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2.3 Coordenação pedagógica na Rede Pública de Ensino do DF

2.3.1 Os primeiros tempos

No Distrito Federal, esse espaço e esse tempo de coordenação pedagógica passaram por várias configurações. Os mais antigos registros encontrados tratam da organização pedagógica da rede pública, datado de 1969 e intitulado “O ensino primário no Distrito Federal”, pautado na “Indicação nº 05 de 1963 –“Normas preliminares para organização do sistema de ensino do Distrito Federal – da educação de grau primário” do Conselho de Educação do Distrito Federal, prevendo a organização do ensino por fases que, naquela época, representava uma tentativa de superação dos desafios da retenção dos alunos pela reprovação, pela exclusão e pela evasão escolar.

O documento de 1969 apresentava a organização do sistema de ensino que previa uma “Coordenação de Educação Primária – CEP” sob responsabilidade de um coordenador assistido por assessores de Ensino Fundamental e de Ensino Primário Supletivo. A figura do coordenador pedagógico aparece nessa época como forma de garantir a qualidade do ensino, bem como o conceito de controle que também fazia parte das funções do coordenador.

Esse núcleo CEP era integrado por outros núcleos: Divisão de Orientação e Supervisão; Serviço de Reconhecimento e Inspeção de Ensino Primário Particular; Seção de Movimentação de professores; Seção de Mecanografia; Instituto de Educação do

“Excepcional” – termo da época; o Núcleo de pesquisas sobre Educação Primária que era complementado com Clínica Psicopedagógica; Biblioteca; Centro de preparação de material didático; Centro de Documentação; e uma Escola Experimental. Os aspectos administrativos ficavam centralizados em órgãos da Fundação Educacional do DF. O documento apontava a necessidade de reforma estrutural pelo funcionamento desses vários núcleos. Atualmente, essa estrutura está regionalizada com as Diretorias Regionais de Ensino, presentes em 14 cidades do Distrito Federal e que será detalhada mais adiante (ROCHA, 1969).

Conforme o documento, o trabalho de coordenação pedagógica era realizado pelos Orientadores de Ensino, professores lotados nas escolas e depois de um ano de estágio supervisionado é que realizavam a orientação diretamente aos professores. Atualmente, essa constitui uma das funções do coordenador pedagógico da Rede Pública de Ensino do DF e vale destacar que para essa época era uma estrutura de organização do trabalho pedagógico com avanços e que contemplava a articulação do trabalho dos professores, ainda que a concepção de educação e de orientação da época estivessem em bases teórico-práticas diferentes das atuais, uma vez que se pautavam no tecnicismo .

Quando a escola não contava com o orientador de ensino, o diretor da escola assumia esse papel. Nas escolas onde havia o orientador de ensino, o diretor precisava estar engajado no trabalho pedagógico e respondia por essa orientação pedagógica por três razões: o diretor detinha qualificação para essa tarefa; tornava-se o responsável pelo rendimento escolar; além de ser a pessoa que estava mais próxima dos professores e dos problemas da escola. A concepção de coordenação era de “assistência pedagógica e crescimento profissional pelo intercâmbio de experiências entre professores” (ROCHA, 1969, p.13).

Existia uma Divisão de Orientação e Supervisão composta por especialistas nas diferentes áreas do currículo, e supervisores responsáveis pelo currículo a ser desenvolvido nas escolas que, juntamente com orientadores e diretores, planejavam o trabalho. Essa divisão também dava assistência indireta aos professores e diretores por meio de cursos. Professores dos cursos Normais e da Universidade de Brasília eram convidados para fazer essa formação.

Os professores, pessoal administrativo e auxiliares assumiam contratos pelo regime da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), diretamente, com a Prefeitura do Distrito Federal (PDF) ou pela Fundação Educacional do Distrito Federal (FEDF), que era um órgão descentralizado da PDF. Em todas as situações, os funcionários eram contratados por meio de

seleção pública ou concurso. Professores da PDF ocupavam o cargo de diretor, por meio de concurso e tinham que ter curso de Administração Escolar, além do curso Normal.

O professor cumpria uma carga horária de vinte (20) horas semanais de regência e quatro (04) horas semanais de horário complementar, cumpridas em um dia da semana, no horário contrário ao da regência de classe. Não apareceu a denominação coordenação pedagógica e sim de horário complementar, destinado ao planejamento e avaliação no estabelecimento de ensino ou em outras escolas quando ocorriam as reuniões para estudos. (ROCHA, 1969). O objetivo era de “oferecer oportunidade de assistência pedagógica e crescimento profissional pelo intercâmbio de experiências entre os professôres (sic)”(ROCHA, 1969, p.13).

Além desse horário complementar para o intercâmbio de experiências, outras ações constam atualmente designadas como ações de educação continuada, de acordo com o referido documento:

Ao lado da medida, desencadeamos o seguinte esquema de ação: pessoal – a) treinamento de professôres (sic) para a 1ª fase, em cursos especiais e em serviço; b) treinamento de orientadores e diretores para acompanhamento do trabalho e orientação aos professôres (sic). Essa orientação é feita semanalmente em 4 (quatro) horas do chamado horário complementar; c) Organização de uma equipe central para a supervisão dos trabalhos de 1ª fase, com professôres (sic) de reconhecida experiência no trabalho de alfabetização; d) estabelecimento experimental de equipes de professôres (sic) especializados em alfabetização em duas escolas em Taguatinga, para aulas de demonstração e descentralização do trabalho de supervisão da 1ª fase.

A mesma autora afirma que, nessa época, os professores tinham pouca experiência e eram formados em vários estados brasileiros, entretanto, pelo contexto da inauguração da cidade de Brasília, a experiência docente era de 11 meses e a faixa etária entre 18 a 32 anos (78%). Uma categoria jovem de professores iniciando a carreira docente, com um ponto positivo – não havia leigos na rede. Esse cenário determinou as ações de educação continuada na organização do sistema de ensino, ainda que com a concepção de treinamento de pessoas, concepção que parece ter sido superada.