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Outros estudos existentes sobre qualidade da informação em determinado domínio de conhecimento

CAPÍTULO 4 Qualidade da informação

4.6 Outros estudos existentes sobre qualidade da informação em determinado domínio de conhecimento

Existem vários estudos que avaliam a qualidade da informação em determinado domínio do conhecimento, entre eles, Nehmy (1996), Neus (2001), Furquim (2004), Lee e Strong (2004), Lopes (2004), Oleto (2006), Lin et al. (2006). Nehmy (1996) realizou uma leitura epistemológico-social da qualidade da informação, analisando bibliograficamente o termo. Neus (2001) pesquisou sobre como a qualidade da informação é criada e compartilhada na organização através de comunidades de práticas. Furquim (2004) analisou fatores de qualidade da informação e de software a serem utilizados para a avaliação de sites do governo eletrônico.

Lopes (2004) analisou os paradigmas de produção do conhecimento e as implicações na qualidade das informações sobre saúde disponibilizadas na web. Oleto (2006) realizou em 2006 um trabalho (grupo focal) com nove usuários da informação que trabalhavam no mercado imobiliário de Belo Horizonte, caracterizou e entendeu a percepção do usuário quanto aos conceitos de qualidade da informação. Neste trabalho, o autor concluiu não haver clareza com relação aos conceitos e que estes não são entendidos de forma individual e sim coletivamente.

Lin et al. (2006) analisaram a qualidade de dados com um estudo bibliográfico dos conceitos e um survey na indústria (defesa, transporte e outras).A pesquisa identificou dimensões de qualidade de dados, priorizou estas dimensões e mapeou métricas. O objetivo foi obter as percepções dos stakeholders e de outras pessoas envolvidas no processo, com relação às dimensões propostas.

Lee e Strong (2004) analisaram a qualidade de dados em relação aos atores que participam do processo. Em seu trabalho, demonstram o relacionamento entre o conhecimento por parte dos atores (produtores, custodiantes e usuários) e a qualidade disponibilizada. Os produtores fornecem a entrada dos dados, os custodiantes seriam os responsáveis pelo armazenamento e distribuição e os usuários utilizam a informação como suporte para seu trabalho. A pesquisa (LEE; STRONG, 2004) identifica que o conhecimento dos atores sobre os processos de produção dos dados e a satisfação da qualidade dos dados, nas suas diferentes dimensões, estão altamente correlacionados. O estudo revela também três modos de

conhecimento: conhecer o quê, conhecer o como e conhecer o porquê. Estes modos de conhecimento são cruzados com um conjunto de dimensões da qualidade dos dados: exatidão,oportunidade, completude, relevância e acessibilidade. O estudo conclui que todos os modos de conhecimento interrelacionados com todos os processos de produção dos dados contribuem para a qualidade dos dados. A pesquisa apresenta indicadores entre os atores e as dimensões. Os produtores dos dados tendem a centrar-se na recolha dos dados relevantes, exatos e completos. Os custodiantes dos dados ocupam-se do armazenamento completo dos dados de modo a satisfazer as exigências ao nível da exatidão e oportunidade e os usuários dos dados pretendem identificar os dados suficientemente relevantes para a auxiliar na execução das tarefas .

A Figura 4.3 demonstra a evolução das abordagens e estudos em qualidade da informação através de duas linhas especificas de pesquisa: a informação e a informação e tecnologia. Pode-se observar que a evolução das abordagens ocorreu na maior parte das vezes através do aproveitamento de conceitos e da elaboração de críticas às abordagens anteriores. A maior parte das abordagens aqui analisadas envolve qualidade dentro do escopo de informação e tecnologia, mas, em grande número dessas pesquisas, pode-se visualizar claramente que existe distinção entre as características da qualidade voltadas para informação, das que são direcionadas para a tecnologia.

Figura 4.3 – Evolução das abordagens sobre qualidade de dados/informação Dimensões Marchand, Olaisen Propriedades essenciais e contextuais Abordagens Empírica, intuitiva 1989 1996 1999 2002 2004 2005 2006 in fo rm a ç ã o In fo rm a ç ã o e t e c n o lo g ia Abordagens Ontológica, sistêmica Abordagens Teóricas, evolutivas Abordagens Teleológicas, Hierarquicas, Orientadas a resultado Proposta de Modelo de qualidade

Estudos aplicados à algum domínio Estudos aplicados à algum domínio

Estudos aplicados à algum domínio

Propriedades Contextuais/ essencias Estudos aplicados à algum domínio

Estudos aplicados a algum domínio

4.7 Conclusão

Alguns autores como Nehmy (1996) e Oleto (2006) questionam a possibilidade de se mensurar a qualidade da informação. Oleto (2006) concluiu em seu trabalho que a percepção de qualidade não é nítida por parte do usuário da informação. Seu trabalho produz os seguintes questionamentos: é possível selecionar ou trabalhar uma informação, escolhendo-a a partir de atributos/conceitos da qualidade da informação? É possível definir quantos e quais atributos /conceitos são suficientes para garantir a qualidade da informação?

Para responder a estes e outros questionamentos, a presente pesquisa apresentou os trabalhos que propõem modelos e aplicaram estes modelos em variados ambientes organizacionais. A qualidade da informação é um tema multidimensional, com um vasto campo para experimentação e aplicação. Existem inúmeras propostas e poucas aplicações em organizações, conforme pôde ser constatado. É importante ressaltar que qualquer que seja o modelo ou ferramenta a ser utilizado/a ou adaptado/a, faz-se necessária a atenção às seguintes premissas:

a importância de identificar um domínio ou contexto de interesse organizacional para a análise da qualidade da informação, visando um mapeamento mais pontual da necessidade informacional do referido contexto;

a necessidade de identificar ontologicamente os conceitos e relações que existem neste domínio ou contexto de interesse de forma a ajudar os usuários a atingir um consenso no seu entendimento sobre esta área do conhecimento, explicitando as diferenças e buscando um consenso sobre seus significados e sua importância.

a relevância de buscar a completude da pesquisa, não somente definindo ou adaptando um modelo, mas aplicando-o no mundo real, mapeando o nível de qualidade, e objetivando identificar no processo informacional organizacional os aspectos que influenciam positivamente ou negativamente o nível de qualidade.

a importância de mapear as informações relevantes dentro do domínio estudado do contexto organizacional, de forma a priorizar a qualidade deste escopo de

informações, garantindo, assim, uma ação mais efetiva para melhoria da qualidade.

Nas abordagens de qualidade estudadas pode-se visualizar a evolução do assunto, especificamente na abordagem de Lee et al (2002), que derivaram sua proposta das abordagens anteriores de Wang e Strong (1996) e Huang et al (1999). A abordagem de Lee et al (2002) possui maior significância nesse contexto pois, além de amadurecer os estudos anteriores, foi aplicada em cinco organizações.

Mas, independente da abordagem adotada (intuitiva, empírica, analógica, e outras) para mensuração da qualidade da informação, é primordial entender seus aspectos facilitadores e dificultadores, tentando superá-los. É importante ressaltar que a qualidade da informação poderá ser a base de novos caminhos de aprendizagem no contexto organizacional, agregando

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