades visam cumprir o seu papel como instituição social e educativa atendendo na medida do possível, às expectativas da clientela, cujos valores, aspirações e princípios morais são heranças familiares. Para muitos, a família não é tão estruturada assim, gerando carência de um lar e falta de formação familiar refletindo assim no comportamento e na aprendizagem do educando. A escola procura suprir essas carências com um acompanhamento mais próximo do educando e da família e com uma filosofia de ensino que desperte motivações para sua permanência na mesma (PPP UMEF TI ULISSES ÁLVARES, 2007, p. 5).

Entretanto, apesar do PPP contemplar um ensino voltado para a valorização dos saberes do educando e de ter como metas a formação de sujeitos críticos e capazes de intervir na realidade, na prática podemos afirmar que as atividades didáticas e pedagógicas desenvolvidas na unidade de ensino, ainda mantêm métodos de ensino-aprendizagem com características de abordagem tradicional, valorizando a transmissão de conhecimento, tendo o professor como o principal detentor do saber, com avaliações que privilegiam os conteúdos conceituais, com aulas expositivas descontextualizadas realizadas na maior parte do tempo nas respectivas salas de aula.

Há uma grande preocupação por parte da equipe pedagógica e administrativa em melhorar os índices de aprovação dos estudantes, para alcançar as metas estabelecidas pelos programas governamentais como a do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). O IDEB também utiliza como critérios os resultados da evasão escolar, reprovação e as notas obtidas na Prova Brasil,

avaliação que é aplicada para os alunos que cursam o 5° ano e o 9° ano do ensino fundamental. Em busca da melhoria desses índices, muitas das atividades docentes concentram-se, também em preparar os estudantes para as avaliações externas como a Prova Brasil e o Programa de Avaliação da Educação Básica do Espírito Santo (PAEBES).

Muitas das dificuldades enfrentadas pelos professores da UMEF TI Ulisses Álvares em seguir o PPP podem ser explicadas, por meio desse modelo que privilegia os conteúdos conceituais e o alcance de metas quantitativas, somados a uma política educacional que não considera as contradições e o enfrentamento dos problemas vivenciados pelos educadores e educandos, entre os quais a falta de recursos financeiros, o grande quantitativo de alunos por salas, a carga horária insuficiente para o planejamento das aulas, salas pequenas e sem ventilação adequada e a pouca participação dos familiares e da comunidade no processo de ensino- aprendizagem.