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4. METODOLOGIA

4.2 Procedimentos da coleta e análise dos dados

Para contribuição de questionamentos e debates constituídos em torno do Núcleo de Gênero desenvolvido no IFFluminense campus Santo Antônio de Pádua/RJ, num diálogo sobre a questão que levou a entender e querer dialogar com este sujeito do Núcleo de Gênero, Butler apud Salih (2015), sugere que ser ““mulher” é algo que “fazemos” mais do que algo que “somos”” (SALIH, 2015, p. 22). Ou, “em vez de olhar para as estruturas de poder em busca de emancipação (ou empoderamento, grifos meus) analisar como a categoria “mulheres” é produzida e restringida por estas estruturas” (p. 70).

A fim de analisar se tal estrutura institucional pode ou não contribuir para a restrição, normatização ou para subverter o que ora possa ser uma força da lei regulatória e se tornar uma possibilidade de rematerialização e de rearticulação da força hegemônica em torno do que é “ser mulher”, houve a necessidade de analisar os processos de construção,

implementação e desenvolvimento de todas as ações que perpassam o Núcleo de Gênero, assim como, entendendo ser o mais importante, as participantes deste.

Os procedimentos terão como base a análise qualitativa dos dados. Os mesmos serão apresentados e discutidos à luz da teoria que teve por base as teorias levantadas na sessão 2 e 3 deste trabalho. Para tanto, a apresentação dos dados e análises foram divididos em partes e subpartes, conforme segue:

Tópico 5.1 O Núcleo de Gênero – o processo de formação de um Projeto para “mulheres” – pretende-se avaliar o processo de formação Núcleo de Gênero e os seus desdobramentos na etapa de sua construção. Discutir os objetivos do Projeto que foi construído com base neste Edital 14/2015, seus processos de construção e implementação até a etapa da formação de um grupo que se pretendia coeso, com perfis pré-definidos e que buscava uma unicidade. Para tanto, o método de pesquisa foi o documental e a observação participante. Este item foi dividido por subitens:

5.1.1 A proposta do Núcleo de Gênero e o seu foco no grupo “mulheres” – esta parte terá como análise o documento o Edital 14/2015 lançado pela Pró- Reitoria de Extensão e Cultura do Instituto Federal Fluminense. A pesquisadora não participou como atuante e nem observadora desse processo. Entendeu-se que a análise deste documento seria primordial para as posteriores análises de dados pois foi justamente através deste Edital que iniciou o processo de implementação e formulação do Projeto que será analisado após. A apresentação dos dados do documento, assim como as análises que serão realizadas foram estruturadas em 3 (três) categorias, sendo: a) A proposta e o objetivo do Edital 14/2015; b) Os condicionantes que o Edital 14/2015 impuseram; c) A classificação dos estudantes bolsistas para desenvolver o Projeto de Extensão.

5.1.2 O Projeto “O ser mulher no território de Santo Antônio de Pádua: a

importância da educação profissional no empoderamento feminino”

construção e seus objetivos. Este Projeto foi formulado dentro das propostas e objetivo do Edital 14/2015 (PROEX). Nesta etapa das discussões e análise dos dados apresentados, será analisado o Projeto que foi selecionado pela Proex e que dentro dos critérios do Edital 14/2015 obteve pontuação máxima (100 pts).

O que subtende-se que o Projeto estava em total acordo com o que se pretendia ser desenvolvido pelo Edital 14/2015. A pesquisadora dessa pesquisa de mestrado foi quem elaborou o Projeto, mesmo assim, pretende-se um olhar crítico diante daquilo que foi produzido. Para análise do conteúdo do Projeto conforme especificado na parte da pesquisa documental acima, os dados pesquisados do Projeto foram estruturados em três categorias: a) o Público-alvo do Projeto (gênero e classe social); b) Território e programa social; c) Conceitos trazidos através da Fundamentação Teórica do Projeto; d) Metas e Atividades propostas pelo Projeto. As análises partiram da correlação entre as políticas públicas de Educação e Assistência Social (educação/gênero/classe social) e da Meta 2 do Projeto que era “Construir espaços de interação de saberes e convívio no campus de Santo Antônio de Pádua na articulação com os conhecimentos populares e ensino formal envolvendo discentes do ensino médio integrado, mulheres em situação de vulnerabilidade social e servidores do IFFluminense envolvidos no Projeto”.

