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Os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia

3. A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA E O PROGRAMA

3.1 A Educação Profissional e Tecnológica

3.1.2 Os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia

Em 29 de dezembro de 2008 , 31 centros federais de educação tecnológica (Cefets), 75 unidades descentralizadas de ensino (Uneds), 39 escolas agrotécnicas, 7 escolas técnicas federais e 8 escolas vinculadas a universidades deixaram de existir para formar os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia10.

Através da Lei 11.892/2008 os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia são instituídos. Com a expansão e territorialização destes Institutos, assim como, o aumento significativo das verbas, houve a ampliação significativa de vagas dos cursos técnicos profissionalizantes. Segundo esta Lei, um dos objetivos principais destas instituições é

9 Há diversas discussões em torno do ensino integrado e as concepções pedagógicas que alinham este conceito discutido por Frigotto, Ciavatta, Saviani, entre outros, que pautam suas discussões tendo como base a “educação politécnica” ou “educação tecnológica” polemizadas por Carl Marx, Manacorda e Gramsci, em especial.

10 Segundo informações colhidas pelo site do MEC/SETEC. Disponível em: <http://institutofederal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=51&Itemid=79> Acesso em: 23/04/2016.

contribuir com o desenvolvimento local e regional, no processo de fortalecimento dos arranjos produtivos locais.

Inegavelmente, a Rede de EPT (Educação Profissional e Tecnológica) contribui para o desenvolvimento local e amplia o acesso e oportunidade de pessoas à educação profissional e tecnológica. Por outro lado, discute-se se tais funções visam privilegiar o mercado através da noção de capital humano e empregabilidade ou se pode ser instrumento facilitador para uma cultura onde a educação é politécnica, integrada e omnilateral, conforme discutido anteriormente. Esta discussão nos remete à dualidade dos projetos societários e não se determina somente em nível macro mas em especial, no cotidiano das escolas.

Segundo Frigotto (2007), a noção de capital humano desenvolvida nos anos 1960 a 1980, remete “a ideia da educação como forma de integração, ascensão e mobilidade social” (p. 1138). Para o autor, as noções como competência, empregabilidade e o próprio capital humano leva a entender que os trabalhadores não têm emprego ou seus empregos são precários devido ao baixo nível de escolaridade reduzindo assim os direitos sociais aos individuais. Estes conceitos obscurecem questões como o desemprego estrutural, contingente de trabalhadores supérfluos ao capital (força de trabalho excedente), mais valia e a necessidade da reprodução das desigualdades sociais para manter o status quo.

Outra discussão que perpassa pela EPT, sendo assim, também os Institutos Federais, é em relação à universalização e democratização. Diante disso, expõe Ciavatta (2014):

Se a formação profissional no ensino médio é uma imposição da realidade da população trabalhadora, admitir legalmente essa necessidade é um problema ético-político. Não obstante, se o que se persegue não é somente atender a essa necessidade, mas mudar as condições em que ela se constitui, é também uma obrigação ética e política garantir que o ensino médio se desenvolva sobre uma base unitária, para todos (CIAVATTA, 2014, p.198).

Nesta direção, democratização e universalização, se faz importante destacar as políticas de acesso, permanência e êxito como o Decreto nº 7.234/2010 que dispõe o PNAES - Programa Nacional de Assistência Estudantil e a Lei nº 12.711/2012 que estabelece Cotas para as Universidades Federais e Instituições Federais de ensino básico, técnico e tecnológico. Estas se tornaram essenciais para o acesso, permanência e êxito dos alunos dos Institutos Federais. Existiam discrepâncias vividas dentro das escolas de educação profissional, anteriormente à “Lei de Cotas” como no próprio ensino médio integrado onde diversos cursos eram atribuídos as classes mais abastadas por se configurar como escolas de excelência.

Assim, os cursos subsequentes e concomitantes, PROEJA, PRONATEC e EAD (Ensino à Distância) o público era quase que exclusivo para as classes trabalhadoras.

Observa-se que nos cursos subsequentes e concomitantes ao ensino médio são aqueles em que o aluno só realiza matrícula por querer, de fato, uma formação técnica profissional com foco nos cursos. No PROEJA (Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos) o público se configura, em sua maioria, por trabalhadores de classe baixa e que não tem formação de nível médio, sendo um público que requer muita atenção das políticas de Assistência Estudantis devido ao alto nível de evasão. Os cursos EAD têm um público variado, contudo, tanto nestes como no PRONATEC, há diversas discussões sobre estas formas de ensino que estão voltadas para uma formação rápida, precária e com fim na empregabilidade e competência em detrimento de uma educação omnilateral.

Com a “Lei das Cotas” o perfil do ensino técnico integrado tem mudando muito nos últimos anos. Escolas onde em quase sua totalidade eram alunos de famílias de classe média e alta, hoje convivem com um público que a cada ano vem se transformando. Ora, 50% das vagas do ensino médio integrado e dos cursos técnicos, concomitante e subsequente, são destinadas aos alunos de escolas públicas. Realidade bem diferente há alguns anos anteriores a 2012.

As ações de ensino, pesquisa e extensão são articuladas e dependem muito dos servidores que ali atuam, assim como, da direção e orientações pedagógicas. Mas se configuram, dentro dos Institutos, como objetivo desta articulação. Vê-se na pesquisa aplicada, produção cultural e nos projetos de extensão como produtores de conhecimento e fortalecimento local. Especificamente no campus do IFFluminense Santo Antônio de Pádua, lócus do objeto de pesquisa deste trabalho que irá se transfigurar mais adiante, tais ações (pesquisa, extensão e ações culturais) estão muito presentes e são muitos, em termos de quantidade e qualidade.

Como o objetivo deste trabalho é pesquisar sobre um programa de extensão, Núcleo de Gênero, que tem como uma das linhas de ação o curso FIC (Formação Inicial Continuada), a discussão em torno de cursos com curta duração de tempo e focalizado na população local, é necessário entender como se desenvolveram as políticas, dentro dos Institutos, voltadas exclusivamente para as mulheres antes de nos atermos no Núcleo de Gênero especificamente.

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