• Nenhum resultado encontrado

4.9 DESDOBRAMENTOS DAS MOBILIZAÇÕES NO TERRITÓRIO DE IRECÊ

4.9.2 Ousando germinar as sementes colhidas na observação participante

II Fórum Baiano de Educação em Direitos Humanos - Em Junho de 2015, inscrevi trabalho no II Fórum Baiano de Educação em Direitos Humanos, ao qual submeti uma síntese de minhas vivências no Projeto de Pesquisa entitulada: SerTão Mulher, um relato de experiência. A referida foi apresentada no evento promovido pela Universidade Estadual da Bahia em Salvador, há 500 Km de meu domicílio. Na ocasião, além da socialização do trabalho, tive a oportunidade de interagir com o GREDHI – Grupo de Pesquisa em Educação em Direitos Humanos e Interculturalidade da UNEB – Universidade Estadual da Bahia, que promoveu o Fórum junto com a UCSal – Universidade Católica de Salvador e UFBA – Universidade Federal da Bahia.

O II Fórum debateu: O protagonismo Juvenil e as práticas educativas. Entre os objetivos do evento, além de - socializar pesquisas e experiências sobre Direitos Humanos, problematizar práticas educativas favoráveis à formação dos sujeitos de direitos – era também estabelecer parcerias e prospectar possibilidades de intervenções sociais.

Figura 35: Certificado - Forum Baiano de Educação para Direitos Humanos –UNEB

Fonte: Fotografias do arquivo pessoal – Souza, DFCL - FBEDH UNEB/Campus I Salvador-BA-BR, outubro de 2014

Fonte: Fotografias do arquivo pessoal – Souza, DFCL - FBEDH UNEB/Campus I Salvador-BA-BR, outubro de 2014

I Seminário sobre Inovação Pedagógica e Tecnologias do Campus XVI da Universidade do Estado da Bahia em Irecê - Noutro momento, porém, ainda inspirada pelos autores de referência do mestrado em educação da UMa, submeti para apreciação no I Seminário sobre Inovação Pedagógica e Tecnologias - o artigo Escola: da linha de montagem às pressões da pós-modernidade por Inovação Pedagógica. O referido foi aprovado e posteriormente publicado na revista eletrônica do evento.

Videoconferência “Mulher Negra. - Em Julho de 2015 participei da videoconferência “Mulher Negra: redução das desigualdades e desenvolvimento econômico na América e no Caribe no dia internacional da mulher negra, latino americana e caribenha - Ocasião que conectou virtualmente mulheres de várias localizades do Estado da Bahia e contou com representantantes de órgãos como : Superintendência de Direitos Humanos / Secretaria de

trabalho e renda do Estado da Ba / Secretaria de Políticas para Mulheres do Estado da Bahia / a Consulesa de Cuba na Bahia / A Secretária para a igualdade racial/ entre outras.

Dentre as falas naquela videoconferência ouvimos colocações como: “Não basta proclamar a multiracialidade do Brasil, pois a estrutura do país cria entraves brutais para as mulheres negras”. “Há necessidade de garantir relações igualitárias reais, uma vez que democracia racial neste pais não existe, na prática, e discriminações raciais, sociais e de gênero, em consonância, são brutais”. “As américas tem identidade comum quanto ao colonialismo e a escravidão”. Importante ressaltar que pessoas negras no Brasil, na ocasião daquela videoconferência (2015), gozavam de apenas 128 anos de liberdade formal, versus mais de três séculos de escravidão, e que, muitas destas pessoas, estavam engajadas em políticas públicas de reparação da injustiça social decorrente da escravização.

É relevante frizar também que, desde 2013 crescia no país, a organização de grupos opositores às políticas públicas de reparação, bem como de qualquer mecanismo legal, que levasse em consideração a diferença social ou racial, como por exemplo, a política de cotas para acesso a alunos negros às Universidades Públicas - situação que se agravou deveras principalmente a partir de 2016, em relação a quaisquer grupos considerados “minorias” em representatividade política.

