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CAPÍTULO 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

4.1 ANÁLISE DOCUMENTAL

4.2.3 Os professores do CST em Sistemas para Internet

O questionário (Apêndice F) aplicado aos professores do CST em Sistemas para Internet é composto de 15 questões contendo perguntas abertas e fechadas. Conforme expusemos no capítulo metodológico, participaram desta pesquisa 13 professores que ministram disciplinas técnicas no curso. Na nossa análise, identificamos esse grupo através da sigla ProfSpI (Professores de Sistemas para Internet), sendo que cada participante é identificado pela sigla ProfSpI – Inf-x (inf = informante) e “x” é o número atribuído ao participante.

Destacamos que esse grupo é formado predominantemente por professores do sexo masculino e que, 61,54% desses participantes possuem uma carga horária de 40 horas com dedicação exclusiva na instituição onde a pesquisa foi realizada; os demais, 15,38% têm a carga horária de 40 horas semanais, e 23,08% trabalham 20 horas semanais. Conforme a pergunta que gerou o gráfico 6, 61,54% dos professores possuem mestrado, 23,08% estão cursando mestrado e 7,69% dos participantes possuem doutorado e pós-doutorado. Esses dados revelam que os professores procuram investir em sua formação acadêmica, o que consequentemente, pode refletir na qualidade da formação que se pretende oferecer aos estudantes do curso.

Gráfico 6 – Escolaridade dos Professores do CST em Sistemas para Internet.

23,08%

61,54% 0,00%

7,69% 7,69%

Escolaridade dos Professores

Mestrado em andamento Mestrado conluído Doutorado em andamento Doutorado concluído Pos-doutorado

Quanto à área de formação dos professores, organizamos o quadro 15 conforme as respostas para a pergunta “Qual é a sua área de formação?”

Quadro 15 – Formação dos Professores

Professor Área de Formação

ProfSpI-Inf1 Sistemas de Informação ProfSpI-Inf2 Engenharia da Computação ProfSpI-Inf3 Ciência da Computação ProfSpI-Inf4 Tecnologia da Informação

ProfSpI-Inf5 Computação

ProfSpI-Inf6 Informática

ProfSpI-Inf7 Ciência da Computação ProfSpI-Inf8 Informática

ProfSpI-Inf9 Computação

ProfSpI-Inf10 Processamento de Dados

ProfSpI-Inf11 Redes de Computadores e Sistemas Operacionais ProfSpI-Inf12 Sistemas de Informação

ProfSpI-Inf13 Tecnólogo em Processamento de Dados

Com base no quadro 15, percebemos que a área de formação dos professores é voltada para as disciplinas ofertadas no currículo do curso, o que consideramos coerente e significativo para o curso como um todo. Além disso, as disciplinas ministradas pelos professores das áreas técnicas têm relação direta com a área de formação deles, o que favorece o planejamento das aulas e dos materiais que serão utilizados.

Com relação à relevância da oferta da disciplina de Inglês no CST em Sistemas para Internet, perguntamos aos professores “Você considera importante a oferta da disciplina de inglês no curso de Sistemas para Internet? Por quê?” Com exceção de (01) um participante, os demais afirmaram que consideram importante a oferta da disciplina no curso. Dessa forma, selecionamos algumas justificativas apresentadas por esses informantes:

“Complementa a aprendizagem e também é um meio para entendimento de linguagens de programação e outros sistemas em língua inglesa” (ProfSpI – Inf1).

“Os materiais das novas tecnologias surgem em inglês. As ferramentas e manuais estão em inglês” (ProfSpI – Inf3).

“Toda documentação de nossa área é na língua inglesa” (ProfSpI – Inf5). “Sistemas, bibliografia exigem conhecimento em inglês” (ProfSpI – Inf7). “[…] precisamos saber de uma tecnologia assim que ela é criada” (ProfSpI – Inf8).

“Certificações, treinamentos, programas e comunicação na sua maioria é em inglês, mesmo oferecidas e cursadas no Brasil” (ProfSpI – Inf12).

“Há muito mais material para estudo em inglês, como os cursos da plataforma Coursera”35 (ProfSpI – Inf13).

