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2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA QUESTÃO:

2.1.5 Os migrantes e os refugiados

O direito de entrar em um país estrangeiro, de ali permanecer e de exercer atividade econômica remunerada, estão estreitamente ligados. Constituem condições preliminares para o igual tratamento dos nacionais e estrangeiro um dos corolários da proteção internacional dos direitos humanos.

O deslocamento dos povos não é um produto do nosso século, desde que o trabalho foi introduzido na nossa humanidade, homens e mulheres têm saído de suas pátrias a procura de melhores condições de vida, sendo que, no alvorecer no século XXI não na nenhuma região do globo que não tenha seus estrangeiros em seus Estados.

Alem disso, a pobreza e a incapacidade de ganhar ou produzir suficiente para manter a si e a sua família são as principais razões da movimentação internacional de trabalhadores.

Normalmente, um migrante econômico deixa o seu país voluntariamente, à procura de uma vida melhor. Por outro lado, para um refugiado, as condições econômicas no país de acolhida são menos importantes do que a segurança. Na prática, a distinção pode ser muito difícil de estabelecer, mas ela é fundamental: um migrante goza da proteção do governo do seu país; um refugiado, não.

Conforme Caverzere (2001, p. 109) os cidadãos saem do país de origem para reivindicar a condição de refugiado, em virtude de violação aos direitos humanos fundamentais, da qual eles querem escapar. A fuga, então, passa a ser a única maneira possível de emigrar.

Os padrões e intensidades da migração se tornaram cada vez mais complexos nos tempos modernos, envolvendo não apenas migrantes econômicos, mas também milhões de refugiados. Mas refugiados e migrantes, mesmo que viajem da mesma forma com frequência, são fundamentalmente distintos, e por esta razão são tratados de maneira muito diferente perante o direito internacional moderno.

Casella (2001, p. 23) salienta que existem três elementos que dão causa ao deslocamento internacional de pessoas: políticos, ambientais e econômicos.

Dentre os migrantes, o principal deles é o motivo econômico, aonde ocorre o deslocamento para melhorar as perspectivas para si mesmos e para suas famílias. Ao passo que para os refugiados a o deslocamento decorre devido à necessidade de preservação de suas vidas e de sua liberdade. Além do mais, eles não possuem proteção de seu próprio Estado tendo, inclusive em alguns momentos, a perseguição por parte do próprio governo.

Assim sendo, as diversas formas de migração podem ter motivações diferenciadas podendo ser de ordem econômica, familiar, políticas ou de ordem legais através de migração irregular, emigração/imigração controlada, livre emigração, sendo que poderão ser

forçoso e os não forçosos, colocando-se entre os últimos o status dos refugiados.

A partir disso, é possível estabelecer a distinção entre migrante e refugiado, pois o primeiro deslocando-se por livre e espontânea vontade e o segundo, via de regra é forçado ao deslocamento por motivos no mais das vezes ligados a violações dos direitos humanos e perseguições políticas ou ideológicas, que resultam, quase sempre, em violações a seus direitos.

Para Oliveira (2006, p. 184) os movimentos migratórios, pelo menos no que se refere aos fluxos de trabalhadores, respondem, via de regra, às demandas dos países industrializados por mão-de-obra barata e sem qualificação para os setores da agricultura, da alimentação, da construção, da indústria têxtil, serviços domésticos e muitos outros, considerados pelos nacionais, sujos, perigosos ou que exigem muito esforço.

A partir do momento em que foi aprovada a Convenção de Refugiados de 1951, que veio estabelecer conceito e definição, o ACNUR tem oferecido proteção e assistência para dezenas de milhões de refugiados, encontrando soluções duradouras para muitos deles. Se outros países não os aceitarem em seus territórios, e não os auxiliarem uma vez acolhidos, poderão estar condenando estas pessoas à morte ou à uma vida insuportável nas sombras, sem sustento e sem direitos.

Para Casella (2001, p. 17-26) os refugiados podem ser divididos em duas categorias, os políticos e os econômicos, de acordo com as motivações para o deslocamento. Primeiramente estão os que buscam refúgio por fundado medo de perseguição e, posteriormente, quando se vêem impossibilitados em seus países originários de satisfazer às suas necessidades vitais. Sendo que os migrantes poderiam subsistir em seus países enquanto os refugiados estariam impossibilitados.

Na mesma linha de entendimento, Moreira (2006, p. 19-20) resume as diferenças entre os dois termos dizendo trata-se de um migrante econômico quando o deslocamento é voluntário e o indivíduo tem meios para sua subsistência ao passo que trata-se de um refugiado econômico ou de um asilado quando o deslocamento é forçado e o indivíduo não tem meios para sua subsistência.

Para ACNUR (2005) tal distinção é complexa em decorrência das considerações mencionadas anteriormente e por uma séria de outras.

O conflito armado e o caso político andam, quase invariavelmente, a par com o insucesso econômico. Países afetados pela violência generalizada são normalmente caracterizados por baixas (ou negativas) taxas de crescimento, padrões de bem-estar social em declínio, inflação elevada e desemprego crescente. Nestas circunstâncias, as pessoas poderão sentir-se forçadas a abandonar o seu país devido a um conjunto de razões que envolvem, nomeadamente, o desejo de garantir a sua segurança física e econômica. Por isso, poderá ser difícil traçar uma distinção clara entre o que, tradicionalmente, tem sido designado como as ‘causas de raiz dos movimentos de refugiados e as ‘pressões migratórias’ [...]. Hoje, mais do que nunca, os refugiados são parte de um fenômeno migratório complexo, no qual se combinam fatores políticos, étnicos, econômicos, ambientais e de direitos, que provocam deslocações de população.

Sendo assim, frente às dificuldades para o estabelecimento de distinção entre refugiado e migrante econômico, o ACNUR (2011) considera que “para um refugiado, as condições econômicas no país de acolhimento são menos importantes do que a segurança.” E, ainda: “um migrante goza da proteção do governo do seu país; um refugiado não” (MOREIRA, 2006, p. 20).

Após a devida distinção entre os refugiados e migrantes, faz-se necessários estabelecer a diferenciação entre refugiados e apátridas a partir dos conceitos de nacionalidade e cidadania. Tais definições dos termos relacionados são importantes devido ao fato de que, por meio do esclarecimento das diferenças existentes entre eles, temos uma noção mais clara e precisa do conceito de refugiado.