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Os sujeitos da pesquisa nos níveis central, intermediário e local

No documento ANA PAULA DE MATOS OLIVEIRA (páginas 154-161)

CAPÍTULO 3: TRAJETÓRIA METODOLÓGICA DA PESQUISA

3.3 Contexto da pesquisa

3.3.2 Os sujeitos da pesquisa nos níveis central, intermediário e local

No nível central da SEE/DF estão os setores diretamente subordinados ao Secretário de Estado de Educação. A Caedu é responsável pelas atividades de acompanhamento, disseminação, interpretação e uso dos resultados das avaliações externas juntos à SUBGPIE e as DRE. Dentre as ações específicas desta coordenação, descritas no Capítulo V, Artigo 16º, do Regimento Interno da SEE/DF, sublinhamos as seguintes:

[...] III – coordenar e acompanhar as ações de avaliação educacional interna e externa do Sistema de Ensino do Distrito Federal; [...]

V – planejar, coordenar e acompanhar as ações pertinentes à aplicação, ao Sistema de Ensino do Distrito Federal, das avaliações externas nacionais; VI – executar, em parceria com a Subsecretaria de Gestão Pedagógica e Inclusão Educacional, com as Diretorias Regionais de Ensino e com as instituições educacionais, as ações necessárias para a viabilização de todos os processos que compõem as avaliações externas; [...]

VIII – definir padrões e mecanismos de disseminação dos resultados do SIADE e das avaliações externas nacionais;

IX – promover a discussão, a análise e a interpretação dos resultados do SIADE e de outras avaliações externas, de forma articulada com as diversas instâncias finalísticas da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal. (DISTRITO FEDERAL, 2009b)

Observamos, então, que a Caedu tem um papel fundamental nos trabalhos referentes às avaliações externas. Esta coordenação é responsável por viabilizar a operacionalização das avaliações externas, bem como promover a disseminação, análise e interpretação dos seus resultados. De acordo com o Regimento, também cabe à Caedu o monitoramento e controle do cumprimento dos planos, programas e projetos com base nas informações produzidas pelas avaliações externas. Tendo em vista articulação da referida coordenação com a SUBGPIE e as quatorze DRE da SEE/DF, podemos dizer que ela desempenha uma função estratégica para que a avaliação externa se concretize e gere os impactos pretendidos no âmbito de toda a rede de ensino.

A SUBGPIE é o setor responsável por definir e propor as diretrizes pedagógicas e implementação das políticas no âmbito da educação básica. Esta subsecretaria é composta por três diretorias e pela Escola de Aperfeiçoamento dos Profissionais de Educação (EAPE). As diretorias são: (i) Diretoria de Execução de Políticas e Planos Educacionais; (ii) Diretoria de Organização do Sistema de Ensino; e (iii) Diretoria do Desporto Escolar e Educação Física.

Cada diretoria e a EAPE possuem gerências que cuidam de assuntos específicos para o desenvolvimento da educação básica no âmbito do DF. As diretorias submetem à SUBGPIE propostas de ações e políticas para serem implementadas. Diante das competências desses dois setores, optamos por realizar entrevistas semi-estruturada com os seus principais gestores, no intuito de ter uma visão mais abrangente de como os dados produzidos nas avaliações externas seriam utilizados para a elaboração de ações e políticas. Sendo assim, selecionamos para a entrevista a coordenadora da Caedu e a subsecretária da SUBGPIE.

O contato com os dois setores da SEE/DF foi realizado por meio de “carta de apresentação” (Apêndice A), entregue em mãos, contendo informações sobre a pesquisa e solicitando agendamento para sua realização. A entrevista com a coordenação da Caedu ocorreu em junho de 2010, que demonstrou receptividade e interesse em colaborar com o estudo.

Na SUBGPIE, nosso primeiro contato ocorreu no final do mês de maio do mesmo ano. Todavia, diante da agenda da subsecretária não foi possível marcar um horário de imediato para a realização da entrevista. Um segundo contato foi realizado na segunda quinzena de junho, conforme acordado, porém a equipe inicialmente contatada havia sido exonerada, devido a substituição do Secretário de Estado de Educação do DF e a nova equipe ainda não havia assumido as atividades.

