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Perfil dos participantes da pesquisa

2.6 Os procedimentos de análise dos dados

A partir da definição estratégica que sustenta esta pesquisa, neste contexto, o estudo de caso, escolheram-se dois instrumentos de coleta de dados: o questionário e o e-mail dialogado. Agora, após observar as respostas dadas às questões do questionário aplicado aos participantes, detenho-me a descrever o modelo de análise escolhido para analisar os dados que compõem esta pesquisa.

Os procedimentos escolhidos para analisar os dados baseiam-se na proposta da análise de conteúdo, especificamente, o modelo retratado por Bardin (2011).

Segundo Bardin (2011), análise de conteúdo é:

Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição de conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens (BARDIN, 2011, p. 48).

Antes de todo processo de categorização, de acordo com Bardin (2011), os dados precisam ser codificados. Para a autora, codificar os dados significa transformar os dados brutos do texto por meio de recorte, agregação e enumeração para atingir uma representação do conteúdo a fim de esclarecer ao analista as características do texto. Definido o modelo de pesquisa adotado para a análise dos dados, conforme citado anteriormente, foi necessário escolher uma técnica dentro desse modelo de pesquisa. Por isso, optei, para analisar os dados que compõem este estudo, a técnica de análise categorial. Essa escolha procedimental se deu pela natureza dissertativa das respostas dos participantes, o que permite, segundo Bardin (2011), uma investigação dos temas ou análise temática de maneira rápida e eficaz na condição de se utilizar os discursos diretos. Os dados obtidos por meio das respostas às questões do questionário possibilitam a análise das significações manifestas em cada discurso direto produzido pelos participantes ao responderem as questões. Sendo assim, creio que a escolha procedimental sustentará a análise dos dados. Para explicar a escolha da técnica utilizada para a análise dos dados, apoio-me na conceituação de Bardin (2011) sobre as categorias, segundo a qual, a autora afirma que:

a categorização é uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto por diferenciação e, em seguida, por reagrupamento segundo o gênero (analogia), com critérios previamente definidos. As categorias são rubricas ou classes, as quais reúnem um grupo de elementos (unidades de registro, no caso da análise de conteúdo) sob um título genérico, agrupamento esse efetuado em razão das características comuns destes elementos (BARDIN, 2011, p. 147).

Conforme citado no parágrafo anterior, a técnica escolhida para analisar os dados foi a análise categorial. Com base na escolha da técnica, foi preciso definir o critério de categorização a ser utilizado para agrupar os elementos que possuem aspectos em comum ou divergentes entre si. Sobre o critério de categorização, Bardin (2011) expõe que pode ser semântico (categorias semânticas), sintático (os verbos, os adjetivos), léxico (classificação das palavras segundo o seu sentido) e expressivo (categorias que classificam as diversas perturbações da linguagem). O critério de categorização de Bardin (2011) citado acima serviu como base para a organização dos dados desta pesquisa em categorias, portanto, para este trabalho, utilizo a análise temática que, de acordo com Bardin (2011), objetiva detectar em uma situação de comunicação os núcleos de sentido que a compõem, cuja presença pode representar algo útil para o objeto de análise estudado.

A partir do objetivo da análise temática exposto por Bardin (2011), ao realizar o recorte do texto, temos a unidade de registro que é a significação codificada e corresponde ao segmento de conteúdo, considerado unidade de base, visando à categorização. Dentro da análise temática, utilizo como unidade de registro o tema. Segundo Bardin (2011, p. 135) “o tema é a unidade de significação que se liberta naturalmente de um texto analisado segundo certos critérios relativos à teoria que serve de guia à leitura”. Além disso, de acordo com Bardin (2011), o tema é geralmente utilizado como unidade de registro para estudar motivações de opiniões, de atitudes, de valores, de crenças, de tendências etc.

A escolha por essa unidade de registro ocorreu durante o tratamento dos dados, precisamente, no momento da exploração do material, quando realizei a organização das respostas dos participantes referentes às seguintes questões: O que você compreende por método? O que você compreende por abordagem? O que você compreende por técnica? A ideia de colocar essas três perguntas como questões chave, surgiu com base nos textos disponibilizados no site de cada instituto, na seção destinada à descrição do método utilizado para o ensino do

idioma. Nessa seção, detectou-se que os termos abordagem, método e técnica eram utilizados, na maioria das vezes, ou como sinônimos ou eram usados equivocadamente, o que, segundo Anthony (1963), causa uma confusão terminológica e, por isso, precisa ser esclarecido para que não haja uma grande dificuldade no avanço de pesquisas que contemplem essa temática.

