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Os Utilizadores

No documento Perfis de Utilizadores em Web 3.0 (páginas 31-34)

2. Análise do Estado da Arte

2.3. Os Utilizadores

Como pudemos verificar no tópico anterior, a unidade de trabalho das redes sociais online são os perfis pessoais e as ligações que se estabelecem entre eles. Deste modo, torna-se indispensável explorar um pouco mais esta temática dos perfis e do modo como devem ser tidos em conta, ao projectar a criação de uma rede social deste tipo.

O perfil do utilizador é uma descrição mais, ou menos, verdadeira de um indivíduo, dos seus gostos pessoais, interesses, competências e opiniões, segundo Kortuem, Segall et al. (1999). Os mesmos autores afirmam ainda que um perfil deverá conter tanta informação, quanto seja relevante para a área onde irá ser disponibilizado, e deverá ter em atenção o contexto onde será consultado.

Boyd (2008) sugere que os perfis utilizados na maioria das redes sociais online evoluíram a partir de redes sociais de encontros, desta forma existe sempre uma categoria que contem os dados demográficos do utilizador (idade, sexo, moradas, etc.), interesses (livros favoritos, músicas preferidas, filmes, etc.), fotografias e uma pequena descrição do que este utilizador procura ao estabelecer o seu perfil, em termos de relacionamentos: se procura apenas estabelecer amizades ou se a criação do perfil teve um âmbito mais sentimental ou profissional.

Investigações levadas a cabo por alguns investigadores, tais como, Acquisti e Gross (2006), Stutzman (2006), Lampe, Ellison et al. (2007) ou Boyd (2008), confirmaram a importância de um perfil bem desenvolvido, para os indivíduos aquando da navegação nestes serviços. Frequentemente, estes perfis contêm informações muito detalhadas sobre o utilizador, mesmo que ele não seja obrigado a disponibiliza-las.

Os perfis deverão ter campos, que contêm dados, que descrevem uma certa categoria de interesses, de modo a que possa ser compreendido o conteúdo do perfil. Por exemplo, quando se preenche os campos de uma categoria do perfil destinada aos interesses, sabemos que quem visualizar esta categoria do perfil compreenderá aquilo por que o utilizador se interessa. Esta homogeneidade, na forma como se define os perfis, é fundamental para que a informação neles contida, possa ser rapidamente compreendida, quando outro utilizador explora o seu conteúdo, mesmo que não conheça pessoalmente quem está por de trás daquele perfil. Lampe, Ellison et al. (2007) afirmam que, não existindo as pequenas “deixas”, que são observadas quando estamos a conhecer alguém numa relação face-a-face, outros pequenos contributos permitem-nos compreender melhor quem estas por detrás do perfil, para são valorizados outros aspectos, como a expressão escrita.

Pequenos detalhes podem ser incluídos nos perfis, para que se torne mais fácil o processo de encontrar referências comuns, criando uma plataforma de entendimento, entre os utilizadores, baseado nestas semelhanças. Lampe, Ellison et al. (2007) fazem mesmo uma analogia com o funcionamento da economia, dizendo que no funcionamento dos mercados os custos de transmissão (custos de pesquisa, negociação, acordo e monitorização) sendo muito elevados podem comprometer o próprio funcionamento do mercado. O mesmo se passa no funcionamento das redes sociais, se for muito difícil publicar um perfil, adicionar um amigo ou enviar uma mensagem pessoal a esse novo contacto, ninguém utilizará esse serviço.

Assim sendo, podemos testemunhar uma evolução no sentido da simplificação, cada vez mais os serviços estão homogeneizados e possuem modos de funcionamento semelhantes. Criar e manter um perfil no Facebook é em tudo semelhante a fazer o mesmo no HI5 ou no MySpace.

Os próximos passos a ser tomados, serão no sentido de unificar todos os perfis de todos estes serviços, num só perfil, como uma só identificação, que conduzirá a um ficheiro, onde estão guardados todos os dados relativos a esse mesmo perfil. A este mecanismo foi dado o nome de OpenID, ao correspondente ficheiro atribuído o formato FOAF (“Friend-Of-A-Friend”). Para se poder utilizar este novo método de autenticação, basta ceder o OpenID URL e poderemos estar autenticados em todos os sites que permitam a autenticação por esta via. Dentro do ficheiro FOAF estarão guardados dados genéricos sobre o perfil, dados como idade, sexo, lista de amigos, etc. que poderemos importar para a utilização no site. Finda a utilização, a informação que foi actualizada ou introduzida será guardada, como pertencendo àquele perfil e ficará acessível para novas utilizações.

Para saber mais sobre o OpenID, e o modo como poderá ser implementado em diferentes serviços, consultar Cynober (2007); Mey Eap, Hatala et al. (2007); Bojãrs, Breslin et al. (2008); Marenzi, Demidova et al. (2008) ou Mostarda, Palmisano et al. (2008)

Beneficiando das inovações da Web 3.0 poderemos assim exportar facilmente para uma nova aplicação online os nossos dados e os nossos contactos. Evitando que tenhamos de criar um novo perfil, adicionar os nossos contactos de novo, poupando imenso tempo. As informações constantes no perfil importado poderão ser complementadas, de acordo com a especificidade do serviço que estamos utilizar. Este tipo de propriedades para anexar informações a recursos, que a Web 3.0 proporciona, facilita também a pesquisa por novos contactos ou novos recursos, pois esta pesquisa torna-se muito mais intuitiva e produz resultados com um grau de correcção mais elevado.

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Para saber mais sobre as propriedades da Web 3.0 consultar Capítulo Dois, no Subcapítulo da revisão de literatura referente às versões da Web.

A utilização de perfis online também pode trazer muitos problemas, tais como roubos de identidade, invasão de privacidade ou até crimes efectivamente graves, relacionados com cibersexo, derivados da utilização das redes sociais. Algumas destas problemáticas têm por origem os perfis dos utilizadores, pela própria natureza do perfil online. Boyd and Donath (2004) realçam a incapacidade que nós temos para verificar a veracidade da informação contida num perfil, de uma qualquer rede social online, no entanto começa a ser difícil manter perfis completamente fictícios nestas redes, pois será possível desmascarar estes perfis, usando o conhecimento que os utilizadores têm dos seus contactos fora da plataforma virtual e através de outros contactos contidos na sua rede. A sua própria rede de contactos poderá ser encarada como um sinal de fiabilidade das informações que aquela pessoa está a ceder, como sendo credíveis, isto poderá ajudar a prevenir situações como roubos e identidade, fraudes e outros crimes relacionados com identidades fictícias

Para saber mais sobre

Roubos de identidade Gestão da privacidade dos perfis

Boyd and Donath (2004); Stutzman (2006) Govani e Pashley (2005); Gross e Acquisti (2005); Jones e Soltren (2005); Acquisti e Gross (2006); Dwyer (2007);

Dwyer, Passerini et al. (2007) Tabela 4 – Para saber mais (2)

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