No início do mês de julho, retornamos à referida Subsecretaria, com carta de apresentação, direcionada à nova subsecretária. No entanto, mesmo após diversos contatos, não conseguimos agendar um horário para realizar a pesquisa, sendo justificado que a equipe estava sobrecarregada com as atividades. Conseguimos marcar um horário com a assessora da subsecretária, apenas para o final do mês de setembro. A justificativa apresentada para o não atendimento, naquele momento, foi o fato de a nova equipe da subsecretaria estar organizando uma conferência sobre a educação básica no DF para o período de 27 a 29 de setembro. Quando voltamos no dia e hora agendadas (30 de setembro, às 11h) para a entrevista, fomos surpreendidos com a informação de que a equipe havia solicitado exoneração dos cargos, juntamente com o Secretário de Educação, logo ao final da conferência, tendo em vista as alianças políticas realizadas no decorrer do período eleitoral. Os funcionários que nos atenderam no gabinete informaram que não havia previsão de data para que a outra equipe assumisse as funções.

Na segunda semana de outubro, realizamos contato com a nova equipe da subsecretaria. O atendimento foi realizado pela secretária da subsecretária de forma atenciosa e, na ocasião, deixamos outra carta de apresentação para o agendamento da entrevista.

Recebemos um retorno, via telefone, informando que a subsecretária não poderia nos atender pessoalmente, pois não dispunha de horários livres, mas que ela responderia por escrito o roteiro de entrevista entregue em anexa à carta de apresentação. Na ocasião, informamos à subsecretária que ela poderia indicar um diretor ou gerente com quem pudéssemos conversar, todavia, ela mencionou que fazia questão de responder às perguntas. Recebemos o roteiro preenchido parcialmente, pois algumas questões a subsecretária informou não ser da competência de seu setor e sim da Caedu.

Na tentativa de complementar os dados necessários para a nossa pesquisa, contamos com a colaboração, informal, de um dos membros NDCPP. A escolha por contatar este Núcleo justifica-se por ser ele o responsável pelo acompanhamento do desempenho escolar e dos resultados das avaliações externas, propondo intervenções pedagógicas nas instituições educacionais que não obtiveram evolução nos seus indicadores.

O nível intermediário da SEE/DF é composto por quatorze Diretorias Regionais de Ensino (DRE). As DRE são unidades orgânicas de natureza local, subordinadas diretamente aos setores da Secretaria no nível central. Dentre as suas trinta competências apresentadas no Artigo nº 159, do Regimento Interno, da SEE/DF, destacamos:

I – a interlocução entre a administração central da SEDF e as instituições educacionais integrantes da Rede Pública de Ensino do DF, com vistas a assegurar a plena consolidação e execução do Plano de Gestão Compartilhada em suas diversas vertente [...];

II – a coordenação e a supervisão das instituições educacionais que lhes são jurisdicionadas, de forma a permitir a efetiva satisfação da sociedade pelas demandas de educação pública; [...]

V – coordenar, orientar e supervisionar as ações pedagógicas e administrativas, no âmbito das propostas pedagógicas das instituições educacionais em sua área de abrangência; [...]

VII – envidar esforços para garantir a qualidade da educação; [...]

X – repassar orientações encaminhadas pela SEDF a todas as unidades subordinadas; [...]

XII – identificar disfunções, na DRE e/ou instituições educacionais, e criar mecanismos para corrigi-las; [...]

XVII – promover a execução de programas e projetos da área educacional. (DISTRITO FEDERAL, 2009b)

As competências das DRE expressam a articulação que realiza entre as determinações do nível central e as ações do nível local, no qual temos as escolas. Podemos considerar que a estrutura e função das DRE visam a assegurar o cumprimento da política de gestão

compartilhada da SEE/DF108, em consonância com a gestão democrática da educação prevista

no artigo 206, inciso VI, da CF/1988, e nos artigos nº 3, inciso VIII, e nº14 da LDB/1996. Assim, cabe a cada uma das quatorze DRE, da SEE/DF, coordenar, monitorar, controlar e estimular que as ações, programas, projetos e currículo definidos pelo nível central se concretizem nas 622 instituições de ensino que integram a rede (Tabela 1), com o propósito de alcançar a qualidade. Além disso, frente à proximidade das Regionais com as instituições educacionais, elas possuem a tarefa de identificar possíveis problemas no desenvolvimento do trabalho das escolas e buscar estratégias para solucioná-los.

