• Nenhum resultado encontrado

CATEGORIA ABRANGÊNCIA QUANTIDADE N" DE ALUNOS MATRICULADOS

4.3. IMPACTOS ECONÔMICOS

4.3.4. Outras Atividades Produtivas

Várias vezes, no corpo deste trabalho, fez-se referências ao fato de que a instalação e o crescimento da atividade mineradora, na região estudada, promoveram os maiores impactos considerados econômicos em outras atividades produtivas, não diretamente vinculados a ela, resgatando que, em termos empíricos, a comprovação de tais impactos se dá fundamentalmente no município de Catalão.

No caso do município de Ouvidor, onde se concentra atualmente a mineração de nióbio, os impactos foram diminutos, principalmente quanto a seu vetor econômico, fato explicado pelo pequeno impacto sobre o crescimento populacional, que impediu a expectativa de expansão de mercado a outras atividades econômicas.

Assim, este trabalho vinculou sua análise a alguns aspectos relacionados à mudança de perfil das atividades vinculadas à agropecuária, indústria e setor de serviços, basicamente fundamentado no cenário de Catalão.

4.3.4.1. Agropecuária

Menciona-se, novamente, que no setor agrícola a característica maior da fase pré- mineração era a manutenção de prática de subsistência e o privilégio à criação de gado bovino, mediante a consideração natural de que a região é formada por terras de cerrado, com alta acidez e necessidade de correção, fato que aumentava o custo de produção.

A exploração de fosfato permitiu a expectativa de alteração nesse quadro adverso, atraindo agricultores paulistas, gaúchos e paranaenses que, incorporando novas técnicas de produção e emprego do fosfato como corretivo, mudaram o perfil agrícola da região.

No Censo Agropecuário de 1995-96, o valor da produção agropecuária para o município de Catalão equivalia a R$ 34.756.000,00, cerca de 9% do PIB municipal, enquanto Ouvidor apresentava uma produção de R$ 2.747.000,00, relativa a ± 15% de seu PIB.

Os dados da tabela 4.11. representam os resultados operacionais do setor agrícola no município de Catalão, no ano de 1998, aproximadamente 25 anos após a introdução desse novo perfil:

Fonte: CEF. Perfil do Município de Catalão/GO. Agosto de 1999.

Tabela 4. 1.: Produção agrícola em Catalão - 1998

PRODUTO N° PRODUTORES ÁREA (há) PRODUÇÃO (t)

Arroz Sequeiro 240 950 1.140 Feijão 180 1.600 2.720 Mandioca 400 600 9.000 Milho 480 10.800 43.360 Soja 90 37.000 88.800 Banana 08 12 240 Abacaxi 03 04 68 Alho 219 271 1.355 TOTAL 1.620 51.237 146.683

Essa diversidade produtiva agrícola, aliada à atividade pecuária, principalmente bovina e galinácea, foi responsável, conforme CEF (1999: 45), por aproximadamente 10% do ICMS gerado pelo município no ano 1998, porém não é grande componente de nível de emprego. Destaca-se que o maior percentual dos produtores agrícolas da região, ainda, utiliza baixo nível tecnológico em suas atividades, porém há um aumento do uso de tecnologia de ponta nas maiores produções.

Segundo o IBGE (1996), o pessoal ocupado no setor agropecuário em Catalão era equivalente a 5.690 pessoas, 9,73% da população total e, em Ouvidor atingia 774 pessoas, com peso de 19,29% sobre a população total.

4.3.4.2. Indústria

O setor industrial, notadamente em Catalão, foi bastante modificado quanto a seu perfil com o crescimento da atividade mineradora, principalmente a partir da década de 1990.

Até o início da década de 1970, a região podería considerar como setor industrial as atividades ligadas à produção de telhas e tijolos, charqueadas, mobiliário, etc, enfim, aquelas características normais das cidades de pequeno porte e interioranas.

Com a expansão mineradora, essas atividades foram alavancadas com o iminente crescimento populacional, diversificando seu mercado, melhorando tecnologicamente, mas não sofrendo grande alteração no referente ao surgimento de outra atividade de destaque.

Na década de 1990, aliado à política de incentivos fiscais dirigidos pelo estado de Goiás, com objetivo claro que atração de empresas de grande porte do Centro-Sul do Brasil, e calcada na privilegiada posição geográfica, há todo um processo de modificação no perfil industrial, destacando em especial o crescimento do setor metalúrgico, e grande participação do setor de confecções.

O município de Catalão é dotado de um Distrito Industrial (DIMIC) às margens da BR-050, que permite fácil escoamento de produção, com infra-estrutura completa no que se refere à energia elétrica, esgoto, água tratada, telefone e asfalto, além da garantia de terraplanagem, via poder municipal.