Figura 39: Mulheres Conectadas

Fonte: Fotografias do arquivo pessoal Souza,DFCL Videoconferência Irecê-BA-BR, outubro de 2014 Figura 38: Divulgação da Videoconferência

Fonte: Fotografias do arquivo pessoal Souza, DFCL Videoconferência Irecê-BA-BR, outubro de 2014 Figura 40: I Plenária da videoconferência em Irecê

Fonte: Fotografias do arquivo pessoal Souza,DFCL Videoconferência Irecê-BA-BR, outubro de 2014

PRONAF/Mulher – em junho de 2015 estive com outras integrantes do Coletivo de Estudos Feministas Aracema (algumas das companheiras, representando outras entidades e outros municípios do território) na cidade de Canarana/BA, a 46 km de Irecê participando do debate sobre Direitos das Mulheres Trabalhadoras Rurais com equipes do Banco do Nordeste, durante apresentação do Programa PRONAF/Mulher.

A referida iniciativa, era direcionada ao esclarecimento de questões relativas ao Programa Nacional de Agricultura Familiar. A peculiaridade da prática da agricultura família é ser oposta à logica do agronegócio, uma vez que a gestão da propriedade, de toda sua produção e geração de emprego e renda, está à cargo da família, que retira da terra o sustento, em consonância com qestões de sustentabilidade, produção responsável e ou agroecológica e do comércio socialmente justo.

Segundo o Ministério de desenvolvimento agrário (dados de 2016), a agricultura familiar no Brasil

Constitui a base econômica de 90% dos municípios brasileiros com até 20 mil habitantes; responde por 35% do produto interno bruto nacional; e absorve 40% da população economicamente ativa do país. A agricultura familiar produz 87% da mandioca, 70% do feijão, 46% do milho, 38% do café, 34% do arroz e 21% do trigo do Brasil. Na pecuária, é responsável por 60% da produção de leite, além de 59% do rebanho suíno, 50% das aves e 30% dos bovinos do país. A agricultura familiar possui, portanto, importância econômica vinculada ao abastecimento do mercado interno e ao controle da inflação dos alimentos consumidos pelos brasileiros.

(BRASIL, MDA, 2019) Importa destacar o protagonismo feminino neste tipo de trabalho/produção e no gerenciamento das pequenas propriedades, porém, muitas vezes, as mulheres que trabalham de “sol a sol” com os homens (além de assumirem sem ajuda masculina o trabalho doméstico), permanecem desqualificadas pelo sistema patriarcal e chegam, por vezes, a se auto-declarar meras ajudantes de seus companheiros, quando na verdade são força produtiva e geradora de renda.

Mas, conforme comprovados, tanto nas vivências do SerTão Mulher, quanto naquela ocasião do PRONAF, e nas pesquisas, infelizmente, ainda existem casos de mulheres do campo sem documentação pessoal ou sem documentos da terra, condição que as impede de ter acesso ao crédito rural e às ferramentas de saúde, educação e segurança pessoal e do trabalho.

No evento em referência, foram reforçados caminhos para a superação destas condições de supressão da cidadania e indicadas vias de acesso a dispositivos oficiais tanto para a documentação quanto para o crédito. Ali às mulheres (e homens do campo também presentes), tiveram acesso, tanto a informações, quanto às possibilidade de parcerias. Parcerias cuja importância, foi evidenciada na fala de uma agricultora presente que verbalizou: “Geração de emprego, renda e melhoria de qualidade de vida se faz com parcerias meus irmãos! Estamos aqui para nos conscientizar da importância da Mulher na agricultura familiar e do papel do PRONAF na promoção da autonomia feminina”

O PRONAF/Mulher foi encerrado com a a leitura do seguinte poema de Cândida Najar: Maria Sem-Vergonha de se Mulher

Já são tantas, milhares, uma verdadeira rama, florescendo por todo o planeta lilás

são Maria-sem-vergonha de ser mulher. Não são só florinhas.

São mulheres se agrupando,

misturando suas cores, gritando seus encantos, exibindo suas verdades.

São domésticas, bailarinas, artistas, médicas, estudantes, bancárias,

professoras, escritoras, garis, brancas, negras, índias, meninas… agricultoras… São sem-vergonha de lutar,

acreditar, denunciar, exigir, reivindicar, sonhar… São Maria-sem-vergonha de dizer que ainda falta trabalho, salário digno, respeito…

Que ainda são vítimas da violência, da porrada, do assédio, do estupro, do aborto,

da prostituição, da falta de assistência… São Maria-sem-vergonha de se indignar diante do preconceito, da escravidão, da injustiça,

da discriminação de seus cabelos pixaim e da sua pele negra…

São Maria-sem-vergonha de brigar

por creches, educação, saúde, moradia, terra e comida, meio ambiente, pelo direito de ter ou não filhos…

São Maria-sem-vergonha de ficar bonita, pintar a boca e da sua boca soltar um beijo que não vem da boca, mas de seu ser inteiro,

indivisível, solidário… São Maria-sem-vergonha de dizer não,

de buscar alegria, prazer… Sem vergonha de se cuidar, de usar camisinha e de se apaixonar.