Com base na avaliação feita pelos professores, é notória a importância dada à disciplina de inglês no curso que estamos analisando, ou seja, é inconcebível pensar em um curso tecnológico inserido no eixo “comunicação e informação”, sem que seja dada a devida atenção em termos de oferta da língua estrangeira, como no caso da língua inglesa. Considerando a relevância dada à oferta da disciplina no curso, perguntamos aos participantes: “Você acha necessária a oferta da disciplina de inglês durante todo o curso de Sistemas para Internet? Por quê?” O resultado aponta que 69,23% dos participantes acreditam que há necessidade de oferta da disciplina de inglês durante todo o curso, com isso, justificam que “Quanto mais tempo o estudante tiver contato com o idioma, maiores as chances de aprendizado” (ProfSpI – Inf8); “Devido à importância e tempo necessário para uma qualificação adequada” (ProfSpI – Inf12); “Seria uma maneira de possibilitar aos estudantes um contato com a língua inglesa muito maior do que é feito atualmente” (ProfSpI – Inf13). Em contrapartida, 30,76% dos participantes responderam que não há necessidade de oferta da disciplina durante todo o curso, por conseguinte, destacamos algumas justificativas: “A língua estrangeira precisa ser conhecida e estudada antes, no CST são conhecimentos técnicos” (ProfSpI – Inf2); “Não tem espaço disponível na matriz curricular” (ProfSpI – Inf4).

Diante do que foi exposto, acreditamos que as respostas dos professores em relação à importância da oferta da disciplina no curso, bem como à necessidade de oferta da disciplina durante todo o curso, refletem percepções distintas, as quais enfatizam por

35Plataforma de cursos online gratuitos, conforme informações obtidas através do site

um lado, a importância da língua no cenário acadêmico e profissional, e por outro, evidencia-se uma oposição, desencadeada pela preocupação em termos de “espaço na matriz curricular” para que a disciplina possa ser ofertada durante todo o curso.

Isso posto, analisamos que, apesar da preocupação apontada anteriormente, ao perguntarmos “Você acredita que a carga horária de inglês disponível para o Curso de Sistemas para Internet (01 semestre de 60 horas semanais) atende/atenderá às necessidades acadêmicas e profissionais dos futuros tecnólogos?” Os professores foram unânimes em responder que não acreditam que a carga horária atende ou atenderá às necessidades dos futuros profissionais. Com isso, os professores justificam que “[…] não há tempo para que os alunos aprendam o mínimo necessário” (ProfSpI – Inf3); “Deveria ser 03 semestres de 60 horas” (ProfSpI – Inf5); “Pouca carga horária para desenvolver as habilidades” (ProfSpI – Inf8); “A utilização do inglês ocorre durante o curso todo. Assim sendo, uma disciplina no início do curso não conseguirá atender às necessidades” (ProfSpI – Inf13).

Considerando a relevância apresentada através do ponto de vista dos professores em relação à aprendizagem da língua inglesa no CST, indagamos aos participantes: “Quais atividades você julga necessárias para desenvolver competência comunicativa em língua inglesa no curso de Sistemas para Internet?”. Para que os participantes pudessem responder à pergunta, elencamos algumas alternativas para serem assinaladas, conforme o quadro 16.

Quadro 16 – Atividades para o desenvolvimento da Competência Comunicativa

Atividades Respostas em percentual

Aulas de língua inglesa ministradas na língua-alvo. 61,53% Apresentações orais individuais, em grupos ou duplas 30,76% Comunicar-se com colegas, professores e servidores

na língua-alvo

61,53% Utilização de material didático específico da área de

Sistemas para Internet

61,53%

Realização de videoconferências 38,46%

Interação via Skype, Moodle, Hangout,etc. 53,84% Participação em Congressos, Palestras, Fóruns,

Semanas acadêmicas, etc.

30,76% Participação em programas de intercâmbio em países

de língua inglesa

53,84% Assistir a vídeos, filmes, séries, documentários, etc. 69,23%

Conforme o quadro 16, das alternativas assinaladas pelos professores, destacamos aquelas em que a maioria dos participantes julga serem as atividades mais relevantes para que os alunos desenvolvam CC na língua-alvo. As opções pelas atividades “Assistir a vídeos, filmes, séries, documentários, etc. (69,23%)”; “Aulas de língua inglesa ministradas na língua-alvo (61,53%)”; “Comunicar-se com colegas, professores e servidores na língua-alvo (61,53%)”; Utilização de material didático específico da área de Sistemas para Internet (61,53%)”, demonstram que, na visão dos professores, as aulas devem ser conduzidas em um ambiente que promova a interação e, consequentemente, a motivação dos estudantes, através de atividades que não sejam concentradas apenas na habilidade de leitura. Contudo, aos perguntarmos aos professores a respeito das habilidades em inglês (ler, escrever, falar, compreender) que eles consideram mais importantes para o tecnólogo em Sistemas para Internet, todos os professores optaram pela habilidade de leitura, e a maioria (69,23%) optou pela habilidade de compreensão.

