4 MATERIAL E MÉTODOS
4.4 Os sujeitos da pesquisa
Participaram da pesquisa uma turma de 6º ano do ensino fundamental de uma escola
estadual de Anápolis e os seus professores de geografia e ciências.
4.4.1 OS ALUNOS
A escolha pelo 6º ano se fez em função dos dados do INEP que apontam essa série
como a campeã nos índices de reprovação e abandono no ensino fundamental. A escola possui
três salas de 6º ano, a turma escolhida foi o 6º ano C, em função da organização do horário.
Como optamos por aplicar a sequência didática utilizando uma aula de ciências e uma de
geografia por semana, sendo essas aulas seguidas uma da outra, a única turma que seria
possível era o 6ºC. A turma é pequena, composta por 7 alunos do gênero masculino e 11 do
feminino. Segundo a coordenadora da escola, o 6ºC tem menos alunos que os outros dois, o
6ºA (35 alunos) e 6ºB (34 alunos), em função da sala disponível na escola ser pequena e não
comportar um número maior de estudantes. Os alunos foram orientados a escolher um
codinome que gostariam de ser chamados, assim, foi possível manter a identidade deles em
sigilo.
Com a finalidade apenas de conhecer os estudantes, que seriam os sujeitos da
pesquisa, foi aplicado um questionário socioeconômico (APÊNDICE B), que junto com as
descrições feitas pelos professores, possibilitaram caracterizar a turma em estudo. Sendo
assim, foi constatado que esse 6º ano C é considerado como uma turma agitada, participativa,
muito falante e com problemas para obedecer às regras de disciplina. A idade deles varia de
11 até 16 anos, o que demonstra ser uma turma com elevado índice de distorção idade-série,
dos 18 alunos da turma, três disseram já terem sido reprovados uma vez e quatro deles
afirmaram ter reprovado duas ou mais vezes. De acordo com os professores nas outras duas
turmas de sextos anos, essa distorção é menor.
Provavelmente a maioria deles mora próximo da escola, pois muitos disseram ir a pé,
de carona ou bicicleta (cerca de 78%). Sobre a forma de moradia, predominou a casa própria,
mas que ainda está em pagamento. Em relação ao número de irmãos, a maioria possui dois
irmãos e seis alunos têm quatro ou mais irmãos. Todos os educandos disseram que não
trabalham e são financiados pela família. Sobre a vida conjugal dos pais prevaleceu o fato de
serem separados (aproximadamente 60%). No que diz respeito às fontes de informações mais
utilizadas por esses estudantes, eles afirmaram ser a televisão e a internet.
Sobre o nível de escolaridade da mãe, a maioria tem até o 3º ano do ensino médio,
algumas estudaram até o 9º ano do ensino fundamental, outras têm menos que o 5º ano do
ensino fundamental e apenas uma tem ensino superior, no entanto, alguns estudantes não
souberam responder a essa pergunta (cerca de 33%). Sobre a profissão das mães, cerca de
45% dos estudantes, afirmaram que elas não trabalham fora e cuidam da casa. Algumas das
profissões citadas foram: doméstica, costureira, enfermeira, cuidadora, comerciante e
manicure.
Em relação ao nível de escolaridade do pai, grande parte não soube dizer (cerca de
45%), alguns declararam que os pais fizeram até o 5º ano do ensino fundamental, outros até o
3º ano do ensino médio e três disseram que eles concluíram o ensino superior. Sobre a
profissão dos pais, predominou a prestação de serviços, alguns exemplos das profissões
citadas foram: mecânico, pedreiro, jardineiro, serralheiro, gari, guarda e porteiro. Apenas um
pai é comerciante, um é policial e um estava desempregado naquele momento.
Sobre estudar, 85% dos alunos afirmaram gostar, a maioria explicou que consideram
os estudos importantes para aprenderem coisas novas. Os 15% que disseram não gostar,
justificaram que as aulas são chatas e sem graça. Ao serem questionados sobre o que poderia
fazê-los desistir dos estudos, 45% dos estudantes disseram que nada seria capaz disso.
Daqueles que desistiriam de estudar, 60% afirmou que seria por desinteresse, pois acham as
aulas muito chatas, 20% consideram que o problema é a dificuldade de aprendizagem que
consideram possuir e os outros 20% disseram que poderiam desistir dos estudos por causa de
problemas familiares. Mas mesmo assim, todos afirmaram nunca ter abandonado a escola
durante o período de aulas.
A maioria dos alunos (60%) afirmaram que nem sempre faz as tarefas e os trabalhos de
casa, e quando faz, 60% alegou realizar tudo sozinho. Apenas 30% dos educandos disseram
que nunca tiraram notas abaixo da média. Grande parte falou que só faltam as aulas em
situações necessárias (75%). Sobre a escola que estudam, 85% disseram que gostam dela e as
principais mudanças que queriam realizar diz respeito à infraestrutura, como fazer quadra,
colocar ventilador e reformar os banheiros.
As aulas consideradas mais interessantes foram aquelas em que o professor utiliza
recursos multimídia e quando ocorre em espaços não formais de educação. Sobre a disciplina
de ciências, 100% dos alunos disseram gostar e a principal explicação é porque aprendem
conteúdos diferentes e interessantes. No entanto, 35% dos alunos ainda não sabem como é o
trabalho de um cientista e aqueles que afirmaram saber explicaram apenas de maneira
superficial, dizendo que cientistas descobrem as coisas, ou fazem experimentos. Além de
conhecerem pouco sobre o trabalho dos cientistas, 60% dos estudantes não gostariam de
exercer essa profissão. As principais explicações foram: “porque é ruim”, “porque dá muito
trabalho”, “porque não vou com a cara deles” e “porque é muito difícil”. Alguns dos alunos
que querem ser cientistas disseram que parece ser uma profissão interessante porque explora e
descobre coisas novas.
4.4.2 OS PROFESSORES
A professora de ciências da turma é graduada no curso de Ciências Biológicas e sua
carga horária é de 42 horas semanais. Além da disciplina de ciências, ela também ministra
aulas de Língua Portuguesa, mas não é para a turma dessa pesquisa. Ainda não possui curso
de pós-graduação e leciona há menos de cinco anos. O professor de Geografia é formado no
curso de Geografia, é especialista, leciona há mais de seis anos e atualmente ministra as
disciplinas de Geografia e História.
No documento
CONTRIBUIÇÕES DE AULAS INVESTIGATIVAS PARA O ENSINO DA BIODIVERSIDADE DE CUPINS DO CERRADO: UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA
(páginas 45-48)