Tabela 1 – Instituições Educacionais por DRE e localidade 2009/2010

DRE INSTITUIÇÕES EDUCACIONAIS

Urbana Rural Total

Plano Piloto/Cruzeiro 103 - 103 Gama 43 7 50 Taguatinga 58 5 63 Brazlândia 16 12 28 Sobradinho 30 13 43 Planaltina 36 25 61 Núcleo Badeirantes 26 5 31 Ceilândia 83 1 84 Guará 23 - 23 Samambaia 37 1 38 Santa Maria 24 - 24 Paranoá 15 14 29 São Sebastião 15 5 20 Recanto das Emas 23 - 23 Vinculadas à SGPIE 2 - 2

Total 534 88 622

Fonte: Censo Educacional/SEE/DF/2009

Para selecionarmos uma das DRE, utilizamos como parâmetro a média de desempenho que elas obtiveram na primeira edição da Prova Brasil, em 2005. A SEE/DF calculou e divulgou as médias da Prova Brasil por DRE apenas na primeira edição da

108 A gestão compartilhada da SEE/DF foi regulamentada pela Lei Nº 4.036, de 25 de outubro, de 2007 e

estabelece o modelo de gerenciamento das escolas públicas do DF. Na seção 4.4, do capítulo 4 apresentaremos alguns detalhes a respeito desta forma de gestão.

avaliação, o que justifica o ano de referência escolhido. As médias das DRE encontram-se na tabela 2, a seguir.

Tabela 2 - Médias Prova Brasil 2005 - 4ª série/5º ano do Ensino Fundamental por DRE/SEE/DF

DRE MÉDIA LINGUA PORTUGUESA MÉDIA MATEMÁTICA

Brazlândia 194,09 201,22 Ceilândia 190,80 199,31 Gama 193,07 200,14 Guará 193,67 200,50 Núcleo Bandeirantes 194,97 203,52 Paranoá 182,97 194,05 Planaltina 190,34 199,63 Plano Piloto/Cruzeiro 204,21 209,21 Recanto das Emas 181,68 191,08

Samambaia 183,38 192,20

Santa Maria 183,18 192,22

São Sebastião 187,07 192,95

Sobradinho 191,28 200,48

Taguatinga 195,58 203,89

Fonte: Diretoria de Pesquisa/Subsecretaria de Planejamento e de Inspeção do Ensino/ SEE/DF/2007

Dentre as DRE, a que obteve maiores médias nas duas áreas avaliadas pela Prova Brasil foi a do Plano Piloto/Cruzeiro. No entanto, no contexto da SEE/DF, de certa forma, já se espera um bom desempenho das escolas dessa DRE, em virtude da estrutura e das parcerias estabelecidas entre a grande parte das escolas com universidades e faculdades do DF. Sendo assim, escolhemos a DRE de Taguatinga (DRET), pois ela apresentou a segunda melhor média.

A DRET coordena 63 instituições educacionais e está estruturada em sete núcleos de trabalho: (i) Núcleo de Monitoramento Pedagógico – NMP; (ii) Núcleo de Apoio Escolar; (iii) Núcleo de Recursos Humanos; (iv) Núcleo de Material, Patrimônio e Serviços; (v) Núcleo de Planejamento e Controle; (vi) Núcleo de Desporto Escolar e Integração Comunitária; (vii) Núcleo Financeiro. Desses, o NMP é o responsável pela coordenação e acompanhamento de todas as ações, projetos e programas direcionados ao trabalho pedagógico das instituições educacionais e, também, pelas atividades relacionadas às avaliações externas. No interior desse núcleo há equipes de profissionais, denominados de coordenadores intermediários,

responsáveis pelo acompanhamento de cada etapa e/ou modalidade de ensino, projetos e programas no âmbito da rede de ensino.

Na DRET, optamos por entrevistar o seu diretor e os coordenadores intermediários das atividades de avaliação. O primeiro contato com a Regional foi realizado na segunda quinzena do mês de junho, mediante carta de apresentação (Apêndice B), sendo que equipe agendou, prontamente, as entrevistas. Assim, entrevistamos o Diretor da DRET, a coordenadora intermediária de avaliação e o coordenador intermediário dos anos finais do Ensino Fundamental, visto que ele colabora com o acompanhamento e desenvolvimento dos trabalhos gerais pertinentes à avaliação externa, desde sua primeira aplicação, em 2005.

