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Secretário de Estado da Saúde e Assistência, apresenta um par de reformas que anteviam um SNS (PORTAL

3.5 Tipologias dos hospitais

3.5.17 Outras classificações

De acordo com Toledo (2002), podemos classificar o hospital conforme a dimensão área de influência como: Local; Regional; Distrital; Nacional; Internacional.

Conforme as valências e os objetivos, Toledo (2002) distingue e carateriza sete tipos de hospitais: Geral; De Urgência; Pediátrico; Maternidade; De apoio; Especializado; Misto.

O hospital geral, segundo Toledo (2002), é um estabelecimento de saúde que presta cuidados de saúde gerais e é constituído pelo ambulatório, bloco operatório, obstetrícia, unidade de cuidados intensivos, serviço de urgências, pediatria, consulta externa, imagiologia e apoio ao diagnóstico (TOLEDO, 2002). Quando este hospital apresenta um elevado grau de resolubilidade, é dotado de um complexo departamento de imagiologia e de apoio ao diagnóstico constituído por: unidades de imagiologia (raios x, tomógrafo, ressonância magnética), métodos gráficos, endoscopia, laboratórios de análises clínicas e anatomopatologia etc. (TOLEDO, 2002).

O hospital de urgência, segundo Toledo (2002), é um hospital que privilegia o serviço de urgências, o bloco operatório e os cuidados intensivos, o qual pode ainda dispor de uma unidade de queimados. A eficiência deste hospital é avaliada pela sua capacidade de diagnosticar e tratar pacientes estado grave que necessitam de cuidados de saúde imediatos (TOLEDO, 2002).

O hospital pediátrico, segundo Toledo (2002), é um hospital que presta cuidados de saúde a crianças e adolescentes, ou seja, a menores de idade. O hospital pediátrico assemelha-se ao hospital geral mas exclui a obstetrícia, as áreas de internamento são divididas segundo a idade dos doentes e podem permitir o acompanhamento dos pais (TOLEDO, 2002).

A maternidade é um hospital que presta cuidados de saúde às grávidas, apoia a gravidez, o parto e pós-parto (TOLEDO, 2002).Também cuida dos recém-nascidos e, quando estas maternidades são de elevada resolubilidade e de grande complexidade tecnológica, são capazes de atender gravidezes de alto risco (TOLEDO, 2002).

O hospital de apoio, segundo Toledo (2002), tem como objetivo oferecer suporte aos hospitais de maior resolubilidade nos quais o custo de internamento é elevado. Assim, estes hospitais recebem os doentes que não necessitam dos cuidados especializados dos hospitais mais complexos o que permite a desocupação das suas camas de internamento, ou seja, promovem a rotatividade dos doentes (TOLEDO, 2002).

O hospital especializado é aquele que diagnostica, trata e recupera os pacientes com patologias crónicas e específicas (TOLEDO, 2002). Estes hospitais especializam-se em traumas de ortopedia, de oncologia, de cardiologia etc., ou especializam-se no tratamento de pacientes portadores de doenças infectocontagiosas (TOLEDO, 2002).

O hospital misto, segundo Toledo (2002), é um equipamento de saúde com apoio ao diagnóstico de média complexidade, dotado de um departamento comum ao bloco operatório e obstetrícia, e possui um internamento de pequena capacidade (TOLEDO, 2002).

3.6 O Projeto

Segundo Levi (1954 apud TOLEDO, 2002), não faz sentido discutir as formas preestabelecidas no processo de projeto, como plantas em X, em H ou em E, ou se o hospital deverá adotar uma morfologia horizontal ou vertical, em pavilhão ou em monobloco. Na sua perspetiva, cada projeto hospitalar tem as suas próprias particularidades que condicionam o seu desenho, fatores como a topografia do terreno, a orientação e as restrições sanitárias exigem diversidade nas soluções (LEVI, 1954 apud TOLEDO, 2002). Devemos perceber que não existe um tipo ideal de hospital que garanta uma boa inserção na rede de cuidados de saúde, independentemente da conjuntura local. Quando projetamos um hospital, os condicionalismos são tantos que a forma a adotar deve ser livre e conceção do projeto só deve espelhar o estudo funcional e técnico. Conhecer o hospital no seu todo e nas diferentes partes que o integram, entender os seus aspetos (operacionais, dimensionais, infraestruturais, ambientais e relacionais), é um meio para que o arquiteto possa produzir uma arquitetura hospitalar de qualidade (TOLEDO, 2002).

