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4.2 DIABETES MELLITUS

4.2.1 O Pé Diabético

A Figura 04 abaixo, ilustra precisamente como caracteriza-se um pé

diabético em estágio de infecção, situação difícil de ser tratada curativamente e medicamentosamente. Geralmente o paciente evolui para amputação da região.

Figura 04. Ilustração de Pé Diabético infectado.

O pé diabético trata-se de uma complicação que antes ocorria, em média, após 10 anos de evolução dessa doença, tornando-se a causa mais comum de amputações não traumáticas. Hoje observa-se que não se faz necessário uma década para se instalar as complicações nos pés dos diabéticos. Talvez este fato se de em função da evolução dos maus hábitos de vida diários vivenciados por boa parte dos indivíduos diabéticos (SANTOS, 2003).

Um doente diabético, que seja portador da doença há já alguns anos, é um candidato a desenvolver neuropatia que, associada às alterações da circulação sanguínea, torna-o mais vulnerável a infecções nos pés.

4.2.1.1 Fisiopatologia do Pé Diabético

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Periférica) e alterações imunológicas e infecção, constitui a base para o surgimento do pé diabético (Afonso, 2007). No entanto, este pode ser provocado apenas por um dos fatores, sendo a neuropatia o mais freqüente.

Figura 05. Calosidades nos pés diabéticos.

A figura 05 acima, ilustra os calos que geralmente propiciam as lesões mais extensas nos pés dos diabéticos, haja vista que se tornam portadores de neuropatias. A neuropatia periférica afeta os nervos sensoriais periféricos dos membros inferiores, provocando a redução ou perda da sensibilidade, ausência de sudação e deformação do pé com proeminências ósseas metatársicas, que conduzem a alterações na marcha e, consequentemente, formação de calosidades, por prolongada pressão local, e eventualmente ulceração da pele (Afonso, 2007).

Segundo Lopes (2003) torna - se importante ressaltar que o pé diabético é um conjunto de alterações ocorridas no pé do diabético, decorrentes de neuropatias, micro e macro vasculares logo, se fazendo presente o aumento da susceptibilidade a processos de infecções. Devidos às alterações biomecânicas, os pés sofrem deformidades, comprometendo a marcha e a mobilidade deste indivíduo.

As alterações vasculares, ao provocarem um menor aporte de oxigênio, facilitam a proliferação de infecções a bactérias anaeróbicas. Além disso, é freqüente a colonização cutânea do pé por fungos, o que pode se constituir numa

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porta de entrada para infecções ainda mais graves e muitas vezes difíceis de serem tratadas (PEDRO; FERNANDES, 1997).

A principal alteração na neuropatia diabética se dá por intermédio de uma diminuição na amplitude das respostas sensitivas e motoras dos nervos periféricos, podendo haver desmielinização dos nervos, devido à hiperglicemia crônica, responsável pela interrupção das conduções nervosas (MOREIRA et. al., 2005).

A neuropatia periférica é um fator de grande importância nas ulcerações não- tratáveis nos pés dos pacientes diabéticos. A mais comum é a polineuropatia periférica simétrica, que afeta as mãos e os pés, resultando em perda da sensibilidade e dor causada pela vasculopatia diabética de pequenos vasos. Isso leva à úlcera trófica em locais de pressão e fricção, danificando a pele e propiciando a cronicidade da ferida, ocorrendo uma série de traumatismos repetidos e isquemia, dificultando a cicatrização (STEVENS; LOWE, 2002).

O Pé diabético, segundo definição do Consenso Internacional do Pé Diabético (CIPED), é um infecção considerada grave, que inicia-se por ulceração e ou destruição dos tecidos profundos associadas a anormalidades neurológicas e vários graus de doença vascular periférica nos membros inferiores (RAMACCOTTI, 2002).

As lesões observadas nos pés representam uma das mais importantes complicações crônicas do diabetes mellitus. Ás ulcerações é a causa mais comum de amputações não traumáticas de membros inferiores em países industrializados, ocorrendo em 15% dos diabéticos e é responsável por 6% a 20% das hospitalizações (CARVALHO, 2004).

Entretanto, nos países em desenvolvimento a temática do pé diabético ainda é pouco estudada, sendo assim, espera-se uma prevalência ainda maior e de forma crescente, considerando as precárias condições de vida bem como, dificuldades de acesso aos serviços de saúde e ausência de integralidade das ações de promoção, prevenção e tratamento (ASSUNÇAO, 2001).

É nesse contexto que está inserida a necessidade de um cuidado maior tanto dos pacientes em se tratando de buscar um acompanhamento e se dedicar para auto-cuidado, como também dos profissionais envolvidos nesse processo, a título de que estes busquem, conhecimento teórico e prático para a realização de ações que possam colaborar diretamente com a eficácia das intervenções (RESENDE et. al., 2002).

37 4.3 A AMPUTAÇÃO DE UM MEMBRO DO CORPO

Uma das mais graves conseqüências impostas pelo pé diabético, quando não tratado habilmente, são os processos de amputações de membros inferiores (CARVALHO, 2003).

Amputação é uma palavra derivada do latim (ambi = ao redor de/em volta

de, e putatio = podar, retirar) , a qual também pode ser definida como sendo a

retirada, normalmente cirúrgica, parcial ou total de um membro, após todas as tentativas para salvá-lo. A parte restante do membro amputado recebe o nome de coto e sua principal finalidade é fixação da prótese, sendo esta empregada para substituir a região perdida ou malformada do organismo. São comuns certas complicações com o coto, como: deformidade em flexão, neuromas dolorosos, complicações cutâneas, comprometimento vascular, irregularidade ósseas e excesso de partes moles (PASTRE, 2005).

Amputação é o processo cirúrgico mais antigo, já antes realizado na história da medicina (PEDRINELLI, 2004).

Para os pacientes menos esclarecidos, o termo amputação está relacionado com o sentimento de terror, derrota e mutilação, trazendo de forma implícita, uma analogia com a incapacidade e a dependência (CARVALHO, 2003).

Amputação é um recurso ainda muito utilizado quando as tentativas de preservar um membro são ineficazes, apesar de toso o avanço tecnológico e científico na medicina humana. Quando se trata de uma amputação, deve-se levar em consideração não só os aspectos fisiológicos, como também, os aspectos psíquicos enfrentados por cada pacientes (CROZETTA; CASTILHO, 2002).

Deve-se considerar a amputação não como o fim de uma etapa, mas sim o princípio de uma nova fase que se, de um lado mutilou a imagem corporal, de outro lado, eliminou o perigo de perder a vida (BRITO, et. al., 2005).

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