Para investigarmos o nível local, do universo de 63 instituições geridas pela DRET foi necessário fazer alguns recortes, tendo em vista os objetivos e as próprias limitações do estudo. O primeiro corte realizado foi para separar apenas as escolas que participam da Prova Brasil – aquelas que ofertam 4ª série/5º ano e/ou 8ª série/9º ano do Ensino Fundamental. Considerando que o foco de nossa análise está nos anos iniciais, selecionamos dentre as escolas, as que ofertam apenas esta etapa de ensino, denominadas de Escolas Classe (EC). No total, são 33 EC administradas pela DRET e desse grupo, retiramos cinco (5) escolas localizadas na zona rural e outras duas (2) da zona urbana, pois as mesmas não possuem médias de desempenho na Prova Brasil e, consequentemente, não têm notas de Ideb. Tal fato nos faz supor que estas sete escolas não participaram das edições de 2005 e 2007 da avaliação nacional.

Sendo assim, de um total de 26 EC localizadas na área urbana, aparentemente contando com recursos humanos e físicos semelhantes, elegemos como critério para selecionar duas instituições aquela que tivesse obtido a maior e a menor pontuação no Ideb, de 2007.

Na sequência, na Tabela 3, apresentamos esse conjunto de escolas com seus respectivos Ideb. No intuito de preservarmos a identidade das instituições, chamamos de Escola 1 a escola com maior e de Escola 26 a de menor Ideb.

Para contatar as escolas 1 e 26 foi necessário receber uma autorização e encaminhamento assinado pelo NMP da DRET. O primeiro contato com as escolas aconteceu no final do mês de junho, de 2010. As equipes das duas instituições de ensino nos receberam de forma amistosa e demonstraram interesse em colaborar com a pesquisa. No entanto, diante do término do 2º bimestre letivo e da proximidade do recesso escolar, a maior parte das entrevistas ocorreu entre agosto e setembro do mesmo ano.

Tabela 3 – Ideb 2007 das Escolas Classe da DRET/SEE/DF

EC DRET IDEB 2007 EC DRET IDEB 2007

ESCOLA 1 5,80 ESCOLA 14 5,00 ESCOLA 2 5,70 ESCOLA 15 5,00 ESCOLA 3 5,60 ESCOLA 16 5,00 ESCOLA 4 5,50 ESCOLA 17 5,00 ESCOLA 5 5,50 ESCOLA 18 4,90 ESCOLA 6 5,30 ESCOLA 19 4,90 ESCOLA 7 5,30 ESCOLA 20 4,90 ESCOLA 8 5,20 ESCOLA 21 4,90 ESCOLA 9 5,20 ESCOLA 22 4,70 ESCOLA 10 5,20 ESCOLA 23 4,70 ESCOLA 11 5,10 ESCOLA 24 4,60 ESCOLA 12 5,10 ESCOLA 25 4,50 ESCOLA 13 5,00 ESCOLA 26 4,10 Fonte: Inep/2007

Nas escolas, também foi necessário eleger os profissionais que pudessem colaborar com o estudo: (i) direção; (ii) coordenação pedagógica; (iii) professores109 da(o) 4ª série/5º

ano do Ensino Fundamental. No contexto escolar, a direção e a coordenação pedagógica são os responsáveis por repassar as informações vindas da SEE/DF, por meio DRET, ao grupo de professores, bem como acompanhar, motivar e intervir, quando necessário, no desenvolvimento dos trabalhos pedagógicos. A opção de coletar os dados com os professores da 4ª série/5º ano justifica-se, primeiro, porque a Prova Brasil é aplicada nesta(e) série/ano do ensino, existindo uma maior probabilidade desses profissionais conhecerem a avaliação. Segundo, pelo fato de as informações permitirem detectar possíveis convergências ou divergências com os dados provenientes da SEE/DF e DRET.

Cabe assinalar que na escola 26, um professor da(o) 4ªsérie/5ºano estava de licença médica e não tinha previsão de retorno para escola. Diante disso, optamos por realizar a entrevista com um professor da(o) 3ªsérie/4ºano, visto que ele lecionava para a(o) 4ª série/5º ano, em 2009.

109 Apesar das equipes escolares entrevistadas, no nível local da SEE/DF, serem unanimemente, do gênero

feminino, optamos em adotar na redação deste estudo o masculino, primeiro, para preservar a identidade dos participantes e, segundo, porque na nossa análise, a princípio, o que nos interessa é a percepção dos atores frente a Prova Brasil e os trabalhos da Secretaria com essa avaliação.

No documento ANA PAULA DE MATOS OLIVEIRA (páginas 154-161)