5.1.3 O processo de busca ativa das cursistas e o perfil desejado - Neste tópico e nos outros adiante, iniciará as avaliações das participantes com algumas pontuações a respeito do desenvolvimento do Projeto. Apresenta os dados referentes às etapas de busca ativa no território e como foi este processo. Traz os critérios de inscrição e seleção das participantes e analisa os mesmos. Entendeu-se como importante esta etapa para se ter clareza como se chegou a este grupo de mulheres e o porquê de ter sido estas e não outras selecionadas.

Tópico 5.2 As participantes: tensão entre identidade de grupo e identidade individual - os perfis desejados e os que foram identificados através da avaliação da ficha inicial de inscrição, assim como, a observação participante. Os dados quantitativos referentes a cor, idade, situação civil, situação laboral e escolar (visto que o projeto prevê um curso de qualificação profissional) e o perfil familiar (composição, quantidade de filhos e dependentes e número de pessoas que residem no mesmo domicílio) serão retomados nesta parte (tais dados também se encontram na metodologia, participantes) e outros dados serão incluídos. As análises compreenderão a questão de se ter um perfil desejado

que este perfil seria um “ponto de encontro”, ou não, do grupo que foi formado. A questão do empoderamento será analisada num diálogo entre o conceito trazido pelo Projeto e as leituras pós-estruturalistas. Tendeu-se, nesta parte, qualificar os perfis das participantes que foram analisadas (todas que concluíram o curso) a fim de reduzir as categorizações trazidas pelos dados e algumas traduzidas em gráficos. Por fim, analisa à luz da teoria trazida por Joan Scott (2005) sobre as questões de identidade e diferença, grupo ou indivíduos.

Tópico 5.3 Construção de saberes e subjetividades: normatização ou rematerialização da força hegemônica? - Nesta parte, a avaliação não será o curso em si, mas os processos de construção de saberes e subjetividades tendo como ponto de partida os sujeitos participantes deste. Neste processo de construção, os dados que serão apresentados são do Plano de Ensino do Projeto Pedagógico de Curso (PPC) do curso FIC de Instalador de Refrigeração e Climatização Doméstica que compunha a Meta 3 do Projeto, qualificação profissional e a parte humanística. Como o ponto de partida são os sujeitos participantes e suas construções e ações dentro das atividades propostas e o reflexo desta construção serão trazidos através da própria avaliação das cursistas onde foi realizada uma pesquisa tendo como técnica o Grupo Focal, descrito acima na parte de Instrumentos. Nesta parte a análise será dividida em dois tópicos, sendo:

5.3.1 Qualificação profissional e a relação de poder que é construída através das diferenças entre os corpos sexuados - será apresentado o que foi proposto na grade do curso FIC de Instalador de Refrigeração e Climatização Doméstica e análise documental do Projeto Pedagógico de Curso – PPC, assim como algumas falas das análises que foram realizadas pelas cursistas desta parte do curso. A questão que se pretende discutir neste contexto é como o “sexo” é “uma das normas pelas quais o “alguém” simplesmente se torna viável, é aquilo que qualifica um corpo para a vida no interior do domínio da inteligibilidade cultural” (BUTLER, 2000, p. 152). Podemos discutir então por que um corpo de “mulher” está habilitado para determinadas funções profissionais que na maioria das vezes tem como escopo o âmbito doméstico, dos cuidados pessoais e das relações humanas. Neste formato, a discussão sobre a dinâmica do poder que existe nesta relação se faz importante visto que

muitas dessas tarefas não são valoradas em determinadas sociedades, em especial a nossa.

5.3.2 Parte humanística e a interação de saberes - veremos os componentes curriculares da parte humanística do curso, o que foi debatido e o que as mulheres pontuaram a respeito. A análise se fará tendo como base as discussões trazidas pela autora Joan Scott (1994), entre outros autores, de que “o saber não se refere apenas a ideias, mas a instituições e estruturas, práticas cotidianas e rituais específicos” (p. 12 e 13). Neste contexto, a produção de saberes se refere tanto o que foi transmitido por parte da proposta pedagógica do curso quanto o que foi capitado e recebido de saberes trazidos pelas mulheres. Esta produção de saberes dentro deste espaço pode ter sido pensada “de um jeito que transforma a consciência, criando um clima de livre expressão” (HOOKS, 2013, p. 63), uma ação educativa e política que prescinde do conhecimento crítico ou pode ter contribuído para uma “educação bancária”, verticalizada e opressora (FREIRE, 1987). Tais reflexões estarão presentes nas análises deste tópico.

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