Podemos comparar a complexidade da cidade com a do hospital, segundo Toledo (2002), o trabalho do arquiteto hospitalar assemelha-se ao papel do urbanista. Ao urbanista exige-se que identifique o perfil e as necessidades da cidade, assim como entenda o seu funcionamento e as relações entre as diferentes zonas urbanas (TOLEDO, 2002). O arquiteto ao projetar um hospital tem de conhecer o seu perfil e quais as suas necessidades, assim

como entender, aprofundadamente, as relações entre as inúmeras unidades funcionais. Como refere Toledo (2002), o hospital também tem zonas internas com usos distintos que estabelecem relações importantes entre si, tal e qual como as diferentes zonas de uma cidade. Da mesma forma que não existem duas cidades iguais, também não existem hospitais iguais.

O processo de projeto, geralmente, realiza-se sequencialmente em três passos: primeiro, agrupamento dos serviços afins; segundo, adequação da circulação e, terceiro, flexibilidade (LEVI, 1954 apud TOLEDO, 2002). Muitos arquitetos iniciam o projeto arquitetónico do hospital pelo estudo detalhado das suas “partes”: unidades funcionais e ambientes (TOLEDO, 2002). O arquiteto e professor Marcos Barros de Araújo admite que o processo de projeto hospitalar se inicia com um conceito geral, o qual é constantemente testado e reavaliado, e poderá inclusive abandonado durante o processo (TOLEDO, 2002). Toledo (2002) explica que a maioria dos arquitetos utiliza como metodologia de projeto o “Método Vaivém” que consiste no deslocamento da atenção do arquiteto do geral para o particular e vice-versa, resultado de sucessivas revisões e aproximações que dão solidez ao conceito.

O desenho organizativo do hospital pode ser criado da mesma forma que se desenha uma cidade: as ruas principais seriam como as circulações comuns, as ruas secundárias seriam como as circulações brancas, os lotes seriam os compartimentos e os quarteirões seriam as unidades funcionais. Podemos verificar a aplicação desta ideia no Northwick Park Hospital (figuras 23 e 24). Sir William Holford afirmou que a elaboração de projetos arquitetónicos é, na verdade, uma reunião de fios numa nova haste com características próprias, que com o tempo se podem multiplicar e ramificar formando uma árvore biológica (GAINSBOROUGH & GAINSBOROUGH, 1964). Para que os hospitais voltem a ser terapêuticos, Toledo (2006c) entende que devem ser considerados os seguintes aspetos:

Trabalho de equipa.

Planear a localização do hospital

Não existem projetos hospitalares iguais porque cada hospital é único

O hospital possui particularidades que o diferencia dos outros edifícios de complexidade similar

O edifico hospitalar transforma-se constantemente.

No início do projeto, são mais as perguntas que as respostas e após a obra feita podem ainda existir perguntas sem resposta. Como exemplo disso podemos salientar o Relatório do simpósio internacional de Dundee (1961), onde Jean Heyward colocou oito questões sobre os projetos hospitalares que incluíam o ensino, nas quais as questões 1, 2 e 8 incidem sobre os fluxos, no entanto, não forma publicadas as respostas a essas oito perguntas (HOSPITAL AND MEDICAL SCHOOL DESIGN: INTERNATIONAL SYMPOSIUM, DUNDEE (1961) apud GAINSBOROUGH

& GAINSBOROUGH, 1964). Segundo Gainsborough & Gainsborough (1964), as perguntas da senhora Jean Heyward foram as seguintes:

1. Qual é a estratégia inerente à distribuição de refeições aos pacientes graves? Que camas serão utilizadas e qual a sua relação espacial com os fluxos dos enfermeiros? Será que as camas estarão suficientemente perto do posto de enfermagem, para a supervisão dos doentes, sem perturbar as atividades do mesmo?

2. Qual será a localização mais eficaz dos compartimentos do internamento: as instalações sanitárias, os equipamentos que permitem o banho ao doente acamado de forma privada, a sala de limpeza e desinfeção das arrastadeiras, o armazém de roupa limpa e a despensa dos enfermeiros? Visto que estes compartimentos originam vários deslocamentos.

3. O armazém e os carrinhos de transporte estarão prontos para distribuir as refeições? 4. A entrega e a recolha adequam-se às normas de higiene mas será que poupam

trabalho?

5. As dimensões dos equipamentos modernos de limpeza mecânica formam considerados no planeamento da arrecadação das limpezas?

6. O tratamento poderá ser expedito independentemente se é efetuado num quarto ou fora deste? Os corredores permitem a passagem de uma cama?

7. O posto de enfermagem estará bem situado simultaneamente para as equipas da noite e do dia? Foi pensado num compartimento para o diretor do serviço de enfermagem, para que este não ocupe o espaço de trabalho dos enfermeiros no posto?

8. Qual a distância poupada no deslocamento do enfermeiro em relação aos doentes mais afastados da sua posição inicial?