Com influente política de isenção fiscal, o município atraiu grandes empresas, em que se destacam a MMC Automóveis do Brasil S/A, montadora de camionetas Mitsubishi, com geração de cerca de 140 empregos diretos e 60 indiretos; e a Cameco do Brasil Ltda, montadora de colheitadeiras de cana-de-açúcar SLC, gerando 95 empregos diretos e 90 indiretos.

Segundo dados da CEF (1999: 45), o setor industrial, no seu agregado e computado apenas o aspecto formal, responde por ± 33% do PIB municipal, bem próximo do percentual brasileiro.

Quanto ao município de Ouvidor, a atividade industrial é de pouca participação econômica, destacando a Cerâmica Paraíso Ltda, com cerca de 120 empregos, diretos e indiretos, e a Sakura-Nakaya Ltda com aproximados 150 empregos, lembrando que há a grande dependência da mineração de nióbio.

4.3.4.3. Setor Terciário

Sem sombra de dúvidas, este foi o setor que mais sofreu impactos com o advento da instalação e crescimento da atividade mineradora, com ampla diversificação e adequação ao novo perfil da região.

Tal consideração é corroborada pelo depoimento de um comerciante de Catalão, citado por Ferreira Neto (1998: 79-80):

UA cidade vai bem, no todo, para o comércio. (...) O comércio vem se desenvolvendo bem. (...) Antes da mineração o comércio era fraco, é como se antes fosse 10% e com a mineração 300%! O mercado não tinha movimento, ele era morto".

Apesar de apresentar uma boa estrutura à chegada da mineração, tal setor se tornou insuficiente quanto àquela demandada pelo dinamismo que incorreu com o crescimento populacional, transformando-se diretamente em campo econômico caracterizado por dois grandes vetores:

i) voltado à incorporação de negócios com pequena necessidade de capital;

ii) destinado a ser o grande absorvente de mão-de-obra e gerador de empregos.

Segundo dados da CEF (1999: 43), em 1998, Catalão contava com 855 empresas economicamente ativas no comércio, das quais 612 eram microempresas. A prestação de serviços era exercida por 423 estabelecimentos, 11 hotéis, 7 prestadoras de serviços de comunicação, 7 agências bancárias. O setor terciário era responsável por 56% do ICMS arrecadado pelo município, e por cerca de 44% de seu PIB em 1999.

Quanto ao município de Ouvidor, o impacto sobre o setor terciário não é tão considerável50.

50 Não foi possível a obtenção de dados que confirmassem o peso sobre o PIB municipal e o recolhimento de ICMS.

Segundo o IBGE (1997), não chegava a 70 o número de empresas cadastradas junto ao Cadastro Geral de Contribuintes (CGC), hoje CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas), com ínfima geração de emprego, principalmente caracterizado por pequenas lojas e mercados de alimentares.

Outra característica marcante desse setor é uma destacada economia informal, com considerável geração de produto/renda, sinalizada por grande número de pedreiros, serventes, pintores, eletricistas, encanadores, marceneiros, costureiras, empregados domésticos, etc.

4.3.5. Considerações e Perspectivas

Da mesma forma que a atividade mineradora alavancou toda uma nova estrutura social, sua forma de atuação exerceu fundamental impacto na esfera econômica da região de Catalão/Ouvidor, principalmente como atrativo a outras atividades que passaram à função de suporte ao crescimento populacional.

Em escala própria, apresenta forte influência sobre o montante do PIB regional, sobre a arrecadação tributária, principalmente a mineração de fosfato, e sobre o perfil das outras atividades econômicas que creditam à mineração o marco da substituição do arcaico/rural pelo moderno/urbano, mas sua destinação não consolida a sustentabilidade de elos de cadeia produtiva regional.

A agropecuária rompeu de maneira considerável a postura estática, assumindo aspectos de modernidade, porém não pode ser tratada regionalmente na mesma orientação do uso intensivo de tecnologia, como outras regiões do Centro-Oeste brasileiro e do estado de Goiás, prevalecendo muito mais seu aspecto familiar.

O setor industrial ainda é um espaço muito amplo a ser incorporado, apesar de importante componente de emprego/renda e tributos, mas preocupa pelo perfil de sua orientação, baseada na intensa dependência dos incentivos fiscais como forma de atração.

Quanto ao setor terciário, é o maior agente gerador de emprego e tributos, mas carece de políticas que o qualifique mediante a real importância que possui, fortalecendo-o em termos de seguridade dos empreendimentos.