Diante das percepções dos professores em relação ao ensino e aprendizagem da língua inglesa no curso que estamos analisando, julgamos relevante perguntar a esses participantes, “Como você acha que deveriam ser conduzidas as aulas de inglês no curso de Sistemas para Internet?” Para ilustrarmos o resultado, selecionamos algumas respostas dos participantes:

“As aulas deveriam ser conduzidas o mais “integradamente” possível. Acredito que todos os professores têm condições de criarem momentos em que é necessário o uso da língua inglesa como ferramenta para auxiliar a resolução de um problema” (ProfSpI – Inf13).

“Com material específico da área, estímulo à fala e leitura em inglês, e uso de material audiovisual” (ProfSpI – Inf9).

“Práticas, sempre focadas nas habilidades de speaking e listening” (ProfSpI – Inf8).

“Em parceria com alguém da área técnica, com exercícios direcionados para a realidade do egresso” (ProfSpI – Inf5).

“Utilizando artigos técnicos para ensinar a língua” (ProfSpI – Inf2).

“Leitura e interpretação de textos técnicos como artigos, conversação e pronúncia para apresentações técnico/científicas” (ProfSpI – Inf6).

Diante do que expusemos, analisamos que as percepções dos participantes demonstram que, embora apoiados à visão de que o foco deve estar nas habilidades de

leitura e compreensão, eles acreditam que as aulas devem ser “práticas”, com “estímulo à fala e leitura”; “o mais “integradamente” possível”; “focadas nas habilidades de

speaking e listening; “com exercícios direcionados para a realidade do egresso”; quer

dizer, em termos práticos, percebemos que os professores acreditam que as aulas de língua inglesa precisam ser planejadas de maneira a promover uma integração entre a teoria e a prática, culminando na preparação do tecnólogo para atender às exigências do mercado de trabalho.

Nas últimas perguntas do questionário aplicado aos professores, buscamos saber a respeito da atuação desses participantes na elaboração do PPC, bem como a motivação para a inserção da disciplina de inglês no curso de Sistemas para Internet. Desse modo, indagamos através da seguinte pergunta: “Você participou da elaboração do Projeto Pedagógico do Curso Superior de Tecnologia em Sistemas para Internet? Sim? Não?” Dentre os 13 professores, 03 afirmaram que participaram da elaboração do documento. Com base na afirmação dada pelos participantes, perguntamos “Quando da elaboração do PPC do curso de Sistemas para Internet, foi feito um estudo a respeito da demanda, ou seja, das necessidades da área em relação à disciplina de inglês? Sim? Não?” Dentre os 03 participantes, 02 afirmaram que houve um estudo a respeito da demanda de oferta da língua inglesa no curso.

Por fim, perguntamos aos professores que participaram da elaboração do PPC “O que motivou a inserção de inglês no currículo do curso de Sistemas para Internet da forma como é ofertado atualmente?”. Como resultado para essa pergunta, transcrevemos as respostas dos professores: “Reconhecimento da importância da língua inglesa para a área” (ProfSpI – Inf1); “Os usos de TI exigem o inglês e o campo de trabalho utiliza muito a linguagem” (ProfSpI – Inf7); “A carga horária foi definida em função da quantidade de professores que poderiam ministrar as aulas. Como há uma demanda considerável e não há perspectiva de novos concursos, optou-se por ofertar a disciplina de modo que “pesasse” o mínimo possível [...]”(ProfSpI – Inf13).

O que nos chama a atenção nas respostas dos professores, é que existe um evidente reconhecimento quanto à importância da oferta da língua inglesa no curso, contudo, uma possível alteração na carga horária da disciplina, de modo que se possa realizar um planejamento que contemple atividades que atendam às necessidades acadêmicas e profissionais dos alunos, vai de encontro a determinados interesses institucionais.

No próximo subitem analisamos os questionários aplicados aos colaboradores que atuam nas empresas que representam o mercado de trabalho.