Atrevidas…

Maria-sem-vergonha de decidir, fazer política, escolher e ser escolhida.

São essas sem-vergonha que a cada tempo mudam a história.

Conquistam direitos; Dão vida; Geram outras vidas…

Insistentemente, desavergonhadamente vão tecendo de cor a beleza, o desbotado das relações humanas. Sem medo, sem disfarce, sem vergonha de ser feliz

vão parindo com dores e delícias um novo mundo para mulheres e homens. Um novo mundo

pra comunidade dos seres humanos, plantas e animais. [sic]

Figura 42: Refeição oriunda da agricultura famililar no PRONAF

Fonte: Fotografias do arquivo pessoal – Souza, DFCL – junho de 2015 Figura 43: Grupo de apoio PRONAF Mulher

Fonte: Fotografias do arquivo pessoal – Souza, DFCL – junho de 2015 Figura 44: Plenária PRONAF

Figura 46: Certificado de participação em evento do Sindicato de Professores

Seminário de Educação “ Unir forças e enfrentar os desafios”- Em setembro de 2016 participei em companhia de algumas companheiras do Coletivo de Estudos Feministas Aracema, do Seminário de Educação organizado pela APLB – Associação dos Professores Licenciados da Bahia com o tema “ Unir forças e enfrentar os desafios” – evento que proporcionou reflexões sobre :

 A atual conjuntura política e os desafios da classe trabalhadora;  Os rumos da Educação Pública Brasileira na conjuntura atual;  O que representa a escola sem partido?;

 Aposentadoria do /da professor/a X fator previdenciário e as novas regras de aposentadoria;

 Gênero e diversidade na Educação.

Fui honrosamente convidada para condução dos debates do tema “Gênero e diversidade na Educação” para uma plenária repleta de docentes.

I Seminário de estudos sobre gênero e feminismo UNEB/Irecê – Com o Coletivo de Estudos Feministas Aracema, que organizou em parceria com a Departamento de Ciênias Humanas e Tecnologia do Campus XVI da UNEB / Irecê, participei e fui uma das interlocutoras no I Seminário de estudos sobre gênero e feminismo. Evento aberto para toda a comunidade regional.

Fonte: Fotografias do arquivo pessoal – Souza, DFCL – de 2016

Mesa redonda: O papel da mulher contemporânea e as dificuldades de conciliar carreira, família e a busca de espaços – evento promovido pela EMBASA – Empresa Baiana de Abastecimento e Saneamento para os funcionários e funcionárias da agência de Irecê, na ocasião do Dia Internacional da Mulher em 2019. As mesas propostas para o debate foram foram as seguintes:

 Violência doméstica e familiar: conhecer direitos para fazer valer; acolhida e acompanhamentos e apoio após denuncias – temas conduzidos pela Dra. Leonellea

Pereira na condição de representante da OAB – Ordem dos Advogados do Brasil/ subseção Irecê;

 Violência psicológica: dores silenciosas; assédios; auto-estima. Temas conduzidos pela Dra. Verônica, Psicóloga do CRM – Centro de Referência da Mulher do Município de Irecê;

 A conquista do espaço no mercado de trabalho; obstáculos e avanços; autonomia e força da Mulher. Mesa que conduzi na condição de educadora.

Fonte: Fotografias do arquivo pessoal – Souza, DFCL - março de 2019 Figura 48: 08 de março de 2019

Figura 49: Plenário do 08 de março

Fonte: Fotografias do arquivo pessoal – Souza, DFCL – março de 2019

Eventos desta natureza, denotavam o compromisso da comunidade territorial com pautas sociais contemporâneas, buscando promover a reflexão coletiva e fortalecer a sociedade ante o debate de tema, cujo o desfecho, incide diretamente na maioria da população. Estas ações e muitas outras, foram abraçadas no sentido de apoiar a construção do empoderamento da mulher do sertão. Nem todas estão citas neste trabalho.

4.10 O BRASIL ENTRA EM EBULIÇÃO POLÍTICA E FRAGILIZA AÇÕES