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5 A ESCOLA MUNICIPAL DE ARACAJU COMO LOCUS DE ESTUDO

5.3 RETOMANDO O CAMINHO

5.3.2 Os Sujeitos da Pesquisa

Foram realizadas quinze entrevistas, adotando-se como critério para escolha dos sujeitos o tempo mínimo de quatro anos de atuação na escola, uma vez que nesse período eles teriam participado, no mínimo, de duas aplicações da Prova Brasil e da divulgação de dois Ideb. Ressalte-se a dificuldade de selecionar a amostra, pois foi reduzido o número de professores que se enquadraram aos critérios definidos para a pesquisa. Muitos, ou foram admitidos no concurso de 2012, ou recentemente contratados.

No caso dos professores, sujeitos da pesquisa, além do tempo de docência na escola, definiu-se como relevante a atuação no quinto ano. A inserção do gestor na amostra é justificada por entender-se que, sob sua liderança, pode emergir decisões que modificam ou mantém as práticas pedagógicas da escola. Para garantir o anonimato, tanto do pesquisados como da instituição, foi adotada uma nomenclatura pela qual se procurou posicionar os sujeitos.

Observados os critérios e assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice B) a população pesquisada ficou assim constituída:

Quadro nº 4 - Codificação dos sujeitos

Total Identificação dos sujeitos

Professor Escola A 3 PEA1 PEA2 PEA3 Professor Escola B 3 PEB1 PEB2 PEB3

Professor Escola C 2 PEC1 PEC2

Professor Escola D 2 PED1

PED2 Gestor da Escola 4 GE 1 GE 2 GE 3 GE 4 Gestor da Semed 1 GS Fonte: A autora, 2016.

Conforme assinalado, no capítulo 1, as entrevistas seguiram um roteiro norteador (apêndice C) com o qual se buscou respostas sobre quais os sentidos atribuídos: à qualidade da educação, ao processo de ensino e de aprendizagem, à avaliação realizada pela Prova Brasil e à nota da escola, atribuída pelo Ideb. Contudo, os entrevistados tiveram abertura para manifestar opiniões e, em diversos momentos, foram feitas intervenções para esclarecer questões por eles explicitadas.

Os gestores que compuseram a amostra são todos do sexo feminino, encontram-se na faixa etária entre 30 e 50 anos, possuem nível superior, sendo três pedagogos e um licenciado em letras. Dois desses gestores têm mais de uma graduação e todos possuem curso de pós-graduação lato sensu. São todos concursados, têm em média quatorze anos de magistério e, doze anos na rede municipal dos quais quatro na escola. Apenas um gestor possui mais de um vínculo empregatício e apenas um já desempenhou a função em outro momento.

Os professores, possuem em média 44 anos, apenas um do sexo masculino. Todos são licenciados, sendo dois em Letras e os demais em Pedagogia. Também houve, nesse grupo, dois com outras graduações. Todos cursaram pós-graduação lato sensu, ingressaram na rede por concurso e atuam no magistério, em média, há dezesseis anos. Do total, onze são na rede municipal e oito anos na escola. Do grupo selecionado apenas três professores possuem só este vínculo empregatício e um já tem uma aposentadoria em outra rede.

A descrição dos professores revelou que se trata de um quadro experiente, cuja percepção dos recursos pedagógicos ou financeiros atendem às necessidades da escola, os salários acompanham o estabelecido no piso salarial profissional nacional dos profissionais do magistério público da educação básica83. Nesse último item, a garantia do direito foi objeto de muitas lutas e greves da categoria, no período estudado.

83

Na análise das entrevistas foi possível identificar sentimentos distintos, em relação à escola, desde o de pertencimento, ao de desistência ou mesmo de alheamento, conforme depoimentos a seguir.

Estou muito satisfeita, inclusive eu sou uma das que acabou ficando, porque eu acredito no trabalho dessa escola, apesar da escola estar localizada numa comunidade de certa forma violenta, carente, mas nosso trabalho é super bem aceito na comunidade [...]. (PEB1).

[...] (Choro) Quando eu comecei aqui, disseram assim pra mim: você vai pra ali? Eu disse: eu vou. [...] Eu trabalhava de três a sete da noite, porque a escola funcionava em quatro turnos, pra conseguir botar todo mundo pra estudar. Quando eu saia tinha um deficiente que me acompanhava até o ponto. Não tinha rua, não tinha energia e ele dizia: tia vou lhe levar, mas ele não tinha como me proteger. E eu dizia: eu amo essa escola. Vou me aposentar aqui. Hoje eu não tenho mais esse sentimento. Por coincidência saiu minha remoção. (PEC1).

Quando, me mandam um pacote novo eu sempre acolho. Eu nunca vou de encontro, porque não adianta ir contra o superior. (PED 2).

O desenvolvimento de um bom trabalho por parte dos agentes escolares está associado ao sentir-se bem no ambiente escolar e resulta de uma construção pessoal e profissional que se desenvolve dentro do local de trabalho.

Estudos sobre fatores associados ao sucesso escolar foram desenvolvidos desde a década de 1960 e tiveram no relatório "Igualdade de oportunidades educacionais", elaborado por Coleman (1966) o estudo pioneiro nesta área de estudo. No Brasil, estes estudos começaram na década de 1990 e focam-se em dois pontos diferentes, um orientado para as condições de vida dos alunos, famílias, contexto social, cultural e econômico (fatores extraescolares), e o outro referente à própria escola, descrito pelos professores, diretores, projetos pedagógicos, insumos, instalações e organização institucional (SOARES, 2002; SOARES, 2004; VIERA; VIDAL,2009).

Há de se destacar um problema que alterou o clima das escolas estudadas, ora em maior, ora em menor intensidade, foi a mobilidade do corpo docente. Como já mencionado, no capítulo anterior, as causas são diversas e trazem como consequência uma dificuldade de efetivação de uma proposta pedagógica, bem como impossibilita o afloramento de divergências e estabelecimento de consensos, fato observado, sobretudo, nas escolas C e D.