Durante os primeiros contatos com as respostas a cada pergunta citada anteriormente, organizei-as lado a lado, obedecendo a seguinte ordem: na primeira coluna foi colocada a resposta que remetia à questão sobre o que o participante compreendia por abordagem; na segunda coluna, a resposta referente à questão sobre o que o participante compreendia por método e, na terceira coluna, a resposta referente à pergunta sobre o que o participante compreendia por técnica. Essa organização teve como objetivo proporcionar uma visão global das respostas para, posteriormente, realizar uma comparação entre elas para que pudesse, a partir da observação das respostas, estabelecer uma relação e perceber se os professores- coordenadores utilizam os termos abordagem, método e técnica como sinônimos ou os utilizam com um sentido diferente da conceituação estabelecida por Anthony (1963). Além disso, seria possível perceber em qual(is) abordagem(ns) ou método(s) esses professores-coordenadores apoiam-se para organizar e estruturar os cursos de inglês, já que cada participante deste estudo representa um instituto privado de idiomas, no qual foi constatado o uso desses termos de forma equivocada.

Apesar de o objetivo da pesquisa estar bem delineado, sabendo-se que o foco do estudo era investigar a concepção de método de professores-coordenadores de institutos privados de idiomas, considerei mais adequado definir as categorias somente após o tratamento e a codificação dos dados já coletados, mesmo já tendo em mente possíveis concepções que poderiam surgir, predições advindas de minha experiência profissional e também observadas nos sites dos institutos. Essa decisão foi tomada para que a análise não se limitasse às categorias já definidas, ou seja, o propósito foi extrair das informações provenientes dos dados elementos suficientes para criar as categorias a posteriori.

Segundo Bardin (2011), a categorização pode ser definida por meio de dois processos inversos:

É fornecido o sistema de categorias e repartem-se da melhor maneira possível os elementos à medida que vão sendo encontrados. Este é o procedimento por “caixas” de que já falamos, aplicável no caso de a

organização do material decorrer diretamente dos funcionamentos teóricos hipotéticos;

O sistema de categorias não é fornecido, antes resulta da classificação analógica e progressiva dos elementos. Este é o procedimento por “acervo”. O título conceitual de cada categoria somente é definido no final da operação (BARDIN, 2011, p. 149, grifos da autora).

Tomando como base o caminho percorrido em busca de informações condizentes com o propósito da pesquisa e os processos de categorização apresentados por Bardin (2011), optei pelo segundo critério estabelecido pela autora, cujos títulos das categorias são definidos no final da operação, a partir da classificação analógica e progressiva dos elementos. Essa opção resultou nas seguintes categorias: a concepção de método, a concepção de abordagem e a concepção de técnica.

Para estabelecer as categorias citadas anteriormente, foi preciso definir as unidades de registro que comporiam a análise dos dados. Sendo assim, busquei por meio do recorte das comunicações13, os núcleos de sentido presentes nas mensagens dos participantes a fim de estabelecê-las de forma que pudesse chegar à categorização. A partir dessa busca, definiu-se o tema como unidade de registro. O tema contribuiu para a definição das categorias, mas foi importante e enriquecedor ir além dele. Por isso, estabeleci, também, a frase14 como unidade de registro, pois, sendo mais específica, forneceu-me mais evidências acerca da concepção de método dos participantes da pesquisa.

A frase é construída por meio da escolha lexical e sintagmática de quem a constrói. Escolhi observar a escolha sintagmática15 dos participantes porque ela proporciona uma visão completa da ideia expressa nas falas dos professores- coordenadores.

13 Segundo Bardin (2011, p. 38), a comunicação é qualquer veículo de significados de um

emissor para um receptor.

14 A frase é aqui entendida como uma unidade de sentido que exprime um pensamento

completo, segundo Bardin (2011, p. 134).

15 No discurso, os termos estabelecem entre si, em virtude de seu encadeamento, relações

baseadas no caráter linear da língua, que exclui a possibilidade de pronunciar dois elementos ao mesmo tempo. Estes se alinham um após outro na cadeia da fala. Tais combinações, que se apoiam na extensão, podem ser chamadas de sintagmas (SAUSSURE, 1995, p. 142, grifo do autor).

Toda a síntese da organização dos procedimentos de análise dos dados pode ser observada no quadro seguinte:

Critérios para análise dos dados